Cientistas rastreiam chuva de meteoro que passa a cada 4 mil anos

Não é todo cometa que causa chuvas de meteoro detectáveis da Terra, mas, nos últimos anos, a rede de câmeras de vídeo de baixa luminosidade da NASA, a Cameras for Allsky Meteor Surveillance (CAMS), especializada em observar o céu noturno, foi expandida. Assim, junto de outras redes de vídeo, aumentou o banco de dados de órbita de meteoros para mais de 2,2 milhões, aumentando o número catalogado de chuvas de meteoros associadas a cometas de longo período.

A corrente de meteoros do cometa Thatcher.A corrente de meteoros do cometa Thatcher.Fonte:  P. Jenniskens / SETI Institute/Reprodução 

Como se formam as chuvas de meteoro?

As chuvas de meteoros são resultados da acumulação de detritos de cometas ao longo de caminhos que se repetem pelo Sistema Solar e, em seguida, queimam na atmosfera terrestre quando cruzamos com essa trilha de poeira. Muitas ocorrem anualmente e já fazem parte do calendário anual de observadores do céu; já os cometas de longo período levam mais de 250 anos para orbitar o Sol – em média, de 400 a 800 anos.

Normalmente, uma órbita mais curta significa que um cometa refaz seu caminho com mais regularidade, espalhando meteoros que podem se tornar mais “estrelas cadentes” quando a Terra os arrasta para dentro da órbita. Isso significa que é difícil para os observadores do céu notarem chuvas de meteoros causadas por cometas com órbitas além de 250 anos.

“Até recentemente, sabíamos que apenas 5 cometas de longo período eram corpos-pais de uma de nossas chuvas de meteoros”, disse o astrônomo de meteoros Peter Jenniskens, do Instituto Search for Extraterrestrial Intelligence (SETI) e principal autor da nova pesquisa, em um comunicado. “Mas agora identificamos mais 9, e talvez até 15”, ele afirmou.

Esse tipo de cometa de longo período pode ser ligado a uma chuva de meteoros específica, como os cientistas fizeram com o Cometa C / 2002 Y1 Juels-Holvorcem e a chuva UY Lyncids, que passam apenas 1 vez a cada 3.967 anos na órbita do Sol. Para se ter uma ideia, o cometa C / 2002 Y1 Juels-Holvorcem fez uma aproximação do Sol em 2003 e isso significa que a sua última visita havia sido por volta de 2000 a.C. e que a próxima passagem perto do Sol não ocorrerá antes do ano 6000, provavelmente.

Chuvas de meteoros e seus pais

O cometa de longo período mais conhecido a desencadear uma chuva de meteoros é o C / 1861 G1 Thatcher, que causa a chuva de meteoros Lyrid, em abril. As chuvas de outros cometas de longo período são menos dramáticas – mesmo as que já foram identificadas, como a Aurigids (detritos do cometa C / 1911 N1 Kiess) e a Leonis Minorids (provenientes do cometa C / 1739 K1 Zanotti).

A equipe por trás do novo estudo queria encontrar mais conexões desse tipo, e então foi quando surgiu a parceria com o projeto CAMS, que inclui estações de observação nos Estados Unidos e ao redor do mundo, em locais como Nova Zelândia, Namíbia, Chile e os Emirados Árabes Unidos, totalizando mais de 500 câmeras individuais — todas procurando por meteoros.

“Essas são as estrelas cadentes que você vê a olho nu”, disse Jenniskens. “Traçando sua direção de abordagem, esses mapas mostram o céu e o universo ao nosso redor sob uma luz muito diferente”, ele relatou. Com um catálogo tão grande de avistamentos de meteoros, os cientistas agora podem identificar chuvas de meteoros sutis com base no rastreamento de apenas algumas estrelas cadentes em pontos de origem semelhantes no céu, que são chamados de radiantes.

Mapa de algumas chuvas de meteoro.Mapa de algumas chuvas de meteoro.Fonte:  Space.com/Reprodução 

Os astrônomos combinaram a análise de 1 década de observações com o banco de dados de cometas da NASA e suas órbitas, assim, encontraram pelo menos 9 novas combinações entre chuvas de meteoros e cometas de longo período e identificaram outras seis combinações potenciais. A pesquisa também rastreia os cometas responsáveis por chuvas de meteoros como Sigma Virginids, de dezembro, e Pegasids, de julho, causadas por detritos de C / 1846 J1 Brorsen e C / 1979 Y1 Bradfield, respectivamente.

Embora a maioria dos cometas pesquisados passe pelo Sol a cada 400 a 800 anos, os cientistas ligaram alguns outros cometas de longo período a chuvas de meteoros específicas, mas não conseguiram definir seus períodos orbitais.

Entre as chuvas de meteoros estudadas, foi encontrada uma tendência intrigante: exibições de cometas de longo período tendem a durar vários dias, e o radiante parece se mover como uma mancha no céu. Os cientistas acreditam que o efeito pode ser causado pela órbita de um cometa mudando entre os loops, de modo que os campos de detritos não se alinhem tão claramente como nos cometas de curto período.

“Foi uma surpresa para mim”, disse Jenniskens. “Isso provavelmente significa que esses cometas voltaram ao Sistema Solar muitas vezes no passado, enquanto suas órbitas mudavam gradualmente com o tempo”, finalizou o especialista.

Última atualização em 27 de maio de 2021

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