Na balança do açúcar, safra brasileira aumenta e preço internacional diminui








Na Balança do Açúcar: Safra Brasileira Sobe e Preço Internacional Cai

Na Balança do Açúcar: Safra Brasileira Sobe e Preço Internacional Cai

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) revisou para cima a previsão para a safra brasileira de cana-de-açúcar, indicando que o volume fica abaixo do ano passado, mas ainda assim será a segunda maior produção da história. O levantamento da Conab, divulgado nesta quinta-feira, indica que a safra 2024/25 de cana-de-açúcar no Brasil será de 689,8 milhões de toneladas. Se concretizar, só ficará atrás da temporada passada, quando o País colheu 713,2 milhões de toneladas.

Os Números da Conab

A Conab tem um papel crucial na previsão da safra brasileira de cana-de-açúcar. Segundo os dados mais recentes, a safra 2024/25 deve alcançar um total de 689,8 milhões de toneladas, abaixo do recorde do ano anterior, mas ainda assim um número significativo. Essa quantidade reflete um aumento em relação à estimativa anterior de 685,86 milhões de toneladas.

Diversas regiões do Brasil contribuem para essa produção, com o Sudeste liderando com 442,8 milhões de toneladas, seguido por 149,17 milhões de toneladas no Centro-Oeste. O Nordeste e o Norte também desempenham papéis importantes, com 59,62 milhões e 4 milhões de toneladas, respectivamente. O Sul, por sua vez, terá uma produção ligeiramente reduzida de 34,21 milhões de toneladas.

Desempenho das Lavouras e Condições Climáticas

Embora os números pareçam promissores, a queda de 3,3% na produção de cana é atribuída a um desempenho um pouco pior nas lavouras. A Conab espera uma queda na produtividade de 6,6%, com cerca de 79,9 mil quilos por hectare devido aos baixos índices pluviométricos e altas temperaturas registradas na região Centro-Sul do país. Esses fatores climáticos são fundamentais no desenvolvimento das lavouras e desempenham um papel vital no resultado final da produção.

A previsão climática é um dos elementos mais imprevisíveis no agronegócio. No caso da cana-de-açúcar, o tempo seco e quente pode reduzir a produtividade significativamente. Essa dinâmica climática foi observada recentemente e é um dos motivos apontados pela Conab para a previsão de um ajuste para baixo.

O Impacto do Mix de Produção no Mercado

Um ponto interessante na análise da safra de cana-de-açúcar é o mix de produção entre açúcar e etanol. O Brasil tem a flexibilidade de destinar a cana tanto para a produção de açúcar quanto para a produção de etanol, dependendo das condições de mercado. Para a safra 2024/25, a expectativa é de que a divisão seja aproximadamente 50/50.

Enquanto espera-se uma produção de 46 milhões de toneladas de açúcar, a produção de etanol deve ficar em torno de 28,4 bilhões de litros. Essa flexibilidade é uma vantagem competitiva para o Brasil, permitindo que o país se ajuste às flutuações do mercado global e às demandas internas.

A Pressão Sobre os Preços Internacionais

Apesar de um cenário positivo para a produção, o aumento na oferta de açúcar tem pressionado os preços internacionais. De acordo com dados do Cepea/Esalq, o preço da saca de 50kg teve uma desvalorização de quase 20% nos últimos 12 meses. Essa tendência é resultado direto do forte ritmo de moagem de cana no Brasil e a perspectiva de oferta elevada.

Na bolsa de Nova York, referência para o mercado mundial, o contrato mais negociado da commodity atingiu 17,52 centavos de dólar por libra-peso (cents/lbp), o menor patamar desde outubro de 2022. Essa desvalorização pode ser atribuída à alta produção e às expectativas do mercado, que rapidamente ajustam os preços de acordo com a oferta.

Otimismo no Setor Apesar da Queda nos Preços

Mesmo com a queda nos preços, o cenário no mercado internacional para o açúcar continua favorável. A Conab ressalta que a demanda pelo produto brasileiro se mantém aquecida e, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), as exportações de abril a julho deste ano alcançaram 11,6 milhões de toneladas, uma alta de 27,1% em comparação com o mesmo período da safra anterior.

O valor dessas exportações chegou a US$ 5,6 bilhões, representando um aumento de 24% entre abril e julho de 2023. Essas cifras evidenciam que, apesar da pressão sobre os preços, o Brasil continua sendo um player dominante no mercado global de açúcar.

A Visão das Empresas e Expectativas Futuras

Empresas do setor também estão otimistas. Em uma recente call com jornalistas, o CEO da Raízen, Ricardo Mussa, projetou mais um ano recorde para a empresa, destacando que a produtividade da empresa está superior à dos concorrentes. Além disso, a Raízen aumentou seu estoque de açúcar, encerrando o mês de junho com 1,6 milhão de toneladas avaliadas em R$ 3,1 bilhões.

Essa tendência de produção elevada já era prevista por analistas do setor há algum tempo. Expectativas positivas para os próximos meses são reforçadas por projeções de diminuição na produção de açúcar na Ásia, o que poderia ajudar a equilibrar a oferta e manter os preços em um patamar mais atraente para os produtores brasileiros.

Desafios e Oportunidades no Horizonte

Os desafios climáticos e a pressão sobre os preços não são os únicos fatores em jogo. A sustentabilidade e a inovação tecnológica são aspectos cada vez mais importantes para manter a competitividade no mercado global. O Brasil, como um dos maiores produtores de açúcar do mundo, tem investido em práticas agrícolas sustentáveis e em tecnologia para aumentar a eficiência e a produtividade.

Ao olhar para o futuro, parece claro que o setor de açúcar e etanol no Brasil continuará sendo um pilar importante na economia agrícola do país. Com uma combinação de práticas agrícolas avançadas, estratégias de mercado inteligentes e uma demanda global robusta, o Brasil está bem posicionado para navegar pelos altos e baixos deste mercado volátil.

Em conclusão, enquanto a safra brasileira de cana-de-açúcar continua crescendo, os preços internacionais do açúcar enfrentam uma pressão descendente. No entanto, a demanda pelo produto brasileiro continua forte, mantendo um cenário positivo para os produtores locais. A flexibilidade no mix de produção e a resiliência do setor são fatores-chave que sustentam essa posição.

Última atualização em 24 de agosto de 2024

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