Os embarques brasileiros de carne suína in natura voltaram a acelerar após um recuo pontual em julho de 2025. No acumulado de janeiro a agosto, o país exportou quase 13% a mais que no mesmo intervalo de 2024, um avanço de 96,7 mil toneladas. Na parcial de setembro, com dados apurados até o dia 12, as vendas externas somaram 63,4 mil toneladas, o que representa aumento de 23,6% no volume diário frente a setembro do ano passado e indica a possibilidade de o mês se aproximar de 130 mil toneladas, patamar de recorde mensal. O movimento reforça a competitividade do produto brasileiro e a reacomodação de destinos, com protagonismo das Filipinas e retração da China e de Hong Kong.
O desempenho da suinocultura acontece em um ambiente de recomposição gradual das exportações de frango, após as restrições observadas entre maio e julho, e de forte ritmo na bovinocultura, que teve em agosto o segundo maior volume mensal da série, acima de 268 mil toneladas de carne bovina in natura, mesmo com a queda das compras dos Estados Unidos. No mercado interno, os preços das três proteínas respondem à dinâmica de oferta e demanda: o frango se recupera, a carne bovina sustenta altas e a carne suína avança, apoiada por exportações vigorosas e por uma relação de troca ainda favorável frente a milho e farelo de soja.
Panorama de 2025: retomada após a queda de julho
Até junho de 2025, as exportações mensais de carne suína in natura vinham superando com folga os números de 2024. Em julho, ocorreu a primeira retração do ano na comparação interanual, um ponto fora da curva que não se sustentou em agosto. O resultado acumulado de janeiro a agosto indica um acréscimo de 96,7 mil toneladas frente ao mesmo período de 2024, avanço que consolida a tendência de crescimento do setor no ano. Os dados sinalizam que a demanda externa permanece sólida e que eventuais ajustes de curto prazo não alteraram a trajetória de alta observada desde o início do ano.
A parcial de setembro, até o dia 12, reforça esse diagnóstico. Com 63,4 mil toneladas já embarcadas e um ganho de 23,6% no ritmo diário frente a setembro de 2024, o setor trabalha com a perspectiva de encerrar o mês próximo de 130 mil toneladas. Esse volume, caso se confirme, tende a estabelecer novo patamar para os embarques mensais. O desempenho reflete a capacidade da indústria de atender a mercados exigentes, manter regularidade logística e ajustar mix de cortes conforme o perfil de cada destino. A competição com outros exportadores segue intensa, mas o Brasil tem conseguido sustentar participação relevante no comércio internacional.

Tabela 1. Volumes exportados de carne suína brasileira in natura (em toneladas), mês a mês, em 2021, 2022, 2023, 2024 e de janeiro a agosto de 2025. Elaborado por Iuri P. Machado, com dados da Secex.
Destinos: Filipinas na liderança e menor apetite da China
As Filipinas seguem como principal comprador da carne suína brasileira em 2025, mantendo um ritmo de compras consistente e contribuindo para a diversificação dos destinos. A China ainda ocupa a segunda posição no acumulado do ano, mas vem reduzindo a demanda ao longo dos meses. Em agosto, somadas, China e Hong Kong não alcançaram metade do volume enviado às Filipinas, sinal claro de realocação geográfica dos embarques. Essa mudança exige atenção das indústrias na gestão de portfólio e na adequação de cortes e especificações técnicas às preferências de cada mercado importador.
O avanço em mercados do Sudeste Asiático e a presença crescente em economias que valorizam cortes específicos ajudam a reduzir a dependência de um comprador dominante. Ao mesmo tempo, a dinâmica chinesa segue relevante para a formação de preços internacionais e para o escoamento de volumes em momentos de pico. O equilíbrio entre profundidade de relacionamento com grandes compradores e a abertura de novos destinos tem sido um diferencial competitivo para os exportadores brasileiros, mitigando riscos e suavizando oscilações sazonais.

Tabela 2. Principais destinos da carne suína brasileira in natura exportada em janeiro e agosto de 2025, comparado com o mesmo período de 2024, com valor em dólar (FOB). Ordem de países definida pelos volumes de 2025. Elaborado por Iuri P. Machado, com dados da Secex.

