O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) lançaram, em 9 de outubro de 2025, em Brasília (DF), a Plataforma Eletrônica de Inovação Agropecuária — Mapa Conecta. A ferramenta nasce com a proposta de aproximar startups, investidores e ambientes de inovação do conjunto de oportunidades e demandas do setor, criando um fluxo organizado para identificar problemas, testar soluções e escalar tecnologias nas cadeias produtivas. O anúncio ocorreu durante o Festival Curicaca, no segundo dia do Mapa Conecta Brasil 2025, e marca um passo para dar visibilidade a projetos e acelerar parcerias que respondam a desafios de produtividade, eficiência e gestão no campo.
Lançamento e objetivos centrais
A plataforma Mapa Conecta foi apresentada como um ponto de encontro digital para quem desenvolve, financia ou implementa soluções aplicadas ao agro. O desenho do serviço prioriza duas frentes: ser a porta de entrada para quem busca oportunidades de negócio e também a vitrine de soluções em andamento, informando status, parceiros, áreas atendidas e resultados. Ao organizar esse fluxo em um único ambiente, o Mapa busca reduzir o tempo entre o surgimento de uma demanda e a seleção de soluções capazes de atender com escala e previsibilidade.
Segundo a pasta, a iniciativa ainda pretende apoiar a formulação de políticas públicas com base em dados, fornecendo indicadores sobre gargalos, adoção tecnológica e perfis de atores. O objetivo declarado é que pesquisadores, cooperativas, agtechs, fundos, aceleradoras e órgãos públicos encontrem no Mapa Conecta um repositório vivo de desafios e uma agenda permanente de conexões. No lançamento, foi reforçado que o espaço digital é multilíngue e utiliza recursos de inteligência artificial para ajudar na curadoria de conteúdos e na recomendação de parceiros por perfil e área de interesse.
Como a plataforma Mapa Conecta funciona
O ambiente foi estruturado para permitir navegação por perfis — startup, investidor e ambiente de inovação — e por cadeias produtivas. Ao acessar, o usuário informa seu perfil e áreas de atuação; a partir daí, passa a receber sugestões de editais, chamadas de negócios, eventos, trilhas técnicas e potenciais parceiros. A curadoria combina filtros definidos pelos gestores do programa com mecanismos automatizados que classificam conteúdos de acordo com palavras-chave, maturidade tecnológica, necessidade de validação em campo e regiões-alvo.
Na prática, uma startup de monitoramento de pragas pode cadastrar o estágio do produto, indicar culturais-alvo e informar pilotos já realizados. Investidores, por sua vez, conseguem visualizar dealflow por tema e por estado, com informações declaradas pelos proponentes e, quando houver, indicadores de desempenho. Ambientes de inovação, como parques tecnológicos e hubs, organizam vitrine de residentes, trilhas de aceleração e serviços técnicos — atraindo tanto empresas quanto parceiros de P&D. O desenho privilegia fluxos simples para submeter demandas, buscar talentos e formalizar interesse em parcerias, com trilhas de acompanhamento dentro da própria plataforma.
Recursos principais e o que cada um entrega
Entre as funções destacadas estão a organização por perfis, a busca por problemas reais das cadeias produtivas, o uso de ferramentas de IA para recomendação, a disponibilização de painéis de monitoramento e a capacidade de gerar insumos para políticas públicas. A proposta é diminuir assimetria de informação e dar escala à conexão entre oferta e demanda tecnológica, com espaço para testes controlados, registro de aprendizados e disseminação de resultados de campo quando disponíveis.
A seguir, os pontos operacionais apresentados como diferenciais do Mapa Conecta, com foco em utilidade prática para quem empreende e investe no agro:
- Plataforma multilíngue, com categorização por cadeia, região e estágio de maturidade de solução.
- Curadoria assistida por IA para indicar parceiros, oportunidades e conteúdos técnicos alinhados ao perfil do usuário.
- Trilhas de conexão que permitem registrar interesse, iniciar conversas e acompanhar o status dos matches dentro do ambiente.
- Espaço de desafios mapeados por produtores, cooperativas e serviços oficiais, facilitando a submissão de propostas focadas em problemas objetivos.
- Painéis gerenciais para gestores públicos com indicadores de adesão, distribuição regional e temas mais demandados, apoiando decisões de fomento.
- Ferramentas para organizar editais, chamadas de inovação e programas de pré-aceleração com etapas e prazos visíveis aos participantes.
