Uma Perspectiva Brilhante sobre o Futuro dos Plásticos
Com todos os desafios significativos enfrentados pela indústria, uma perspectiva otimista sobre o futuro dos plásticos foi compartilhada conosco em uma entrevista recente com Michael Carus, CEO do instituto de pesquisa alemão nova-Institute, e a editora Svenja Geerken do boletim mensal do instituto, Bio-based News.
Quem é Michael Carus?
Michael Carus, físico, fundador e diretor administrativo do nova-Institute, trabalha há mais de 20 anos no campo da economia baseada em bio e CO2. Seu trabalho foca em análise de mercado, avaliação tecnoeconômica e ecológica, bem como no quadro político e econômico para processos e aplicações bio-baseados.
Considerado um dos principais especialistas e pesquisadores de mercado na Europa sobre economia baseada em biomassa e CO2, Carus está ativamente envolvido na construção de redes nos campos de recursos agrícolas e florestais, produtos químicos e materiais bio-baseados (polímeros bio-baseados, plásticos e biocompostos), biotecnologia industrial e biorrefinarias. Ele também atua como consultor de políticas em diversos países da Europa, Ásia e América.
Desafios e Soluções para a Indústria dos Plásticos
Embora Altamente Versáteis, os Plásticos Enfrentam Desafios Sérios
Carus destaca que não há outros materiais com um espectro tão amplo de propriedades que podem ser moldados em qualquer forma concebível com grande eficiência. Além disso, os plásticos superam outros materiais em muitos critérios de sustentabilidade, devido à sua alta eficiência de produção e baixa densidade, o que os torna vantajosos no transporte.
Contudo, ele reconhece que 20% dos plásticos produzidos no mundo acabam no meio ambiente de forma descontrolada, com cerca de 8 milhões de toneladas terminando no mar. O problema é agravado pelo uso de carbono fóssil como matéria-prima, que é liberado na atmosfera como CO2 ao final da vida útil dos plásticos.
Alternativas aos Plásticos: Algumas Reflexões Cruciais
Substituir os plásticos por outros materiais apresenta desafios próprios. Metais possuem reservas limitadas e frequentemente sua extração ocorre sob condições desumanas. O uso de minerais, como areia para cimento, também enfrenta escassez global. Em contrapartida, o carbono, matéria-prima dos plásticos, é praticamente ilimitado, estando presente na atmosfera como CO2 e podendo ser utilizado com a ajuda de energias renováveis ou biomassa.
Portanto, os plásticos têm um futuro promissor, desde que a indústria se mobilize rapidamente para torná-los sustentáveis e melhorar sua imagem.
Problemas Sistêmicos e Suas Raízes
Carus aponta que a indústria química e de plásticos têm grande parte da culpa pelos problemas atuais, devido a uma abordagem de varrer os problemas para debaixo do tapete, em vez de enfrentá-los de frente. Apesar dos problemas serem conhecidos há anos, como o caso do microplástico, as ações efetivas foram escassas.
Na União Europeia, menos de 10% dos resíduos plásticos são reciclados em novos plásticos. Plásticos termoplásticos podem ser reciclados eficientemente se coletados em sua forma pura, mas a indústria preferiu ver os problemas como simples “problemas de comunicação”.
Medidas Políticas e Suas Limitações
A reação dos governos, como a Comissão Europeia com a recente estratégia de plásticos, incluindo restrições e proibições de certos produtos descartáveis, é um reflexo do descaso da indústria. Carus critica algumas dessas medidas como políticas simbólicas que não resolvem os problemas reais e aquecem a histeria em torno dos plásticos.
Medidas eficazes incluem a proibição de exportação de resíduos plásticos, proibição de aterros de resíduos plásticos, depósitos obrigatórios para todas as garrafas plásticas, a proibição do uso intencional de microplásticos e o aumento do uso de polímeros de alta qualidade que são mais fáceis de reciclar.
Visão Pragmática sobre a Proibição de Produtos de Uso Único
Carus argumenta que a proibição de plásticos de uso único pode resultar na substituição por materiais menos ecológicos. Por exemplo, um mexedor de café de plástico pode ter uma pegada de carbono menor do que um de madeira se for adequadamente descartado e reciclado. Em muitos casos, a substituição por materiais alternativos resulta em maior impacto ambiental.
Ele acredita que as pessoas devem ser respeitadas em suas necessidades e encontrar os melhores materiais e opções de fim de vida que causem menor impacto ambiental.
Transformando os Plásticos em uma Solução Sustentável
A meta deve ser tornar os plásticos verdadeiramente sustentáveis, implementando sistemas abrangentes de coleta e reciclagem que minimizem o risco de plásticos entrarem no ambiente e causarem micropartículas.
Carus observa que já hoje, quase metade dos consumidores alemães estão dispostos a gastar mais em produtos sustentáveis, o que é um sinal positivo de que o mercado está pronto para a mudança.
Um Futuro Otimista para a Indústria dos Plásticos
Ele vê a possibilidade de a indústria de plásticos emergir renovada e fortalecida, se enfrentarem e resolverem os problemas de frente. A formação da “Aliança para Acabar com os Resíduos Plásticos” (Alliance to End Plastic Waste – AEPW) por cerca de 30 empresas químicas líderes demonstra um passo importante nessa direção.
Além disso, projetos como o de coleta de resíduos plásticos em Haiti, patrocinado pela Henkel, mostram que soluções inovadoras e sustentáveis estão começando a ser implementadas, beneficiando tanto o meio ambiente quanto as comunidades locais.
Conclusão: O Caminho para um Futuro Sustentável
Para Carus, o futuro dos plásticos depende da capacidade da indústria de se reinventar e adotar práticas sustentáveis. Com os passos corretos, a sociedade poderá aproveitar os benefícios dos plásticos sem comprometer o meio ambiente.
Essa transformação necessitará de esforços coordenados entre a indústria, governos e consumidores, mas a jornada para um futuro sustentável está ao nosso alcance.
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Última atualização em 24 de junho de 2024
