São Martinho valoriza na bolsa, mas prejuízo pelo incêndio em São Paulo atinge R$ 1 bilhão










São Martinho sobe na bolsa, mas prejuízo pelo fogo em São Paulo chega a R$ 1 bilhão

São Martinho sobe na bolsa, mas prejuízo pelo fogo em São Paulo chega a R$ 1 bilhão

As queimadas que devastaram o interior de São Paulo nos últimos dias deixam um rastro de destruição econômica sem precedentes na agropecuária do estado.

Segundo um relatório preliminar divulgado pela Secretaria Estadual de Agricultura de São Paulo, os prejuízos na agropecuária chegam a R$ 1 bilhão.

Impacto Econômico das Queimadas na Agropecuária Paulista

O levantamento indica que pelo menos 3,8 mil propriedades rurais foram atingidas, em 155 municípios paulistas. Entre os setores mais impactados, segundo o governo paulista, estão pecuária de corte e leite, cana-de-açúcar, fruticultura, borracha e apicultura.

Em entrevista, o presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de São Paulo, Tirso Meirelles, comentou que 70% das áreas afetadas pelos incêndios são canaviais. Essa destruição causa um prejuízo profundo, afetando a produção e, consequentemente, a economia local.

Custos de Recuperação e Produtividade

No início da tarde, Meirelles já calculava R$ 900 milhões em prejuízos, valor próximo ao relatório divulgado no fim do dia pela secretaria. O cálculo da Faesp leva em conta apenas os custos de recuperação das terras, sem incluir os danos a máquinas, equipamentos e infraestruturas rurais.

“Só para recuperar a terra, podemos considerar entre R$ 15 mil e R$ 20 mil por hectare, o que nos leva a um impacto financeiro muito significativo. E isso sem contar os prejuízos indiretos, como a queda na produção de leite e na pecuária de corte”, explicou. Durante a safra atual (de abril a julho), a produtividade dos canaviais permaneceu semelhante à do ciclo anterior, apresentando uma redução de cerca de 5,6%.

Endividamento e Linhas de Crédito

Além dos prejuízos diretos na produção, há uma preocupação crescente com o endividamento no setor, que, além de perderem suas colheitas, enfrentam dívidas de custeio e investimento. Para mitigar os efeitos, ações para o fortalecimento do seguro agrícola e a disponibilização de linhas de crédito para os produtores estão sendo elaboradas.

“Estamos trabalhando em conjunto com as secretarias de habitação e agricultura para garantir que os pequenos produtores possam se reerguer e continuar suas atividades”, afirmou Tirso Meirelles. Isso mostra um esforço coletivo para não só sanar as perdas, mas também assegurar a continuidade da agropecuária na região.

Valorização das Ações das Usinas

Outro impacto dos incêndios nos canaviais em São Paulo foi a alta no preço do açúcar, que acabou beneficiando o desempenho das empresas do setor sucroenergético listadas na B3. Os contratos futuros de açúcar em Nova York subiram mais de 3% nesta segunda-feira.

Com esse cenário, a produtora de açúcar e etanol São Martinho liderou a alta entre as empresas do setor na B3, com 3,58% de valorização, cotada a R$ 30,40. A Jalles Machado subiu 2,64% e a Raízen, que chegou a paralisar operações em uma usina de Sertãozinho, na sexta-feira, fechou com leve alta de 0,92%. As operações no Bioparque Santa Elisa, da Raízen, já foram retomadas.

Impacto na São Martinho

A São Martinho afirma que aproximadamente 20 mil hectares de cana-de-açúcar foram atingidos pelo incêndio. “A cana-de-açúcar atingida será processada nos próximos dias sem impactos significativos no Açúcar Total Recuperável (ATR) em relação ao Guidance de Produção para Safra 2024/2025, mas com redução na eficiência industrial na conversão em açúcar. Com isso, estima-se uma redução de 110 mil toneladas de açúcar, compensada por um aumento proporcional na produção de etanol”, diz o comunicado da empresa.

O texto também anuncia investimentos de R$ 70 milhões para preservar a produtividade nas safras seguintes. Isso mostra que, apesar dos adversos impactos diretos, a empresa está tomando medidas para garantir sua sustentabilidade a longo prazo.

Fogo no Berço Genético da Raça Nelore em São Paulo

O Instituto de Zootecnia de Sertãozinho, referência no melhoramento genético da raça Nelore, também enfrenta desafios significativos devido às queimadas. Em comunicado, a Diretoria do Centro AP&D Bovinos de Corte do IZ informou que todas as áreas da unidade foram atingidas por um incêndio devastador desde 22 de agosto de 2024. “Todos os animais de terceiros que estão aqui, em prova de ganho de peso, testes de eficiência alimentar e outros contratos estão bem, em segurança”, afirma a nota.

Os prejuízos financeiros dessas áreas experimentais ainda estão sendo calculados, disse o Instituto. Em diversas propriedades rurais do interior paulista há relatos da chegada do fogo próxima aos rebanhos. Em uma fazenda em Itipira, 70 cabeças de gado romperam a cerca para fugir das chamas e apenas uma parte foi recuperada.

Perspectivas Futuras e Recuperação

Embora a situação seja complicada, todos os esforços estão voltados para a recuperação. Os pequenos e médios agricultores são os mais afetados e as ações coordenadas entre governo e empresas visam minimizar a crise e permitir que esses produtores voltem a operar normalmente o mais rápido possível.

Além do investimento em recuperação de terras e créditos, outro ponto importante é o suporte técnico para garantir que as técnicas de cultivo sejam otimizadas, minimizando os riscos de prejuízos futuros. É crucial que todos esses esforços sejam comunicados de forma clara e eficiente para que a confiança dos produtores possa ser restaurada.

Conclusão

Os incêndios no interior de São Paulo trouxeram prejuízos gigantescos para a agropecuária e impactos consideráveis na economia regional. Ao mesmo tempo, criaram um cenário complexo no mercado financeiro, onde algumas empresas conseguiram se valorizar. A São Martinho, por exemplo, viu suas ações subirem apesar da destruição em seus canaviais.

O cenário futuro dependerá de uma série de fatores, incluindo a ação eficiente do governo, a implementação de medidas de suporte financeiro e técnico, e a capacidade das empresas de inovar e adaptar suas operações. Enquanto as cicatrizes deixadas pelos incêndios serão sentidas por um longo tempo, a resiliência do setor agropecuário e a rapidez na resposta a crises serão cruciais para a recuperação.


Última atualização em 28 de agosto de 2024

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