Confira a segunda parte da matéria sobre o evento que o Portal Plástico foi convidado para participar. Veja aqui a primeira parte.
No último dia 17 de maio, a Braskem, empresa comprometida em investir em inovações sustentáveis no segmento de química e de plásticos, realizou um webinar sobre reciclagem. O evento que comemorava o Dia Mundial da Reciclagem, trouxe temas relevantes a toda a cadeia, incluindo perspectivas e tendências globais sobre reciclagem.
Entre os assuntos discutidos, o diretor executivo da MaxiQuim, Maurício Jaroski, trouxe um panorama geral sobre como os países e continentes têm tratado do assunto.
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Através do tema “Inovações do amanhã: Tendências, tecnologias e desafios no mercado de matérias-primas alternativas no âmbito da reciclagem”, Jaroski apresenta as ações na Europa, Estados Unidos e Brasil.
Em um cenário onde a sustentabilidade se torna um assunto cada vez mais abordado, os investimentos e as tendências globais de reciclagem e circularidade ganham destaque como pilares essenciais para a transformação econômica e ambiental.
Assim, Jaroski analisa que na Europa, em particular, está empenhada com metas e projetos ambiciosos, com ações para implementar até 2050, o continente visa revolucionar o sistema de plásticos e reciclagem.
Comparando ao ano de 2020, o continente lida com desafio significativo, isso porque naquele ano gerou-se 24,5 milhões de toneladas de resíduos plásticos, dos quais apenas 14% foram reciclados. Além disso, a maior parte desses resíduos (50%) era incinerada, contribuindo para a emissão de 9 milhões de toneladas de CO2.
Este cenário refletia uma dependência crítica de métodos de descarte menos sustentáveis, ao mesmo tempo que se buscava melhorar a eficiência dos processos de reciclagem.
Mas quando se compara as metas estabelecidas, a União Europeia traçou metas audaciosas para o setor de plásticos. Até 2050, espera-se que o sistema de plásticos atinja 78% de circularidade.
Isso inclui uma redução significativa de resíduos através da substituição e redução, evitando 30% dos resíduos previstos. Ainda, 48% dos plásticos serão reciclados, deixando apenas 9% dos resíduos sem reciclagem.
Quanto às implicações destas metas, o continente prevê que com a implantação do programa Net Zero, espera-se diminuir em 60% a incineração de plásticos. Assim como a diminuição em 70% o uso da resina virgem a partir de combustíveis fósseis.
Já os projetos propostos nos EUA, chegam a mais de 40, para implementação até 2030, tendo como capital de investimento U$8,7 bilhões. Além de reciclar mais de 4,09 Mt de plásticos reciclados.
As plantas de reciclagem em atuação mundial
Já no que se refere às plantas de reciclagem, abrangendo desde processos de pirólise até enzimático. Mas, as mais fortes permanecem sendo as de pirólise, segundo Jaroski.
Diante dos processos ele aponta: “A maioria das capacidades são plantas de pirólise, até tem algumas plantas diferentes, mas as grandes capacidades acabam sendo as plantas de pirólise em cada um dos países.”
Sendo assim, na Europa, atualmente, Holanda e Alemanha lideram o ranking, com maior número de plantas em operação, chegando a 8 em cada um dos países. Em seguida, aparece o Reino Unido, com 7 plantas e a Espanha com 6.
Apesar de não ser um número alto, Jaroski explica: “O desafio é a escala, mas isso já existe. A capacidade global de produção até não é tão baixa, na comparação com o mercado de plástico, é baixa, mundialmente falando.”
Enquanto isso, nos Estados Unidos, até setembro de 2023, já existiam 11 plantas. Então, geograficamente, a distribuição das plantas mostra-se adequada.
Já na América Latina, o mercado deve se desenvolver mais fortemente, a partir da ascensão das regulações.
Tendências globais na reciclagem de plástico
Com o mundo cada vez mais focado em sustentabilidade, é notável a corrida global por soluções inovadoras na reciclagem de plásticos. As tendências apontam para um futuro onde a tecnologia, a legislação e a conscientização social convergem para transformar a maneira como gerenciamos resíduos plásticos.
