Marco legal Brasil-México no agro abre mercados, eleva produtividade e fortalece segurança alimentar

Marco legal Brasil-México no agro abre mercados, eleva produtividade e fortalece segurança alimentar

Brasil e México estabelecem marco legal para cooperação agropecuária durante missão oficial em Cidade do México, na quarta-feira, 27 de agosto de 2025. O documento foi firmado após encontro entre o ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil, Carlos Fávaro, e o secretário de Agricultura e Desenvolvimento Rural do México (Sader), Julio Antonio Berdegué Sacristán, em agenda liderada pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.

O Memorando de Entendimento cria um ponto de partida comum para o intercâmbio de informações técnicas, a intensificação de visitas e missões setoriais, a promoção de pesquisa aplicada e a facilitação de comércio. Também prevê um grupo de trabalho binacional para detalhar prioridades, organizar cronogramas e acompanhar a execução. Na prática, o acerto busca dar previsibilidade às pautas sanitárias e ampliar oportunidades para produtores dos dois países em setores como carnes, grãos, frutas e pescados.

O que foi assinado e por que importa

O Memorando de Entendimento entre o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e a Sader consolida, em um texto único, diretrizes para cooperação pública em áreas técnicas da agropecuária. O instrumento cobre temas como produção agrícola e pecuária, acompanhamento de pequenos e médios produtores, sanidade animal e vegetal, promoção de pesquisa e inovação tecnológica, financiamento e seguro rural, além de mecanismos que facilitem a comercialização de produtos agropecuários. Assim, ambos os governos passam a ter um roteiro comum para avançar em frentes que, até aqui, dependiam de tratativas pontuais.

A formalização tem efeito prático porque reduz incertezas regulatórias e traz ritmo às conversas técnicas. A criação de um grupo de trabalho bilateral, por exemplo, permite reunir especialistas de defesa agropecuária, comércio exterior e pesquisa para mapear barreiras, definir metas e priorizar providências. Com isso, dossiers sanitários, pedidos de habilitação de plantas e alinhamentos de protocolos passam a ter canal estruturado, o que costuma acelerar análises e dar transparência às etapas para o setor privado.

Principais frentes do memorando

O texto estabelece cooperação em três eixos: técnico-científico, sanitário e de facilitação de comércio. No eixo técnico-científico, estão previstos intercâmbios de tecnologias e boas práticas, inclusive por meio de visitas técnicas a instituições de pesquisa e extensão rural. No sanitário, os países concordam em fortalecer a troca de informações sobre vigilância e controle de doenças, com foco em padrões internacionais. Já na facilitação de comércio, a diretriz é avançar em instrumentos que reduzam custos e prazos de transações, sem abrir mão de controles oficiais.

Outro ponto central é a atenção a pequenos e médios produtores. As autoridades sinalizam que o escopo de cooperação inclui acompanhamento técnico e iniciativas voltadas à inserção produtiva, com apoio a crédito, seguro e gestão. A convergência nessa frente é relevante porque amplia o raio de beneficiários das medidas, favorecendo cadeias com maior capilaridade territorial e potencial de agregação de valor.

  • Intercâmbio de informações, tecnologias e boas práticas.
  • Visitas técnicas e missões de trabalho com objetivos definidos.
  • Aprimoramento de protocolos sanitários e fitossanitários.
  • Fomento à pesquisa aplicada e à inovação tecnológica no campo.
  • Apoio a instrumentos de financiamento e seguro rural.
  • Adoção de medidas de facilitação do comércio com segurança e rastreabilidade.

Grupo de trabalho: como vai funcionar

O grupo de trabalho binacional será formado por representantes das áreas técnicas dos dois governos. Caberá a esse colegiado identificar campos de interesse comum, planejar e atualizar um Plano de Trabalho, definir entregas e monitorar resultados. A composição tende a incluir especialistas em defesa agropecuária, qualidade e inspeção, comércio exterior, seguros e crédito rural, além de técnicos da extensão e da pesquisa pública.

Na prática, o grupo atuará como uma “mesa” permanente de alinhamento. Entre as tarefas previstas estão o mapeamento de protocolos prioritários, a organização de agendas de auditorias e missões, a revisão de formulários e checklists técnicos e o acompanhamento de habilitações de estabelecimentos. Outra frente é o compartilhamento de dados estruturados para análises de risco, o que facilita a tomada de decisão sobre aberturas, ampliações e medidas de mitigação em situações específicas.

