Em meio a uma recessão econômica que aperta muitos setores, o mercado de resinas tem mostrado um comportamento inesperado: seus preços estão em alta. Essa elevação, que parece fora de lugar em tempos de crise, é puxada principalmente pelo aumento no custo de suas matérias-primas básicas, os chamados monômeros.
Resinas como o polietileno (PE) e o polipropileno (PP) estão sentindo esse impacto. Vamos entender o que está acontecendo com cada uma delas e o que isso significa para as empresas que as utilizam e para o consumidor final.
O que acontece com o Polietileno (PE)?
Sim, os preços do PE estão subindo. Os fornecedores conseguiram aumentar os preços em 7 centavos de dólar por libra nos primeiros dois meses do ano. Isso veio após uma grande queda de 48 centavos entre agosto e dezembro do ano passado.
Mesmo com a utilização das fábricas abaixo de 70% (ou seja, produzindo menos do que poderiam), os fabricantes impuseram reajustes. E o mais importante: os processadores de PE – as empresas que transformam a resina em produtos acabados – estão conseguindo repassar esses custos. Seus produtos ficaram cerca de 10% mais caros. A principal razão para isso é a alta do etileno, a matéria-prima do PE, que subiu de 28 para 31,5 centavos por libra de dezembro para janeiro.
O que acontece com o Polipropileno (PP)?
O polipropileno (PP) também viu seus preços subirem 2 centavos de dólar por libra em janeiro. Esse aumento é parte de uma alta maior que os fabricantes planejaram (de 6 centavos). Assim como o PE, a subida do PP é causada pelo aumento do seu monômero, o propileno, que também ficou 2 centavos mais caro em janeiro.
Apesar da demanda por PP ainda ser baixa, houve um movimento de “recompra” no início do ano. Isso significa que as empresas que haviam esvaziado seus estoques precisaram comprar novamente, o que deu um fôlego ao mercado. A expectativa é que a demanda em geral continue menor do que no ano passado, mas a indústria segue de perto a produção e disponibilidade de propileno.
E o PVC: Vai Aumentar?
Os produtores de resina de PVC informaram aos seus clientes que iriam cobrar 5 centavos de dólar a mais. No entanto, os processadores (as empresas que compram o PVC) afirmam que o aumento real em fevereiro foi de apenas 2 a 3 centavos. Há uma clara diferença no que cada lado esperava.
A justificativa para o aumento é o custo do etileno (que subiu 5 centavos de novembro para janeiro), que é a matéria-prima para o PVC. O problema é que a demanda por PVC rígido (usado, por exemplo, em tubos) continua fraca. Muitas empresas de tubos estão trabalhando menos horas por semana. A capacidade dos fabricantes de PVC de ajustar seus preços, ou não, será decisiva para a saúde do mercado nos próximos meses.
Pressão nos Preços do Poliestireno (PS)
A empresa Americas Styrenics tentou aumentar os preços do poliestireno (PS) em 5 centavos de dólar a partir de 15 de fevereiro. No entanto, essa tentativa foi contestada pelos processadores e adiada para 1º de março pela Total.
O mercado de PS tem sido bastante volátil, e seus preços são fortemente influenciados pelo custo do benzeno, sua principal matéria-prima. A demanda por produtos feitos de PS, como embalagens, caixas de CD e peças de refrigeradores, ainda é fraca. Isso mostra que, mesmo com as mudanças de preços, a demanda geral continua baixa, apesar de haver um leve aumento esperado para a estação.
O Cenário Geral do Mercado de Resinas
O mercado de resinas está em um momento de grandes mudanças. Os preços estão sendo diretamente afetados pelos custos das matérias-primas (etileno, propileno e benzeno), pela capacidade de produção das fábricas e pelas diferentes demandas de cada setor. Essa instabilidade nos preços deve continuar.
As empresas que usam resinas precisam se preparar para se adaptar rapidamente a essas condições. A forma como produtores e clientes conversam sobre esses custos e repasses será crucial. Entender esses movimentos pode ajudar outros setores que enfrentam desafios econômicos parecidos.
Olhando para o Futuro
Ainda é difícil prever com certeza como os preços das resinas se comportarão nos próximos meses. Com a demanda e a capacidade de produção mostrando sinais mistos, o equilíbrio entre o que se tem e o que se precisa vai definir os preços. Acompanhar de perto a volatilidade das matérias-primas e o funcionamento das cadeias de suprimentos é fundamental.
Para todos os envolvidos – produtores e processadores – é essencial serem proativos e ajustarem suas estratégias. Trabalhar juntos pode trazer resultados melhores, ajudando a criar um mercado mais estável e sustentável para todos.
Última atualização em 29 de maio de 2025