Instituto de Pesca orienta manejo de espécies durante o inverno
Com a chegada do inverno e a queda acentuada nas temperaturas em várias regiões de São Paulo, a produção aquícola enfrenta uma série de desafios. É um momento crucial para piscicultores que buscam orientações sobre como tratar e manejar suas espécies de forma a assegurar a saúde e o bem-estar dos peixes. O Instituto de Pesca (IP-Apta), referência em aquicultura no estado, oferece recomendações essenciais que podem auxiliar os criadores a minimizarem os impactos adversos das baixas temperaturas.
Efeitos do Frio nas Espécies de Peixes
As principais espécies cultivadas em São Paulo, como tilápias, pintados e pacus, são originárias de climas tropicais e, portanto, são altamente sensíveis às baixas temperaturas. Quando a temperatura da água cai, o metabolismo dos peixes desacelera; isso não apenas reduz seu apetite como também os torna mais vulneráveis a doenças. Por essa razão, a vigilância constante na saúde e na qualidade da água é crucial durante o inverno.
Os piscicultores precisam estar atentos a sinais de estresse em suas criações. Um peixe estressado apresenta comportamentos como agitação excessiva ou apatia, e pode ser mais suscetível a infecções. Assim, práticas de manejo adequadas podem fazer a diferença na saúde dos rebanhos e na quantidade de produção durante a estação fria.
Cuidados Essenciais para o Manejo de Peixes Tropicais
Com o intuito de mitigar os efeitos do frio, os pesquisadores do Instituto de Pesca sugerem uma série de cuidados operacionais, que devem ser implementados pelos piscicultores. Primeiramente, a frequência de alimentação deve ser reduzida conforme a resposta dos peixes. Em temperaturas frias, o apetite diminui, e alimentar os peixes em excesso pode resultar em deterioração da qualidade da água.
Além disso, a monitorização diária da qualidade da água se torna indispensável. Parâmetros como oxigênio dissolvido, pH e temperaturas devem ser controlados para garantir um ambiente saudável para os peixes. Uma prática recomendada é realizar testes regulares utilizando kits apropriados, que possibilitam um diagnóstico imediato da situação da água nos viveiros.
Reforço na Biosseguridade e Manejo Preventivo
Manter a biosseguridade é outra estratégia essencial durante o inverno. O aumento do estresse em peixes pode facilitar o surgimento e a proliferação de doenças, como a Franciselose, uma infecção bacteriana que pode causar altos índices de mortalidade. Para isso, será vital reforçar as medidas de biosseguridade nos viveiros, como a desinfecção de materiais e o controle de tráfego de pessoas e veículos, minimizando a introdução de agentes patológicos.
Além das intervenções de biosseguridade, os piscicultores devem considerar um manejo proativo, onde práticas preventivas são feitas em períodos anteriores ao inverno. Realizar uma análise de saúde dos peixes e promover vacinas quando necessário pode ajudar a manter a população saudável, prevenindo surtos de doenças.
Trutas: Manejo Adequado em Águas Fria
Por outro lado, a truta arco-íris, uma espécie de peixe criada em clima frio, se beneficia das baixas temperaturas do inverno. Essa espécie requer condições específicas para seu desenvolvimento, como águas frias e oxigenadas. As regiões serranas, como Campos do Jordão, oferecem o ambiente ideal para a criação de trutas, especialmente durante o inverno, onde as temperaturas se aproximam de 10°C.
No laboratório de reprodução do Núcleo Regional de Pesquisa em Salmonicultura, há uma produção intensa de ovos embrionados para atender a demanda dos criadores. Ao contrário dos peixes tropicais, o desenvolvimento das trutas leva mais tempo, podendo chegar a um mês. Aqui, o uso de sistemas de resfriamento e recirculação da água de incubação é fundamental para garantir o crescimento saudável dos ovos.
Logística e Transporte de Ovos de Truta
Um aspecto único do cultivo de trutas é o modo como os ovos embrionados são manejados. Diferentemente de outras espécies, os criadores recebem os ovos em estágio embrionário, permitindo o transporte secado, apenas com a umidade necessária para manter seu bem-estar. Isso diminui as complicações que podem ocorrer quando os ovos são transportados imersos em água.
Além disso, uma parte dos ovos é mantida nas instalações do Instituto até o estágio de alevinos, permitindo que pequenos criadores tenham acesso a um material saudável e viável para iniciar suas atividades. Essa abordagem não só fortalece a produção local como também assegura a continuidade das linhagens de trutas no Brasil.
A Importância do Inverno para a Aquicultura Paulista
Com a chegada do inverno, regiões como Campos do Jordão atraem turistas, gerando uma demanda crescente por produtos locais, como as trutas. Essa sinergia entre o turismo e a indústria aquícola é importante não apenas para a economia local, mas também para a preservação de tradições culturais e de produção. A combinação dessas forças contribui para um ciclo sustentável e rentável que beneficia não somente os piscicultores, mas também as comunidades envolvidas.
A atuação do Instituto de Pesca se destaca como um apoio crítico nesse cenário, promovendo soluções eficazes para os desafios enfrentados no setor. Através de pesquisas, treinamento e disseminação de boas práticas, ele garante que a aquicultura paulista tenha um futuro promissor, mesmo nas condições adversas do inverno.
Por Andressa Claudino
Sobre o Instituto de Pesca
O Instituto de Pesca é uma instituição de pesquisa científica e tecnológica, vinculada à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta). Seu objetivo é promover soluções inovadoras e sustentáveis para o desenvolvimento da cadeia de valor da pesca e da aquicultura, assegurando a qualidade e a segurança alimentaires midiantes suas ações direcionadas.
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Última atualização em 19 de julho de 2025