  • Definir prioridades por cadeia produtiva e por produto.
  • Estabelecer cronogramas realistas para cada entrega.
  • Uniformizar documentos técnicos e reduzir retrabalhos.
  • Acompanhar auditorias, inspeções e atos de habilitação.
  • Reportar avanços periódicos às autoridades superiores.

Impacto no comércio de carnes

Segundo o ministro Carlos Fávaro, a abertura do mercado mexicano para carne bovina e suína já trouxe ganhos concretos. Em dois anos e oito meses, as exportações brasileiras de carne bovina cresceram cerca de 250% para aquele destino. No mesmo período, as vendas de carne suína aumentaram 95% e as de frango, 14%. Esses resultados indicam maior previsibilidade comercial e reforçam o apetite do mercado mexicano por proteínas com padrões de qualidade reconhecidos.

Com o novo memorando, a tendência é de continuidade desse movimento. As tratativas passam a contar com um trilho oficial para discutir habilitação de plantas, critérios de inspeção, exigências documentais e sistemas de verificação. Para as empresas brasileiras, isso significa reduzir o tempo entre a negociação comercial e a execução do embarque. Para importadores mexicanos, representa ampliar a oferta e qualificar o abastecimento com foco em segurança e regularidade.

Rastreabilidade bovina: o que muda na prática

A rastreabilidade citada pelo ministro é um elemento-chave para mercados exigentes. Na prática, envolve identificar lotes desde a origem, registrar movimentações e manter registros auditáveis ao longo da cadeia. Sistemas de identificação individual ou por lotes, integrados a cadastros oficiais, permitem atender a exigências de auditorias internacionais e demonstrar conformidade com protocolos veterinários.

Para frigoríficos e produtores, isso geralmente se traduz em padronização de cadastros, manutenção de registros de manejo, conferência de dados de trânsito animal e harmonia entre os sistemas internos e as plataformas oficiais. O memorando cria ambiente para que esses requisitos sejam discutidos com clareza entre autoridades, reduzindo divergências interpretativas e dando segurança às empresas na hora de cumprir as etapas de exportação.

Regionalização para influenza aviária

O secretário Julio Berdegué firmou compromisso de que, em caso de detecção de infecção em plantel aviário, o México analisará em até dez dias um protocolo de regionalização. A regionalização é um mecanismo técnico pelo qual medidas de restrição se aplicam de forma localizada, preservando o fluxo de comércio a partir de áreas livres e sob controle oficial. Essa abordagem é consagrada em diretrizes internacionais e permite respostas proporcionais a eventos sanitários.

Na prática, quando a regionalização é reconhecida, interrupções totais de importação tendem a ser substituídas por restrições geográficas, com base em critérios de vigilância, contenção e desinfecção. Para exportadores, isso reduz o impacto de ocorrências localizadas e dá previsibilidade aos contratos. Para importadores, mantém o abastecimento com critérios de mitigação de risco e verificações documentais.

  • Análise técnica em até 10 dias a partir de eventual notificação.
  • Reconhecimento de áreas sob controle e de status sanitário diferenciado.
  • Manutenção do fluxo comercial a partir de zonas livres.

Novas frentes: pêssego e atum na pauta

Além das carnes, a reunião avançou em duas frentes específicas. De um lado, o Brasil e o México trataram da possibilidade de importação de pêssego mexicano pelo mercado brasileiro. De outro, houve sinalização para ampliar o acesso do atum brasileiro ao mercado mexicano. Em ambos os casos, as etapas seguintes envolvem análise técnica, troca de informações sobre pragas e doenças quarentenárias, revisão de exigências documentais e definição de eventuais tratamentos quarentenários ou certificações.

Essas pautas mostram que a cooperação vai além das proteínas tradicionais e alcança segmentos de frutas e pescados, agregando valor a cadeias que reúnem produtores, processadores, operadores logísticos e varejo. A formalização do canal de comunicação técnico facilita a estruturação de dossiês e a realização de missões de verificação, passos necessários para submissão e conclusão de análises de risco.

Quem participou da reunião

A agenda ocorreu na sede da chancelaria mexicana e teve a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin, que liderou a missão, da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e de autoridades do comércio exterior. Do lado brasileiro, também participaram o presidente da Apex, Jorge Viana, os embaixadores Francisco Canabrava e Celso de Tarso, além do secretário de Comércio e Relações Internacionais do Mapa, Luis Rua. Pelo setor privado e pela interface local, esteve presente a adida agrícola no México, Adriane Cruvinel.

