As exportações do agronegócio brasileiro somaram US$ 15,6 bilhões em julho, maior valor para o mês na série histórica, com avanço de 1,5% sobre julho de 2024. O resultado foi puxado pelo apetite da China e da União Europeia e veio acompanhado de superávit de US$ 14 bilhões na balança do agro. O movimento reflete aumento de volume e melhora de preços médios em vários segmentos, com destaque para café e carnes, além de uma lista de produtos que ganharam espaço fora do núcleo tradicional da pauta.
Panorama do mês: recorde histórico e saldo robusto
Julho consolidou um cenário de vendas firmes do campo brasileiro ao exterior. O valor embarcado, de US$ 15,6 bilhões, superou os registros anteriores para o mesmo mês e adicionou US$ 225 milhões à receita na comparação anual. O crescimento veio tanto da expansão de volumes quanto da recuperação de preços em linhas específicas, compensando quedas de cotações em itens importantes da cesta exportadora.
Do lado da balança, o saldo do agro fechou julho em US$ 14 bilhões, refletindo um nível historicamente baixo de importações do setor frente às exportações. O desempenho confirma a resiliência da cadeia do agronegócio em um período de ajustes de preços internacionais e mudança de demanda entre destinos, com a China na liderança das compras e a União Europeia em segundo lugar, registrando aceleração nas aquisições.
- Exportações em julho: US$ 15,6 bilhões (+1,5% vs. julho/2024).
- Acréscimo mensal em valor: +US$ 225 milhões.
- Superávit do agro em julho: US$ 14 bilhões.
China e União Europeia em foco
A China manteve-se como principal destino ao somar US$ 5,62 bilhões em aquisições no mês. A pauta inclui proteína animal, café, frutas e derivados, além de fluiros ligados à agroindústria. O volume de compras reflete decisões de reposição de estoques por parte de importadores e a ampliação de estabelecimentos brasileiros habilitados a vender determinados produtos ao mercado chinês, movimento que aumenta a capilaridade comercial do Brasil.
A União Europeia ficou em segundo lugar, com US$ 2,36 bilhões e alta de 16,4% na comparação anual. Operadores relataram ritmo mais forte de compras em segmentos de maior valor agregado e expansão de frutas, café e carnes. As compras europeias também responderam a janelas de oportunidade no calendário de safra e a preços relativos favoráveis frente a concorrentes em alguns nichos.
- China: US$ 5,62 bilhões em julho.
- União Europeia: US$ 2,36 bilhões (+16,4%).
- Pauta: carnes, café, frutas, derivados industriais e itens de nicho ganharam espaço.
Destaques por produto: café e carnes puxam, nichos aceleram
O café foi um dos protagonistas de julho, com alta de 25,3% no valor exportado ante o mesmo mês do ano anterior. O avanço foi reforçado pela habilitação recente de 32 empresas brasileiras, elevando para 452 o total de estabelecimentos autorizados a vender café para a China. A ampliação da base de exportadores melhora a competição, distribui oportunidades entre origens e permite respostas mais rápidas a mudanças de demanda.
As carnes também registraram crescimento consistente, com variação de +16,7% no mês, puxadas pela carne bovina. O desempenho refletiu pedidos maiores de mercados tradicionais e reentrada de alguns compradores sazonais. Em paralelo, segmentos menos representativos ganharam tração: suco de maçã saltou 623%; fumo avançou 91,5%; bananas, 79%; ovos e gemas, 62%; couros e peles, 57%; frutas, 37,3%. Entre os itens historicamente menores na pauta, houve aceleração de corvina (+161%), uvas frescas (+89,4%), castanha de caju (+88%), óleos vegetais (+87%) e mel e derivados (+37%).
- Café: +25,3% em valor; 452 estabelecimentos habilitados para a China após 32 novas autorizações.
- Carnes: +16,7% no mês, com destaque para bovinos.
- Itens em alta: suco de maçã (+623%), fumo (+91,5%), bananas (+79%), ovos e gemas (+62%), couros e peles (+57%), frutas (+37,3%).
- Produtos de menor participação que cresceram: corvina (+161%), uvas frescas (+89,4%), castanha de caju (+88%), óleos vegetais (+87%), mel e derivados (+37%).
