Transição energética exige rede de transmissão mais flexível, afirma CEO da Taesa.

Transição energética exige rede de transmissão mais flexível, afirma CEO da Taesa.

Transição Energética e a Necessidade de Flexibilidade na Rede de Transmissão

A transição energética em curso no Brasil e no mundo impõe desafios significativos à infraestrutura de transmissão de energia. Rinaldo Pecchio, CEO da Taesa, ressalta a importância de um planejamento estratégico e cuidadoso para garantir que os investimentos necessários não resultem em um fardo excessivo para o consumidor final. A complexidade reside em equilibrar a necessidade de expansão e modernização da rede com a modicidade tarifária, um princípio fundamental para a sustentabilidade do setor elétrico.

Durante o Energy Summit 2025, no Rio de Janeiro, Pecchio enfatizou que a chave para o sucesso reside na implementação de sistemas mais inteligentes e flexíveis, capazes de lidar com a crescente variabilidade das fontes renováveis. A integração de energias eólica e solar, por exemplo, exige uma capacidade de resposta rápida e eficiente da rede para evitar interrupções e garantir o fornecimento contínuo de eletricidade. Este cenário demanda uma abordagem inovadora e colaborativa entre todos os agentes do setor.

O Papel dos Sistemas Especiais de Proteção (SEP)

A Taesa já demonstra um avanço significativo na gestão da geração de energia através dos Sistemas Especiais de Proteção (SEP), que monitoram e regulam a produção em tempo real. Segundo Pecchio, a empresa já possui quase 1 GW de capacidade sob controle por meio desses sistemas. Essa abordagem permite uma otimização da utilização dos recursos energéticos, reduzindo o desperdício e aumentando a eficiência da rede. A experiência da Taesa serve como um exemplo promissor de como a tecnologia pode impulsionar a transição energética.

A expansão e o aprimoramento dos SEPs são essenciais para o futuro do setor elétrico, permitindo uma gestão mais dinâmica e adaptável da oferta e demanda de energia. No entanto, é crucial que essa implementação seja realizada sob a estrita supervisão do Operador Nacional do Sistema (ONS) e dos órgãos regulatórios, garantindo a segurança e a estabilidade do sistema. A colaboração entre os diferentes atores é fundamental para o sucesso dessa estratégia.

Ajustes nos Limites de Intercâmbio de Energia e o Combate ao Curtailment

O Operador Nacional do Sistema (ONS) implementou ajustes nos limites de energia entre os submercados do Sistema Interligado Nacional (SIN) a partir de 28 de junho. Esses ajustes, realizados por meio de adaptações nos Sistemas Especiais de Proteção (SEP), visam aumentar a capacidade de transmissão do SIN, especialmente para a energia renovável produzida no Nordeste. Essa medida representa um avanço significativo na otimização da distribuição de energia no país.

Um dos principais benefícios desses ajustes é a potencial redução dos cortes de geração, conhecidos como *curtailment*. O *curtailment* ocorre quando a capacidade de geração de energia excede a capacidade de transmissão, resultando no desperdício de energia limpa e renovável. Ao aumentar a flexibilidade e a capacidade da rede, o ONS busca minimizar esses cortes e garantir que a energia gerada seja utilizada de forma eficiente, impulsionando o desenvolvimento sustentável do setor elétrico.

Curtailment: Um Desafio da Transição Energética

O *curtailment*, ou corte de geração, surge como um obstáculo significativo na jornada da transição energética. Imagine um rio caudaloso, cheio de potencial para gerar energia, mas com um leito estreito que impede o fluxo total de água. Da mesma forma, a energia renovável, abundante e limpa, enfrenta gargalos na transmissão, resultando em desperdício e ineficiência. Reduzir o *curtailment* é, portanto, crucial para maximizar o aproveitamento das fontes renováveis e garantir um futuro energético sustentável.

Este problema se agrava com a crescente produção de energia eólica e solar, especialmente em regiões como o Nordeste brasileiro, onde o potencial dessas fontes é vastíssimo. A solução passa por investimentos maciços em infraestrutura de transmissão, mas também pela adoção de tecnologias inteligentes que otimizem o fluxo de energia e evitem sobrecargas na rede. É um quebra-cabeça complexo que exige visão estratégica e colaboração entre os diversos atores do setor.

Novos Desafios: Hidrogênio Verde e Data Centers

A transição energética não se limita à substituição de fontes fósseis por renováveis. Ela também impulsiona o surgimento de novas indústrias e tecnologias que demandam ainda mais energia. Projetos de hidrogênio verde, por exemplo, prometem revolucionar a produção de combustíveis limpos, mas exigem grandes quantidades de eletricidade para a eletrólise da água. Da mesma forma, a explosão do interesse por data centers, impulsionada pela economia digital, representa um aumento significativo no consumo de energia.

Estes novos desafios exigem um planejamento ainda mais cuidadoso e uma visão de longo prazo para a expansão da rede de transmissão. É preciso antecipar as demandas futuras e investir em infraestrutura que seja capaz de atender às necessidades de uma economia em constante transformação. A flexibilidade e a adaptabilidade da rede serão cruciais para garantir o fornecimento de energia confiável e acessível para todos os setores da sociedade.

A Importância da Modicidade Tarifária

Em meio a todos esses desafios e oportunidades, um princípio fundamental deve sempre ser lembrado: a modicidade tarifária. A transição energética não pode ser um fardo pesado para o consumidor, especialmente para as famílias de baixa renda. É preciso encontrar soluções que equilibrem a necessidade de investimentos com a manutenção de tarifas acessíveis, garantindo que a energia elétrica continue sendo um bem essencial para todos.

A inovação tecnológica, a eficiência energética e a otimização da gestão da rede são ferramentas essenciais para alcançar esse objetivo. Ao reduzir os custos de produção e transmissão de energia, é possível mitigar o impacto dos investimentos na tarifa final. Além disso, é importante promover políticas públicas que incentivem o uso consciente da energia e a adoção de tecnologias mais eficientes, como painéis solares e lâmpadas LED.

O Futuro da Transmissão de Energia no Brasil

O futuro da transmissão de energia no Brasil é promissor, mas exige um compromisso contínuo com a inovação, a colaboração e o planejamento estratégico. A transição energética é uma jornada complexa, mas repleta de oportunidades para o desenvolvimento econômico e social. Ao investir em uma rede de transmissão mais inteligente, flexível e eficiente, o Brasil estará pavimentando o caminho para um futuro energético mais sustentável e próspero.

A participação de todos os atores do setor, desde as empresas de transmissão até os consumidores, é fundamental para o sucesso dessa jornada. Ao trabalharmos juntos, podemos construir um futuro onde a energia limpa e renovável seja acessível a todos, impulsionando o crescimento econômico, a geração de empregos e a melhoria da qualidade de vida da população.





Última atualização em 7 de julho de 2025

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