Indústria da carne sem aftosa amplia mercados globais, impulsionando exportações com desafios estratégicos à vista

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Impacto do Reconhecimento do Brasil como País Livre de Aftosa sem Vacinação

Após décadas de esforços contínuos, o Brasil conquistou um marco significativo ao ter seu rebanho bovino reconhecido oficialmente como livre de febre aftosa sem vacinação. O anúncio desta conquista ocorreu durante a 92ª Sessão Geral da Assembleia Mundial de Advogados da Organização Mundial de Saúde Animal (WOAH), em Paris, sinalizando uma nova era para a pecuária brasileira.

Este reconhecimento impacta diretamente o setor da carne, abrindo portas para mercados mais exigentes e valorizados, como Japão, Turquia e Coreia do Sul, que há muito buscavam negociar com um Brasil que atendesse a padrões sanitários rigorosos. Ao mesmo tempo, a decisão traz uma série de desafios que o setor precisa gerenciar para evitar riscos sanitários que podem comprometer a estabilidade das exportações.

Oportunidades Comerciais na Indústria da Carne com o Novo Status Sanitário

Com o reconhecimento do status de país livre de aftosa sem vacinação, o Brasil agora tem a possibilidade de acessar mercados que pagam preços mais elevados pela carne bovina, aumentando a receita da indústria. Mercados como o Japão, que paga entre US$ 7 mil e US$ 8 mil por tonelada, se tornam mais acessíveis, em comparação com outros compradores, onde o preço gira em torno de US$ 5 mil.

Além disso, países emergentes do Sudeste Asiático, como Filipinas e Indonésia, já demonstraram interesse em aproveitar esse avanço para importar cortes e miúdos bovinos brasileiros. O setor vê nesse momento a chance de expandir a presença global da carne brasileira e de fortalecer a competitividade do produto no cenário internacional.

Desafios e Riscos Sanitários Associados ao Novo Status

Embora a conquista seja amplamente celebrada, especialistas alertam que a suspensão da vacinação contra a febre aftosa pode expor o rebanho a riscos maiores. Um único caso da doença poderia resultar no bloqueio total das exportações brasileiras, o que impactaria drasticamente toda a cadeia produtiva e a economia nacional ligada ao setor.

Outro ponto de atenção é a perda de um importante mecanismo de controle populacional do rebanho. Até agora, a contabilização das doses de vacina aplicadas funcionava como um “censo” indireto do tamanho do gado. A ausência dessa ferramenta demanda a implementação de novos sistemas de rastreamento e monitoramento para garantir a segurança epidemiológica do país.

Contexto Histórico da Febre Aftosa no Brasil

A febre aftosa é uma doença antiga, com registro inicial na Europa em 1514 e presença no Brasil desde 1895. Sua disseminação motivou a criação, em 1951, do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa, sediado no país, que promoveu esforços conjuntos na América do Sul para controlar a enfermidade.

O Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa (PNEFA), criado em 1992, foi fundamental para conter a doença, incluindo campanhas massivas de vacinação. Os últimos casos no Brasil ocorreram em 2005, marcando um avanço importante que possibilitou o início da suspensão gradual da vacinação em algumas regiões até o reconhecimento nacional recente.

Implicações Econômicas para a Pecuária Nacional

Com um rebanho estimado em 194 milhões de cabeças em 2024, o Brasil é um dos maiores produtores e exportadores mundiais de carne bovina. A receita gerada pelas exportações ultrapassou US$ 12 bilhões, refletindo a robustez do setor.

O reconhecimento do novo status sanitário potencializa o crescimento esperado para 2025, com aumento projetado de cerca de 12% em volume e receita. A redução do rebanho em países concorrentes, como os Estados Unidos, também favorece a maior participação brasileira no mercado global e pode elevar ainda mais os preços da carne bovina brasileira.

Futuras Perspectivas e Consolidação do Mercado Externo

A partir de agora, o Brasil deve focar em fortalecer seus sistemas de vigilância sanitária para reduzir riscos e garantir a consolidação do novo status. Missões técnicas de países importadores, como a missão japonesa prevista para junho, serão decisivas para a abertura formal desses mercados.

Enquanto a expectativa é de que o novo status impulsione negociações e amplie o alcance dos produtos brasileiros, o setor precisa equilibrar o cuidado sanitário com a ambição comercial para que o avanço não se transforme em fragilidade. A capacidade do Brasil em manter a sanidade do rebanho será o principal termômetro para o sucesso dessa etapa.


Última atualização em 1 de junho de 2025

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