Mercados em expansão: México, Arábia Saudita e Tailândia avançam
Além de China e União Europeia, outros destinos registraram aceleração nas compras em julho. México (+23%), Arábia Saudita (+28,8%) e Tailândia (+18%) tiveram aumento de demanda, com avanço relevante também em Marrocos, Bangladesh e Taiwan. A diversificação geográfica reduz a dependência de poucos mercados e distribui melhor os riscos de oscilação de preços e volumes.
Esses movimentos respondem a fatores como recomposição de estoques, janelas comerciais oportunas e ajustes de origem por parte de importadores que buscam previsibilidade de oferta. Em alguns casos, a presença ativa de adidos agrícolas e o uso de ferramentas de análise de mercado, como plataformas de inteligência setorial, ajudam a identificar nichos e acelerar habilitações sanitárias específicas.
- Crescimentos em julho: México (+23%), Arábia Saudita (+28,8%), Tailândia (+18%).
- Avanços adicionais: Marrocos, Bangladesh e Taiwan.
- Efeito prático: mais destinos ativos, menos concentração de risco.
Sete meses de avanço: quase US$ 100 bilhões em vendas externas no ano
De janeiro a julho, as exportações do agro somaram US$ 97,5 bilhões, desempenho alinhado ao mesmo período do ano passado. O número indica estabilidade do fluxo de vendas no acumulado, após meses de variação de preços internacionais e ajustes de demanda em mercados-chave. Nesse intervalo, produtos fora do núcleo tradicional da pauta exportadora cresceram 21% em valor, reforçando o papel dos nichos na sustentação da receita total.
Desde o início da atual gestão federal, foram abertos 399 novos mercados para produtos agropecuários e efetivadas mais de 200 ampliações de acesso. Em julho, houve 13 novas aberturas. Esse conjunto de credenciamentos e ampliação de escopo dá previsibilidade às operações, atrai investimentos privados em processamento e logística e cria alternativas quando um destino reduz compras por fatores conjunturais.
- Acumulado jan-jul: US$ 97,5 bilhões (em linha com 2024).
- Crescimento de itens fora do núcleo tradicional: +21% em valor.
- Aberturas de mercado desde o início da gestão: 399; ampliações: 200+; julho: 13 aberturas.
Preços, volumes e fatores que explicam o resultado de julho
O mês combinou dois vetores que, juntos, explicam o recorde: volumes firmes e preços relativos mais favoráveis em linhas específicas. Embora cotações internacionais de soja em grão, açúcar, celulose e algodão tenham mostrado fraqueza em trechos do período, houve compensações vindas do café, das carnes e de itens de maior valor agregado. A composição final trouxe alívio à receita total e permitiu a formação de superávit expressivo no mês.
Outro ponto foi o aproveitamento de janelas de embarque, especialmente em portos com escoamento concentrado após o pico de colheitas. Em mercados que operam com contratos spot, o Brasil conseguiu ocupar espaços abertos por variações de oferta de concorrentes. Em contratos de médio prazo, traders ajustaram a distribuição entre destinos e mantiveram uma linha contínua de expedições, evitando gargalos logísticos e custos extras.
- Compensação entre commodities com preços mais fracos e nichos em alta.
- Uso de janelas de embarque e realocação de cargas entre destinos.
- Resultado: manutenção da receita e saldo comercial elevado.
Café: mais empresas habilitadas e efeito na pauta com a China
A habilitação de 32 novas empresas, levando o total a 452 estabelecimentos aptos a vender café para a China, tem impacto direto na operação. Uma base ampliada de exportadores aumenta a competição por contratos, encurta prazos de resposta, diversifica rotas e reduz riscos de concentração em poucos agentes. Para o importador, isso significa mais opções e maior previsibilidade de fornecimento. Para o Brasil, mais negócios concluídos com prazos e preços competitivos ao longo do mês.
No curto prazo, a prioridade para os novos habilitados é consolidar parcerias, estabelecer padrões de entrega e cumprir requisitos sanitários e de qualidade. No médio prazo, a entrada de mais players tende a fortalecer o posicionamento do café brasileiro no segmento premium e em linhas de blends mais específicas, que exigem rastreabilidade, consistência de torra e regularidade de embarques ao longo do ano comercial.
- Total de estabelecimentos de café habilitados para a China: 452.
- Novas habilitações em 2025 (julho): 32 empresas.
- Efeitos esperados: mais concorrência, prazos menores e maior capilaridade de oferta.
