Maior operação do Mapa em Paranaguá garante destino legal da soja irregular e protege a cadeia exportadora

Maior operação do Mapa em Paranaguá garante destino legal da soja irregular e protege a cadeia exportadora

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) acompanha, desde 6 de agosto, a destinação final de cerca de 7 mil toneladas de soja e farelo de soja apreendidas no Porto de Paranaguá (PR). O volume, recolhido em abril em ação conjunta com a Polícia Federal, é transportado para Araras (SP), onde passa por processo de compostagem industrial sob controle técnico. Trata-se de uma das maiores operações do tipo já conduzidas no terminal paranaense, pela combinação de escala, complexidade logística e exigência de rastreabilidade em todas as etapas.

A decisão judicial autorizou a destinação controlada do material, com fiscalização contínua de auditores do Mapa. A medida impede a reinserção de lotes reprovados no circuito comercial, resguarda contratos e reduz riscos associados a fraudes e a mercadorias fora de especificação. São previstas cerca de 150 viagens em caminhões bi-trem até a unidade da Sociedade Industrial de Fertilizantes Ltda. (Ciafértil), empresa registrada no Mapa e responsável pela transformação do produto deteriorado em fertilizante orgânico, conforme protocolos técnicos aplicáveis ao setor.

Mapa fiscaliza maior operação de destinação final de soja irregular realizada em Paranaguá

A operação envolve fiscalização em cadeia: do carregamento nos armazéns e terminais de Paranaguá ao recebimento em Araras, passando por pesagem, lacração, documentação e registro fotográfico. Auditores do Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (Sipov/PR), do 8º Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sipoa) e técnicos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) acompanham o processo. O Mapa coordena ainda ações do Programa Vigifronteiras e do Serviço de Fiscalização de Insumos e Sanidade Vegetal de São Paulo (SISV-SP), responsáveis pela verificação do cumprimento dos procedimentos definidos para movimentação e reciclagem do material recolhido.

Segundo a pasta, o objetivo é garantir que os lotes reprovados por má qualidade e indícios de adulteração não retornem ao mercado como grão ou farelo aptos ao consumo de humanos ou animais. A destinação por compostagem, realizada por empresa registrada e auditada, ocorre com controle de parâmetros técnicos de processo e com emissão de relatórios que detalham pesagens, entradas, saídas, transformações e rastreabilidade por lote. O caso tramita na 13ª Vara Federal de Curitiba e segue em investigação para apuração de responsabilidades.

Como foi a ação no porto e o que motivou a apreensão

Os lotes foram retidos após tentativa de reinserção, no fluxo logístico do porto, de cargas previamente rejeitadas por não conformidade. Equipes do Mapa e da Polícia Federal identificaram presença de areia acima do aceitável, sinais de manipulação intencional e condições inadequadas de conservação. Havia relatos e registros de acúmulo de produto sem separação adequada, poças d’água, fezes de aves e ocorrência de roedores, além de falhas na documentação exigida para rastreabilidade. Na prática, tratava-se de um conjunto de irregularidades que comprometia a qualidade, o histórico e a origem dos lotes, o que inviabilizou seu uso como grão ou ingrediente para ração nas condições encontradas.

A retenção, feita em abril, deu início a auditorias técnicas, coleta de evidências e procedimentos periciais. Os dados reunidos balizaram o pedido de destinação controlada por reciclagem, medida voltada a impedir prejuízos a compradores externos e internos e a reduzir litígios comerciais. Em operações desse tipo, a decisão de descarte controlado evita que o material siga para exportação ou consumo doméstico, onde a conformidade é determinante para a manutenção de contratos e para a previsibilidade de embarques.

Transporte em 150 viagens e controles do ponto A ao ponto B

O plano logístico prevê cerca de 150 viagens em caminhões bi-trem, modal comum no transporte de grãos pelo eixo Sul–Sudeste. A cada carregamento, o lote é pesado e lacrado na origem, com registro do número do lacre, do veículo e do motorista. A documentação acompanha o percurso, com identificação do lote, do armazém de origem e do destino. No recebimento em Araras, ocorre a conferência: pesagem em balança certificada, verificação de lacres, análise de divergências e emissão de registros fotográficos. Qualquer inconsistência é relatada em formulário específico e comunicada ao Mapa para avaliação imediata.

A operação trabalha com janelas de carregamento e descarga para evitar filas, reduzir tempos de espera e manter o fluxo de rotas do porto. Coordenadores logísticos do terminal e da empresa receptora trocam informações de horário e capacidade diária, de modo a distribuir a movimentação sem interferir no calendário de embarques regulares. O monitoramento de trajeto utiliza os dados informados pelos transportadores e os controles de entrada e saída nas instalações, compondo a trilha documental da carga até sua transformação.

