Fiesp: indústria dispensa subsídio no preço do gás natural

Fiesp: indústria dispensa subsídio no preço do gás natural

Indústria Busca Preços Competitivos de Gás Natural, Rejeitando Subsídios, Afirma Presidente da Fiesp

Em um cenário onde a competitividade industrial brasileira é constantemente desafiada por custos de energia elevados, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) manifestou sua posição clara em relação ao gás natural: a indústria não busca subsídios governamentais, mas sim um acesso sustentável a preços mais competitivos. A declaração foi feita pelo presidente da Fiesp, Josué Gomes, durante um seminário sobre o programa “Gás Para Empregar”, promovido pela própria federação, com a presença do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

A estratégia delineada pela Fiesp e endossada, ao menos em parte, pelo Ministério de Minas e Energia (MME), visa a aumentar a oferta de gás natural a preços que permitam à indústria brasileira competir em pé de igualdade com outros mercados globais. O foco está na viabilização de um leilão do gás da União, direcionado especificamente a clientes industriais, como uma das medidas para alcançar esse objetivo. A visão é de que a solução para o problema do alto custo do gás não reside em medidas paliativas, como subsídios, mas sim em uma reestruturação do mercado que garanta a sustentabilidade e a longevidade do acesso a preços justos.

O Impacto do Preço do Gás na Competitividade Industrial

Josué Gomes enfatizou que o atual preço do gás natural no Brasil representa um entrave significativo para a competitividade de diversos setores industriais. Setores como o petroquímico, o de vidro e o de pisos cerâmicos são particularmente afetados pelos altos custos da energia, o que impacta diretamente na sua capacidade de competir tanto no mercado interno quanto no externo. A diferença gritante entre o preço praticado no Brasil, que pode chegar a US$ 16 por milhão de BTU (British Thermal Unit), e o de outros países, onde o gás é oferecido a US$ 3 ou US$ 4 por milhão de BTU, coloca a indústria nacional em desvantagem.

Essa disparidade de preços não apenas reduz a margem de lucro das empresas, mas também impacta a capacidade de investimento em novas tecnologias e na expansão da produção. Além disso, a dependência de um gás natural caro torna a indústria mais vulnerável a flutuações do mercado internacional e a eventuais crises de abastecimento. Portanto, a busca por um gás natural mais competitivo não é apenas uma questão de redução de custos, mas também de garantia da segurança energética e do futuro da indústria brasileira.

A Proposta da Fiesp e o Programa Gás Para Empregar

A proposta da Fiesp alinha-se com os objetivos do programa “Gás Para Empregar”, uma iniciativa do governo federal que visa a impulsionar o setor industrial por meio da oferta de gás natural a preços mais acessíveis. O programa, que conta com o apoio da indústria, busca criar um ambiente favorável ao desenvolvimento econômico, à geração de empregos e ao aumento da competitividade das empresas brasileiras. No centro da estratégia está o leilão de gás natural da União, que é visto como uma oportunidade de injetar uma molécula mais barata no mercado.

No entanto, o sucesso do programa “Gás Para Empregar” depende de uma série de fatores, como a capacidade do governo de atrair investimentos para a produção e distribuição de gás natural, a modernização da infraestrutura e a criação de um ambiente regulatório estável e previsível. Além disso, é fundamental que o programa seja implementado de forma transparente e eficiente, garantindo que os benefícios cheguem efetivamente às empresas que mais precisam. A Fiesp, como representante do setor industrial, tem um papel importante a desempenhar no acompanhamento e na avaliação do programa, buscando garantir que ele atinja seus objetivos.