Carnes: demanda firme e janelas comerciais abertas
O avanço de 16,7% no valor das exportações de carnes em julho foi ancorado pela bovina, com boa resposta também em outras proteínas em mercados seletivos. A dinâmica reuniu recomposição de estoques em destinos da Ásia e maior procura da União Europeia por cortes específicos. Operadores aproveitaram janelas de compra com câmbio favorável e adequação de preços, sustentando o ritmo de embarques na segunda metade do mês.
Para o próximo ciclo de negociações, a expectativa é de manutenção do apetite em mercados que privilegiam regularidade de entrega e padrões sanitários bem estabelecidos. A atuação de plantas habilitadas e a gestão de calendários de abate ajudam a garantir oferta constante. Em paralelo, há espaço para ganhos táticos em cortes de maior valor por meio de mix mais ajustado à demanda de cada destino.
- Valor exportado em carnes: +16,7% em julho.
- Foco em cortes bovinos e nichos com maior valor por tonelada.
- Gestão de habilitações e calendários de produção sustentou a oferta.
Nichos em alta: suco de maçã, fumo, bananas, ovos e mel ganham vitrine
Produtos que tradicionalmente ocupam espaço menor na pauta brasileira chamaram atenção em julho. O suco de maçã liderou as variações, com alta de 623% em valor. O fumo cresceu 91,5%; bananas, 79%; ovos e gemas, 62%; couros e peles, 57%. O movimento aponta para diversificação da demanda externa e maior aproveitamento de oportunidades em nichos regionais, em parte captadas por equipes comerciais e adidos agrícolas.
Entre as linhas de menor participação histórica, corvina (+161%), uvas frescas (+89,4%), castanha de caju (+88%), óleos vegetais (+87%) e mel e derivados (+37%) ampliaram presença. Em geral, são itens que dependem de coordenação fina de logística, prazos curtos e certificações específicas, o que exige integração entre produtores, processadores e tradings para cumprir janelas e padrões de qualidade exigidos pelos importadores.
- Suco de maçã: +623% em valor.
- Fumo: +91,5%; bananas: +79%; ovos e gemas: +62%; couros e peles: +57%.
- Corvina: +161%; uvas frescas: +89,4%; castanha de caju: +88%; óleos vegetais: +87%; mel e derivados: +37%.
Destinos secundários: onde a demanda cresceu e por quê
México, Arábia Saudita e Tailândia encabeçaram os crescimentos percentuais entre os mercados fora do top 2, com altas de 23%, 28,8% e 18%, respectivamente. Em comum, esses destinos buscaram recompor estoques diante de variações de oferta local e, em alguns casos, aproveitaram preços relativos atrativos em itens específicos como carnes, café e frutas. A resposta brasileira veio com ajustes de mix e flexibilidade de portos de embarque.
Marrocos, Bangladesh e Taiwan também apresentaram avanços relevantes, ainda que partindo de bases menores. Nesses mercados, habilitações recentes e acordos operacionais entre agentes privados foram decisivos para viabilizar negócios. Para manter o ritmo, operadores apontam a importância de calendários previsíveis, cumprimento de especificações técnicas e comunicação direta entre exportadores e importadores ao longo do ciclo de embarque.
- Novas janelas: demanda tática por recomposição de estoques.
- Fatores críticos: habilitações ativas, cronogramas de embarque e padrões técnicos.
- Ganho de capilaridade: mais destinos relevantes ao longo do mês.
Logística e portos: como o escoamento sustentou os embarques de julho
A coordenação logística foi determinante para traduzir pedidos firmes em embarques efetivos. Janelas de atracação foram ajustadas com prioridade para cargas com prazos comerciais mais apertados, como frutas frescas e carnes refrigeradas. O escalonamento entre corredores logísticos evitou acúmulos prolongados e reduziu a exposição a custos não previstos de estadia portuária. Em rotas de longo curso, o planejamento antecipado de contêineres refrigerados foi essencial para manter a regularidade da pauta perecível.
No modal terrestre, operadores organizaram fluxos com integração de armazenagem e recebimento de cargas em pontos próximos às principais saídas. O resultado foi uma fila de embarques mais previsível, com menor tempo de espera e maior aderência a janelas de navios. A coordenação com terminais permitiu redirecionar volumes pontuais entre portos para responder a picos de procura em mercados da Ásia e do Mediterrâneo.
- Rotas de longo curso: contêineres e reefers programados com antecedência.