A presença de autoridades de planejamento, diplomacia econômica e promoção comercial indica que o memorando é visto como ferramenta de competitividade. O envolvimento de adidos agrícolas reforça o papel dessas representações na interlocução técnica diária com as agências mexicanas, um trabalho contínuo que costuma destravar pendências documentais e alinhar expectativas de prazos com o setor produtivo.

  • Governo brasileiro: Vice-Presidência, Mapa, Planejamento e Apex.
  • Governo mexicano: Sader e chancelaria.
  • Representações diplomáticas e adidância agrícola.

Benefícios esperados para produtores e empresas

Para produtores, a previsibilidade regulatória é um ativo. Quando protocolos são claros e prazos são factíveis, investimentos em adequação sanitária, certificações e processos internos tendem a ter retorno mais rápido. Em cadeias de proteína animal, isso se traduz em melhor gestão de lotes, organização de documentos de trânsito e inspeção e alinhamento com exigências do importador. No caso de frutas e pescados, a definição de tratamentos quarentenários e a padronização de certificados evitam atrasos e custos adicionais nos portos de entrada.

Para empresas exportadoras, um canal formal de cooperação reduz o risco de interrupções abruptas e amplia a capacidade de planejamento de produção e logística. Para importadores mexicanos, aumenta a disponibilidade de fornecedores habilitados e contribui para a estabilidade de preços e prazos de entrega. Ao mesmo tempo, a presença de instrumentos de crédito e seguro rural na agenda oferece proteção ao produtor em momentos de volatilidade, mantendo a capacidade de oferta.

Como será a implementação do acordo no dia a dia

A implementação deve ocorrer por meio de planos de trabalho temáticos, reuniões periódicas e missões técnicas. Cada frente — carnes, frutas, pescados, grãos — deve ter metas, tarefas e responsáveis definidos. Auditorias e inspeções sanitárias, quando necessárias, serão programadas de acordo com a demanda e com a capacidade das equipes. As trocas de informações ocorrerão por canais oficiais, com documentos padronizados, o que contribui para reduzir divergências de interpretação entre as partes.

No cotidiano das empresas, a principal mudança tende a ser a previsibilidade. Com checklists claros, fica mais simples preparar dossiês, organizar evidências e cumprir etapas. Em operações de carne, por exemplo, plantas interessadas em ampliar vendas para o México poderão alinhar previamente com as autoridades os requisitos de etiquetagem, inspeção e emissão de certificados. Em frutas e pescados, exportadores e importadores terão parâmetros para tratamentos e amostragens, com menor risco de retenções por inconformidade documental.

  • Planos de trabalho com metas por cadeia produtiva.
  • Reuniões técnicas regulares e relatórios de avanço.
  • Padronização de documentos e checklists.
  • Programação de auditorias e inspeções conforme demanda.

Perguntas e respostas: o que muda para o setor

Quem já exporta para o México verá rotinas mais claras de acompanhamento oficial e, possivelmente, habilitações conduzidas com prazos e etapas mais transparentes. Quem pretende iniciar vendas terá orientação mais objetiva para organizar a documentação e se adequar aos requisitos. Em caso de eventos sanitários, o compromisso com a regionalização tende a preservar o fluxo a partir de áreas livres, reduzindo o risco de interrupções totais.

No campo, produtores devem manter registros atualizados e alinhar seus cadastros e movimentações aos sistemas oficiais. A sobrecarga documental não deve aumentar, mas a qualidade das evidências pedidas tende a ser mais exigente, o que, por outro lado, facilita auditorias e inspeções.

  • Haverá novas exigências imediatas? O memorando organiza a cooperação. Exigências específicas surgem de protocolos e atos posteriores, caso a caso.
  • O que acontece se houver foco de gripe aviária? Aplica-se a análise de regionalização em até dez dias, com medidas proporcionais e manutenção do fluxo de áreas livres.
  • Quando pêssego e atum avançam? Dependem de análises técnicas e alinhamento documental entre as autoridades.

Roteiro prático para empresas interessadas em exportar

Empresas que visam o mercado mexicano podem se antecipar com um roteiro básico de conformidade. O primeiro passo é revisar os requisitos sanitários aplicáveis ao produto e confirmar se a unidade produtiva está habilitada e regularizada junto aos órgãos oficiais. Em seguida, é recomendável atualizar procedimentos internos de rastreabilidade, conferindo a integridade de cadastros e a padronização de registros de produção, inspeção e expedição.