O que acontece com a soja apreendida: compostagem industrial passo a passo

Na unidade registrada, a soja e o farelo passam por triagem e, quando necessário, por trituração para ajuste de tamanho de partícula. Em seguida, o material é misturado com componentes estruturantes ricos em carbono, como cavacos ou material lignocelulósico, para compor pilhas com relação adequada entre carbono e nitrogênio. Essa etapa é essencial para favorecer a atividade microbiana que conduz a transformação do produto original em composto. O processo é gerido com base em metas de umidade e temperatura, suficientes para garantir a estabilidade e a higiene do resultado final. Em plantas industriais, são comuns ciclos em que as pilhas atingem faixas de temperatura elevadas durante o período termófilo, condição verificada por sensores ou medições diárias e registrada em planilhas de controle.

Ao longo do ciclo, operadores realizam revolvimentos periódicos para oxigenação e homogeneização. O tempo total varia conforme volume, granulometria, umidade e regime de aeração, mas segue um roteiro técnico que contempla aquecimento, manutenção em patamares térmicos e resfriamento. Concluída a etapa de maturação, o composto é peneirado, podendo receber correções de umidade e granulometria para padronização. Amostras são coletadas para verificação de parâmetros de qualidade compatíveis com fertilizantes orgânicos produzidos por reciclagem de materiais agroindustriais, como teor de matéria orgânica, pH, condutividade elétrica e ausência de materiais indesejáveis perceptíveis a olho nu.

Testes, laudos e padrões de rastreabilidade do fertilizante gerado

Cada lote processado origina um conjunto de documentos que permite rastrear o percurso completo do material — do armazém de Paranaguá às pilhas de compostagem e ao produto final. Os registros incluem as pesagens de entrada e saída, os números de lacre, as identificações dos veículos, as horas de recebimento, os mapas de revolvimento e os relatórios de temperatura. Em paralelo, são emitidos laudos laboratoriais com os parâmetros de qualidade do fertilizante orgânico resultante. Esses documentos subsidiam o trabalho dos auditores e demonstram que a destinação seguiu o plano aprovado, sem desvio de finalidade ou reinserção indevida no comércio de grãos e farelos.

Em operações desse porte, a rastreabilidade funciona como a espinha dorsal do controle. Ela assegura que cada tonelada enviada de Paranaguá conste em planilha no destino, associada a um lote de composto específico. Essa vinculação por pares entrada–saída permite auditorias cruzadas, conferências amostrais e reconciliação de massa, instrumento que compara volumes recebidos e volumes emitidos após a transformação. Em caso de divergência, os relatórios acionam verificação de pesagens, checagem de medições e inspeção das etapas de processo. O objetivo é comprovar, documentalmente, que toda a carga apreendida foi transformada conforme previsto.

Acompanhamento técnico do Mapa em todas as fases

Auditores do Sipov/PR e do Sipoa acompanham a operação desde a origem, verificando condições de armazenamento, higienização das áreas de carga, integridade dos lacres e consistência da documentação. No destino, equipes do SISV-SP fiscalizam recebimento, controles de processo e registros de qualidade do composto final. O Programa Vigifronteiras participa com orientações de vigilância e procedimentos para prevenir desvios durante o transporte, incluindo rotinas de conferência de notas, checagem de placas e conferência de cronogramas de chegada e saída dos veículos.

Todo o processo é documentado por meio de relatórios e registros fotográficos. As imagens servem para evidenciar o estado do material na origem, a integridade dos lacres durante a expedição e a condição das pilhas e pátios no destino. Os documentos são anexados ao processo administrativo e podem ser requisitados pela Justiça. Na prática, essa trilha de evidências fornece lastro técnico para as decisões sobre destinação, além de facilitar auditorias independentes e inspeções extraordinárias quando necessárias.

Irregularidades identificadas e riscos comerciais de reinserção

As irregularidades verificadas incluíram presença de areia e sinais de adulteração intencional para ajuste de parâmetros de lote, prática que altera características físicas e pode mascarar defeitos. Havia ainda problemas sanitários nos pontos de armazenamento, como acúmulo de produto sem segregação, presença de umidade livre, fezes de aves e ocorrência de roedores. Esses fatores aumentam a chance de perda de qualidade e comprometem a idoneidade do lote. A soma de não conformidades levou à reprovação técnica e à determinação de descarte controlado, medida aplicada quando a correção do problema não é possível ou quando a origem e o histórico do material ficam irremediavelmente comprometidos.

