Brasil conquista status internacional de país livre de febre aftosa sem vacinação
O Brasil acaba de alcançar um marco significativo em sua trajetória agropecuária. Nesta quinta-feira, 29 de maio de 2025, durante a 92ª Sessão Geral da Assembleia Mundial da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), o país recebeu a certificação oficial de estar livre da febre aftosa sem vacinação. Essa conquista, além de celebrar um compromisso com a saúde pública e animal, também promete abrir novas fronteiras comerciais para a produção agrícola e pecuária brasileira.
O que é a febre aftosa e sua importância no contexto agropecuário
A febre aftosa é uma doença viral altamente contagiosa que afeta principalmente os bovinos, mas também pode infectar outros ruminantes como ovelhas e cabras. Essa doença possui um impacto econômico devastador, pois leva a restrições de comércio internacional e prejuízos significativos na produção de carne e leite. Portanto, a erradicação da febre aftosa é crucial não apenas para garantir a saúde dos rebanhos, mas também para manter a competitividade no mercado global.
A importância do reconhecimento como país livre da doença vai além das fronteiras nacionais. Ele fornece ao Brasil uma nova plataforma para competir com outros grandes exportadores de carne, como Estados Unidos e Austrália. Com a credibilidade internacional reforçada por essa certificação, o Brasil pode aspirar a mercados que exigem rigorosos padrões sanitários, aumentando a aceitação de seus produtos em mercados como o Japão e a Coreia do Sul.
O processo para a certificação: da vacinação ao reconhecimento
O caminho até a certificação internacional por parte da OMSA exigiu esforços coordenados em várias frentes. Desde maio de 2024, o Brasil havia declarado oficialmente o fim da vacinação contra a febre aftosa, e para cumprir os critérios da OMSA, era necessário garantir a suspensão total da imunização e restringir a entrada de animais vacinados no território brasileiro por pelo menos 12 meses. Essa transição foi cuidadosamente planejada para garantir que o país pudesse se desvincular da vacinação sem colocar em risco a saúde dos rebanhos.
Para os especialistas, esse processo não foi apenas técnico, mas demandou um forte envolvimento de toda a cadeia produtiva. Produtores, veterinários e autoridades de saúde animal trabalharam juntos para implementar protocolos de monitoramento e vigilância que asseguraram que, mesmo sem a vacinação, o país estaria protegido contra surtos da doença.
A visão do especialista: Paula Eloize e seu alerta sobre o futuro
A médica veterinária Paula Eloize, especialista em segurança alimentar, destaca que a conquista do status de país livre de febre aftosa sem vacinação é um divisor de águas. Para ela, “passamos a ocupar um novo patamar entre os maiores exportadores de proteína animal do mundo, mas isso também traz a responsabilidade de manter e reforçar sistemas de vigilância, educação sanitária e rastreabilidade em toda a cadeia produtiva”.
O reconhecimento não deve ser visto apenas como um título, mas como um compromisso contínuo com a qualidade. Paula enfatiza que o desafio a partir de agora é tão crítico quanto o processo de conquista: “Não basta receber o selo. Temos que sustentar esse status com profissionalismo, investimento em vigilância ativa e resposta rápida a qualquer suspeita”.
Oportunidades comerciais geradas pela nova certificação
Com a certificação, o Brasil agora possui acesso facilitado a mercados de alto valor e alto padrão, especialmente aqueles que priorizam questões sanitárias, como o Japão e a Coreia do Sul. Isso representa uma chance única de valorização dos produtos brasileiros, especialmente a carne bovina. A possibilidade de negociar com esses países pode não apenas elevar o preço de venda, mas também diversificar os mercados destinados a essa produção.
Além disso, a nova condição sanitária também abre portas para parcerias e acordos comerciais. Com mais credibilidade, o Brasil pode estabelecer relações com outros países que têm regras rígidas sobre a segurança alimentar, aumentando ainda mais sua presença no mercado global. Essa expansão também beneficia o produtor rural, que poderá comercializar sua produção com melhor margem de lucro.
Desafios a serem enfrentados: biosseguridade e controle epidemiológico
Apesar das oportunidades, o reconhecimento como livre de febre aftosa sem vacinação exige que o Brasil enfrente novos desafios. Um dos mais significativos é a implementação de um controle epidêmico rigoroso e a adoção de práticas de biosseguridade. As autoridades competentes devem intensificar o monitoramento da saúde animal e garantir que existam mecanismos eficazes para a rápida identificação e contenção de qualquer surto, caso aconteça.
A capacitação técnica dos profissionais envolvidos na cadeia produtiva também será fundamental. Em um cenário onde a vigilância deve ser constante, investir em educação e treinamento para os produtores e profissionais do setor privado é essencial para a manutenção do status conseguido. Existe uma responsabilidade compartilhada entre todos os elos da cadeia produtiva, que deve atuar de forma coordenada para preservar essa conquista.
Responsabilidade compartilhada e o papel de cada um
Para manter o status de país livre de febre aftosa sem vacinação, todos os envolvidos – desde os produtores até os órgãos de fiscalização – têm um papel vital. É preciso que todas as partes trabalhem em conjunto, com esforços alinhados e comunicação eficaz. Só assim será possível garantir não apenas o cumprimento das normas sanitárias, mas também a confiança do consumidor e dos parceiros comerciais.
O engajamento em práticas de educação e a implementação de protocolos de segurança é um investimento necessário que irá render frutos a longo prazo. Nesse novo cenário, o papel dos profissionais de saúde animal e das agências reguladoras se torna ainda mais crucial para assegurar que a excelência seja mantida.
Futuras perspectivas para o Brasil no mercado internacional
O reconhecimento internacional como um país livre de febre aftosa sem vacinação marca um início promissor para o Brasil no mercado externo. Apesar das responsabilidades que acompanham essa conquista, as perspectivas futuras parecem otimistas. A expectativa é que, com uma sólida estratégia de manutenção dessa condição sanitária, o Brasil possa consolidar sua posição como uma potência no setor de carne e produtos agropecuários.
Contudo, esse cenário exige vigilância constante e disposição para inovar e adaptar-se. Com os desafios à frente e um mercado que se torna cada vez mais competitivo, o compromisso com a qualidade e a segurança alimentar é mais relevante do que nunca. O Brasil está, portanto, em uma encruzilhada – onde o sucesso dependerá não apenas do reconhecimento internacional, mas da capacidade de se manter fiel a esses novos padrões de excelência.
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Última atualização em 18 de junho de 2025