Ovo brasileiro conquista o mercado global e gera novas receitas, escala e previsibilidade ao setor

Ovo brasileiro conquista o mercado global e gera novas receitas, escala e previsibilidade ao setor

Rumo para se tornar um player global: “O voo internacional do ovo brasileiro” na Avicultura Industrial de Julho.

O Brasil ensaia um salto inédito nas exportações de ovos, impulsionado por resultados expressivos em 2025, pela entrada de grandes grupos no setor e por aquisições internacionais que ampliam escala, capilaridade e presença comercial. Em maio, os embarques de ovos in natura e processados cresceram 295,8% na comparação com o mesmo mês de 2024, chegando a 5.358 toneladas e receita de US$ 13,756 milhões, alta de 356,2%. No acumulado de janeiro a maio, o volume atingiu 18.357 toneladas, avanço de 165,6% ante 2024, com faturamento de US$ 42,1 milhões, expansão de 195,8%. O movimento ocorre enquanto empresas brasileiras como Mantiqueira e Granja Faria expandem fronteiras, e o produto nacional ganha espaço em mercados exigentes, incluindo o americano.

Panorama: do frango ao ovo, a trajetória que inspira

O histórico da carne de frango oferece um paralelo elucidativo. Em 1975, o Brasil estreou nas exportações do setor com 3.469 toneladas destinadas a Kuwait, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Japão. Em 2001, rompeu a barreira de 1 milhão de toneladas anuais. Em 2024, consolidado como maior exportador mundial por mais de duas décadas, atingiu 5,294 milhões de toneladas enviadas a mais de 150 mercados, volume 1.526 vezes superior ao do início. O que se observa agora é a formação de condições para que o ovo brasileiro trilhe caminho semelhante, com base em produtividade, padronização de processos, biossegurança e uma estrutura comercial mais robusta.

O setor de postura parte de uma base doméstica sólida. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o Valor Bruto de Produção da cadeia superou R$ 26 bilhões no ano passado. A produção já ultrapassa 52 bilhões de unidades por ano, permitindo atender ao mercado interno e abrir gradualmente novas frentes no exterior. O ciclo recente de resultados reforça a leitura de que a avicultura de postura entrou em fase de maior profissionalização, com foco em escala, governança, rastreabilidade e atendimento a protocolos de qualidade demandados por importadores.

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Exportações em alta: números e o que eles indicam

Os embarques de maio de 2025 somaram 5.358 toneladas, avanço de 295,8% ante maio do ano anterior. Em receita, a expansão foi ainda mais forte: 356,2%, para US$ 13,756 milhões. No acumulado de janeiro a maio, o setor movimentou 18.357 toneladas, crescimento de 165,6% na comparação com as 6.912 toneladas de 2024, com faturamento de US$ 42,1 milhões, elevação de 195,8% frente aos US$ 14,235 milhões do período anterior. Os dados englobam ovos in natura e processados, sinalizando apetite do mercado por diferentes formatos de oferta, que variam da dúzia ao ovo líquido pasteurizado e ao ovo em pó.

A aceleração não é episódica: resulta de uma combinação de fatores, como maior disponibilidade de linhas habilitadas, rotas logísticas ajustadas e relacionamento ativo com clientes internacionais. A dinamização dos contratos spot, em paralelo a acordos de fornecimento mais longos, favoreceu o crescimento em meses de maior demanda. Além disso, as empresas ampliaram o leque de certificações e protocolos operacionais, aumentando a previsibilidade de embarques em janelas onde a origem alternativa enfrenta restrições sanitárias ou de oferta.

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Mantiqueira, JBS e Granja Faria: os movimentos corporativos que mudam a escala

Dois vetores corporativos ajudam a explicar o novo patamar do ovo brasileiro. O primeiro é a entrada da JBS no capital da Mantiqueira Brasil, com a aquisição de 48,5% do capital total e 50% das ações com direito a voto. O movimento conecta o maior processador global de carnes à maior produtora de ovos do país, abrindo acesso à malha logística e à inteligência exportadora construída ao longo de décadas em proteínas. Na prática, isso significa capacidade de atender pedidos maiores, mais regulares e com prazos mais curtos, além de ganhos na negociação de fretes, armazenagem e seguro internacional.