O risco de reinserção de cargas reprovadas no fluxo comercial afeta contratos, credibilidade e pode desencadear disputas entre compradores e vendedores. Em exportações, a ocorrência de não conformidades pode resultar em renegociação de lotes, descontos expressivos ou, em casos severos, rejeição no destino, com custos de retorno e armazenagem. Ao impedir o reingresso de mercadoria fora de especificação, a operação protege a previsibilidade de embarques, aspecto sensível em períodos de pico de safra e alta utilização de terminais.

Cadeia de custódia: da origem ao descarte por reciclagem

Para manter a cadeia de custódia, cada lote apreendido recebe identificação única. A etiqueta acompanha o volume desde a emissão da ordem de transporte até a conclusão do processo de compostagem. Os dados incluem origem, data, hora, veículo, motorista, número de lacre, peso de saída e peso de chegada. Ao final, o fertilizante gerado é vinculado ao lote inicial por meio de código de rastreio, documento que permite conferir correspondência entre massa de entrada e massa de saída após descontadas perdas inerentes ao processo, como evaporação de água e degradação de matéria orgânica.

Essa trilha documental impede a fragmentação descontrolada de lotes e dificulta qualquer tentativa de desvio. Se o caminhão demora mais que o previsto, o relatório de transporte registra a exceção; se um lacre se rompe, a ocorrência é registrada e analisada, com substituição autorizada e fotografada. No destino, a equipe confere antes de descarregar, garantindo que o material processado é, de fato, aquele retido pelo Mapa e direcionado pela Justiça para destinação controlada.

Aspectos legais e andamento no Judiciário

O caso está sob responsabilidade da 13ª Vara Federal de Curitiba. A autorização para destinação por compostagem, iniciada em 6 de agosto, foi concedida após a análise dos laudos e relatórios de fiscalização produzidos desde abril. O processo judicial segue para apurar as responsabilidades de pessoas físicas e jurídicas envolvidas nas irregularidades e eventual tentativa de reinserção no mercado. As partes podem apresentar manifestações, perícias complementares e pedidos de diligência, conforme o rito processual, enquanto a destinação da carga apreendida avança sob fiscalização do Mapa.

Decisões dessa natureza costumam levar em conta dois eixos: a preservação do interesse público e a mitigação de riscos para a cadeia comercial. Ao converter a mercadoria reprovada em fertilizante orgânico, o Judiciário elimina a possibilidade de reaproveitamento indevido e encerra a controvérsia sobre a comercialização do lote original. Paralelamente, mantém-se a coleta de provas e a identificação de responsabilidades, inclusive sobre a origem das irregularidades e a participação de agentes envolvidos no fluxo logístico.

Porto de Paranaguá: controle de qualidade e recorde de movimentação

Enquanto a destinação avança, o Porto de Paranaguá registra volume elevado de operações, segundo a administração portuária. O terminal mantém rotinas de controle que incluem amostragem, verificação de umidade, classificação e inspeções documentais. Embarques e desembarques seguem calendário, com programação de navios e janelas de atracação que exigem sincronização entre armazéns, terminais e transportadores. A condução paralela de uma grande operação de descarte mostra que o terminal mantém capacidade para lidar com contingências sem interromper o fluxo regular.

No dia a dia, a disciplina de processos reduz a ocorrência de problemas na origem e torna mais ágil a tomada de decisão quando uma carga não atende aos requisitos. Ao identificar não conformidades, a resposta padronizada — retenção, perícia, documentação e destinação — evita insegurança jurídica e protege a previsibilidade de embarques. Para operadores, isso significa reduzir o risco de paradas de navios por questões de qualidade e manter a confiança de compradores, que dependem de lotes com especificações conhecidas e estáveis.

O papel de cada órgão na operação

O Mapa lidera a fiscalização técnica, emite as orientações para destinação e acompanha a execução nos pontos de origem e destino. A Polícia Federal atua no campo investigativo e repressivo, apurando eventuais crimes relacionados à adulteração, falsidade documental ou organização criminosa. A Conab auxilia com expertise em classificação e controle de estoques, reforçando a robustez das avaliações de qualidade. A administração do porto oferece suporte operacional e logístico para isolar lotes, organizar janelas de carregamento e equilibrar a agenda de embarques.

