**México e Brasil: Sinergias para a Transição Energética e o Desenvolvimento Sustentável**
A visita do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao México, no início de maio, marcou o início de uma colaboração promissora entre os dois países. Essa parceria tem o potencial de se tornar um modelo de sucesso de powershoring energético e reindustrialização verde na América Latina, impulsionada pela criação de cadeias industriais de descarbonização que beneficiem ambos os países de forma complementar e justa.
Essa iniciativa surge em um momento crucial, onde a busca por alternativas sustentáveis e a necessidade de fortalecer as economias regionais se tornam cada vez mais prementes. A colaboração entre México e Brasil representa uma oportunidade única de combinar recursos, conhecimentos e capacidades para enfrentar os desafios da transição energética e promover um desenvolvimento econômico mais sustentável e inclusivo.
**O Potencial Energético e Industrial do Brasil**
O Brasil, com sua matriz energética relativamente limpa, ocupa uma posição privilegiada para impulsionar atividades industriais de alto valor agregado, como a produção e o processamento de minerais com rastreabilidade climática. Essa vantagem comparativa coloca o país na vanguarda da produção de insumos descarbonizados, essenciais para a transição para uma economia de baixo carbono.
A produção e o processamento de minerais com rastreabilidade climática representam um passo crucial para a construção de cadeias de valor mais sustentáveis. Ao garantir que os minerais sejam extraídos e processados de forma responsável, com baixo impacto ambiental e respeito aos direitos das comunidades locais, o Brasil pode agregar valor a seus produtos e atender às crescentes demandas dos mercados globais por materiais sustentáveis.
**O Papel Estratégico do México na Descarbonização Produtiva**
O México, por sua vez, pode se beneficiar da expertise brasileira ao incorporar esses insumos descarbonizados na montagem de produtos. Essa estratégia impulsiona a descarbonização de suas cadeias produtivas e fortalece sua posição exportadora em um cenário regulatório internacional cada vez mais rigoroso em relação às emissões de carbono.
A incorporação de insumos descarbonizados nas cadeias produtivas mexicanas não apenas contribui para a redução das emissões de carbono, mas também melhora a competitividade dos produtos mexicanos nos mercados internacionais. Ao atender aos requisitos de sustentabilidade exigidos pelos consumidores e reguladores, o México pode garantir o acesso a mercados importantes e atrair investimentos em setores de baixo carbono.
**Uma Parceria Complementar para um Futuro Sustentável**
Essa parceria se configura como uma sinergia complementar, na qual o Brasil lidera a transformação da base energética e industrial da cadeia, enquanto o México mobiliza sua capacidade instalada para entregar produtos finais competitivos. O resultado é uma plataforma regional de produção mais resiliente e alinhada com as demandas de um futuro sustentável.
A colaboração entre Brasil e México vai além da simples troca de insumos e produtos. Ao promover o intercâmbio de conhecimentos, tecnologias e boas práticas, a parceria fortalece as capacidades de ambos os países em áreas como energias renováveis, eficiência energética, gestão de recursos naturais e tecnologias de baixo carbono. Essa troca de experiências contribui para acelerar a transição para uma economia mais sustentável e resiliente.
**Oportunidades Além dos Acordos Comerciais**
Além de abrir espaço para acordos comerciais mutuamente vantajosos, essa aliança oferece ao México uma alternativa estratégica para descarbonizar sua economia, que atualmente depende fortemente de combustíveis fósseis. Essa transição é crucial para superar barreiras às emissões de carbono, como o Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira (CBAM), e assegurar novos destinos para sua produção industrial.
O Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira (CBAM), proposto pela União Europeia, representa um desafio para países como o México, que dependem fortemente de combustíveis fósseis em sua produção industrial. Ao implementar o CBAM, a União Europeia busca proteger sua indústria de empresas que operam em países com regulamentações ambientais menos rigorosas, impondo tarifas sobre as importações de produtos intensivos em carbono. A parceria com o Brasil oferece ao México uma oportunidade de superar essa barreira, descarbonizando sua produção e garantindo o acesso ao mercado europeu.
**Siderurgia Brasileira: Um Novo Capítulo na Parceria**
Embora não estivesse inicialmente na agenda, a indústria siderúrgica brasileira emerge como uma forte candidata a integrar esse processo de colaboração. A decisão dos Estados Unidos de dobrar as tarifas de importação de aço, para 50%, abre novas oportunidades para o Brasil fornecer aço de baixas emissões para a fabricação, no México, de produtos como autopeças, inclusive para veículos elétricos, destinados a mercados exigentes como o europeu.
**A Vantagem do Aço Brasileiro de Baixas Emissões**
O aço brasileiro, com uma pegada de carbono inferior à média mundial, apresenta uma vantagem competitiva significativa no mercado global. Ao fornecer aço de baixas emissões para a indústria automotiva mexicana, o Brasil contribui para a descarbonização da cadeia de valor e fortalece a posição do México como um fornecedor de autopeças para veículos elétricos, um mercado em rápido crescimento. Essa colaboração não apenas beneficia as economias de ambos os países, mas também impulsiona a transição para uma mobilidade mais sustentável.
**Cenários e Desafios da Indústria Siderúrgica Global**
A indústria siderúrgica global enfrenta desafios significativos relacionados às emissões de carbono. A produção de aço é um processo intensivo em energia, que historicamente tem dependido fortemente de combustíveis fósseis. No entanto, a crescente pressão por regulamentações ambientais mais rigorosas e a demanda dos consumidores por produtos mais sustentáveis estão impulsionando a busca por tecnologias e processos de produção de aço de baixo carbono. O Brasil, com sua matriz energética relativamente limpa, está bem posicionado para liderar essa transformação e fornecer aço sustentável para o mercado global.
**Futuras Perspectivas**
A parceria entre México e Brasil representa um marco importante na busca por um desenvolvimento mais sustentável e inclusivo na América Latina. Ao combinar seus recursos, conhecimentos e capacidades, os dois países podem impulsionar a transição energética, fortalecer suas economias e contribuir para a construção de um futuro mais próspero e resiliente para a região. Essa colaboração serve como um exemplo inspirador para outros países da América Latina e do mundo, mostrando que a cooperação e a inovação são fundamentais para enfrentar os desafios globais e construir um futuro melhor para todos.
**Diversificação e Ampliação da Parceria**
A colaboração entre México e Brasil tem o potencial de se expandir para outras áreas estratégicas, como energias renováveis, agricultura sustentável, biotecnologia e tecnologias da informação e comunicação. Ao diversificar a parceria, os dois países podem criar novas oportunidades de crescimento econômico, geração de empregos e desenvolvimento social. Além disso, a parceria pode servir como uma plataforma para promover a integração regional e fortalecer a posição da América Latina no cenário internacional.
**A Importância do Engajamento da Sociedade Civil**
Para que a parceria entre México e Brasil seja bem-sucedida, é fundamental o engajamento da sociedade civil, incluindo empresas, organizações não governamentais, universidades e centros de pesquisa. Ao envolver todos os atores relevantes, é possível garantir que a parceria seja transparente, inclusiva e alinhada com os interesses da população. Além disso, o engajamento da sociedade civil contribui para fortalecer a legitimidade da parceria e garantir sua sustentabilidade a longo prazo.
Última atualização em 12 de julho de 2025