O segundo vetor é a expansão agressiva da Granja Faria no exterior. A companhia adquiriu a Hevo, segunda maior produtora de ovos da Espanha, além da também espanhola Legaria e da americana Hillandale Farms, e incorporou outros empreendimentos no Brasil. A estratégia mira presença direta em mercados-chave, diversificação cambial e integração vertical de ovoprodutos. O desenho privilegia sinergias industriais, padronização de qualidade e intercâmbio de tecnologia, encurtando o caminho entre a produção no campo, a classificação e a entrega ao cliente final.

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Por que a demanda cresceu: fatores externos e janelas de oportunidade

O mercado internacional atravessou um período de oferta tensionada em 2025. A avicultura dos Estados Unidos, um dos principais fornecedores globais, enfrentou registros generalizados de influenza, com impactos em aves de postura e reflexos até no rebanho leiteiro. Em quadros como esse, compradores buscam origens com histórico sanitário consistente e capacidade de resposta rápida. O Brasil, com arcabouço de biossegurança disseminado nas granjas comerciais e integração com plantas processadoras, surge como alternativa confiável, sobretudo quando a necessidade é repor volumes de forma ágil e com padronização.

Além do fator conjuntural, há mudanças estruturais no consumo. A indústria de alimentos, panificação e food service de vários países intensificou o uso de ovoprodutos pasteurizados e em pó, que oferecem facilidade operacional, estabilidade de formulação e melhor gestão de estoque. Esse avanço favorece exportadores aptos a fornecer especificações técnicas rígidas, com certificados e laudos analíticos por lote. Para o Brasil, a expansão desse nicho amplia as possibilidades de contratos de longo prazo, dilui sazonalidades e viabiliza melhor aproveitamento industrial da matéria-prima.

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Competitividade brasileira: bases produtivas, padronização e confiança do comprador

A competitividade começa na granja. O país reúne condições favoráveis à produção de insumos para alimentação das aves, com oferta consistente de milho e de outros componentes da ração. A cadeia de postura evoluiu em manejo, sanidade e automação, com processos que incluem controles de ambiência, água e densidade por galpão, além de programas de vacinação e monitoramento sorológico. Com isso, os lotes mantêm uniformidade, índice de postura estável e menor variabilidade de peso de ovos, fatores chave para cumprir contratos e evitar rejeições no desembaraço aduaneiro do destino.

No elo industrial, avanços em classificação, lavagem, embalagem e rastreabilidade por lote elevaram a previsibilidade de embarques. O uso de sistemas de inspeção por visão, detectores de microfissuras e trilhas de resfriamento otimizou a taxa de aproveitamento e reduziu perdas. A rastreabilidade ponta a ponta, do lote à etiqueta, facilita a gestão de não conformidades e cria trilhas documentais robustas, com registro de temperaturas, higienizações e pontos críticos monitorados. Essa padronização, somada a auditorias de clientes, aumenta a confiança e sustenta a escalada de volumes.

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Desafios do voo internacional: barreiras, custos e execução logística

Entrar e permanecer em mercados exigentes requer gestão fina de riscos e custos. Embarques de ovos in natura dependem de janela logística curta, condições de transporte estáveis e embalagens que protejam contra choques e variações de temperatura. No caso dos ovoprodutos, a cadeia fria e a validação de processos térmicos são decisivos para garantir segurança e shelf life. As empresas precisam se preparar para auditorias, testes de laboratório e validações de limpeza, painéis sensoriais e ensaios de estabilidade. Tudo isso impacta a estrutura de custos e deve ser previsto nas negociações comerciais e nos Incoterms adotados.

No campo regulatório, cada destino apresenta suas particularidades: certificações específicas, requisitos de rotulagem, idioma, códigos tarifários e eventuais quotas. A conformidade começa na habilitação do estabelecimento junto às autoridades brasileiras e passa por cadastros e liberações no país comprador. Erros em documentos, divergências de laudos ou atrasos no agendamento de inspeções podem comprometer o embarque e gerar custos adicionais. Por isso, a integração entre granja, indústria, área regulatória e logística é tão importante quanto a eficiência produtiva em si.

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Passo a passo para exportar: do papel ao primeiro embarque

Para empresas que desejam iniciar as vendas ao exterior, um roteiro prático ajuda a reduzir retrabalho e acelerar a habilitação. Começa com diagnóstico técnico e regulatório do portfólio, segue com adequações de processo e termina na construção de uma rotina de atendimento ao cliente internacional. Abaixo, um guia em etapas que reflete o que compradores costumam exigir em auditorias iniciais e de manutenção de fornecedores.