Na Europa, por exemplo, há uma grande ênfase na criação de políticas robustas que incentivem a reciclagem e a redução de uso de plásticos. Programas como o Green Deal Europeu e o Circular Economy Action Plan estabelecem metas rigorosas para os estados membros.
Estados Unidos: Iniciativas e desafios
Nos Estados Unidos, as iniciativas visam principalmente aumentar a infraestrutura de reciclagem e apoiar a inovação no setor. A Sustainable Packaging Coalition (Coalizão para Embalagens Sustentáveis) e outras organizações têm trabalhado para desenvolver padrões e práticas que promovam a responsabilidade ambiental.
No entanto, os desafios são numerosos. O país precisa lidar com a falta de uniformidade nas políticas estaduais e locais, bem como com a dependência de mercados estrangeiros para os materiais recicláveis. A recente guerra comercial com a China, que anteriormente importava uma grande quantidade de resíduos recicláveis dos EUA, destacou a necessidade de soluções domésticas.
Brasil: Oportunidades e barreiras
No Brasil, as oportunidades para o avanço na reciclagem são vastas, mas também enfrenta várias barreiras. O país possui uma legislação relativamente moderna com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, mas a implementação muitas vezes esbarra na falta de infraestrutura e de incentivos econômicos.
As cooperativas de catadores desempenham um papel crucial no sistema de reciclagem brasileiro, mas precisam de mais apoio e recursos para aumentar a sua eficácia. Recentemente, têm surgido iniciativas privadas que buscam integrar a economia circular, mas ainda há um longo caminho a percorrer.
Perspectivas futuras
Olhar para o futuro da reciclagem de plástico nos dá esperança e um senso de urgência. Vemos que, enquanto os desafios são significativos, as soluções estão ao nosso alcance. A inovação tecnológica, apoiada por políticas públicas eficazes e uma mudança de paradigma na forma como consumimos, pode transformar o cenário atual.
A colaboração entre setores públicos e privados, bem como a conscientização e o engajamento da sociedade civil, serão cruciais para alcançar as metas de circularidade e sustentabilidade traçadas por vários países. Por outro lado, o uso de tecnologias emergentes, como a inteligência artificial e a biotecnologia, promete revolucionar os processos de reciclagem, tornando-os mais eficientes e menos dependentes de recursos finitos.
A importância da educação ambiental
A educação ambiental também não deve ser subestimada. Programas educativos nas escolas e campanhas de conscientização pública são ferramentas poderosas para moldar uma nova geração de consumidores mais responsáveis e conscientes de seu impacto no meio ambiente.
Ensinar desde cedo sobre a importância da reciclagem, os benefícios da redução do consumo de plástico e as práticas de reutilização pode criar uma base sólida para um futuro mais sustentável. A integração desses princípios na educação formal e informal pode acelerar a mudança cultural necessária para apoiar políticas e práticas sustentáveis.
Inovações tecnológicas na reciclagem de plástico
As tecnologias de reciclagem têm avançado rapidamente, abrindo novas possibilidades para a reutilização de plásticos. Desde métodos químicos que podem quebrar plásticos em suas matérias-primas originais até biotecnologias que utilizam enzimas para degradar plásticos de maneira eficiente, estamos à beira de uma revolução na reciclagem.
Um exemplo notável é o uso da pirólise, que converte resíduos plásticos em combustíveis líquidos e gasosos. Esse processo não apenas recicla plásticos difíceis de tratar, mas também fornece uma fonte alternativa de energia. Inovações como essa mostram que, com os investimentos e o incentivo correto, é possível criar um ciclo fechado de produção e consumo de plásticos.
Conclusão: Um futuro mais verde para todos
O futuro da reciclagem de plásticos depende de uma abordagem integrada que envolve governos, empresas e a sociedade civil. Cada um desses atores tem um papel crucial a desempenhar na criação de um sistema mais sustentável para o gerenciamento de resíduos plásticos.
Em última análise, o sucesso na implementação de práticas de reciclagem eficazes e a promoção da economia circular serão essenciais para mitigar os impactos ambientais dos plásticos. Portanto, é fundamental continuar a buscar inovações, fomentar a colaboração e educar a população sobre as melhores práticas de sustentabilidade. O caminho pode ser longo e desafiador, mas os benefícios para o nosso planeta são incalculáveis.
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Última atualização em 13 de agosto de 2024