Governo define regime especial para atrair grandes operadores de data centers ao Brasil

Governo define regime especial para atrair grandes operadores de data centers ao Brasil

Governo fecha detalhes de regime especial para atrair gigantes de data centers

BRASÍLIA — O governo federal está terminando de elaborar uma proposta que irá ao Congresso Nacional, criando um novo marco legal para data centers. Essa iniciativa visa acelerar investimentos em infraestrutura e reduzir a dependência do Brasil em relação a serviços digitais estrangeiros.

A Proposta em Detalhes

A proposta envolve a destinação de recursos para o Fundo Nacional de Desenvolvimento Industrial e Tecnológico (FNDIT), em vez do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), conforme havia sido indicado anteriormente. A desoneração de investimentos sobre aportes de capital (capex) é uma das principais características do plano, permitindo que o governo atraia até R$ 2 trilhões em uma década. Além disso, a proposta promete incentivar a indústria nacional, especialmente no uso de energia renovável, que enfrenta dificuldades devido à baixa demanda e aos desequilíbrios no setor energético.

O secretário do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Uallace Moreira, informou que o avanço dessa proposta está em seu estágio final, e que o presidente Lula decidirá em breve se a mesma será entregue ao Congresso por meio de uma medida provisória ou um projeto de lei. Essa decisão é crucial, uma vez que ambos os processos têm implicações diferentes em termos de agilidade e abordagem legislativa.

Desafios e Objetivos da Iniciativa

Atualmente, 60% da infraestrutura digital do Brasil depende de serviços que são executados nos Estados Unidos, gerando um significativo déficit na balança comercial de serviços. O governo reconhece que um dos maiores desafios é atrair investimentos que possibilitem a construção de uma infraestrutura digital local robusta. A proposta pretende abordar esse problema, promovendo a internalização de serviços digitais e proporcionando maior segurança e autonomia ao país frente a crises geopolíticas.

Moreira destaca que a implementação desse novo marco deve enfrentar desafios significativos. Além das preocupações econômicas, há aspectos logísticos e técnicos que precisam ser considerados. Elementos como a capacidade de geração de energia, sistemas de refrigeração eficientes e a disponibilidade de espaço físico para a instalação dos data centers serão fundamentais para o sucesso da proposta.

O Impacto no Mercado Brasileiro

O diagnóstico do governo indica que a indústria nacional beneficiará a partir da crescente demanda por insumos, especialmente para sistemas de refrigeração e energia necessária para operar supercomputadores. Apesar das tarifas elevadas enfrentadas por consumidores residenciais, a energia gerada no Brasil é competitiva quando se consideram contratos no mercado livre para grandes indústrias. Essa dinâmica pode resultar em uma redução dos custos operacionais dos data centers, tornando o Brasil um destino mais atrativo para investimentos nessa área.

Espera-se que com a desoneração proposto, a indústria brasileira se torne mais competitiva no cenário global. A criação de um ecossistema favorável ao funcionamento de data centers deverá contribuir para a atração de empresas líderes na área de tecnologia, que buscam não só reduzir custos, mas também garantir que suas operações estejam alinhadas com as exigências ambientais e regulatórias.

Expectativas de Investimento e Retorno

Com a iniciativa, o governo espera atrair um volume significativo de investimentos em infraestrutura digital, estimando que até R$ 2 trilhões podem ser mobilizados ao longo de dez anos. O sucesso do plano está atrelado à eficácia dos incentivos e à velocidade da implementação das políticas necessárias para suportar tal volume de recursos.

Além disso, a proposta pode ter impactos positivos sobre o consumo de energia renovável, um setor que está enfrentando desafios devido à baixa demanda. O investimento em data centers pode, portanto, ajudar a equilibrar a demanda por energia e garantir a sustentabilidade do setor energético no país.

Desoneração e Regime Especial: O que Esperar

O Programa Nacional de Atração de Data Centers incluirá a criação de um regime especial conhecido como Redata, que focará na desoneração de impostos federais. Essa política é comparável ao Rehidro, que foi criado em 2024 para aproveitar a produção e consumo de hidrogênio de baixo carbono. O regime especial incluirá a desoneração do imposto de importação para produtos que não tenham similar nacional, além de PIS/Pasep, Cofins e IPI.

Essas medidas visam não apenas reduzir os custos de operação para empresas que pretendem investir em data centers no Brasil, mas também estimular a indústria local, criando um ciclo de benefícios econômicos. Com essa proposta, o governo almeja proporcionar um cenário mais favorável, criando uma infraestrutura digital sólida que possa suportar as demandas crescentes da economia digital.

Integração com Tecnologias Emergentes

Segundo o New Energy Outlook 2025, publicado pela BloombergNEF, a demanda global por energia projetada para serviços de inteligência artificial aumentará substancialmente nos próximos anos. Estima-se que 4,5% da demanda global em 2035 e 8,7% em 2050 será destinada a serviços que dependem fortemente de capacidade computacional. Isso significa que, para atender a essa demanda, a estrutura de data centers precisa ser adequada para suportar altos níveis de processamento.

As aplicações de inteligência artificial, como o ChatGPT e Gemini, requerem grandes quantidades de energia e robustez em termos de infraestrutura. Com a aproximação do Brasil nessa corrida da digitalização, é vital que o país se prepare para atrair as tecnologias e soluções que estão revolucionando o mercado global.

Com a proposta do novo marco legal, o governo federal busca endereçar um dos principais gargalos da economia brasileira — a dependência em serviços digitais existentes em outros países. A criação de um regime especial para data centers, por meio de desonerações e incentivos fiscais, não apenas deve promover a atração de investimentos, mas também deve fortalecer a capacidade do Brasil em termos de infraestrutura digital.

As vantagens esperadas são significativas: criação de empregos diretos e indiretos, fortalecimento da cadeia produtiva nacional, e, principalmente, a possibilidade de ter uma maior independência digital. Com o desenvolvimento desse cenário, o Brasil pode não só reduzir o seu déficit na balança comercial de serviços, mas também se posicionar como um hub de tecnologia na América Latina.




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Última atualização em 28 de abril de 2025

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