Antes de qualquer prospecção comercial, é recomendável definir mercados-alvo e mapear seus requisitos. Alguns exigem padrões de rotulagem específicos ou certificados adicionais, enquanto outros priorizam auditorias presenciais e testes de validação feitos em laboratórios locais. Com o mapeamento, a empresa pode planejar investimentos, treinar equipes e organizar o fluxo documental por lote, garantindo consistência nos primeiros embarques.

Etapas essenciais

A execução ganha previsibilidade quando transformada em um checklist com responsáveis e prazos. As fases abaixo cobrem desde a habilitação até o pós-venda, com foco em ovos in natura e ovoprodutos. Ajustes são naturais conforme o destino e o contrato, mas a espinha dorsal tende a se manter entre diferentes mercados.

Em muitos casos, contar com tradings especializadas pode acelerar as primeiras operações, enquanto a empresa estrutura uma área de comércio exterior própria. Outra alternativa é firmar parcerias com distribuidores no país de destino, com armazenagem dedicada e contrato de performance que contemple indicadores de prazo, avarias e satisfação do cliente.

  • Habilitação sanitária e cadastral: confirmar registro do estabelecimento, inspeção oficial e requisitos do país de destino; alinhar com o serviço oficial a emissão de certificados por produto e por lote.
  • Padronização de processos críticos: formalizar procedimentos de classificação, lavagem, controle de temperatura, higienização, rastreabilidade e segregação de lotes.
  • Certificações e sistemas de gestão: implementar HACCP e, quando pertinente, normas reconhecidas por grandes redes de alimentos, documentando validações e verificação periódica.
  • Planejamento logístico: definir Incoterms, contratar frete e seguro internacional, acordar janela de coleta, especificar tipo de embalagem e monitoramento de temperatura.
  • Rotulagem e idioma: revisar exigências do mercado-alvo para rótulos, datação, idioma e informações nutricionais; aprovar artes com antecedência.
  • Controle analítico: estabelecer plano de amostragem por lote, com laudos para parâmetros físico-químicos e microbiológicos compatíveis com o destino.
  • Contrato comercial: definir preço, moeda, prazos, tolerâncias de variação de peso/avarias, política de não conformidade e solução de controvérsias.
  • Pós-embarque e atendimento: acompanhar tracking, registrar indicadores de entrega e abertura de não conformidade, manter feedback estruturado com o cliente.
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Mercados e perfis de compra: onde estão as oportunidades

O primeiro ciclo de expansão do frango priorizou Oriente Médio e Ásia, com foco em demanda previsível e logística viável. No ovo, há uma combinação semelhante de destinos potenciais. Países do Golfo, com forte indústria de panificação e food service, são grandes consumidores de ovoprodutos. Japão e outros mercados asiáticos valorizam padronização de qualidade e rigidez documental. Na América do Norte e na Europa, a indústria demanda volumes relevantes de ovo líquido pasteurizado e em pó, com especificações precisas de viscosidade, cor e comportamento em formulações.

Para ovos in natura, o desafio recorrente é alinhar tempo de trânsito e condições de transporte ao shelf life do produto, minimizando perdas. Já os ovoprodutos oferecem escopo de contratos mais longos e menos sensíveis a sazonalidades do varejo. Nessa frente, a habilidade de produzir, padronizar e provar desempenho técnico em aplicação final vira diferencial. Fornecer fichas técnicas detalhadas, curvas de pasteurização, resultados de challenge tests e laudos de cada lote acelera a homologação junto a indústrias de ingredientes, confeitaria e refeições prontas.

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Custos, câmbio e precificação: como proteger a margem

A formação de preço para exportação precisa refletir custos diretos e indiretos. No produto in natura, entram ração, mão de obra, embalagem primária e secundária, classificação, perdas, higienização e transporte até o porto/aeroporto. Adicionam-se taxas, serviços de despachante, certidões, seguro e frete internacional. No ovoproduto, somam-se custos industriais de quebra, pasteurização, secagem e energia, além de maior rigor analítico. A decisão entre contratos em dólar ou moeda local, combinada a políticas de hedge, muda o perfil de risco e deve ser tomada de acordo com a capacidade de financiamento e apetite ao risco da empresa.

Ferramentas financeiras ajudam a dar previsibilidade, mas exigem disciplina operacional. Adotar cláusulas de reajuste atreladas a insumos ou a índices logísticos, quando a negociação permite, reduz a exposição a picos de frete. Outra medida é travar janelas de compra de milho e embalagens em ciclos que coincidam com os principais contratos de venda. O objetivo é preservar margem sem perder competitividade, mantendo a capacidade de cumprir volumes em períodos de choque de oferta global.