- Mitigação de gargalos: escalonamento entre portos e janelas de atracação.
- Pauta perecível: prioridade operacional para cumprir prazos comerciais.
Preço internacional e margem: leitura para exportadores e tradings
O comportamento de preços internacionais em julho foi heterogêneo entre commodities, mas a composição da pauta favoreceu o resultado agregado. Em linhas com retração de cotação, a estratégia foi compensar com volume e com contratos de entrega programada. Em linhas com valorização, exportadores anteciparam fixações e ampliaram o share em destinos com maior preço por tonelada. O ajuste fino entre essas frentes fez a diferença para a receita total do mês.
Para tradings e indústrias, a leitura de margem considerou custos logísticos, prazos de financiamento de exportações e gestão de câmbio. Ao combinar contratos spot e forward, operadores diluíram riscos e mantiveram a previsibilidade do fluxo de caixa. Em mercados com maior exigência de especificações, a venda de itens com maior valor agregado contribuiu para elevar a receita unitária e compensar a fraqueza de algumas commodities básicas.
- Commodities com preços fracos: compensação via volume e contratos programados.
- Segmentos valorizados: foco em destinos com maior preço por tonelada.
- Gestão de riscos: mix de contratos spot e forward e disciplina logística.
Pauta fora do núcleo: onde estão as novas oportunidades do agro brasileiro
O avanço de 21% no valor exportado por produtos fora do núcleo tradicional entre janeiro e julho aponta uma rota de crescimento. Essa faixa inclui alimentos processados, frutas, pescados e derivados com demanda sazonal ou regional. O ponto central é a flexibilidade: são categorias que reagem rapidamente a preços relativos e a brechas em mercados em que a oferta local não atende picos de consumo. O caso do suco de maçã em julho ilustra como ajustes de origem e câmbio podem abrir espaço para fornecedores brasileiros.
A identificação de oportunidades passa por inteligência comercial ativa. Plataformas de análise de mercado e a atuação de equipes no exterior permitem detectar movimentos de compra, projetar volumes e ajustar especificações técnicas. Em seguida, o trabalho é operacional: alinhar a cadeia interna para atender prazos, garantir regularidade de fornecimento e, quando exigido, cumprir protocolos sanitários adicionais que variam de um destino para outro.
- Categorias em foco: processados, frutas, pescados, derivados com demanda regional.
- Chave de sucesso: resposta rápida a janelas e especificações de importadores.
- Ferramentas: inteligência de mercado e coordenação operacional ponta a ponta.
Análise por destinos: o que cada mercado procurou em julho
No bloco asiático, a China liderou a demanda por carnes e café, com compras também de frutas e itens industriais da agroindústria. Países do Sudeste Asiático, como Tailândia, diversificaram a pauta e aumentaram compras em nichos com melhor preço relativo. Em mercados do Oriente Médio, a Arábia Saudita elevou aquisições com foco em proteína animal e derivados com prazos de entrega apertados, favorecendo operações bem integradas entre frigoríficos e terminais.
Na Europa, a União Europeia ampliou importações de produtos de maior valor por tonelada, refletindo uma busca por qualidade e regularidade. A América Latina, com destaque para o México, apresentou apetite por cafés e carnes, além de linhas específicas de frutas. Esses movimentos reforçam a importância de ajustar o mix por destino, adaptando cortes, processamento e embalagens às preferências locais e aos requisitos técnicos dos compradores.
- Ásia: compras firmes da China e maior diversidade no Sudeste Asiático.
- Oriente Médio: demanda alinhada a prazos de entrega e padrões técnicos.
- União Europeia: foco em valor agregado e consistência de fornecimento.
Habilitações e acessos: efeitos práticos na rotina das empresas exportadoras
A abertura de 399 novos mercados e mais de 200 ampliações de acesso desde o início da atual gestão tem reflexos diretos no planejamento das empresas. Cada habilitação ativa permite a montagem de carteiras de clientes com maior dispersão geográfica, o que suaviza impactos de oscilações em um destino específico. Em julho, as 13 novas aberturas reforçaram esse arco de possibilidades, inclusive para itens de nicho e processados.
Para o exportador, o efeito imediato é a capacidade de reagir rápido. Com acesso habilitado, contratos podem ser fechados com prazos menores e as cadeias de suprimento internas são ajustadas à demanda. Além disso, a concorrência entre compradores tende a se traduzir em melhores condições comerciais quando a oferta está ajustada e o fornecedor cumpre prazos e especificações técnicas exigidas.
