Participação feminina na indústria do plástico

Segundo dados da CNI, entre 2010 e 2020, o avanço da participação das mulheres no setor industrial foi pequeno: de 23,4% para 24,2% do total de trabalhadores.

Já que março é o mês que celebra internacionalmente a mulher, o tema traz reflexão sobre a atuação feminina em alguns setores da indústria.

Além disso, apenas 8% dos cargos de CEO são ocupados por mulheres, segundo o Índice de Igualdade de Gênero 2023 da Bloomberg.

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Já quando se trata de cargos de liderança no geral, segundo o IBGE, 37,4% das cadeiras gerenciais se ocupadam por mulheres no país.

As mulheres do plástico

mulheres

Uma das figuras de liderança feminina, Simone Orosco, sócia-proprietária da C3P2, acredita que ainda há um longo caminho a ser seguido. 

Com mais de 30 anos na indústria plástica, Orosco atua com representação de vendas e educação a respeito do plástico.

A empresária percebe uma lacuna entre as experiências profissionais femininas e masculinas. 

Isso porque, segundo ela, “é preciso que a mulher se esforce muito mais para provar o seu valor e mostrar que o que você está falando é com base em conhecimento e experiência”.

Um exemplo disso, ao longo de sua carreira, Simone precisou lidar com alguns desafios dessa natureza, principalmente quando foi gerente de produção. 

Ela relembra: “Foi difícil porque era necessário tomar decisões rápidas, já que a produção não para, e eu era a única mulher com homens que já trabalhavam ali há 20, 30 anos. Assim, tomar uma decisão contrária ao que eles acreditavam ser certo era o mais complicado”. 

No entanto, para ela, sua missão foi cumprida com sucesso. “No fim eu consegui fazer o que tinha que ser feito e conquistei amigos, sou respeitada até hoje por essas pessoas. Foi uma questão de provar o meu valor”. 

Hoje ela lidera sua própria empresa em sociedade com a amiga Adriane Wontroba, que também tem experiência no setor.

Cada dia um desafio

Não diferente de Simone, Ana Rita Segismundo Molessani, sócia na empresa de representação comercial de matérias-primas plásticas S&M Representações, encara os desafios diários que o setor do plástico lhe impõe.

Para ela, sobretudo na área da indústria, a mulher tem que se preparar muito bem tecnicamente e emocionalmente porque cada dia é um desafio. “É preciso se impor como uma profissional e fazer aparecer a oportunidade. Se ficar sentada esperando, não vai acontecer”, acredita a química, que está há quase 40 anos na área do plástico.

Ela ainda afirma que: “Quando nós (mulheres) entrávamos para uma empresa, éramos a minoria da minoria. Na área do laboratório, por exemplo, que foi onde eu comecei, era só eu de mulher entre quatro homens. Entrei jovem ainda, com experiência zero, para ser estagiária. Naquela época, eu sofria por ser mulher. Então, temos que ter determinação e saber o que a gente realmente quer ter de conquista na vida”, ressalta Segiemundo.

Além disso, a empreendedora também já foi professora do SENAI e lecionou para muitas mulheres que hoje seguem na área.

Nesse sentido, para Simone Orosco, a experiência que a mulher tem ao administrar com sucesso suas várias vidas, enquanto dona de casa, esposa, mãe e profissional, pode ser um diferencial na tomada de decisões. 

Ela destaca: “O que eu vejo é que as mulheres se dedicam muito, trabalham muito e conseguem resultados. Bem como, conseguem melhorar o ambiente de trabalho, promovendo uma interação mais leve e melhor entre as pessoas”. 

Apesar de críticas ao momento atual, Orosco tem esperanças para o futuro. “É um caminho longo a ser seguido, mas que vai melhorar”, finaliza.

Aumento da Produtividade

Outro ponto importante, apontado pelo relatório Diversity Matters: Latin America, da McKinsey&Company, indica que, uma empresa mais diversa tem uma performance financeira 20% melhor.

Isso porque, segundo o estudo, uma empresa com mais igualdade é uma empresa com funcionários mais satisfeitos e que performam melhor. 

Simone Carvalho, do Plano de Incentivo à Cadeia do Plástico, concorda. “É possível ver, na prática, na indústria de transformação do plástico, como empresas que são mais diversas, principalmente com maior presença feminina, têm melhores resultados.”, afirma.

Como exemplo positivo de iniciativa voltada a aumentar a presença de mulheres nos altos cargos das empresas, o Programa Diversidade em Conselho, realizado pelo Instituto Brasileiro Governança Corporativa (IBGC), busca formar um banco de dados com nomes de mulheres preparadas para assumir cargos em conselhos. 

Assim, o projeto, que está entrando em sua sétima turma, com no máximo 35 participantes, tem como foco, executivas já experientes e que ocupam altos cargos em empresas.

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Última atualização em 29 de março de 2023

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