Tabela 3. Exportação brasileira de carne suína in natura por destino em agosto de 2025 (em toneladas e em US$), comparado com agosto de 2024. Elaborado por Iuri P. Machado, com dados da Secex.
Outras proteínas: bovina avança forte; frango recompõe embarques
O crescimento das exportações em 2025 não é exclusivo da suinocultura. A carne bovina vem registrando volumes expressivos, com agosto marcado como o segundo melhor mês da história em embarques de carne bovina in natura, acima de 268 mil toneladas. O resultado ocorreu apesar do impacto do tarifaço dos Estados Unidos, que reduziu as compras para pouco mais de 6 mil toneladas no mês, recuo superior a 50% em relação a julho. A diversificação de destinos e a competitividade da indústria permitiram compensar a menor demanda norte-americana.
Já a avicultura passou por um ajuste entre maio e julho, após a notificação de foco de influenza aviária no Rio Grande do Sul, na primeira quinzena de maio. Ao longo de julho e agosto, importadores foram retirando gradualmente as restrições, entre eles Emirados Árabes Unidos, África do Sul, Filipinas, México, Coreia do Sul e, mais recentemente, a União Europeia. Segundo o Ministério da Agricultura, ainda há cerca de 13% do volume mensal potencial do Brasil suspenso, com destaque para a China, que respondia por 12% do mercado externo de carne de frango. Mesmo assim, somadas as três proteínas, houve aumento de pouco mais de 5% (cerca de 280 mil toneladas) entre janeiro e agosto de 2025, na comparação com 2024.

Tabela 4. Exportações brasileiras de carnes bovina, de frango, suína e somatório das três, in natura, em toneladas, de janeiro a agosto de 2025, comparado com 2024 e com o período anterior. Destaque para a queda do frango entre maio e julho e para o ganho total de 5,04% sobre o ano passado. Elaborado por Iuri P. Machado, com dados da Secex.
Preços no atacado: frango reage e puxa cenário mais firme
No atacado de São Paulo, as cotações do frango resfriado despencaram em junho de 2025, pressionadas pela interrupção temporária de compras de alguns destinos. Ao longo de agosto e, sobretudo, em setembro, os preços voltaram a subir, acompanhando a retomada das exportações e a normalização de fluxos comerciais. A reabertura da União Europeia ajudou a recompor a demanda por cortes específicos, aliviando a oferta doméstica e fortalecendo a referência no mercado interno. O comportamento sinaliza um período de preços mais alinhados à média histórica recente.
O movimento é relevante para a suinocultura. Quando o frango reage, a substituição entre proteínas tende a se estabilizar, preservando o espaço da carne suína nas gôndolas e no canal food service. Em paralelo, a carne bovina mantém trajetória de alta, fortalecendo o diferencial de preço a favor da carne suína em determinados cortes. Esse conjunto de fatores, somado ao desempenho externo, ajuda a explicar a firmeza observada nas cotações do suíno vivo e da carcaça especial nas principais praças acompanhadas pelos indicadores do Cepea/Esalq.

Gráfico 1. Cotação média mensal do frango resfriado em São Paulo (SP), em R$/kg de carcaça, nos últimos 12 meses. Média de setembro até 16/09/2025. Fonte: Cepea.

Gráfico 2. Cotação diária do frango resfriado em São Paulo (SP), em R$/kg de carcaça, nos últimos 30 dias úteis, até 16/09/2025. Fonte: Cepea.
Bovina em alta: abate cresce e tarifa dos EUA perde força
A carne bovina acumula aumento próximo de 15% nos volumes embarcados em 2025 frente ao ano anterior. Depois de um recuo nas cotações da carcaça em julho, os preços voltaram a subir em agosto e seguem em alta em setembro. O receio inicial do impacto duradouro do tarifaço aplicado pelos Estados Unidos se dissipou, diante da capacidade de redirecionar produto a outros destinos e do impulso de mercados que absorvem cortes com maior valor agregado. A recomposição de preços no atacado reforça a receita das indústrias, contribuindo para um ambiente mais firme no curto prazo.
O IBGE reportou que, no segundo trimestre de 2025, pela primeira vez na série histórica, o abate de fêmeas superou o de machos. O dado sinaliza possível virada de ciclo adiante, com tendência de redução gradual da oferta de bois prontos e sustentação de preços. Para a suinocultura, esse cenário cria um corredor de competitividade no varejo, no qual cortes suínos mantêm espaço em momentos de maior valorização da carne bovina. O acompanhamento dessa relação é relevante para frigoríficos e distribuidores na composição de mix e estratégia de compras.