O Potencial do Gás Não-Convencional da Argentina e do Pré-Sal Brasileiro

Uma das alternativas apontadas por Josué Gomes para aumentar a competitividade do mercado brasileiro de gás natural é o acesso às reservas de gás não-convencional da Argentina, em particular as da formação de Vaca Muerta. A Argentina possui uma das maiores reservas de gás não-convencional do mundo, e a exploração desse recurso poderia representar uma importante fonte de abastecimento para o Brasil, reduzindo a dependência de fontes mais caras e voláteis. A importação de gás da Argentina, no entanto, enfrenta desafios logísticos e regulatórios que precisam ser superados para que essa alternativa se torne viável.

Além do gás argentino, o Brasil também possui um grande potencial de produção de gás natural no pré-sal. As reservas do pré-sal são vastas e representam uma importante fonte de riqueza para o país. No entanto, a exploração dessas reservas requer investimentos significativos em tecnologia e infraestrutura, além de um ambiente regulatório favorável. O governo brasileiro tem buscado atrair investimentos para o setor de petróleo e gás, com o objetivo de aumentar a produção e reduzir os custos de exploração. A expectativa é de que, nos próximos anos, a produção de gás natural do pré-sal aumente significativamente, contribuindo para a redução dos preços e o aumento da competitividade da indústria brasileira.

Desafios e Oportunidades no Mercado de Gás Natural

O mercado de gás natural no Brasil enfrenta uma série de desafios que precisam ser superados para que o país possa aproveitar todo o seu potencial. Um dos principais desafios é a falta de infraestrutura, como gasodutos e terminais de regaseificação, que dificulta o transporte e a distribuição do gás natural. Além disso, o mercado é ainda muito concentrado, com poucos agentes atuando na produção, no transporte e na distribuição do gás. Essa concentração limita a concorrência e dificulta a redução dos preços.

Apesar dos desafios, o mercado de gás natural também oferece grandes oportunidades para o Brasil. O país possui um grande potencial de produção, tanto no pré-sal quanto em outras áreas, e a demanda por gás natural está crescendo, impulsionada pelo aumento do consumo de energia e pela busca por fontes mais limpas e eficientes. Além disso, o governo brasileiro tem implementado uma série de medidas para modernizar o setor de gás natural, como a abertura do mercado à concorrência, a criação de um marco regulatório mais claro e estável e a promoção de investimentos em infraestrutura. A expectativa é de que essas medidas contribuam para a criação de um mercado de gás natural mais competitivo, eficiente e sustentável.

Futuras Perspectivas para o Setor de Gás Natural no Brasil

O futuro do setor de gás natural no Brasil é promissor, mas desafiador. A combinação de grandes reservas, demanda crescente e um ambiente regulatório em evolução cria um cenário de oportunidades para investidores e empresas do setor. No entanto, é fundamental que o governo e o setor privado trabalhem juntos para superar os desafios e garantir que o Brasil possa aproveitar todo o seu potencial. O sucesso do programa “Gás Para Empregar” e do leilão de gás natural da União serão indicadores importantes do rumo que o setor tomará nos próximos anos.

A longo prazo, a tendência é de que o gás natural se torne uma fonte de energia cada vez mais importante para o Brasil, tanto para a indústria quanto para outros setores da economia. A transição para uma economia de baixo carbono e a crescente preocupação com a segurança energética devem impulsionar a demanda por gás natural, que é uma alternativa mais limpa e eficiente do que outras fontes fósseis. Além disso, o desenvolvimento de novas tecnologias, como a captura e o armazenamento de carbono, pode tornar o gás natural ainda mais sustentável. O Brasil tem todas as condições para se tornar um importante player no mercado global de gás natural, mas para isso é preciso planejamento, investimento e visão de longo prazo.





Última atualização em 19 de junho de 2025

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Artigo Anterior
Polietileno nacional ganha força e promete qualidade superior frente às importações no mercado brasileiro.

Polietileno nacional ganha força e promete qualidade superior frente às importações no mercado brasileiro.

Próximo Artigo
Reforma elétrica e fim de subsídios: impacto jurídico e no preço da conta de luz

Reforma elétrica e fim de subsídios: impacto jurídico e no preço da conta de luz




Posts Relacionados