Câmara Árabe vê espaço para produtos alvo de tarifaço em países árabes
A Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, uma entidade fundamental na promoção de negócios entre Brasil e países árabes, tomou a iniciativa de apresentar um plano ao governo federal. O objetivo é redirecionar exportações brasileiras que sofreram com as altas tarifas impostas pelo mercado americano, buscando novas oportunidades no comércio com o bloco árabe.
Propostas de Ação para Ampliar o Comércio
O plano apresentado pela Câmara contempla uma série de ações que têm o potencial de revitalizar as exportações brasileiras. Entre essas ações, destacam-se as visitas oficiais à região e missões empresariais a feiras de negócios. Tal estratégia visa criar um ambiente de maior interconexão entre empresários brasileiros e árabes, assim como a organização de rodadas de negócios específicas para fomentar parcerias.
A proposta também sugere a aceleração de acordos de livre comércio e facilitar a concessão de vistos para empresários de ambos os lados. Com um cenário de tarifas elevadas americanas, a Câmara acredita que os países árabes podem ser um mercado alternativo viável e alinhado com as necessidades de ambos os lados.
Evento de Apresentação e Envolvimento Governamental
O plano, significativo por sua ambição e alcance, foi transmitido a diversos representantes do governo brasileiro, incluindo o secretário-adjunto de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Marcel Moreira, e o embaixador Alex Giacomelli, diretor do Departamento de Promoção Comercial do Ministério das Relações Exteriores. A participação de parlamentares e embaixadores árabes também foi vital para a discussão e alinhamento das propostas.
Mohamad Mourad, secretário-geral da Câmara Árabe, expressou o desejo de colaboração entre os setores público e privado, buscando formas de mitigar o impacto das tarifas americanas. A citação de Mourad evidencia que a Câmara vê os países árabes não apenas como mercados, mas como parceiros estratégicos que podem abrir novas fronteiras comerciais.
Produtos com Potencial de Inserção no Mercado Árabe
Um dos aspectos mais intrigantes do estudo da Câmara é a identificação de 13 produtos brasileiros com potencial para serem explorados nos mercados árabes. Entre eles estão semimanufaturados de aço e ferro, café, petróleo refinado, carne bovina congelada e outros itens que têm mostrada demanda nos países árabes, especialmente pela sua proximidade cultural e histórica.
A lista de produtos inclui também bulldozers e pás-carregadeiras, que são vitais para as indústrias de construção e infraestrutura em expansão na região. Esse alinhamento de produto e mercado é fundamental para o aumento de exportações, e o Brasil conta com vantagem competitiva em várias dessas categorias.
Estudo de Mercado e Oportunidades Específicas
O estudo da Câmara não apenas identifica produtos, mas também analisa os mercados específicos, como Arábia Saudita, Egito e Argélia, que apresentaram um aumento significativo nas importações. O café brasileiro, por exemplo, ainda possui uma fatia de mercado que pode ser melhor explorada, uma vez que o Brasil só forneceu 13,42% de tudo o que os três países compraram na última edição de suas importações.
Para o café, uma ação conjunta poderia otimizar a promoção e a imagem do produto brasileiro nas feiras comerciais da região do MENA (Oriente Médio e Norte da África). Com a organização certa, o Brasil pode reposicionar seu café como um produto premium, aumentando assim sua participação neste mercado potencial.
Perspectivas para a Carne Bovina e Outros Produtos
A carne bovina congelada também se destaca como um produto em alta demanda nos Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Egito, com essas nações importando juntas US$ 2,26 bilhões em 2024. Essa cifra destaca não apenas a oportunidade para o Brasil, mas também a necessidade de que o país se posicione de forma competitiva neste mercado.
Estabelecer uma rede de fornecimento robusta e garantir a qualidade dos produtos são passos cruciais para aumentar a presença do Brasil. Os países árabes têm um papel importante como reexportadores, o que oferece mais possibilidades para o país no longo prazo.
Situação das Tarifas e Acordos de Livre Comércio
A Câmara observa que as alíquotas de importação nos países árabes variam de zero a 30%, com maioria dos produtos sendo taxada entre 5% e 6%. Essa estrutura tarifária, relativamente mais favorável em comparação aos Estados Unidos, pode ser mais explorada através de novos acordos comerciais e negociações bilaterais.
A expectativa é que acordos já existentes, como as negociações com os Emirados Árabes Unidos, possam ser acelerados e que novas negociações com o Conselho de Cooperação do Golfo e outros países possam ser iniciadas. Ferreira e Mourad acreditam que esses acordos não só beneficiariam o Brasil, como também contribuirão para o desenvolvimento da região árabe.
Futuras Perspectivas para o Comércio Brasil-Países Árabes
A concretização das propostas apresentadas pela Câmara não apenas oferece uma alternativa ao impacto negativo do tarifaço americano, mas também abre novas avenidas de desenvolvimento econômico entre Brasil e os países árabes. A aproximação cultural e comercial já estabelecida pode ser um diferencial competitivo que o Brasil deve explorar de forma agressiva.
Com uma visão integrada e estratégias bem definidas, o comércio brasileiro com os países árabes pode não apenas se restabelecer, mas também crescer de forma robusta nos próximos anos. A colaboração entre setores do governo, empresários e entidades será fundamental para que essa visão se torne uma realidade.
#Câmara #Árabe #vê #espaço #para #produtos #alvo #tarifaço #países #árabes
Última atualização em 15 de agosto de 2025