No destino, o SISV-SP fiscaliza a empresa responsável pela compostagem e verifica o cumprimento das boas práticas de processo e dos registros exigidos. O Programa Vigifronteiras contribui com medidas de vigilância de trajeto e de prevenção a desvios durante o transporte entre estados. Essa divisão de responsabilidades favorece a transparência e a integridade do procedimento, com cada instituição atuando dentro de sua competência legal e técnica.

Parâmetros de qualidade mais observados em grãos e farelos

Operações de classificação de soja e farelo observam um conjunto de parâmetros que variam conforme contratos e práticas de mercado. Entre os itens recorrentes estão umidade, impurezas, matérias estranhas, presença de areia, esverdeados, avariados, grãos ardidos e odor. A consistência da amostragem é determinante: coletas representativas, devidamente lacradas e acompanhadas de documentação, reduzem disputas e reanálises. Em farelos, avaliações físico-químicas e microscópicas ajudam a identificar alterações de processo, adições não declaradas e contaminações cruzadas.

Além da qualidade intrínseca, a conformidade documental é decisiva. Notas, certificados de classificação, comprovantes de origem e registros de transporte formam o dossiê do lote. Falhas de rastreabilidade, como ausência de vínculos claros entre armazéns, cargas e documentos, elevam o risco de retenções e destinações compulsórias. Para operadores, manter os papéis em ordem e atualizados é tão importante quanto preservar a qualidade física do produto.

Roteiro prático para empresas evitarem reprovações e perdas

Empresas que atuam no escoamento da safra podem reduzir a probabilidade de retenções com um conjunto de rotinas simples e eficazes. A limpeza e a desinfecção periódica de armazéns e moegas evitam contaminações visíveis e redução de qualidade por contato com pragas. A segregação por lote, mantendo volume, origem e data claramente identificados, reduz misturas não autorizadas. Embarques assistidos por checklists de pré-carregamento ajudam a capturar problemas antes da expedição, como umidade acima do acordado ou documentação incompleta.

Outra frente é o controle de umidade. Monitoramentos de rotina, com equipamentos aferidos e registros arquivados, sustentam a classificação e protegem contratos. Transportadores devem inspecionar caçambas e lonas para impedir entrada de água e de partículas estranhas. Na documentação, o uso de numeração sequencial e a conferência de lacres, placas e horários reduzem variações de percurso e facilitam auditorias. Esses cuidados básicos evitam perdas financeiras significativas e resguardam relações comerciais, sobretudo em períodos de alta demanda logística.

Linha do tempo: do flagrante à destinação controlada

Em abril, a fiscalização no Porto de Paranaguá reteve lotes de soja e farelo com indícios de adulteração e falhas de conservação. Na sequência, equipes do Mapa, da Polícia Federal e da Conab coletaram amostras, elaboraram laudos e consolidaram evidências. O material foi mantido sob custódia, com acesso restrito, enquanto a tramitação avançava. Nesse período, foram organizados relatórios técnicos e mapeadas as opções de destinação que não implicassem circulação comercial da mercadoria reprovada.

Em 6 de agosto, a Justiça autorizou a destinação por compostagem em Araras, com transporte fracionado em cerca de 150 viagens de caminhão bi-trem. O Mapa iniciou o acompanhamento em todas as fases, do carregamento à transformação do material em fertilizante orgânico. As investigações prosseguem na 13ª Vara Federal de Curitiba, etapa em que são definidos os responsáveis pelas irregularidades e eventuais penalidades cabíveis. A destinação controlada segue seu cronograma até a completa transformação dos lotes.

Dentro da usina: controles operacionais e registro de processo

No pátio de Araras, a recepção da carga começa pela conferência de documentos e lacres. O caminhão segue para a balança, onde a pesagem é registrada, e então descarrega na área designada, separada por lote. Técnicos aferem a umidade do material, verificam a presença de corpos estranhos visíveis e emitem o relatório de entrada. Depois, o produto é direcionado ao preparo da mistura com os componentes estruturantes. O objetivo é montar pilhas com aeração uniforme, permitindo que a microbiota faça a transformação do material original em composto estável e seguro para uso agrícola.

Durante o processo, são realizados revolvimentos em frequência definida no plano de operação, medição de temperatura em diferentes pontos das pilhas e registros de umidade. As informações são lançadas em planilhas ou sistemas internos de controle, compondo o histórico de cada pilha. No encerramento do ciclo, o composto passa por peneiramento para uniformização e, quando aplicável, por ajustes de umidade e granulometria. Amostras são encaminhadas para laboratório, que emite laudos dos parâmetros exigidos para comercialização do fertilizante orgânico, vinculando cada laudo ao lote correspondente.

