A migração de fazendas leiteiras para a pecuária de corte tem ganhado força em regiões como o Vale do Paraíba (SP), parte do Rio de Janeiro e Minas Gerais. A mudança de rumo está diretamente ligada a um novo modelo de produção que une intensificação, pasto bem manejado e suplementação estratégica: a Recria Intensiva a Pasto (RIP). Assista ao vídeo abaixo e confira esta história.
A explicação foi dada pelo zootecnista Luis Kodel, da KR Consultoria, em entrevista ao programa Giro do Boi. Ele atua em dezenas de propriedades que deixaram o leite para trás e, hoje, têm nos bois de corte precoces sua principal fonte de renda.
Por que tantas fazendas leiteiras estão migrando para o corte?
Segundo Kodel, o principal motivo é a falta de mão de obra. A pecuária de leite exige muito pessoal, já que a atividade de ordenha deve ocorrer de forma contínua, incluindo finais de semana e feriados. “Com a pressão das cidades próximas e da indústria, ficou difícil manter uma equipe no campo”, explicou.
“A pecuária de leite exige muita gente. Ordenha todo dia, sábado, domingo, feriado. Com a pressão das cidades próximas e da indústria, ficou difícil manter uma equipe no campo”, explicou.
Além disso, muitos produtores enfrentaram margens apertadas com os altos custos de insumos e a instabilidade no preço do leite. Nesse quadro, a pecuária de corte — mesmo que intensiva — oferece maior previsibilidade e menor demanda por pessoal.
Recria intensiva a pasto (RIP): o segredo da virada

A RIP permite imprimir ganhos de até 900 gramas por dia em machos e fêmeas logo após a desmama. Sem contar que ela encurta o ciclo de produção e aumenta o giro de lotes. Kodel destaca que, com genética de qualidade e planejamento nutricional, é possível levar o animal diretamente ao abate com até 18@, como acontece na Fazenda Lambari, uma das clientes da consultoria:
“Eles desmamam em maio e, em março, os animais da cabeceira já estão prontos para abate direto do pasto. O restante vai para terminação. A fazenda chega a ficar 20 dias vazia esperando a nova desmama”, contou.
Giro acelerado e custo controlado

Ao contrário do que se pensa, a RIP não exige um investimento fora da realidade. O custo por arroba, segundo Kodel, gira em torno de R$ 120 a R$ 140, quase metade do que se gasta num confinamento.
“O segredo está em diluir os custos fixos com mais arrobas por hectare e reduzir o tempo de recria. Nutrição e manejo de pasto bem-feitos compensam qualquer gasto com suplemento.”
A RIP também valoriza o bem-estar e a reprodução

Outro ganho importante está no comportamento e saúde do rebanho. Os animais criados em RIP, segundo o zootecnista, ficam mais mansos, o que melhora o manejo e reduz acidentes. Além disso, as fêmeas precoces ganham peso de forma equilibrada, entram mais cedo na reprodução e mantêm alta taxa de prenhez.
Na Fazenda Lambari, novilhas com 14 a 15 meses já apresentaram 70% de taxa de prenhez com apenas duas IATFs. Após o parto, seguem suplementadas, garantindo a reconcepção e a produtividade a longo prazo.
E o custo da alimentação?

Kodel ressalta que, ao adaptar a dieta à disponibilidade regional, é possível fechar a conta com eficiência. No Vale do Paraíba, por exemplo, as propriedades utilizam polpa cítrica, casquinha de soja, milho, farelo de algodão e DDG.
A migração de fazendas leiteiras para a pecuária de corte com foco na RIP representa uma mudança estratégica, motivada pela necessidade de aumentar produtividade e reduzir custos operacionais. Com planejamento técnico, gestão eficiente e foco na intensificação sustentável, os pecuaristas estão transformando seus resultados sem abrir mão da qualidade.
“Recria intensiva bem-feita imprime mais arroba, reduz o tempo de abate e melhora todo o desempenho da fazenda. E o melhor: é possível fazer isso com custos viáveis e muito resultado”, finaliza Kodel.
Para saber as atualizações do trabalho do Kodel, siga-o no Instagram: @luiskodel.
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Última atualização em 22 de abril de 2025