Gráfico 3. Evolução das cotações da carcaça bovina no atacado em 2025. Fonte: Cepea.
Suíno vivo e carcaça: preços reagem com apoio das exportações
As cotações do suíno vivo e da carcaça especial recuaram entre junho e julho, pressionadas por maior disponibilidade e por um breve esfriamento de pedidos no mercado externo. Em agosto e setembro, o quadro mudou. O avanço dos embarques e o reaquecimento do consumo deram sustentação aos preços nas principais praças, como São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O retorno do frango a níveis mais altos de preço contribuiu para estabilizar a substituição entre proteínas e preservar margens na indústria suinícola.
A trajetória recente sugere que, daqui para frente, a formação de preços no segmento suíno deve se apoiar mais diretamente na própria oferta e demanda do setor, com menor interferência das oscilações das cadeias de frango e de boi. A competição por espaço no varejo permanece, mas a combinação de exportações fortes e demanda doméstica resiliente tende a manter a carne suína competitiva, mesmo com cotações em patamares mais elevados do que os observados no meio do ano.

Gráfico 4. Indicador Carcaça Suína Especial – Cepea/Esalq (R$/kg) em São Paulo, mensal, últimos 12 meses. Média de setembro/25 até 16/09. Fonte: Cepea.

Gráfico 5. Indicador Suíno Vivo – Cepea/Esalq (R$/kg) em MG, PR, RS, SC e SP, diário, últimos 12 meses. Preços indicados no gráfico referem-se a setembro/25 até 16/09. Fonte: Cepea.
Abate por estado: Paraná, RS e Minas ganham espaço
Os dados definitivos de abate do IBGE para o segundo trimestre de 2025 e o detalhamento por estados no primeiro semestre mostram avanço relevante em unidades com forte tradição suinícola. Paraná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais apresentaram crescimento frente ao mesmo período de 2024, ampliando a oferta de carcaças e reforçando sua participação no ranking nacional. O movimento decorre de investimentos em plantas frigoríficas, integração com produtores e ganhos de eficiência logística, que encurtam rotas até portos e centros consumidores.
A expansão regional também influencia o desenho das exportações. Estados com maior proximidade a corredores logísticos e acesso a terminais de contêiner tendem a embarcar cargas com maior previsibilidade, reduzindo custos e melhorando a performance em janelas de pico. Para produtores, o aumento da capacidade de abate significa mais alternativas de comercialização, maior disputa por animais padronizados e prêmios por qualidade, sobretudo em lotes alinhados às exigências dos mercados externos prioritários.

Tabela 5. Abate de suínos no primeiro semestre de 2025 por unidade federativa, comparado com 2024. Destaque para as altas de Paraná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Elaborado por Iuri P. Machado com dados definitivos do IBGE.
Insumos: oferta de milho, farelo e a relação de troca do produtor
A Conab elevou em quase 3 milhões de toneladas a estimativa para a safra 2024/2025 de milho, totalizando 139,7 milhões de toneladas no somatório das três safras. A segunda safra foi praticamente toda colhida e o plantio da safra verão 2025/2026 de milho e soja já começou no Brasil. Nos Estados Unidos, o USDA também aumentou as projeções em relatório de 12 de setembro, estimando a produção de soja em 117,07 milhões de toneladas e a de milho em 427,08 milhões de toneladas. A perspectiva combinada sugere bom volume de oferta global de grãos no curto prazo.
Mesmo com esse quadro, os preços do milho no mercado doméstico subiram de forma lenta e consistente nas últimas semanas, conforme o Cepea. O farelo de soja também registrou pequena alta na maioria das praças. Como os preços do suíno avançaram com mais intensidade no período, a relação de troca permaneceu favorável ao produtor, segundo acompanhamento de São Paulo. Na prática, esse equilíbrio ajuda a sustentar a produção e a manter os embarques em trajetória firme, já que custos de alimentação representam a maior parcela do custo total na suinocultura.

Gráfico 6. Preço médio diário do milho (R$/sc 60 kg) em Campinas (SP), nos últimos 30 dias úteis, até 17/09/2025. Fonte: Cepea.

