Recuperação dos insumos puxa crescimento da produção agroindustrial no primeiro trimestre de 2025
O desempenho positivo da safra 2024/2025 estimulou uma movimentação expressiva entre os produtores rurais no início do ano, refletida na recuperação dos insumos agropecuários e no crescimento geral da produção agroindustrial brasileira. Conforme dados recentes do Índice de Produção Agroindustrial (PIM-Agro), divulgado pelo Centro de Estudos em Agronegócio da Fundação Getulio Vargas (FGV Agro), a produção no primeiro trimestre de 2025 aumentou 1,6%, com o mês de março apresentando alta ainda mais significativa de 3,6%, marca que indica uma sequência de três meses consecutivos de evolução positiva no setor.
Este crescimento está principalmente associado ao segmento dos produtos não-alimentícios, que cresceu 4,1% no trimestre e 6,6% em março. Destaca-se a indústria de insumos agropecuários, que, após um longo período de queda, apresentou uma alta acumulada surpreendente de 21% nos três primeiros meses do ano, com março destacando-se por um aumento de 39,6%. Combinado às melhorias em produtos têxteis, esses setores indicam uma retomada da atividade industrial no campo, impulsionada por condições favoráveis como a redução dos preços de fertilizantes nitrogenados e uma relação de troca atrativa para várias culturas agrícolas.
Desempenho dos insumos agropecuários: motor da recuperação
A indústria de insumos agropecuários protagonizou o melhor desempenho para o primeiro trimestre desde 2010, refletindo uma movimentação intensa na compra de fertilizantes, defensivos agrícolas, tratores e máquinas. Segundo a FGV Agro, essa performance está relacionada a fatores como a queda nos preços dos produtos nitrogenados, que compõem parte essencial dos fertilizantes, e a manutenção de uma boa relação de troca para os agricultores, que motiva a demanda por insumos fundamentais para diversas culturas.
Além disso, a base de comparação favoreceu o crescimento, pois no mesmo período do ano anterior as vendas de insumos estavam em níveis historicamente baixos, com uma retração expressiva de cerca de 30%. Com os insumos recuperando o nível, a agroindústria não só atinge patamares anteriores, mas ultrapassa, refletindo um cenário mais otimista para a produção agrícola e a cadeia produtiva ligada ao campo.
Setores alimentícios enfrentam equilíbrio entre avanços e quedas
Na indústria de alimentos e bebidas, o quadro foi mais misto no primeiro trimestre de 2025. Enquanto a produção de alimentos cresceu modestamente 0,8%, puxada principalmente pelo aumento na produção de carnes e pescados, o setor de bebidas apresentou queda significativa de 3,8%, afetando o desempenho geral da indústria de produtos alimentícios e bebidas, que acumulou uma leve retração de 0,1% no período.
Em março, porém, observou-se uma recuperação parcial, com o setor de produtos alimentícios e bebidas crescendo 1,4%. Esse desempenho desigual evidencia desafios específicos no segmento de bebidas, tanto alcoólicas quanto não alcoólicas, que precisaram lidar com fatores como mudanças no consumo e possíveis questões relacionadas à cadeia de suprimentos e custos de produção, que ainda não foram totalmente superados apesar da melhora geral da agroindústria.
Avanços na produção de alimentos de origem animal e os desafios dos vegetais
A produção de alimentos de origem animal destacou-se positivamente, acumulando alta de 1,5% no trimestre. O crescimento foi liderado pela maior oferta de carnes bovina, suína, de aves e pescado, refletindo um mercado aquecido e maior demanda interna e externa. Em março, o desempenho se intensificou, alcançando um incremento de 2,1%, sustentando o otimismo para o segmento que é vital para a balança comercial agrícola do país.
Já os alimentos de origem vegetal enfrentaram um período mais desafiador, com queda acumulada de 0,8% entre janeiro e março. Essa retração foi influenciada pela redução na produção de conservas, sucos, óleos, gorduras, trigo e principalmente açúcar, um dos produtos mais tradicionais e sensíveis a flutuações climáticas e mercadológicas. No entanto, março trouxe um sinal positivo com crescimento de 1,2%, indicando as primeiras recuperações após um início de ano mais complicado para a produção vegetal.
Impactos macroeconômicos e o papel da agroindústria na economia brasileira
A capacidade da agroindústria nacional de manter o ritmo de crescimento enfrentará desafios nos próximos meses, sobretudo em um cenário marcado por incertezas no mercado internacional e uma desaceleração da economia brasileira. Essas turbulências podem afetar diretamente a demanda por produtos agroindustriais, as exportações e os custos de produção, exigindo atenção constante dos agentes econômicos e do setor produtivo.
Os dados preliminares reforçam, contudo, a importância do setor para a economia nacional. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do PIB, indicou que o setor primário cresceu 17,31% no primeiro trimestre de 2025 em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto o índice geral registrou alta de 3,68%. Estes números evidenciam que a agroindústria tem sido um dos pilares para impulsionar o crescimento econômico brasileiro em 2025.
Futuras Perspectivas para a Produção Agroindustrial
O cenário para os próximos trimestres passa pela necessidade de manutenção da competitividade dos insumos agropecuários e a superação dos desafios enfrentados pelos setores de alimentos vegetais e bebidas. A continuidade da redução nos preços de fertilizantes, o avanço tecnológico na agricultura e o reforço nas cadeias produtivas serão cruciais para assegurar que a tendência de crescimento da agroindústria não se perca.
Além disso, o desempenho dos mercados internacionais, as políticas agrícolas e econômicas adotadas no Brasil e o comportamento da demanda interna serão determinantes para consolidar o papel do setor no contexto da economia nacional e global. A expectativa é que a agroindústria continue sendo um vetor essencial para o crescimento sustentável e a geração de renda no país.
Última atualização em 30 de maio de 2025