“É necessário manter. A Amaggi reduzirá a área de algodão”, diz Blairo Maggi









É necessário segurar. A Amaggi vai reduzir a área de algodão, diz Blairo Maggi

É necessário segurar. A Amaggi vai reduzir a área de algodão, diz Blairo Maggi

Fortaleza (CE) – A capital do Ceará, Fortaleza, recebeu nesta terça-feira um encontro “de peso” quando o critério é produção de grãos e fibras.

No segundo painel do 14° Congresso Brasileiro do Algodão estavam quase 1,5 milhão de hectares de soja, milho e algodão. Não podia ser diferente: os debatedores eram Blairo Maggi, acionista da Amaggi, Aurélio Pavinato, CEO da SLC Agrícola, Guilherme Scheffer, diretor do Grupo Scheffer, Carlos Moresco, da GM Agrícola, de Goiás, e Walter Horita, um gigante da produção de algodão do oeste da Bahia.

O mediador do painel, professor emérito da FGV e ex-ministro Roberto Rodrigues, preferiu até fazer um sorteio para definir a ordem da fala de cada um, brincando com a ideia de precisar atribuir uma ordem de importância considerado o grupo tão seleto.

Além de contar um pouco da trajetória de cada família, que na maioria dos casos saíram da região Sul para desbravar o Centro-Oeste, os participantes foram convidados a falar sobre a perspectiva futura para o algodão. E aí o tom acabou ficando um pouco mais sério.

“É chegada a hora de nós produtores de algodão olharmos com paciência para o mercado”, afirmou Blairo Maggi, no final de sua fala no palco.

Ele prosseguiu o alerta: “As contas para os produtores não são boas. Eu sei que voltar é muito difícil. Mas ouvindo o que foi dito aqui, é necessário segurar, não aumentar as áreas (de plantio). A Amaggi vai reduzir área de algodão”.

O comentário foi feito após um painel sobre mercado internacional em que especialistas mostraram um cenário de superávit no balanço entre oferta e demanda por algodão, reforçando uma tendência de baixas para os preços e até considerando a possibilidade de que o preço caísse para 52 centavos de dólar por libra-peso. Nesta terça-feira o algodão operava em Nova York pouco acima de 70 centavos.

Com recado tão enfático, Blairo Maggi foi cercado por jornalistas ao descer do palco, mas desta vez irredutível ao dizer que não falaria com a imprensa. “Quando eu falo sempre dá confusão”, brincou, deixando o auditório.

O AgFeed perguntou a ele se poderia pelo menos dizer o que deveria ser plantado no lugar do algodão. A resposta foi: “soja!”. E assim saiu sem mais detalhes.

Walter Horita foi menos radical. Ao falar com o AgFeed, destacou que até hoje nunca viu o produtor rural plantar menos, porque “é uma decisão muito difícil”. Pretende manter os 40 mil hectares na safra 2024/2025 e diz que já no último ciclo havia optado por não ampliar área de cultivo. Somando com a soja e o milho, o grupo Horita planta 115 mil hectares.

“O algodão é realmente uma cultura com custo muito elevado, é três vezes maior que soja, então não se pode brincar. Há momentos de alta e de baixa, mas se você faz a sua parte e chega a uma produtividade boa, você reduz a sua margem e não chega a entrar em prejuízo”, explicou.

Nas áreas de Horita, no oeste da Bahia, ao contrário de Mato Grosso, o algodão é plantado principalmente como primeira safra, por isso a tendência de “trocar” por outro cultivo também é menor.

Além disso, o produtor ponderou que, nos Estados Unidos, a produção é “muito errática”. Agricultores americanos chegam a abandonar 30% da área dependendo do clima “e aí o mercado sobe”, ressaltou.

Na visão de Horita, “60 centavos é o breakeven, fica apertado dependendo da região”, por isso ele diz que se a previsão do analista Ron Lawson, de 52 centavos, se confirmar, “é prejuízo”.

Guilherme Scheffer, que virou referência no setor quando o tema é agricultura regenerativa, também confirmou que não pretende reduzir área plantada. O conselho de Scheffer ao produtor nesta safra “é escolher as melhores áreas para plantar e fazer hedge, não deixar destravado”.

Para o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Alexandre Schenkel, ainda pode haver um aumento de área plantada com a pluma na safra 2o24/2025.

“Mas eu creio que se tiver um aumento de área não passa de 10%, porque o preço da commodity não está tão interessante. Ela deu uma reduzida muito grande nos últimos meses”, disse.

Na empresa de Schenkel, que também produz grãos e algodão em Mato Grosso, pela primeira vez na história a área plantada com a pluma não vai aumentar. Serão cultivados os mesmos 2,6 mil hectares da última safra no Grupo Schenkel, que fica np muncípio de Campo Verde.

“Nós viemos plantando e aumentando. E esse ano foi a maior área que nós plantamos, nessa última safra. Vamos manter porque são áreas que já estão preparadas. Então é esse trabalho que nós vamos fazer, de aproveitar a fertilidade, aproveitar o investimento que já foi feito, para que se procure ter o melhor resultado lá”, afirmou Schenkel .



Última atualização em 6 de setembro de 2024

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