Leilão de energia tem risco por falta de equipamentos no mundo, dizem especialistas

Leilão de energia tem risco por falta de equipamentos no mundo, dizem especialistas

Leilão de Potência Enfrenta Desafio da Escassez Global de Equipamentos

O leilão de reserva de capacidade (LRCAP) se depara com um cenário desafiador, impulsionado por problemas na cadeia de suprimentos de termelétricas em escala global. Além das incertezas já existentes com o atraso do leilão, os empreendimentos concorrentes precisarão lidar com a pressão sobre a cadeia de fornecedores. Este cenário complexo exige uma análise cuidadosa das estratégias de negociação e aquisição de equipamentos, especialmente em um mercado globalizado onde a demanda por geração termelétrica está em ascensão.

O crescimento global na demanda por geração termelétrica, impulsionado tanto pela necessidade de complementar a expansão das fontes renováveis quanto por questões de segurança energética em diversas regiões, está impactando diretamente a disponibilidade da cadeia fornecedora. Este aumento da demanda acirra a competição por equipamentos essenciais, como turbinas, transformadores e disjuntores, elevando os custos e os prazos de entrega. A escassez de equipamentos pode, por sua vez, atrasar a entrada em operação de novas usinas, comprometendo a segurança e a estabilidade do sistema elétrico.

Impacto no Segmento de Turbinas

O segmento de turbinas é particularmente afetado por essa pressão na cadeia de fornecimento. De acordo com a Wood Mackenzie, impressionantes 90% da capacidade global de produção de turbinas a gás já estão comprometidos para este ano. Este cenário de alta demanda e oferta limitada cria um ambiente competitivo acirrado, onde as empresas precisam ser proativas e estratégicas para garantir o fornecimento de turbinas para seus projetos.

A escassez de turbinas não se limita apenas à disponibilidade física dos equipamentos, mas também aos prazos de entrega. Com a alta demanda, os fabricantes estão enfrentando dificuldades para atender aos pedidos em tempo hábil, o que pode levar a atrasos significativos na construção e entrada em operação de novas usinas termelétricas. As empresas precisam considerar cuidadosamente esses prazos ao planejar seus projetos e negociar contratos de fornecimento.

Atraso do Leilão e Janela de Oportunidade

O LRCAP, originalmente previsto para junho, foi adiado devido a ações judiciais que levaram o governo a reformular as regras do certame. Embora o adiamento possa gerar incertezas, também oferece uma janela de oportunidade para as empresas se prepararem melhor para o leilão. Este tempo adicional pode ser crucial para fortalecer as negociações com fornecedores e otimizar os projetos técnicos.

Apesar da ausência de uma nova data definida para a concorrência, o adiamento do leilão permite que as empresas reavaliem suas estratégias e se adaptem ao cenário de escassez global de equipamentos. Este período pode ser utilizado para diversificar fornecedores, explorar alternativas tecnológicas e aprimorar a modelagem financeira dos projetos, visando aumentar a competitividade no leilão.

Oportunidade e Urgência na Contratação de Potência

Emanuelle Delfosse, diretor-presidente da GNA, destaca que o adiamento do leilão pode proporcionar às empresas um tempo valioso para negociar contratos. A GNA aposta em sua parceria com a Siemens como um diferencial competitivo nesse cenário desafiador, demonstrando a importância de alianças estratégicas para garantir o fornecimento de equipamentos em um mercado globalizado.

Por outro lado, a necessidade de potência para o sistema elétrico brasileiro se torna cada vez mais urgente. Alexandre Zucarato, diretor de planejamento do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), ressalta que as alternativas à contratação via leilão já foram esgotadas. A falta de usinas do LRCAP para antecipar e o estoque finito de usinas merchant descontratadas evidenciam a importância de uma solução rápida e eficiente para garantir o suprimento de energia no país.

Estratégias do Governo e Disputas Tarifárias

O Ministério de Minas e Energia (MME) acredita que ainda há tempo para contratar potência disponível em usinas existentes, visando o início dos contratos em 2026. No entanto, a situação exige agilidade e coordenação para evitar um possível déficit de energia no futuro. O governo trabalha com a ideia de separar a contratação das térmicas a biocombustíveis das usinas a gás natural, buscando otimizar o processo e atrair mais participantes para o leilão.

Uma das questões pendentes que afetam o andamento da contratação é a disputa sobre as tarifas de gás natural, um tema que divide o mercado e gera incertezas. A definição de uma política tarifária clara e transparente é fundamental para garantir a viabilidade econômica dos projetos termelétricos e atrair investimentos para o setor. A resolução dessa disputa é crucial para o sucesso do LRCAP e para a segurança energética do país.

Medidas Adicionais e Cenário Energético Brasileiro

O governo federal aposta na implantação de tarifas horárias como uma medida para suavizar a rampa de consumo no final da tarde. A expectativa é que o sinal indicativo aos consumidores incentive a diminuição da demanda nesse período de maior consumo, aliviando a pressão sobre o sistema elétrico. A iniciativa está prevista na medida provisória 1300/2025, que visa reformar o setor elétrico e promover a modernização do mercado.

Além disso, o governo federal planeja editar um decreto para mitigar o aumento da cobrança de royalties sobre a produção de óleo e gás de campos com economicidade marginal. Essa medida visa proteger os ativos menores e mais antigos, que operam com margens de ganho menores sobre a produção, e garantir a continuidade da produção nesses campos. A decisão ocorre em meio às discussões sobre a revisão dos preços de referência do petróleo, que são a base de cálculo da cobrança de royalties e participações especiais.

Futuras Perspectivas

O cenário do leilão de reserva de capacidade é complexo e dinâmico, com diversos fatores que podem influenciar o resultado final. A escassez global de equipamentos, o atraso do leilão, as disputas tarifárias e as medidas adicionais do governo criam um ambiente de incerteza, mas também de oportunidade para as empresas que souberem se adaptar e inovar. O sucesso do LRCAP é fundamental para garantir a segurança e a estabilidade do sistema elétrico brasileiro, e exige um esforço conjunto do governo, das empresas e dos demais stakeholders do setor.

A busca por alternativas energéticas e a modernização do setor elétrico são prioridades para o Brasil. A aposta em fontes renováveis, a implantação de tarifas horárias e a revisão da política de royalties são medidas importantes para diversificar a matriz energética, reduzir a dependência de combustíveis fósseis e promover o desenvolvimento sustentável do país. O futuro do setor elétrico brasileiro depende da capacidade de superar os desafios e aproveitar as oportunidades que se apresentam.




Última atualização em 11 de junho de 2025

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