Embora a pandemia tenha desorganizado a cadeia de reciclagem, o setor voltou a avançar no Brasil em 2021. Isso porque, o volume de produção de plásticos reciclados superou a marca de 1 milhão de toneladas, alta de 14,3% frente ao ano anterior. Já o índice de plásticos pós-consumo que foram reciclados ficou em 23,4%.
A princípio, os dados constam de um estudo encomendado à MaxiQuim pelo Plano de Incentivo à Cadeia do Plástico (PICPlast), parceria Abiplast, entidade que representa os transformadores.
Realizado desde 2018, o levantamento indica que 2021 foi um ano de transição para esse setor, com crescimento estrutural e rumo a uma indústria mais consolidada, segundo a sócia fundadora da consultoria, Solange Stumpf.
Para ela, os números da pesquisa mostram que houve um crescimento mais estrutural da indústria, como setor mais consolidado e competitivo. “Essa evolução está acontecendo há alguns anos, mas teve algum descompasso com a pandemia”, diz Stumpf.
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Dessa forma, olhando para a frente, a expectativa é de mais crescimento, em ritmo potencialmente maior. “2021 ainda foi um ano de transição da pandemia e a indústria também sofreu muito com os altos custos de produção.”
Além da maior disponibilidade de resíduos, o aumento na produção de plástico reciclado pós-consumo reflete o uso crescente de material reciclado.
Por isso, compromissos de redução da pegada de carbono assumidos pelas grandes marcas, incluindo a adoção de percentual crescente de material reciclado (ou PCR) em embalagens, por exemplo, contribuem para o avanço da produção.
A reciclagem da resina PET
A resina PET continua respondendo pelo maior volume, com 40% do total produzido no ano passado.
Em seguida vem o Polietileno de alta densidade (20%), Polipropileno (17%) e polietilenos de baixa densidade (15%).
Sobretudo, o censo recém-divulgado pela Abipet indicou que o mercado de reciclagem de embalagens PET acentuou a tendência de crescimento.
No ano passado, 359 mil toneladas de embalagens PET pós-consumo receberam a destinação adequada, crescimento de 15,4% sobre 2019, ano em que havia sido realizado o último levantamento.
Ou seja, isso significa que o Brasil reciclou 56,4% das embalagens pós-consumo de PET em 2021.
Faturamento e avanço do setor
A comparação dos dados do levantamento da MaxiQuim em três anos mostra que o faturamento bruto da reciclagem de plásticos cresceu quase 65%.
Enquanto o número de empresas recuou 5,4%, com o surgimento de companhias de maior envergadura.
Ainda de acordo com o estudo, o setor foi formado, no ano passado, por 677 empresas, frente a 716 em 2018.
Nesse sentido, com faturamento de cerca de R$ 4 bilhões e 16,9 mil empregos diretos. “Fica mais evidente que não é mais indústria com ‘players’ pouco estruturados. Hoje, a indústria de reciclagem está bem mais perto do setor transformador”, ressalta Stumpf.
Ainda mais, o consumo de resíduo plástico na reciclagem, que inclui ainda o resíduo pós-industrial.
Que por sua vez, chegou a 1,5 milhão de toneladas no ano passado, com expansão de 13,2% ante 2020.
Assim, o estudo mostra que, desse volume, pouco mais de 1 milhão de toneladas, ou 67,4%, se referem a itens de uso único.
Isto é, incluindo embalagens rígidas e flexíveis e outros tipos de descartáveis.
Outro dado relevante do estudo é o avanço da reciclagem para outras regiões do país, aponta Stumpf.
Em 2021, a expansão da produção de plástico reciclado no Nordeste cresceu 30,3%, acima da média da indústria.
Isso porque, houve abertura de unidades de empresas do Sul e Sudeste na região e por razões logísticas. “A logística reversa é uma solução muito importante. Onde há programas implementados, vemos um avanço na reciclagem”, acrescenta a executiva.
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Pela primeira vez, a produção de plásticos reciclados passou a marca de 1 milhão de toneladas no país. A resina mais reciclada segue sendo o PET, com 40% do total do ano passado
Última atualização em 27 de dezembro de 2022