Como funcionará o Fundo de Agricultura Sustentável, a aposta de R$ 300 mi (por enquanto) na pesquisa agropecuária
O Fundo de Agricultura Sustentável (FAS) surge como uma iniciativa inédita com o objetivo claro de fomentar a pesquisa agropecuária no Brasil por meio de um investimento privado robusto inicial de R$ 300 milhões, dividido em três aportes de R$ 100 milhões. Liderado pelo ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, o fundo propõe um modelo inovador que busca alavancar a produtividade, a sustentabilidade e a inovação no setor agropecuário brasileiro com mecanismos financeiros baseados num Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) de duração de dez anos.
Este fundo tem como missão equiparar os avanços econômicos da agricultura brasileira à sua necessidade crescente por técnicas de pesquisa que tragam eficiência, resiliência e viabilidade econômica. O FAS é um exemplo claro de como o setor privado e instituições ligadas à agropecuária estão cada vez mais comprometidos com o desenvolvimento científico e tecnológico, impulsionando o agro para um futuro sustentável e competitivo.
Estrutura financeira e funcionamento do FAS
O Fundo de Agricultura Sustentável funcionará sob o formato de um FIDC cujo prazo total será de dez anos. Os aportes financeiros ocorrerão prioritariamente nos primeiros três anos, entre julho de 2025 e julho de 2028, totalizando R$ 300 milhões divididos em três fases. Os primeiros dois aportes, de R$ 100 milhões cada, serão realizados pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), com o terceiro aporte previsto vindo da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB).
Após esse período inicial de aporte, o fundo entrará em uma fase de remuneração para os investidores, prevendo um rendimento básico de IPCA mais 1% ao ano. Além disso, serão distribuídos 80% dos royalties obtidos por pesquisas bem-sucedidas, criando um ciclo de incentivo para o suporte financeiro contínuo às inovações agregadas ao agronegócio. Essa remuneração variável, atrelada aos resultados práticos das pesquisas apoiadas, é um diferencial que conecta diretamente retorno financeiro ao impacto real do desenvolvimento tecnológico no setor.
Governança e liderança do Fundo de Agricultura Sustentável
O comando do FAS foi confiado ao ex-ministro Roberto Rodrigues, figura experiente no meio agropecuário, com atuação consolidada tanto na área pública como privada. A direção executiva do fundo é exercida por Miguel Ivan Lacerda de Oliveira, conhecido como Miguel Novato, um profissional com histórico significativo na criação de políticas inovadoras, como o RenovaBio, e atuação no Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Essa dupla de líderes traz a expertise necessária para estruturar e gerir um fundo que requer competência técnica e visão estratégica para conectar pesquisa, financiamento e mercado. A governança técnica será independente e terá o desafio fundamental de avaliar quais projetos terão o potencial para transformar o agronegócio nacional, possibilitando que os recursos públicos e privados sejam aplicados com eficiência e responsabilidade.
Critérios para seleção de projetos e áreas de interesse do fundo
O FAS pretende financiar uma gama diversificada de pesquisas agropecuárias desde que apresentem resultados concretos e aplicáveis. A escolha dos projetos levará em conta a capacidade de promover produtividade aliada à sustentabilidade, reforçando a ideia de que o crescimento do agronegócio não pode abrir mão da responsabilidade ambiental.
Além da Embrapa, outras instituições como institutos agronômicos regionais e centros de pesquisa vinculados às cooperativas e universidades poderão apresentar propostas para receber apoio financeiro. O fundo visa criar uma rede ampla de inovação, promovendo desde microrganismos benéficos para o solo até tecnologias avançadas de biocombustíveis, como exemplificado pelo sucesso comercial do BiomaPhos, insumo nacional baseado em bactérias que aumentam a absorção de fósforo pelas plantas.
O papel dos royalties e reinvestimento no fortalecimento do fundo
Uma novidade importante do FAS é a utilização dos royalties gerados pelas pesquisas bem-sucedidas para remunerar os investidores e, ao mesmo tempo, premiar os pesquisadores. Essa lógica cria um sistema sustentável de retroalimentação financeira, no qual os ganhos econômicos advindos das inovações retornam ao fundo, possibilitando novos aportes em pesquisas futuras.
Essa estrutura privada permite que o fundo escape de limitações habituais do financiamento público, criando um ambiente mais dinâmico para o apoio à ciência aplicada. A CNÁ, comprometida com o sucesso do fundo, prevê reinvestir parte dos royalties recebidos, garantindo que o ciclo de desenvolvimento, financiamento e inovação seja contínuo e progressivo, algo particularmente importante para um setor que busca cada vez mais competitividade global.
Futuras perspectivas e impacto esperado no agronegócio brasileiro
O lançamento do Fundo de Agricultura Sustentável representa um passo significativo para superar os desafios da pesquisa agropecuária no Brasil. A expectativa é que o FAS se torne um catalisador não apenas do avanço técnico e científico, mas também da integração entre setor privado, público e academia, ampliando o alcance dos resultados práticos e econômicos das inovações.
Com uma estratégia clara para expansão dos investimentos, envolvendo diálogo com governos estaduais e empresas privadas, o fundo mira alcançar a marca de mais de R$ 1 bilhão em investimentos. Este marco poderá consolidar o Brasil como referência em pesquisa agropecuária sustentável e eficiente, preparando o país para novas demandas globais e desafios climáticos, solidificando a posição estratégica do agronegócio brasileiro no futuro próximo.
Última atualização em 10 de junho de 2025