A indústria de proteína animal no Brasil: desafios e tendências
A indústria brasileira de proteína animal, em especial a carne bovina, enfrentou uma série de desafios no último período. No entanto, graças à capacidade de adaptação dos diferentes elos da cadeia e a uma análise minuciosa das tendências e desafios futuros, podemos prever uma recuperação e estabilidade no mercado no próximo ano.
Desafios atuais e tendências futuras
O mercado da carne no Brasil passou por um período complicado, com quedas nas margens e oscilações de preços. Segundo o professor Wellington Souza, especialista em Economia e Finanças, chegamos ao final do ano com um cenário adverso. Os preços da arroba, por exemplo, tiveram uma alta significativa em 2022, atingindo cerca de R$ 340. Porém, desde então, só vimos uma redução gradual, com uma pequena recuperação em outubro deste ano. Atualmente, o preço da arroba está em torno de R$ 230, levando em consideração fatores sazonais e a dinâmica entre oferta e demanda do boi gordo.
Observamos um cenário de incerteza tanto interna quanto externamente. A China, um dos principais compradores da carne bovina brasileira, está crescendo menos e enfrenta altas taxas de desemprego, principalmente entre a população mais jovem. Além disso, temos uma demanda interna ainda reprimida, que começa a dar alguns sinais de recuperação. Isso resulta em uma demanda contida e uma oferta maior, conforme explica o especialista.
Impacto na pecuária bovina
A estabilidade de preços é fundamental para a pecuária. De acordo com Souza, a perspectiva para a arroba da carne é de manutenção dos preços atuais. Muitos pecuaristas tiveram prejuízos, especialmente aqueles que não se protegeram financeiramente no passado. Aqueles que diversificaram sua produção, incluindo lavouras, tiveram mais chances de mitigar os riscos. Para eles, a tendência é de recuperação das margens, como aponta o consultor.
A indústria nesse contexto
Embora os maiores frigoríficos brasileiros tenham apresentado quedas nos resultados, a situação parece ser temporária. Algumas das principais razões para essa queda estão relacionadas à menor exportação para a China e ao valor mais baixo do dólar, o que diminui a margem de lucro. No entanto, a tendência para o próximo trimestre é de recuperação, principalmente devido à relação entre matéria-prima, boi gordo e carcaça, que está favorável aos frigoríficos, o elo mais forte da cadeia de produção. A indústria tem capacidade de se proteger, contando com grandes players e um poder de negociação que prevalece. As margens da indústria estão se recuperando no último trimestre e isso também se reflete no valor pago pelo boi no campo.
Mercado de aves e suínos
O setor de aves e suínos no Brasil enfrenta desafios significativos, especialmente em relação aos custos de produção, principalmente devido ao aumento do preço do milho, um componente essencial da ração animal.
No caso da avicultura, a questão da gripe aviária também impactou o setor, mas o controle efetivo da situação resultou em um aumento nas exportações, substituindo países afetados pela doença.
A perspectiva para os próximos meses é de melhora, impulsionada pelo aumento sazonal do consumo de aves, o que deve ter um impacto positivo em toda a cadeia de produção.
#Análise #mercado #carne #Brasil #paraÚltima atualização em 22 de janeiro de 2024