Quem pode participar e como o perfil influencia a experiência
O Mapa Conecta foi desenhado para acomodar três perfis principais. Startups e agtechs registram soluções, validam hipóteses com parceiros e acessam oportunidades de investimento, aceleração ou tração comercial. Investidores — fundos, corporate venture, family offices e instituições financeiras — organizam teses por tema e geografia, recebem dealflow filtrado e sinalizam interesse por meio de botões de contato e etapas de due diligence pré-formatadas. Ambientes de inovação — como hubs, parques e institutos — expõem portfólios, divulgam eventos e conectam laboratórios e serviços técnicos a desafios setoriais.
A experiência do usuário muda conforme o perfil escolhido. Quem seleciona “startup” passa a ver chamadas de testes em campo, demandas de cooperativas e possibilidades de co-desenvolvimento. O perfil “investidor” tem foco em filtros de mercado, estágios de maturidade e indicadores de tração informados pelos proponentes. Já “ambiente de inovação” concentra ferramentas para mapear residentes, informar infraestrutura disponível e intermediar conexões com cadeias produtivas específicas. O resultado esperado é reduzir tempo de busca e aumentar a taxa de conexões de qualidade entre quem precisa de solução e quem pode entregá-la.
Desafios regionais e a meta de ampliar a capilaridade
A equipe do Mapa destacou o descompasso regional na distribuição de agtechs no país. De acordo com o Radar Agtech, mais de 40% das startups do agro estão no estado de São Paulo. Esse número evidencia a força do ecossistema paulista, mas também aponta espaço para ampliar a presença de soluções em praças como Norte, Nordeste e parte do Centro-Oeste. Conectar equipes e demandas desses territórios a investidores e hubs tem potencial para acelerar a chegada de tecnologias a problemas concretos, reduzindo a concentração de oportunidades.
A plataforma foi apresentada como instrumento para encurtar essa distância. Ao reunir desafios e projetos em um painel nacional, abre-se caminho para que uma solução testada em um bioma ou microrregião seja adaptada e validada em outra, com apoio de parceiros locais. A meta é transformar bons casos em rotas replicáveis, documentando aprendizados e fortalecendo redes estaduais de inovação. O desenho inclui, também, instâncias de governança para acompanhar metas de adesão por estado, de modo a estimular a entrada de novos atores e garantir diversidade geográfica nas conexões.
Adesão dos estados e comitês de governança
Até o lançamento, 15 unidades da Federação já haviam assinado Protocolos de Intenções para fortalecer a inovação nos sistemas agropecuários por meio do Mapa Conecta. Integram a lista: Pará, Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A adesão conjunta de estados com diferentes perfis produtivos amplia a base de problemas e oportunidades disponíveis no ambiente, estimulando conexões cruzadas entre realidades diversas.
Durante o evento, foi instaurado o Comitê Gestor de Inovação Agropecuária do Espírito Santo, reunindo governo federal, governos locais, universidades, instituições de pesquisa, setor privado, fintechs, terceiro setor e ambientes de inovação. A criação de comitês é a peça que garante acompanhamento próximo de metas, indicadores e ações de campo, evitando que o ambiente digital se torne apenas um catálogo. A lógica é associar governança local à visibilidade nacional, com ritos claros para priorizar desafios e selecionar pilotos que possam ganhar escala.
Passo a passo sugerido para começar a usar a plataforma
Para quem está chegando agora ao Mapa Conecta, a recomendação é iniciar pelo preenchimento detalhado do perfil e pela seleção precisa de áreas de interesse. Quanto mais completo o cadastro — incluindo informações sobre estágio, casos de uso e regiões prioritárias — mais assertivas tendem a ser as recomendações do sistema. Em seguida, vale explorar o painel de desafios publicados por cooperativas, produtores e instituições parceiras, escolhendo aqueles que tenham aderência ao produto ou à tese de investimento de cada usuário.
A interação com potenciais parceiros acontece dentro da própria plataforma, com registro de mensagens e acompanhamento de status. Abaixo, um roteiro prático para destravar as primeiras conexões e testar hipóteses de negócio com previsibilidade de etapas:
- Defina o perfil (startup, investidor ou ambiente) e selecione cadeias produtivas de maior interesse.
- Complete o cadastro com dados objetivos: estágio da solução, validações feitas, necessidades de teste e regiões-alvo.
- Explore o painel de desafios e salve aqueles com melhor aderência técnica e comercial.
- Use os filtros por estado e maturidade para encontrar parceiros locais e reduzir custos de validação.