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Tecnologia e produtividade: onde ganhar eficiência na granja e na indústria

Na granja, os ganhos vêm do controle fino dos fatores que sustentam o pico e a persistência de postura: ambiência, nutrição, água e manejo. Sistemas de climatização, planos de luz e monitoramento de bem-estar animal melhoram o conforto e reduzem variabilidade de produção. O foco é manter lotes uniformes, com idade de postura adequada e baixa mortalidade, elevando a taxa HD e estabilizando pesos. Do lado da ração, a padronização de moagem, mistura e distribuição por linha reduz diferenças entre aves e dá previsibilidade ao volume semanal de ovos por galpão.

Na indústria, automação de classificação e inspeção reduz erros, agiliza a expedição e eleva a qualidade percebida. Equipamentos de detecção de microtrincas, sistemas de lavagem com parâmetros validados e trilhas de secagem bem dimensionadas evitam problemas no destino. Para ovoprodutos, pasteurizadores com controle de tempo e temperatura, além de registros auditáveis, são essenciais. Em ovo em pó, o ajuste de spray dryers, com monitoramento de umidade e perfil de partículas, garante desempenho em formulações industriais e reduz reclamações por variabilidade de textura e cor.

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Qualidade, biossegurança e documentação: pilares da confiança do importador

A confiança começa pelo desenho do sistema de gestão. Procedimentos claros, treinamentos periódicos e registros trazem robustez à operação e simplificam auditorias. Na biossegurança, medidas como controle de acesso, barreiras sanitárias, fluxo unidirecional de pessoas e materiais, e programas de monitoramento reduzem riscos. O histórico de conformidade, aliado a respostas rápidas em eventuais não conformidades, constrói reputação e facilita negociações futuras com importadores mais exigentes.

No papel, a organização é determinante. Dossiês por lote com certificados, laudos, registros de temperatura e relatórios de higienização devem estar facilmente acessíveis, em ordem e com tradução quando necessário. Em mercados que exigem auditorias específicas, a preparação inclui simulações internas, checklists e correção de desvios com prazos definidos. Esse rigor documental, somado à rastreabilidade do lote e ao controle de pontos críticos, reduz imprevistos no desembaraço e protege a imagem da marca.

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Logística: prazos, rotas e integridade do produto até o destino

Em ovos in natura, o desenho logístico combina eficiência e cuidado físico. Embalagens com proteção contra impacto, controle de temperatura e planejamento de consolidação evitam perdas. O tempo de trânsito precisa ser compatível com a validade pretendida no destino, considerando eventuais retenções alfandegárias. Transportadores devem ser auditados quanto a limpeza e higienização, e os veículos precisam operar com registros de temperatura. Checklists de carregamento, lacração e fotos do estado de paletes ajudam a documentar a integridade dos embarques.

Nos ovoprodutos, a logística contempla cadeias frias validadas, com registradores de dados que acompanham o lote. Em cargas a granel, a válvula sanitária, a limpeza do tanque e a prevenção a corpo estranho requerem atenção redobrada. Para ovo em pó, a proteção contra umidade e contaminação cruzada é crítica. Em todos os casos, a comunicação rápida entre embarcador, armador e cliente reduz o tempo de resposta em caso de desvios, minimizando perdas e preservando o relacionamento comercial.

M&A e governança: efeitos na estrutura de mercado e na negociação

A associação entre produtores líderes e grupos com logística global eleva a capacidade de cumprir contratos volumosos e diversificados. A entrada da JBS no capital da Mantiqueira adiciona escala e experiência em exportação, o que pode reduzir custos de frete e seguro por efeito de carteira, além de acelerar habilitações junto a clientes internacionais. Para o comprador, a percepção de robustez financeira e capacidade de contingência pesa na decisão de fechar contratos de médio e longo prazo, principalmente em momentos de oferta global apertada.

No caso da Granja Faria, a expansão via aquisições na Espanha e nos Estados Unidos abre portas para sinergias industriais e comerciais. A presença local aproxima a empresa de centros consumidores, amplia o conhecimento de normas e costumes de negócio e facilita ajustes finos de especificação. Com ativos em diferentes geografias, a empresa pode equilibrar fluxos, antecipar sazonalidades e reforçar o cumprimento de cronogramas. Para o setor, esse movimento contribui para colocar o ovo brasileiro em prateleiras mais competitivas e com maior visibilidade.