Outra frente é alinhar rotulagem e documentação de embarque aos formatos aceitos no destino. Com o memorando, tendem a surgir modelos padronizados e orientações consolidadas, reduzindo divergências. Em paralelo, é prudente revisar contratos logísticos e seguros, com cláusulas específicas para eventuais inspeções complementares e para gestão de riscos operacionais.

  • Checar habilitação da planta e requisitos sanitários vigentes.
  • Testar o sistema de rastreabilidade e a consistência dos registros.
  • Padronizar rótulos e certificados segundo o destino.
  • Revisar seguros de carga e cláusulas de inspeção.
  • Organizar dossiês com evidências e laudos atualizados.

Ajustes sanitários e fitossanitários: o que observar

Nos próximos meses, o diálogo técnico deve priorizar harmonizações em certificados, listas de verificação e parâmetros de análise de risco. Para produtos de origem animal, atenção especial recai sobre programas de vigilância, biosseguridade nas propriedades, inspeção ante e post mortem e controles de transporte. Para produtos vegetais, a pauta costuma incluir pragas quarentenárias, tratamentos de frio ou vapor, padrões de amostragem e requisitos de limpeza e triagem.

Empresas devem acompanhar comunicados oficiais e ajustar procedimentos internos quando houver atualização de modelos de certificados ou de exigências de inspeção. Em operações com alto volume, é útil realizar auditorias internas simulando inspeções, para medir tempos de resposta e identificar gargalos documentais antes de missões oficiais.

Números citados e leitura do mercado de proteínas

Os percentuais informados pelo governo brasileiro — alta de 250% em carne bovina, 95% em suína e 14% em frango em dois anos e oito meses — sugerem uma combinação de habilitações adicionais, ajustes logísticos e maior integração comercial. A expansão sinaliza que o México vem diversificando fornecedores sem abrir mão de critérios de qualidade. Para o Brasil, consolidar esse movimento passa por manter padrões técnicos, ampliar a confiabilidade de dados de rastreabilidade e sustentar regularidade de oferta.

A cooperação agora oficializada tende a reduzir oscilações administrativas, o que favorece contratos de prazo maior e planejamento de abates e embarques. Cadeias com sazonalidade acentuada, como algumas linhagens de frango e suínos, se beneficiam quando previsões de demanda e inspeções têm janelas estáveis, evitando picos de retenção em fronteira.

Frutas e pescados: procedimentos comuns em novas aberturas

Em frutas, a etapa de análise de risco normalmente considera pragas de importância quarentenária, presença em áreas de produção e eficácia de tratamentos. Exportadores costumam adotar sistemas de monitoramento em campo, manejo integrado de pragas e procedimentos de colheita e pós-colheita com rastreabilidade de lotes. A embalagem e o transporte devem preservar as condições definidas no certificado fitossanitário, com lacres quando aplicável e documentação que permita rastrear a origem do produto.

No caso de pescados, as exigências frequentes envolvem controle de temperatura, amostragem para análises laboratoriais, verificação de higiene nas unidades processadoras e conformidade com padrões de rotulagem. A coordenação entre vigilâncias, laboratórios e aduanas costuma ser determinante para evitar retenções, o que reforça a importância de canais técnicos permanentes como os previstos no memorando.

Integração institucional e papel dos adidos agrícolas

O trabalho cotidiano de integração passa pelos adidos agrícolas, que funcionam como ponte entre as áreas técnicas dos dois países. São eles que encaminham consultas, acompanham análises, auxiliam na organização de missões e esclarecem dúvidas sobre documentos e procedimentos. Ao formalizar um grupo de trabalho, o memorando dá previsibilidade a esse fluxo, com pautas e resultados esperados em cada reunião técnica.

Também ganha espaço a cooperação entre instituições de pesquisa e extensão. Projetos com foco em produtividade, qualidade e redução de perdas pós-colheita tendem a encontrar ambiente propício para parcerias bilaterais, inclusive com intercâmbio de pesquisadores e demonstrações de campo. Essa camada técnico-científica é a base para sustentar protocolos e inspeções com evidências atualizadas.

Como acompanhar as próximas etapas oficiais

As próximas etapas incluem a instalação formal do grupo de trabalho e a definição do primeiro Plano de Trabalho. A partir daí, as áreas técnicas devem divulgar cronogramas de reuniões, prioridades de análise e eventuais propostas de atualização de certificados e checklists. Empresas e entidades setoriais podem acompanhar os comunicados das autoridades e participar de consultas quando abertas, contribuindo com dados e sugestões de aprimoramento.