- Inicie conversas pela plataforma e registre o plano de piloto: escopo, prazos, métricas e responsabilidades.
- Monitore os resultados e atualize o perfil com evidências (indicadores, depoimentos técnicos, certificações).
Exemplos práticos de uso em cadeias produtivas
Uma empresa de visão computacional que mede qualidade de grãos pode encontrar, no Mapa Conecta, cooperativas buscando automação na recepção da safra. A partir do match, as partes desenham um piloto em unidades de recebimento, coletando dados sobre tempo de operação, índice de retrabalho e precisão da classificação. Se a validação atingir as metas combinadas, a solução avança para implementação em escala, com indicadores de custo por tonelada, redução de perdas e padronização de laudos. Esse ciclo, documentado dentro da plataforma, facilita novas conexões com perfis similares em outros estados.
Outro caso é o de um sistema de irrigação com sensores e controle automatizado. Produtores podem publicar o desafio com metas de eficiência operacional e qualidade final, descrevendo limites técnicos e janelas de teste. A startup, então, apresenta o plano de campo, informa requisitos de instalação e propõe métricas de avaliação. Com as evidências coletadas, investidores conseguem analisar retorno potencial e risco tecnológico em cima de dados de uso real. A replicação do piloto em regiões com clima e manejo distintos também pode ser organizada a partir de parcerias encontradas na própria plataforma.
Inteligência artificial e dados a serviço das conexões certas
A curadoria assistida por IA atua em duas camadas. Na primeira, classifica conteúdos submetidos por usuários e por parceiros institucionais, identificando termos, áreas e níveis de maturidade. Na segunda, sugere conexões com base em similaridade de problemas, histórico de interações e metas informadas. O objetivo é reduzir ruído na busca por parceiros, aproximando rapidamente quem tem demanda concreta de quem possui tecnologia, capital ou infraestrutura compatível.
Para os investidores, os dados agregados ajudam a visualizar tendências temáticas e geográficas. Já para gestores públicos, painéis com indicadores de adesão e de resultados de pilotos apoiam decisões de priorização de fomento. O uso de algoritmos nesse processo não substitui a análise humana, mas encurta etapas operacionais e organiza informações que, em geral, estão dispersas em bases distintas. A transparência sobre critérios de recomendação e a possibilidade de ajustar preferências aumentam a qualidade dos matches gerados pelo sistema.
Privacidade, governança e limites de uso de dados
Como qualquer ambiente que concentra informações estratégicas, a plataforma demanda regras claras de privacidade e acesso. A orientação é que usuários descrevam suas soluções e necessidades sem expor segredos industriais, mantendo documentos sensíveis em canais apropriados de negociação. Camadas de permissão por perfil e por etapa do processo tendem a mitigar riscos de divulgação indevida, ao mesmo tempo em que dão visibilidade suficiente para atrair parceiros qualificados.
Na governança, comitês estaduais e o próprio Mapa podem acompanhar indicadores de uso, tempos médios de resposta e a taxa de conversão de conexões em pilotos e contratos. Regras para publicação de resultados, créditos de parceiros e uso de informações em painéis públicos fortalecem a confiança no ecossistema. Outro ponto é a interoperabilidade: a possibilidade de integrar dados com repositórios institucionais e sistemas parceiros, sempre com consentimento e trilhas de auditoria, evita retrabalho e aumenta a utilidade prática do ambiente para todos os perfis.
Agenda do Mapa Conecta Brasil 2025 e temas em destaque
A programação do Mapa Conecta Brasil 2025 se estendeu até sexta-feira, 10 de outubro de 2025, com debates voltados a ecossistemas de inovação, conectividade no meio rural, agricultura digital, novos alimentos, bioinsumos, políticas de recursos genéticos e bioeconomia. Nos dois primeiros dias, ocorreram painéis estratégicos e apresentações institucionais, além do pré-lançamento da Plataforma de Inovação Agropecuária — que culminou na disponibilização do Mapa Conecta ao público.
O último dia concentrou a 5ª edição do BioInova, com foco em bioinsumos e agrobiodiversidade, e trouxe dois anúncios adicionais: a Rede Nacional de Ecossistemas Estaduais de Inovação Agropecuária e a nova chamada BioInova Ignite, voltada à pré-aceleração de soluções em bioinsumos. Para quem pretende participar de novas rodadas, a recomendação é acompanhar as futuras chamadas no ambiente do Mapa Conecta, onde prazos, critérios e trilhas de participação ficam consolidados por tema e por perfil de usuário.