- Habilitações ativas ampliam o leque de destinos e reduzem riscos.
- Julho registrou 13 novas aberturas, com foco em nichos e processados.
- Operação ganha velocidade: menor tempo entre negociação e embarque.
Calendário de safra e janelas de preço: por que julho entregou recorde para o mês
O calendário de safra influenciou diretamente a disponibilidade de produtos para exportação em julho. Em várias cadeias, o período coincide com maior oferta e com a necessidade de espaço nos armazéns, o que incentiva a saída de volumes. Ao mesmo tempo, contratos com entrega alinhada a janelas de preço internacional favorecem embarques mais rápidos quando a cotação atinge patamares considerados satisfatórios pelos vendedores.
Essa sincronização entre produção, logística e comercialização explica a sustentação do ritmo de embarques mesmo em um ambiente de preços mistos. Nos segmentos com maior perecibilidade, a regularidade de colheita e processamento foi decisiva para aproveitar as oportunidades de julho. Nos de menor perecibilidade, como grãos e alguns processados, a flexibilidade para segurar ou acelerar cargas permitiu otimizar margens dentro da janela mensal.
- Oferta sazonal elevada e necessidade de escoamento.
- Fixações de preços alinhadas a janelas favoráveis.
- Ajuste de ritmo entre itens perecíveis e não perecíveis.
Perguntas-chave para os próximos embarques: o que acompanhar no curto prazo
Exportadores e indústrias monitoram três frentes para manter o ritmo: demanda efetiva da China, firmeza das compras europeias e continuidade da expansão em mercados secundários. No eixo asiático, a recomposição de estoques e as janelas de importação devem ditar o volume dos próximos lotes. Na União Europeia, a atenção recai sobre categorias de maior valor por tonelada e sobre a manutenção de prazos logísticos em rotas regulares.
Em mercados como México, Arábia Saudita e Tailândia, a evolução de pedidos dependerá de preços relativos e competitividade frente a outros fornecedores globais. Entre os produtos, café e carnes seguem como termômetros para a receita agregada, enquanto nichos como suco de maçã, uvas frescas e óleos vegetais podem garantir ganho adicional em valor quando a logística e as habilitações estiverem plenamente sincronizadas.
- China: dinâmica de estoques e janelas de importação.
- União Europeia: foco em valor agregado e regularidade logística.
- Mercados secundários: preços relativos e competitividade.
Sinais por cadeia: leitura rápida setor a setor
Grãos e derivados mantiveram presença relevante na pauta, ainda que alguns itens tenham enfrentado pressão de preços. A leitura tática foi preservar margens com combinação de volume e timing de embarque, além de ampliar a presença em destinos com melhor remuneração. Em café, a habilitação de novas empresas para a China adicionou fôlego e deve seguir impulsionando a participação brasileira na pauta de bebidas e derivados.
Nas proteínas, a carne bovina puxou o grupo com vendas consistentes, enquanto outras carnes aproveitaram oportunidades pontuais em mercados específicos. Em frutas e processados, os crescimentos percentuais elevados mostram que há espaço para avançar em nichos. O desafio é garantir regularidade de oferta e logística compatível com a sensibilidade a prazos e temperaturas de transporte.
- Grãos: gestão de timing para compensar pressão de cotação.
- Café: base ampliada de exportadores e maior capilaridade na China.
- Proteínas: bovina lidera; nichos se beneficiam de janelas táticas.
- Frutas e processados: crescimento em valor e exigência logística alta.
Como empresas alinham operação para capturar demanda externa adicional
Do lado operacional, companhias reforçaram práticas para encurtar o ciclo entre pedido e embarque. Entre as medidas, destacam-se a reserva antecipada de contêineres em rotas prioritárias, o escalonamento de produção por destino e o uso de contratos flexíveis com terminais para ajustar janelas de atracação. Em cadeias com exigências sanitárias específicas, a documentação foi padronizada para reduzir retrabalho e acelerar liberações.
Na parte comercial, times de vendas trabalharam com previsões semanais de demanda por produto e destino, ajustando preços conforme a variação de custos logísticos e de insumos. A retroalimentação entre operação e comercial permitiu revisar rapidamente lotes, redirecionar cargas e aproveitar negociações em mercados como México e Oriente Médio, sem perder prazos previamente definidos com clientes da Europa e da Ásia.