Gráfico 7. Relação de troca Suíno : Mix milho + farelo de soja (R$/kg) em São Paulo, de agosto/23 a agosto/25. Relação ideal acima de 5,00. Mix composto por 740 g de milho e 260 g de farelo de soja por kg. Elaborado por Iuri P. Machado com dados do Cepea.
O que explica a recuperação de setembro
A aceleração dos embarques de carne suína em setembro, observada até o dia 12, resulta de uma combinação de fatores. O primeiro é a recomposição da demanda em mercados asiáticos que valorizam cortes específicos de menor preço unitário, mas de grande volume. O segundo é a normalização de fluxos logísticos e de liberações sanitárias que afetaram o frango ao longo do segundo trimestre, redistribuindo o apetite por proteínas no curto prazo. O terceiro elemento é o câmbio real/dólar mais favorável na média de janelas de negociação fechadas no fim de agosto, fator que melhora a competitividade do exportador brasileiro sem necessidade de descontos expressivos no preço em dólar.
Adicionalmente, frigoríficos ajustaram escalas de abate e mix de produtos para atender compromissos firmados em contratos e em leilões recentes, garantindo regularidade nas saídas de porto. A combinação de carcaças bem padronizadas, curtíssimo prazo entre abate e embarque e maior previsibilidade de booking contribuiu para elevar o volume médio diário. Caso o ritmo se mantenha no restante do mês, o setor pode encerrar setembro próximo de 130 mil toneladas, consolidando a volta a um patamar elevado de exportações e reforçando caixa para investimentos em plantas e em mercados com maior valor agregado.
Como a realocação de destinos muda a estratégia comercial
A liderança das Filipinas no ranking de 2025 exige adaptação do portfólio. Esse mercado demanda cortes e apresentações específicos, com atenção a parâmetros de gordura, embalagem e peso por peça. Exportadores que se especializam nessas especificações ganham vantagem, pois aumentam a taxa de acerto e reduzem devoluções e custos com reprocessamento. Ao mesmo tempo, a menor participação relativa da China e de Hong Kong no mês de agosto implica rever táticas de oferta para aproveitar janelas de compra desses destinos, que tendem a concentrar volumes em períodos curtos do ano.
Na prática, a diversificação reduz a vulnerabilidade a choques pontuais. Com mais países absorvendo volumes relevantes, a indústria pode redesenhar rotas e alternar cortes conforme a precificação internacional. Esse arranjo melhora a capacidade de planejamento e sustenta margens, especialmente quando os custos de insumos têm variação contida. Para os produtores, a mensagem é clara: padronização, bem-estar do animal, rastreabilidade de lotes e cumprimento de janelas de entrega são componentes essenciais para acessar clientes que estão crescendo em importância nas estatísticas brasileiras.
Efeitos no varejo e no consumo doméstico
A recomposição de preços no atacado tende a chegar às gôndolas de forma gradual. No varejo, o consumidor percebe variações primeiro nos cortes de maior giro, como pernil, lombo e bisteca. A competitividade relativa frente à carne bovina, que vem operando em viés de alta, sustenta o interesse por opções suínas. Promoções segmentadas, que combinam cortes diferentes em pacotes, têm sido usadas por redes para manter tíquete médio e fidelizar clientes, enquanto ajustam estoques à dinâmica de feriados e do calendário de pagamentos.
Na alimentação fora do lar, a valorização do boi e a reação do frango abrem espaço para o suíno em cardápios que buscam custo-benefício. Restaurantes e cozinhas industriais incrementam o uso de cortes versáteis, como copa lombo e paleta, que funcionam bem em preparos longos e entregam rendimento consistente. Esse movimento ajuda a estabilizar a demanda interna ao longo de semanas em que as exportações concentram embarques, contribuindo para uma distribuição mais equilibrada da oferta entre mercado externo e doméstico.
Pontos de atenção para as próximas semanas
A leitura do mercado até 27 de setembro de 2025 pede foco em alguns marcadores. O primeiro é a manutenção do ritmo diário de embarques observado até 12 de setembro. O segundo é o comportamento dos preços de milho e farelo nas praças de referência, dado seu peso na estrutura de custos. O terceiro é a evolução das compras de países que recentemente retiraram restrições ao frango, pois a recomposição desse mercado pode deslocar parte da demanda por suínos em determinadas janelas. Por fim, a dinâmica da carne bovina segue relevante para a competitividade relativa no varejo.
- Ritmo diário de exportações e confirmação de volumes no fechamento de setembro.