Métricas para acompanhar impacto e tomada de decisão
A eficácia de uma plataforma de conexão se mede por indicadores objetivos. Entre os mais relevantes estão número de matches qualificados por mês, tempo médio entre primeira interação e início do piloto, taxa de conversão de pilotos em contratos e alcance regional das soluções implementadas. Também importa monitorar a diversidade temática dos desafios publicados, o equilíbrio entre perfis cadastrados e a participação de ambientes de inovação locais como pontos de apoio técnico para testes e difusão.
Outra frente é a análise de resultados dos pilotos. Mapear ganhos de produtividade, redução de custo operacional, melhoria de qualidade e previsibilidade de entrega ajuda a priorizar temas nas futuras chamadas. Para investidores, a plataforma pode oferecer painéis com métricas agregadas por estágio — pré-aceleração, tração e escala — auxiliando na composição de teses. Já para o poder público, dados consolidados sobre adesão e impactos orientam a alocação de recursos de fomento e a atualização de programas de apoio técnico.
Perguntas frequentes dos participantes e dicas rápidas
Startups costumam perguntar como destacar seus projetos entre dezenas de iniciativas. Boa prática é apresentar, já no primeiro parágrafo do perfil, o problema específico que a tecnologia resolve, os resultados de testes anteriores e o diferencial técnico frente a alternativas disponíveis. Casos de uso objetivos, com métricas claras, aceleram a avaliação por parte de investidores e ambientes de inovação. Outro ponto é manter o registro atualizado sempre que houver mudança de estágio, nova validação ou entrada em mercados regionais distintos.
Investidores, por sua vez, buscam filtros confiáveis para lidar com o volume de propostas. O uso dos parâmetros por cadeia, estado, maturidade e evidências ajuda a montar carteiras mais confiáveis de análise. Ambientes de inovação podem ganhar visibilidade relatando a infraestrutura laboratorial, equipe técnica e serviços disponíveis para testes — informações que reduzem incertezas na hora de definir pilotos. Abaixo, um resumo de dicas práticas para cada perfil:
- Startups: foque no problema e nas métricas alcançadas; deixe claro o que precisa para o próximo teste; indique regiões-alvo.
- Investidores: configure filtros por tese e estágio; salve listas curadas; registre feedbacks para melhorar recomendações.
- Ambientes de inovação: detalhe infraestrutura e serviços técnicos; publique calendário de chamadas; informe critérios para seleção de pilotos.
Integração com redes estaduais e efeito multiplicador
A criação da Rede Nacional de Ecossistemas Estaduais de Inovação Agropecuária tende a ser o elo entre as conexões digitais e a execução local dos projetos. Com a rede, hubs e institutos técnicos espalhados pelo país podem compartilhar metodologias de teste, formatos de chamada e protocolos de avaliação. Essa colaboração ajuda a evitar retrabalho e acelera a replicação de pilotos bem-sucedidos, respeitando as particularidades de manejo, calendário agrícola e infraestrutura de cada região.
O efeito multiplicador aparece quando uma solução que funcionou em um estado encontra atalhos para ser testada em outro, encurtando o ciclo de adoção. O Mapa Conecta, ao registrar aprendizados e evidências em um só ambiente, facilita o caminho para a expansão. Além disso, redes estaduais podem atuar como pontos de contato para empresas e produtores, dando suporte técnico, conectando prestadores de serviço e monitorando indicadores de resultado para orientar ações futuras de fomento e capacitação.
BioInova e a chamada Ignite: o que muda para bioinsumos
A 5ª edição do BioInova, realizada no último dia do encontro, foi direcionada a soluções de bioinsumos e agrobiodiversidade, com o anúncio de uma nova chamada de pré-aceleração, a BioInova Ignite. Na prática, a chamada cria rotas de apoio para equipes em estágios iniciais, conectando pesquisadores, empresas nascentes e investidores a uma trilha de capacitação e validação. A expectativa é reduzir barreiras de entrada, oferecer orientação técnica e viabilizar testes de campo com protocolos claros e prazos definidos.
Dentro do Mapa Conecta, a chamada pode ser acompanhada por perfis de usuário interessados em bioinsumos, com filtros que segmentam por culturas, condições de manejo e estágio de desenvolvimento. Ao final do ciclo de pré-aceleração, os projetos com melhores evidências de eficácia e viabilidade encontram, no mesmo ambiente, caminhos para tração comercial, acordos de fornecimento e novas rodadas de teste em regiões distintas, acelerando a jornada até a escala.
