Exportação de milho do Brasil cai no semestre (e soja mantém estabilidade), com Argentina no radar







Exportação Brasileira de Milho Cai no Semestre (e Soja Empata), com Argentina no Radar

Exportação Brasileira de Milho Cai no Semestre (e Soja Empata), com Argentina no Radar

Problemas Climáticos Afetam Exportações de Grãos

Os problemas climáticos vêm se mostrando um pesadelo para os produtores de milho e soja no Brasil. A seca em Mato Grosso e as enchentes no Rio Grande do Sul impactaram negativamente nas colheitas e, por consequência, nas exportações desses grãos. A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) revelou que, entre janeiro e junho, houve impactos expressivos nos volumes embarcados.

Apesar da estagnação nas exportações de soja, com um aumento tímido de 1,2% comparado ao ano anterior, o milho não teve a mesma “sorte”. As exportações de milho no primeiro semestre apresentaram uma diminuição significativa, que levanta preocupações sobre a sustentabilidade das receitas no setor.

Números Exatos e Contrastes

No primeiro semestre, o Brasil exportou 66,16 milhões de toneladas de soja, praticamente estável em relação ao mesmo período do ano passado, que foi de 65,3 milhões de toneladas. Em junho, especificamente, os embarques atingiram 13,9 milhões de toneladas, ligeiramente abaixo das previsões iniciais.

Em contrapartida, o milho teve uma performance abaixo do esperado. Em junho, foram exportadas 982 mil toneladas, quando se esperava mais de 1 milhão de toneladas. No acumulado de janeiro a junho, as exportações de milho somaram 5,85 milhões de toneladas, ante 9,5 milhões no ano passado.

Expectativas para o Ano de 2024

As previsões para 2024 indicam um cenário desafiador. A Anec prevê uma exportação total de 97 milhões de toneladas de soja, abaixo dos 102 milhões de toneladas recordes de 2023. No caso do milho, o recuo é ainda mais expressivo, projetando-se um máximo de 41 milhões de toneladas, em comparação com as 56 milhões de toneladas do ano anterior.

Segundo o diretor geral da Anec, Sergio Mendes, o apetite da China está menor. No entanto, ele ressalta que a principal razão para a queda nas exportações de milho é a quebra de safra. As condições climáticas desfavoráveis desde o início do ano contribuíram para essa queda significativa.

Destinos das Exportações: Atores Principais

Apesar das adversidades, a China continua sendo o principal destino da soja brasileira, com mais de 70% das exportações. A Espanha e outros países europeus também são importantes compradores, embora estejam cada vez mais rigorosos nas análises fitossanitárias.

No caso do milho, além da China, que lidera o ranking de importadores, países como Irã e Egito têm se destacado. Em função dos elevados limites para defensivos químicos nos países europeus, o milho brasileiro estocado no primeiro semestre não conseguiu penetrar esses mercados de forma significativa.

Efeito China (e Argentina)

O aumento das exportações de milho para a China, ocorrido no final de 2022, foi uma vitória para o Brasil. Em 2023, a China representou 27% da receita do milho exportado pelo Brasil. Contudo, no início de 2024, um novo desafio emergiu: a Argentina obteve um acordo que permite a exportação de milho para a China, aumentando a concorrência no mercado asiático.

Os primeiros embarques de milho argentino devem ocorrer em breve, o que pode impactar ainda mais as exportações brasileiras. Segundo Mendes, a redução na oferta de milho devido a quebra de safra prejudica muito as exportações, já que a demanda interna, especialmente para produção de ração animal e etanol, precisa ser atendida prioritariamente.

América do Sul: A Nova Dinâmica do Mercado

A América do Sul está se consolidando como um forte exportador de milho, transformando a dinâmica do mercado global. A Argentina, que no ano passado colheu uma das piores safras de sua história, agora emerge como um concorrente robusto. Com uma produção de 50 milhões de toneladas, a oferta argentina está compensando as perdas brasileiras.

Mendes destaca que, mesmo com a redução de 17 milhões de toneladas na colheita brasileira, a exportação sul-americana seguirá forte. Essa mudança no cenário afeta diretamente os produtores e exportadores brasileiros, que agora enfrentam uma competição acirrada não apenas na quantidade, mas também na qualidade e eficiência.

Desafios Burocráticos

Outro obstáculo significativo, segundo Mendes, é a burocracia enfrentada pelas tradings brasileiras. A demora na emissão dos certificados fitossanitários ainda é um problema, impactando a competitividade. Mesmo com a redução do prazo para cerca de 4 dias, ele destaca que isso ainda está aquém do ideal.

Com a chegada da safra de algodão, novos desafios surgem. A necessidade de avaliações específicas e um corpo de fiscais reduzido tornam o processo ainda mais lento. A adoção do “fito eletrônico” ou “e-fito” seria uma solução, mas sua implantação está atrasada.

Soluções e Comparações Internacionais

Mendes mencionou casos em que empresas tiveram que buscar os documentos físicos nos órgãos oficiais e levá-los de avião até o comprador em outro país, para liberar os embarques. Em comparação, na Argentina os certificados são liberados em 24 horas, e nos Estados Unidos, em 48 horas.

Essas dificuldades burocráticas reduzem a eficiência e aumentam os custos das tradings brasileiras, resultando em perda de competitividade no mercado internacional. Melhorar esses processos é crucial para que o Brasil mantenha sua posição de liderança nas exportações de grãos.

A Conclusão: Um Cenário Desafiador, mas Não Impossível

O cenário para as exportações brasileiras de milho e soja em 2024 é desafiador. As condições climáticas adversas, a concorrência crescente da Argentina e os obstáculos burocráticos são problemas reais que afetam a competitividade do país. No entanto, o mercado interno robusto e possíveis avanços tecnológicos e burocráticos podem ajudar a mitigar esses desafios.

O papel do governo e das entidades representativas será crucial para facilitar esses avanços, possibilitando que o Brasil continue a ser um player relevante no cenário global de exportação de grãos. A capacidade de adaptação e inovação será a chave para superar esses desafios e garantir a estabilidade econômica dos produtores e exportadores brasileiros.

Última atualização em 4 de julho de 2024

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