- Preços do milho em Campinas (SP) e do farelo nas principais praças.
- Evolução das compras de Filipinas e comportamento de China e Hong Kong.
- Cotações do frango resfriado no atacado de São Paulo e impacto na substituição entre proteínas.
- Escalas de abate e prêmios por padronização de carcaça nas regiões líderes.
Metodologia dos números e como interpretar os indicadores
Os dados de comércio exterior utilizados nas comparações são oriundos da Secex e consolidados em tabelas e gráficos elaborados por analistas setoriais. As informações de preços no atacado e no produtor vêm dos indicadores do Cepea/Esalq, que monitoram negócios em praças específicas, com metodologias reconhecidas pelo mercado. Já as estatísticas de abate por estado e por espécie são divulgadas pelo IBGE e refletem o desempenho da indústria em bases trimestrais e semestrais, conforme a pesquisa agropecuária do órgão.
No campo internacional, estimativas de safra e produção de grãos são periodicamente atualizadas por Conab e USDA. Essas projeções embasam expectativas para custos de ração, que por sua vez influenciam decisões de abate, formação de preço ao produtor e competitividade em exportações. Para interpretar esses indicadores, é recomendável observar tendências e médias móveis, evitando conclusões a partir de variações pontuais semanais. A análise combinada de volumes, preços e destinos oferece um retrato mais fiel da direção do mercado.
Voz do setor: otimismo moderado com a reta final do ano
A avaliação de lideranças industriais e de entidades de produtores é de confiança cautelosa para o quarto trimestre. O presidente da ABCS, Marcelo Lopes, relata que o mercado de frango vem retornando gradualmente ao patamar anterior ao episódio de influenza aviária no Rio Grande do Sul. Segundo ele, essa recomposição contribui para a recuperação de preços do frango e cria um ambiente em que boi e suíno também se beneficiam de demanda firme, especialmente com a aproximação das festas de fim de ano, quando há tradicional aumento do consumo.
De acordo com a entidade, a estabilidade relativa no abastecimento de milho e farelo, combinada ao avanço das exportações de suínos e bovinos, sustenta perspectivas favoráveis para os próximos meses. A mensagem ao produtor é manter disciplina de custos e padronização, dois fatores que tendem a ser premiados pelo mercado, e acompanhar atentamente os sinais de preços no atacado, que costumam antecipar movimentos no varejo e influenciam decisões de venda de lotes.
Como produtores e indústrias podem capturar as oportunidades
No nível da granja, a prioridade é eficiência. Ajustes finos de conversão alimentar, manejo de ambiência e planejamento sanitário sustentam ganhos de peso dentro das janelas de melhor remuneração. Na indústria, a chave está no mix de cortes e no timing de embarque. Atender especificações de mercados como as Filipinas e manter planos de contingência logística evita gargalos em semanas de pico de porto. A integração entre programação de abate, booking de contêiner e fechamento de câmbio reduz custos e melhora a margem por tonelada.
Com a demanda externa aquecida e a recomposição do frango, há espaço para campanhas táticas no varejo que reforcem cortes suínos com boa relação preço-rendimento. Em paralelo, o acompanhamento diário dos indicadores do Cepea ajuda a capturar janelas de valorização. A coordenação entre produtor, cooperativa e frigorífico continua sendo um diferencial competitivo, sobretudo em mercados mais distantes, que exigem padrão de entrega e documentação sem falhas.
Sinalizações finais do mercado na última semana de setembro
Os números até 12 de setembro sugerem que o mês tende a figurar entre os mais fortes do ano para a suinocultura brasileira. Para confirmar a aproximação de 130 mil toneladas, a indústria precisa manter o ritmo de fechamento de cargas e evitar congestionamentos nos terminais. A atenção também recai sobre a evolução de compras dos principais destinos e sobre eventuais leilões de oportunidade, que podem reforçar o volume na virada do mês.
No campo dos custos, a sinalização de leve alta nos grãos não muda o quadro geral de relação de troca favorável observado em agosto e setembro. Ainda assim, negociações casadas de milho e farelo, com prazos compatíveis à escala de abate, ajudam a proteger a margem diante de oscilações intramês. Em síntese, o setor encerra setembro com fundamentos sólidos: exportações em aceleração, preços internos ajustados e capacidade de resposta a mudanças na geografia da demanda, com destaque para o papel das Filipinas e a menor participação recente de China e Hong Kong.
Última atualização em 13 de outubro de 2025