A decisão do Banco Central é injustificável
Diante da nova decisão do Banco Central, sobre o Copom (Comitê de Política Monetária), Ricardo Alban, presidente da CNI, considera a ação conservadora injustificável. Isso porque, ela visa manter o ritmo de redução da Selic (taxa básica de juros) em somente 0,5 ponto porcentual. Além disso, avalia em que a decisão implica, principalmente na indústria.
Assim, ele explica que, com a continuidade do cenário de inflação sob controle, torna-se indispensável uma aceleração no ritmo de redução da taxa Selic na próxima reunião do Copom.
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Sendo assim, ele adverte: “É necessário e desejável maior agressividade do Copom para que ocorra uma redução mais significativa do custo financeiro suportado por empresas, que se acumula ao longo das cadeias produtivas, e consumidores. Sem essa mudança urgente de postura, seguiremos penalizando não só a economia brasileira, mas, principalmente os brasileiros, com menos emprego e renda”.
Avaliação da indústria sobre a inflação
Assim, a avaliação da indústria, afirma que a inflação permanece com um comportamento favorável.
Isso se comprova com o fato do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) ter finalizado 2023 em 4,6%, abaixo do limite superior da meta de inflação. Essa meta de inflação tem a definição feita pelo CMN (Conselho Monetário Nacional).
Além disso, torna-se importante considerar a desaceleração em relação ao ano de 2022, quando o IPCA passou de 5,8% para 8,9%. Isto é, considerando as desonerações tributárias daquele ano. Assim, em janeiro de 2024, a prévia da inflação teve uma variação de 0,31% menor do que a esperada.
A trajetória consistente de desaceleração da inflação corrente evidencia expectativas positivas. Conforme o Relatório Focus do Banco Central, as projeções indicam uma inflação de 3,8% ao final de 2024, representando uma redução em relação aos 3,9% registrados um mês atrás.
Além de apresentarem uma tendência decrescente, as expectativas sugerem um cenário favorável para alcançar a meta, com a possibilidade de se aproximar do centro estipulado, situado em 3%, além de manter o respeito ao teto estabelecido.
Contribuições para controle da inflação
Frente a isso, o câmbio se mostra como outro elemento que coopera com o cenário de inflação sob controle. Em janeiro de 2023 a taxa de câmbio ultrapassou os R$5,40 por dólar.
No entanto, nos últimos meses, estabilizou próximo dos R$4,90 por dólar. Assim, amenizando a pressão inflacionária advinda dos produtos importados.
Assim como nos Estados Unidos, os dados mais atuais de inflação contribuem com o início do ciclo de cortes da taxa básica de juros americana ainda no primeiro trimestre. Logo, torna-se possível reduzir rapidamente a Selic para que, via redução do diferencial de juros em relação aos Estados Unidos, ocorra pressão sobre o câmbio, e por consequência, sobre a inflação no Brasil.
Ainda, os efeitos negativos que as taxas de juros reais provocam na economia brasileira, se mostram como mais uma razão que valida a necessidade de um corte mais acentuado da Selic.
Mesmo frente às quatro reduções da Selic realizadas desde agosto de 2023, a taxa de juros real, ainda está em 7,65% ao ano. Isto é, 3,15 pontos percentuais acima da taxa de juros neutra, aquela que não estimula e nem desestimula a atividade econômica.
As perspectivas das taxas
Enquanto isso, a taxa de juros real alcançou um nível muito elevado, custando um valor acentuado para a atividade econômica do país. Em 2023, o PIB estagnou no terceiro trimestre, e a expectativa permanece negativa para o último trimestre do mesmo ano.
A produção da indústria de transformação acumulou queda de 0,9% entre janeiro e novembro de 2023, na comparação com o mesmo período de 2022.
O varejo alterna meses de queda com meses de crescimento modesto: as vendas caíram 0,3% em outubro e subiram apenas 0,1% em novembro de 2023. O setor de serviços, por sua vez, acumulou recuo de 2,2% entre agosto e outubro de 2023, ainda que tenha avançado 0,4% em novembro.
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Última atualização em 20 de fevereiro de 2024