- Reserva de capacidade logística e documentação padronizada.
- Previsões semanais de demanda e ajustes de preço por destino.
- Redirecionamento ágil de cargas entre mercados com janelas abertas.
O papel da inteligência de mercado e dos adidos no exterior
Ferramentas de análise e equipes posicionadas no exterior foram apontadas por operadores como diferenciais para mapear oportunidades em julho. Relatórios de demanda por produto, alertas regulatórios e acompanhamento de embarques concorrentes ajudam a antecipar movimentos. Essa visão, somada à capacidade de execução no Brasil, permite fechar contratos em janelas curtas e ajustar o mix às preferências de cada destino, como no caso de cortes bovinos específicos para a União Europeia ou blends de café adaptados à China.
Ao identificar picos de procura, as equipes orientam produtores e processadores sobre especificações técnicas, prazos e volumes, diminuindo o risco de não conformidades. Em nichos como uvas frescas, ovos e mel, a precisão de informação é determinante, pois qualquer atraso compromete a competitividade do produto. A atuação coordenada contribuiu para as altas percentuais registradas em linhas de menor participação histórica.
- Relatórios de demanda e alertas regulatórios ajudam a priorizar mercados.
- Ajustes de especificações por destino aumentam a taxa de sucesso comercial.
- Integração entre inteligência e operação garantiu embarques dentro da janela.
Riscos monitorados: preços internacionais e custos logísticos
Mesmo com o recorde para julho, operadores seguem atentos a possíveis oscilações de preços internacionais em commodities-chaves. Em cenários de volatilidade, a estratégia tem sido mapear contratos com flexibilidade de entrega e manter níveis de estoque compatíveis com janelas de embarque. A diversificação por destinos e produtos ajuda a mitigar impactos de quedas pontuais de cotação em um item específico.
Custos logísticos continuam no radar, especialmente em rotas de longo curso que dependem de disponibilidade de contêineres e de estabilidade nos cronogramas portuários. O planejamento com antecedência e o uso de múltiplos corredores de escoamento reduzem a exposição a atrasos e a custos extra. A leitura integrada entre comercial, produção e logística será decisiva para manter a eficiência dos embarques.
- Volatilidade de preços: mitigação via contratos e diversificação.
- Custo e disponibilidade de contêineres: planejamento antecipado.
- Rotas alternativas e cronogramas portuários como amortecedores operacionais.
Lições de julho: como o agro brasileiro sustentou o ritmo de vendas externas
O desempenho de julho mostra que a combinação de habilitações ativas, logística coordenada e leitura precisa de demanda externa cria condições para recordes mensais. A pauta ganhou equilíbrio com a força de café e carnes e com a contribuição de nichos como suco de maçã, uvas frescas, óleos vegetais e mel. A expansão das compras pela União Europeia e o apetite contínuo da China deram o tom das negociações, enquanto mercados como México e Arábia Saudita reforçaram a capilaridade das vendas.
A consolidação de US$ 15,6 bilhões em exportações, superávit de US$ 14 bilhões e um acumulado de US$ 97,5 bilhões nos sete primeiros meses do ano reforçam a posição do Brasil como fornecedor confiável do agronegócio global. A diversificação por produto e destino, aliada ao avanço em aberturas de mercado, aumenta as possibilidades de resposta rápida a mudanças de demanda, mantendo as vendas firmes em um ambiente internacional exigente.
Metodologia e notas sobre os dados
Os valores mencionados referem-se a julho de 2025 e ao acumulado de janeiro a julho de 2025, expressos em dólares correntes. As comparações percentuais tomam como base o mesmo período de 2024, quando indicado. As estatísticas consideram a pauta do agronegócio e podem passar por revisões técnicas usuais em publicações subsequentes, a depender de ajustes de classificação ou retificações operacionais.
As variações por produto refletem a combinação de preço médio e volume embarcado, além de fatores logísticos e regulatórios específicos de cada cadeia. As menções a habilitações e aberturas de mercado dizem respeito a autorizações válidas para empresas e produtos, cuja efetividade operacional depende do atendimento a requisitos técnicos, sanitários e documentais em cada destino. As cifras e percentuais citados compõem o quadro geral do mês e do ano até julho.
Última atualização em 22 de agosto de 2025