O coletivo hacker Anonymous, responsável por vazar dados do presidente Jair Bolsonaro em 2020, teve os seus principais membros presos pelo FBI. A informação foi revelada por um oficial do Departamento Federal de Investigação dos Estados Unidos ao site The Huffington Post.
O grupo, que é mundialmente conhecido, começou a ganhar visibilidade em meados de 2010, quando fez uma série de ataques contra empresas estadunidenses e agências governamentais do país. Na ocasião, dados foram roubados e sites foram tirados do ar.
Ao longo dos anos, o Anonymous encabeçou outras ações e, após um hiato, divulgou uma ação judicial em que o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, era acusado de estupro, abuso sexual, violência física e outros crimes.
Origem do Anonymous
Sabe-se que o Anonymous nasceu do fórum 4Chan, antes do espaço ser majoritamente ocupado por usuários de direita. Os participantes começaram a agir guiados pelo “hacktivismo”, ação hacker como forma de ativismo político e social. E, em homenagem ao soldado histórico Guy Fawkes, o grupo passou a se identificar com a máscara inspirada no filme V de Vingança.
A primeira ação notória ocorreu em 2008, quando os ativistas vazaram um vídeo interno de cientologistas apresentado por Tom Cruise. A partir disso, advogados da religião entraram com ações judiciais para derrubar os conteúdos vazados, o que motivou o grupo a espalhá-lo em sites da internet.
Após esse episódio, as ações tiveram como foco o combate a violações de direitos humanos, colaborando inclusive para o acontecimento de eventos históricos, como a quebra da censura durante a Primavera Árabe em países do Oriente Médio e do norte da África em 2010.
Sete anos depois, o grupo esteve presente em outro evento importante, agindo contra uma passeata neonazista de Charlottesville, nos Estados Unidos. Na ocasião, vídeos da manifestação foram publicados e documentos pessoais dos envolvidos foram vazados.
Lulz Security: surgimento e prisão
No entanto, a recente prisão de cinco membros do Lulz Security, um outro grupo associado ao coletivo, acabou enfraquecendo a iniciativa, gerando um “enorme efeito dissuasor”, segundo Austins P. Berglas, agente especial encarregado da divisão cibernética do FBI em Nova York (EUA).
Não é a primeira vez que alegações como essa são feitas contra o Anonymous. O analista de segurança Aaron Barr, e então CEO da empresa HBGary, afirmou ter usado técnicas simples para mapear e delatar hackers do coletivo, ironizando o grupo em declarações à imprensa.
Em resposta, o coletivo hackeou o site da companhia, copiou dezenas de milhares de documentos da HBGary e HBGary Federal, publicou senhas de todos os e-mails corporativos nas redes sociais e invadiu as contas do Twitter. Como se não bastasse, o Anonymous ainda assumiu o e-mail pessoal e o iPad do próprio Barr. O grupo responsável pela ação cresceu dentro do coletivo e se tornou o Lulz Security.
Prisão de membros do coletivo
Em 2012, foi realizada uma investigação com ajuda do informante Hector Monsegur, que foi preso e decidiu colaborar com o FBI, revelando dados sobre alguns ex-companheiros. Segundo as informações divulgadas recentemente, isso criou uma desconfiança entre os participantes e enfraqueceu o grupo.
“O movimento ainda está lá, e eles ainda estão praticando hacking no Twitter e postando coisas, mas você não ouve nada sobre esses caras virem para cima com suas grandes violações”, disse Berglas. “Isso não está acontecendo, e isso se deve ao desmantelamento dos maiores jogadores”, ele afirmou.
Sobre o assunto, a professora Gabriella Coleman, da Universidade de McGill, que estuda o coletivo, confirmou que as prisões desferiram um golpe quase mortal no núcleo da organização. Contudo, ela ressalta que o Anonymous ainda está vivo e pode ressurgir em novas ações.
Última atualização em 6 de junho de 2021