Em paralelo, devem ser programadas visitas e missões com objetivos específicos, como auditorias de sistemas de inspeção ou verificação em campo. Esses movimentos costumam vir acompanhados de relatórios, que orientam ajustes de procedimentos e informam prazos de adequação. Em assuntos sensíveis, a interlocução rápida entre os pontos focais nacionais e a adidância agrícola ajuda a equalizar interpretações e evitar paradas desnecessárias de carga.

Dicas operacionais para evitar retenções e retrabalhos

Organizar dossiês de exportação com antecedência e manter listas de verificação atualizadas são medidas que reduzem imprevistos. É recomendável manter versões digitais dos certificados e registros, com controle de validade e de responsáveis por cada documento. Em cadeias com inspeções frequentes, ter um ponto focal interno para interlocução com autoridades acelera respostas a eventuais pedidos complementares e reduz risco de divergências documentais.

Outro cuidado é alinhar prazos logísticos ao calendário de análises oficiais. Em períodos com maior volume de auditorias, prever janelas adicionais para liberação aduaneira pode evitar custos de armazenagem. Em produtos perecíveis, planos de contingência para reposicionamento de cargas e reforço de transporte refrigerado ajudam a mitigar impactos em caso de verificação ampliada.

  • Checklists atualizados por produto e por destino.
  • Versões digitais e controle de validade de certificados.
  • Ponto focal interno para interlocução técnica.
  • Alinhamento de prazos logísticos a auditorias e inspeções.

Soberania alimentar e apoio a pequenos e médios produtores

O memorando inclui iniciativas voltadas a pequenos e médios produtores, com acompanhamento técnico e instrumentos de financiamento e seguro rural. A ideia é ampliar a inserção produtiva com foco em qualidade, padronização e acesso a mercados. Programas de assistência técnica, quando alinhados a exigências de certificação e rastreabilidade, encurtam a distância entre a porteira e as demandas do comprador externo.

A priorização dessa camada produtiva tem efeito multiplicador sobre renda local e estabilidade de oferta. Ao integrar assistência, crédito e seguro, produtores conseguem planejar safras, adequar estruturas e reduzir perdas operacionais. No conjunto, isso melhora a competitividade de cadeias que abastecem tanto o mercado interno quanto as exportações.

Como a regionalização protege contratos em eventos sanitários

Em contratos de fornecimento, interrupções amplas podem gerar custos elevados. A regionalização permite isolar áreas afetadas e manter embarques a partir de zonas não impactadas, desde que cumpridos os requisitos de vigilância e certificação. Esse desenho reduz rupturas na cadeia de suprimentos e preserva margens, especialmente em operações de grande escala.

Do ponto de vista do importador, a abordagem proporcional mantém o abastecimento e conserva o poder de barganha, já que o mercado não se fecha por completo. Para o exportador, contratos podem incluir cláusulas que remetem a protocolos de regionalização reconhecidos, com prazos e condições de verificação já previstos, diminuindo incertezas jurídicas.

Papel da diplomacia econômica e da promoção comercial

A presença de áreas de comércio exterior e de promoção comercial na reunião evidencia a convergência entre agenda técnica e estratégia de mercados. Em produtos agropecuários, avanços costumam ocorrer quando equipes sanitárias, diplomáticas e de promoção atuam de forma coordenada. A formalização do memorando dá previsibilidade a essa integração, com compromissos e cronogramas alinhados a objetivos concretos de acesso ou ampliação de mercado.

Missões empresariais e rodadas de negócio podem ganhar mais densidade quando há clareza sobre requisitos e prazos. Ao mesmo tempo, as áreas técnicas seguem como árbitros finais em matéria de sanidade e qualidade, assegurando que as aberturas ocorram dentro de critérios oficiais. Esse equilíbrio é o que tende a sustentar relações comerciais duradouras.

Orientações para o produtor rural organizar documentos e registros

Para quem está no campo, três frentes merecem atenção: cadastro, registros e trânsito. Manter dados atualizados em sistemas oficiais e organizar evidências de manejo, alimentação e saúde animal facilita inspeções e auditorias. Em propriedades com maior volume de movimentação, rotinas de dupla checagem antes do embarque — conferindo identificação de lotes e documentação de transporte — ajudam a evitar inconformidades que atrasam operações.