Contrato, embalagem e rotulagem: detalhes que evitam surpresas no desembaraço

Muitos problemas logísticos nascem no contrato. Definir claramente responsabilidades, prazos, tolerâncias de avarias, critérios de amostragem e procedimentos em caso de não conformidade diminui conflitos. O alinhamento de Incoterms, janela de coleta e lead time de produção ajuda a evitar gargalos na expedição. Em rotulagem, detalhes como idioma, país de origem, lote, data de fabricação e validade, e informações de armazenamento devem seguir estritamente o padrão do destino. O envio de artes para pré-aprovação pelo cliente minimiza retrabalho e atrasos.

A embalagem cumpre papel técnico e comercial. No produto in natura, o desenho da bandeja, a resistência ao empilhamento e o tipo de selagem impactam taxas de quebra e aparência no varejo. Em ovoprodutos, tambores, IBCs e embalagens secundárias precisam garantir barreira adequada. Para ovo em pó, sacos multicamadas e big bags com liners internos reduzem absorção de umidade. Em todos os casos, especificar claramente os materiais aceitos e os testes de qualidade exigidos é uma forma prática de evitar perdas e discussões pós-entrega.

Pontos de atenção regulatórios: habilitação, auditorias e laudos por lote

A habilitação do estabelecimento é a etapa zero. Ela envolve inspeções oficiais, validações de processos e adequação de instalações. Em seguida, vêm os cadastros no país de destino, que podem incluir portais de registro, homologação de rótulos e de laboratórios aceitos para ensaios. Auditorias de clientes costumam verificar desde a documentação de boas práticas até a execução no chão de fábrica, com foco na consistência do que está descrito nos procedimentos e do que acontece na operação diária.

Os laudos por lote são uma exigência frequente e devem ser planejados de forma a não atrasar a expedição. Estabeleça um cronograma de coleta e análise com laboratórios qualificados, com prazos compatíveis ao lead time comercial. Padronize a emissão de certificados, notas e documentos de transporte. Garanta que a rastreabilidade permita localizar rapidamente a origem de qualquer lote, com registros de temperatura, higienizações e verificações de equipamentos. Esse conjunto de medidas dá previsibilidade e reduz custos decorrentes de atrasos e não conformidades.

Relacionamento com o cliente: serviço, informação e constância de entrega

Uma operação de exportação sustentável do ponto de vista econômico depende de relacionamento próximo com o comprador. Compartilhar dados de produção, previsões de disponibilidade e indicadores de qualidade ajuda o cliente a planejar suas compras e reduz rupturas. A comunicação deve ser ágil e objetiva, com pontos de contato bem definidos para questões comerciais, técnicas e logísticas. Após a entrega, a coleta de feedback e a revisão de indicadores fortalecem a parceria e abrem espaço para expansão de volumes e de portfólio.

Em mercados com rigor alto, a decisão de compra leva em conta a capacidade de resposta a imprevistos. Mostrar planos de contingência, estoques de segurança e fornecedores alternativos de insumos transmite segurança. Em períodos de escassez global, essa percepção pode ser decisiva para a escolha do fornecedor, sobretudo quando o comprador precisa justificar internamente a troca de origem ou o aumento de participação do Brasil na sua carteira.

Sinais do mercado e ritmo de consolidação: o que observar adiante

A combinação de números fortes no início de 2025 com movimentos societários relevantes indica que o setor brasileiro de ovos vive uma fase de virada. A presença de um grande grupo com know-how exportador, como a JBS, tende a acelerar habilitações e melhorar a eficiência logística. Ao mesmo tempo, a atuação internacional da Granja Faria amplia a visibilidade do produto brasileiro em mercados estratégicos e cria rotas comerciais mais curtas entre a granja e o cliente final. O conjunto acrescenta densidade à oferta nacional, condição para atender a picos de demanda sem comprometer a regularidade no abastecimento interno.

Para manter o ritmo, o setor precisa continuar a investir em padronização, tecnologia e governança. A meta é simples de enunciar e complexa de executar: vender bem, entregar no prazo e manter a qualidade prometida, lote após lote. A trajetória da carne de frango mostra que consistência e escala podem transformar o papel do Brasil no comércio global de proteínas. Agora, com números e estrutura apontando na mesma direção, o “voo internacional do ovo brasileiro” ganha altitude, com capacidade crescente de disputar espaço nas principais prateleiras do mundo.



Última atualização em 13 de outubro de 2025

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