Taiwan é uma pequena ilha com cerca de 23 milhões de habitantes que funciona como uma democracia semipresidencial. Localizada a 180 km da China, a ilha luta para se manter independente e não ser reconhecida como parte do território chinês. Para garantir sua soberania contra um dos maiores impérios do mundo, Taiwan apostou na tecnologia e desenvolveu o “Silicon Shield”, estratégia que evita o ataque dos vizinhos chineses.
O termo foi cunhado por Craig Addison, um jornalista que escreve para o veículo O South China Morning Post🇧🇷 A profissional lançou o livro Escudo de silício: a proteção de Taiwan contra o ataque chinês e deu uma entrevista para BBC falando sobre o tema.
O primeiro esclarecimento que o jornalista fez é que Taiwan não tem um escudo real, como os antimísseis que Israel usa para evitar ataques aéreos da Palestina. Nesse caso, a terminologia funciona como uma estratégia para a ilha, que é líder mundial na fabricação de chips semicondutores.
Os produtos, essenciais na fabricação de celulares, computadores, videogames e até carros, geralmente são feitos de silício e acabam sustentando parte da economia moderna. Um ataque chinês ao país poderia, portanto, afetar a produção de chips e causar estragos não apenas na economia chinesa, mas também no mundo.
“O escudo de silício é semelhante ao conceito de MAD (destruição mutuamente garantida) da Guerra Fria, porque qualquer ação militar no Estreito de Taiwan seria tão prejudicial à China quanto a Taiwan e aos Estados Unidos. , impede a eclosão do conflito e protege o pequeno território de um ataque militar ordenado por Pequim”, explicou Addison.
escassez de microchips
Desde o início da pandemia, o mundo vive uma grave escassez de microchips. O forte aumento da demanda, já que a venda de computadores e videogames aumentou em ritmo acelerado, não acompanhou a velocidade da produção, causando forte desequilíbrio no mercado internacional.
Addison explicou que por causa da liderança de Taiwan na produção de peças, o país teve que agir para evitar o pior. Segundo ele, a empresa Taiwan Semiconductor Manufacturing Co (TSMC), que fornece cerca de um quarto dos chips do mundo, começou a investir em uma nova capacidade produtiva para o longo prazo.
“No curto prazo, adotou uma política de priorizar pedidos ‘reais’ de compradores de chips com necessidades imediatas, em vez de atender clientes que estão ‘reservando o dobro’ para cobrir suas provisões durante a escassez.”
A TSMC, que está construindo uma fábrica no Arizona (EUA), vende chips para marcas como Apple, Nvidia e Qualcomm.
estratégia de contra-ataque chinês
Para se livrar da dependência de Taiwan e, quem sabe, no futuro realizar uma investida militar no país, a China desenvolve planos para se tornar autossuficiente na produção de microchips.
Mas Addison argumentou que a autossuficiência completa, que incluiria a capacidade de dominar toda a cadeia de suprimentos, desde o projeto até a fabricação, seria impossível na prática.
“Isso não vale só para a China, mas também para os Estados Unidos. Então, nesse sentido, tudo o que se fala sobre a autossuficiência da China é ilusório”, ressaltou.
O jornalista finalizou dizendo que o que os chineses chamam de “autossuficiência” na verdade é apenas uma tentativa de diminuir a dependência de chips importados, e mesmo assim as fábricas do país continuarão dependendo da tecnologia estrangeira.
Última atualização em 14 de dezembro de 2022