Polietileno nacional ganha força e promete qualidade superior frente às importações no mercado brasileiro.

Polietileno nacional ganha força e promete qualidade superior frente às importações no mercado brasileiro.

Polietileno: Resinas Nacionais Lutam para Conter Importações

Uma relativa estabilidade ou, talvez, um crescimento não muito expressivo: ao menos por enquanto, são essas as perspectivas para o desempenho do mercado brasileiro de resina polietileno no decorrer deste ano. A competição intensa entre as resinas de origem local, principalmente da Braskem, e as importadas de países antes não significativos é um fator central nesse cenário. A situação se torna ainda mais complexa com o avanço das batalhas tarifárias vigentes no comércio internacional, que traz novas dinâmicas ao mercado de polietileno no Brasil.

A demanda nacional por PE deve se manter estável nos próximos meses. Marta Loss Drummond, especialista em inteligência de mercado da consultoria MaxiQuim, observa que a demanda por polietileno cresceu entre 4% e 5% em 2023 em relação ao ano anterior. No entanto, o primeiro trimestre de 2025 foi descrito como “fraco”, com várias empresas do setor de embalagens operando abaixo da capacidade para reduzir estoques, o que indica um cenário de cautela.

Desempenho do Mercado e Expectativas para 2025

Os especialistas preveem uma estabilização nas taxas de crescimento do mercado de polietileno no Brasil. Frederico Fernandes, da consultoria Argus, projeta um crescimento modesto de 2% a 4% em 2025. A média de crescimento entre 2017 e 2022 foi de 2,4% ao ano, refletindo uma tendência constante, mas que ainda está longe de ser robusta. A principal preocupação é uma possível recessão global, que poderia abalar essa estabilidade.

Laercio Gonçalves, vice-presidente da Associação Brasileira dos Distribuidores de Resinas Plásticas e Afins (Adirplast), também sinaliza para um crescimento esperado entre 3% e 5% neste ano. Ele destaca que, apesar de ser uma expectativa modesta, existe um potencial em setores como embalagens flexíveis, saúde e logística. Em contrapartida, segmentos como sacolas plásticas e itens descartáveis devem continuar a enfrentar pressões regulatórias e ambientais.

O Crescimento da Competitividade e Diversificação no Setor

A competitividade no mercado brasileiro de polietileno foi acentuada pelo aumento da oferta global. Gonçalves ressalta que a recuperação em setores como construção civil e embalagens, assim como o surgimento de nichos no comércio eletrônico, têm contribuído para a estabilidade do mercado. No entanto, a pressão por soluções sustentáveis já está moldando a forma como o polietileno é utilizado nas indústrias.

Ana Allegue, diretora de marketing da Dow, acredita que não apenas o setor de embalagens, mas o crescimento das telecomunicações e das energias renováveis impulsionará a demanda pela resina. A busca por soluções que atendam aos objetivos de sustentabilidade é cada vez mais evidente, o que leva empresas a adotarem materiais mais eficientes e com menor impacto ambiental.

Inovações em Polietileno e Sustentabilidade

A Dow lançou recentemente a resina Innate ST, um produto que promete melhorar a performance e a sustentabilidade das embalagens. Essa nova resina, criada a partir de um novo catalisador molecular, identifica-se por sua resistência superior e pela capacidade de reduzir a pegada de carbono das embalagens. Esse tipo de inovação é fundamental à medida que a indústria busca frentes de crescimento alinhadas às tendências de sustentabilidade.

O polietileno demonstra ser um dos materiais mais versáteis, oferecendo uma combinação única de características que favorecem sua adoção em diversas aplicações. A abordagem da Dow em relação a materiais reciclados e novas metodologias para otimização de processos é um reflexo do movimento da indústria em direção a um futuro mais sustentável e com menor desperdício de recursos.

Desafios na Indústria e a Produção Local

O mercado de polietileno se encontra em um contexto em que a luta entre as resinas nacionais e as importadas é intensa. Com 52% do polietileno consumido no Brasil sendo importado, a dependência em relação a fontes internacionais é um desafio para a indústria local. Recentemente, houve um aumento significativo na participação de resinas importadas que vêm de países como Argentina e Egito, refletindo uma busca contínua por diversificação.

A Braskem, em resposta a essa competição, tem investido em inovação e no desenvolvimento de polímeros bio-based e reciclados. O polietileno verde, oriundo da cana-de-açúcar, tem visto um crescimento notável, especialmente em aplicações em setores como cosméticos e automotivo, devido à sua capacidade de reduzir a pegada de carbono e atender à demanda por materiais sustentáveis.

Olhar para o futuro: Inovações e Adaptações no Mercado de Polietileno

A busca por novas fontes de polietileno, especialmente após a imposição de tarifas de importação, forçou a indústria brasileira a se adaptar. O Egito, entre outros países, começou a se afirmar como uma fonte crescente, enquanto o Brasil busca garantir sua auto-suficiência. Essa situação expõe a vulnerabilidade do setor em um cenário global, porém também traz oportunidades para fortalecer a produção local.

Além da volta ao crescimento, a indústria de polietileno deve se concentrar em uma veia inovadora e sustentável, com projetos que utilizam resíduos reciclados e materiais de fonte renovável. O futuro do mercado não depende apenas de atender as demandas atuais, mas também de antecipar-se às exigências de um consumidor moderno que prioriza a sustentabilidade.

Polietileno e a Circularidade: Caminhos para a Sustentabilidade

A Braskem, com sua linha de resinas recicladas, tem mostrado que é possível integrar a economia circular na produção de polietileno. A iniciativa de transformar resíduos em novos produtos não apenas alavanca a sustentabilidade, mas também aprimora a eficiência econômica do setor. Projetos como a parceria com a Ambipar, que visa transformar resíduos plásticos em novas resinas, destacam essa tendência.

A adoção de práticas que favorecem o fechamento do ciclo de vida dos plásticos é, sem dúvida, um dos principais desafios e oportunidades enfrentados por quem atua no mercado de polietileno. As tendências indicam que o futuro do polietileno está intrinsicamente ligado a soluções que oferecem menor impacto ambiental sem comprometer a performance.

Este artigo aborda detalhadamente as perspectivas e desafios do mercado de polietileno no Brasil em um cenário de forte competição entre resinas locais e importadas, destacando a importância das inovações e da sustentabilidade.




Última atualização em 19 de junho de 2025

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