Milho em abundância garante preços baixos, mesmo em tempos de gripe aviária, proporcionando economia no bolso.

Em tempos de gripe aviária e abundância de milho, preços seguem baixos (mas sem sustos, por enquanto)

O cenário atual do mercado avícola no Brasil é marcado por uma combinação complicada: o surgimento de casos de gripe aviária e uma safra completa de milho. As relações entre essas duas situações estão gerando discussões acaloradas entre analistas do setor. Apesar da incerteza, a expectativa geral é de que os preços permaneçam relativamente estáveis no curto prazo, sem grandes sobressaltos.

Gripe Aviária: O impacto no setor avícola

A gripe aviária, conhecida por sua alta transmissibilidade, entrou em foco após a confirmação de um surto em uma granja comercial em Montenegro, no Rio Grande do Sul. A briga contra a doença é crucial, pois as aves de produção são essenciais para a economia avícola. Analistas afirmam que, se a situação continuar controlada e restrita ao local do surto, o impacto na produção de frango e, consequentemente, na demanda por milho pode ser limitado a uma queda de até 1 milhão de toneladas nas exportações.

Essa redução, embora significativa, é considerada “um estrago momentâneo” segundo Vlamir Brandalizze, consultor de mercado. O volume de 1 milhão de toneladas corresponde a apenas uma fração da demanda anual, que gira em torno de 30 milhões de toneladas, portanto, ainda há espaço suficiente para que o setor se estabilize.

Projeções de demanda e impactos nos preços do milho

No momento, a previsão é de que a demanda por milho diminua entre 500 mil e 1 milhão de toneladas em função do menor alojamento de frangos. Essa queda se reflete em preços que, embora tenham apresentado uma tendência de baixa, podem mostrar sinais de recuperação conforme a normalização do mercado no segundo semestre. Os preços do milho, que chegaram a R$ 85 a saca, caíram para menos de R$ 73, representando um recuo de mais de 9,3% nos últimos 30 dias, mas essa instabilidade parece não ser sustentável por muito mais tempo.

Se o surto da gripe aviária for controlado, a expectativa é de que a produção se recupere em um ritmo que minimize os efeitos da queda atual das cotações. Contudo, o mercado continua em alerta, especialmente considerando que novos casos de influenza estão em investigação em várias localidades, o que pode afetar a confiança dos investidores no setor.

O setor de exportação de frango e seus desafios

Além do impacto interno no mercado, o embargo às exportações brasileiras de frango por países como a China e diversas nações europeias representa um desafio significativo. Com a tentativa de desovar estoques locais para atender a demanda, o Brasil pode se ver em uma posição delicada no mercado internacional. Para os produtores de milho, isso significa uma insegurança inevitável nas cotações do cereal.

Com os números das exportações de frango mostrando um crescimento de 8% até agora em 2025, é possível que o aumento das exportações sofra uma desaceleração se as restrições permanecerem em vigor. Esta incerteza está causando nervosismo, não só entre os avicultores, mas também entre os agricultores de milho que dependem das demandas consistentes de ração animal para manter seus negócios viáveis.

O papel do governo no controle da gripe aviária

O governo brasileiro tem trabalhado ativamente no controle da influenza aviária desde o primeiro caso confirmado na granja de Montenegro. A eficiência das ações implementadas, como vigilância sanitária e restrições temporárias aos plantéis, é crucial para evitar um surto em larga escala. A credibilidade com o qual o governo tem lidado com a situação pode ter um impacto direto na recuperação do mercado avícola e na subsequente demanda por milho.

Embora atualmente a indústria de ração animal represente 67 milhões de toneladas do consumo total de milho, a capacidade do governo de preservar a saúde do rebanho é vital para manter a produção estável. O potencial de uma resposta rápida pode fazer toda a diferença na saúde econômica da avicultura brasileira.

Futuras expectativas e tendências do mercado de milho

O cenário atual do milho no Brasil apresenta uma oferta total estimada de 132,4 milhões de toneladas, supostamente a segunda maior produção na história do país. Essa abundância tem ajudado a amortecer os impactos financeiros que poderiam advir da gripe aviária. No entanto, essa análise não pode ser feita sem citações às tendências em crescimento no mercado de etanol, que também agrega uma demanda crescente ao milho.

Os desafios e as oportunidades no setor de milho e grãos estão no centro das discussões atuais, pois os setores agrícola e energético se entrelaçam cada vez mais. Com a busca por alternativas mais sustentáveis de energia, o milho encontrará novos mercados que poderão compensar a volatilidade do setor avícola, continuando a crescente evolução em sua produção e consumo.