No caso de frutas, um caderno de campo com monitoramento de pragas, datas de aplicação e colheita, além de resultados de amostragens, costuma ser exigido. Em pescados, controles de temperatura e registros de higiene na unidade processadora são itens frequentemente verificados. Esses pontos, quando bem documentados, reduzem pedidos de informações adicionais e agilizam liberações.

  • Cadastro atualizado em sistemas oficiais.
  • Registros padronizados e auditáveis.
  • Conferência de documentação antes do embarque.
  • Controle de temperatura e higiene quando aplicável.

Sinalizações políticas e mensagem ao mercado

A fala das autoridades aponta para continuidade da cooperação com foco em resultados práticos. Ao destacar ganhos já observados nas carnes e avançar em frutas e pescados, o recado ao mercado é de interesse em diversificar pautas e consolidar fluxos de comércio. O compromisso de análise rápida de regionalização reforça a disposição de lidar com eventos sanitários sem interromper totalmente o intercâmbio.

Para empresas, o ambiente se torna mais previsível. Para produtores, a mensagem é que investimentos em rastreabilidade e conformidade tendem a ser recompensados com mais oportunidades de acesso e permanência em mercados exigentes. O conjunto sugere uma agenda operacional, com entregas mensuráveis e acompanhamento constante.

Pontos de atenção para logística e documentação na fronteira

Na etapa logística, a compatibilidade de sistemas de informação e a acurácia de documentos são decisivas. Divergências entre certificados, faturas, listas de embalagem e etiquetas costumam gerar retenções. Revisões finais antes do embarque, com validação cruzada entre área comercial, qualidade e logística, reduzem o risco de discrepâncias de lotes, pesos e códigos. Em frigorificados, a leitura de temperatura e a integridade do lacre também entram no checklist de conferência.

No desembaraço, a comunicação proativa com agentes e importadores ajuda a antecipar eventuais pedidos de esclarecimento. Em operações repetitivas, a criação de dossiês-modelo, com exemplos de documentos preenchidos corretamente, encurta a curva de aprendizado de equipes e padroniza a qualidade das submissões.

Como o setor pode acompanhar os resultados do memorando

Resultados costumam aparecer em três frentes: tempo de análise de dossiers, número de plantas habilitadas ou reabilitadas e redução de ocorrências de retenções por divergência documental. A publicação de agendas de reuniões e de relatórios de missão técnica ajuda a medir avanços. Entidades setoriais, ao consolidarem dados de seus associados, podem identificar gargalos comuns e sugerir ajustes de processos à mesa técnica bilateral.

Em cadeias pulverizadas, como a de frutas, associações e cooperativas têm papel importante na difusão de orientações e no treinamento de produtores. Com canais de cooperação abertos, essa disseminação tende a ser mais rápida e uniforme, reduzindo erros operacionais e melhorando a qualidade média das operações.

O que observar no curto prazo

No horizonte imediato, os agentes do setor devem acompanhar a instalação do grupo de trabalho, a definição das primeiras prioridades e a agenda de visitas técnicas. Em paralelo, vale monitorar comunicados sobre ajustes em modelos de certificados, critérios de amostragem e listagens de estabelecimentos habilitados. Esses sinais indicam onde os esforços se concentrarão e quais cadeias podem avançar mais rapidamente.

No caso de eventos sanitários, a atenção recai sobre protocolos de regionalização e seus procedimentos operacionais: prazos de notificação, critérios de delimitação de áreas e exigências de comprovação. Quanto mais claros forem esses itens, mais fluido será o fluxo de comércio em situações que exigem controle sem paralisar as transações.

Resumo dos avanços anunciados

O encontro de 27 de agosto de 2025 gerou três entregas principais: assinatura do Memorando de Entendimento que estrutura a cooperação agropecuária; compromisso do México de análise em até dez dias de protocolo de regionalização em caso de infecção aviária; e avanço nas conversas sobre importação de pêssego mexicano pelo Brasil e ampliação do mercado de atum brasileiro no México. Além disso, foram reiterados os ganhos recentes no comércio de carnes e a importância da rastreabilidade bovina.

Com a formalização do grupo de trabalho e a organização de planos de ação, a expectativa é de que as discussões técnicas ganhem ritmo e previsibilidade. Setores com maior maturidade regulatória devem avançar primeiro, enquanto cadeias com requisitos mais complexos terão cronogramas próprios. Em todos os casos, a clareza de procedimentos e a manutenção de canais oficiais de comunicação são as chaves para transformar o memorando em resultados concretos.



Última atualização em 2 de setembro de 2025

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