Papel do Serpro e a sustentação tecnológica da plataforma
Responsável pelo desenvolvimento do sistema, o Serpro estruturou a base tecnológica do Mapa Conecta com ênfase na interoperabilidade e na segurança de acesso. A sustentação envolve camadas de autenticação, trilhas de auditoria e serviços de integração com sistemas parceiros, o que permite cruzar informações de forma controlada quando houver consentimento dos usuários. A arquitetura modular facilita a evolução de funcionalidades e a inclusão de novos painéis e relatórios conforme as necessidades do ecossistema.
Para o público final, essa sustentação técnica se traduz em estabilidade, velocidade de resposta e ferramentas de busca mais eficientes. Para gestores e parceiros institucionais, representa a possibilidade de desenhar chamadas com fluxos padronizados, acompanhar cronogramas e extrair indicadores de uso em tempo quase real. Essa combinação de camadas operacionais e analíticas é o que viabiliza transformar o ambiente digital em processos contínuos de conexão, teste e escalonamento de soluções.
Pontos de atenção para empreendedores e investidores
Empreendedores que pretendem usar o Mapa Conecta devem priorizar clareza ao descrever o problema-alvo e as condições necessárias para testar a tecnologia. Especificar requisitos de infraestrutura, indicadores a serem medidos e duração mínima do piloto evita ruídos e aumenta a chance de seleção por parte de cooperativas e ambientes. Outro cuidado é manter consistência entre o que se promete e o que se consegue entregar no prazo, registrando aprendizados e ajustes a cada rodada de validação.
Para investidores, a recomendação é calibrar filtros e criar rotinas de análise por lote, organizando listas curadas de soluções por tese e região. É útil registrar devolutivas para que o mecanismo de recomendação refine o que chega ao topo da pilha. Ao avaliar propostas, considerar evidências coletadas em diferentes condições de manejo e escalas de produção ajuda a dimensionar riscos e a planejar estratégias de suporte pós-investimento, incluindo acesso a parceiros de implementação já presentes na plataforma.
Panorama do agro digital e o lugar do Brasil nas agtechs
O Brasil reúne um ecossistema crescente de agtechs que oferecem desde genética e bioinsumos até automação de maquinário, visão computacional e análise preditiva. A concentração de mais de 40% dessas empresas no estado de São Paulo, apontada pelo Radar Agtech, reflete a densidade de capital, universidades e hubs na região. Ao mesmo tempo, indica um desafio nacional: levar soluções a centros produtores distantes dos grandes polos, onde muitas demandas técnicas surgem e podem acelerar a adoção de tecnologias quando há suporte local.
Nesse cenário, o Mapa Conecta se posiciona como um caminho para dar visibilidade a iniciativas fora do eixo mais tradicional e garantir que desafios de diferentes realidades produtivas entrem no radar de quem investe e acelera. Ao registrar evidências e casos de sucesso, a plataforma pode contribuir para que as teses de investimento incorporem recortes regionais, incluindo particularidades de manejo, logística e infraestrutura. Isso reduz o risco de soluções desenhadas longe do campo e amplia a chance de projetos com retorno consistente para todos os envolvidos.
Próximas etapas e como acompanhar os desdobramentos
Com a plataforma lançada, a agenda agora foca em consolidar a rede de parceiros, ampliar a adesão de estados e acelerar a publicação de desafios que reflitam necessidades prioritárias das cadeias produtivas. A expectativa é que, à medida que as primeiras conexões gerem pilotos consistentes, os painéis de resultados passem a orientar as próximas chamadas e a distribuição de recursos para validação e escalonamento. O acompanhamento desses indicadores deve ocorrer tanto pelos gestores públicos quanto pelos participantes, fortalecendo a transparência do processo.
Os anúncios realizados no Mapa Conecta Brasil 2025 — como a Rede Nacional de Ecossistemas Estaduais de Inovação Agropecuária e a chamada BioInova Ignite — terão seus desdobramentos mapeados dentro do próprio ambiente digital. Para quem pretende participar, a recomendação é manter o perfil atualizado, configurar alertas por tema e acompanhar as janelas de inscrição. Com ciclos mais curtos de seleção e métricas claras de desempenho, a plataforma tende a se tornar o caminho natural para aproximar demandas reais do campo de soluções tecnológicas e capital pronto para investir.
Última atualização em 15 de outubro de 2025