Segurança operacional no transporte e no pátio de processamento

O deslocamento entre Paranaguá e Araras segue rotas previamente definidas, com prazos estimados para cada viagem, comunicação de partida e chegada e checagens de integridade dos lacres. Os motoristas recebem orientações sobre documentos a portar e procedimentos em caso de incidentes, como necessidade de troca de pneus, avarias ou acidentes. A empresa receptora mantém equipe de prontidão para registrar ocorrências e informar o Mapa. Quando há discrepância entre o peso declarado e o peso de chegada, o protocolo prevê rechecagens na balança e inspeção adicional do veículo para excluir perdas na rota.

No pátio, a sinalização separa áreas de trânsito de caminhões e áreas de processamento. A movimentação de pilhas é feita por pás carregadeiras e tratores equipados para revolvimento, com rotas definidas para evitar cruzamentos desnecessários. A manutenção de equipamentos e a calibração periódica de instrumentos, como termômetros de haste e balanças, constam do plano de controle. Esses elementos, somados à rastreabilidade documental, tornam a operação auditável e reduzem chances de falhas no fluxo de trabalho.

Por que a compostagem foi escolhida como destino

Quando grãos e subprodutos perdem a condição de uso para consumo ou alimentação animal, a reciclagem por compostagem se apresenta como alternativa viável sob controle técnico. O método transforma um volume com qualidade comprometida em um insumo útil à agricultura, com parâmetros de qualidade definidos e passível de fiscalização. Em comparação a outras opções, a compostagem industrial oferece trilha documental clara e verificação simples do cumprimento de etapas, fatores valorizados em processos sob acompanhamento do Judiciário e de órgãos de fiscalização federais e estaduais.

Outro ponto favorável é a possibilidade de padronizar as rotinas de controle e de registrar, em relatórios, todos os marcos do processo: temperaturas atingidas, tempos de permanência e frequências de revolvimento. Esse conjunto de evidências, aliado a laudos laboratoriais do produto final, comprova que o material apreendido não retornou ao mercado na forma original e que passou por transformação integral, como determinado pela decisão judicial que autorizou a destinação iniciada em 6 de agosto.

Efeitos para produtores, tradings e operadores logísticos

A operação em Paranaguá serve de alerta para toda a cadeia. Para produtores e armazéns, reforça a importância de manter controles de recebimento, classificação e estocagem, assegurando que apenas lotes conformes avancem para o porto. Para tradings, evidencia a necessidade de auditorias internas e de padronização de processos, com atenção a contratos de fornecimento que definem tolerâncias e penalidades. Em um cenário de alta movimentação, reduzir retrabalho e evitar retenções é um diferencial econômico e operacional.

Transportadores e operadores portuários também tiram lições. Caminhões e vagões devem estar limpos e em condições de vedação; terminais precisam manter áreas de triagem e isolamento para cargas sob suspeita, além de fluxos de comunicação rápidos com as equipes de fiscalização. O investimento em equipamentos de amostragem e em treinamento reduz reclassificações e melhora a previsibilidade. No conjunto, essas medidas diminuem a exposição a perdas financeiras, indenizações e custos de destinação de volumes reprovados.

Como a fiscalização identifica adulterações e contaminações

Irregularidades como presença de areia e de materiais estranhos podem ser detectadas com inspeção visual, peneiramento e medições de densidade aparente. Alterações de umidade, odor fora do usual ou aparência de grãos avariados também acendem alertas. Em farelos, análises físico-químicas e microscópicas ajudam a identificar adições não declaradas e a distinguir alterações de processo térmico. Quando há suspeita consistente, lotes são isolados e periciados, com coleta de amostras sob lacre para repetição de testes em laboratórios independentes.

A cadeia documental é examinada em paralelo. Inconsistências entre pesos, datas, placas e origens podem revelar tentativas de mascarar a trajetória do material. Embarques sem certificações previstas em contrato ou com notas com numeração fora da sequência esperada levantam dúvidas sobre a integridade do lote. A soma dessas evidências, físicas e documentais, embasa a decisão de reter a carga e, se confirmado o problema, de aplicar a destinação final por reciclagem.

Perguntas que surgem com frequência e o que dizem os órgãos

Um questionamento comum é por que não se separa a parte “boa” da carga para aproveitamento. Em operações deste porte, a identificação de manipulação intencional e falhas graves de conservação torna impraticável garantir, com segurança e rastreabilidade, quais porções poderiam ser liberadas. A decisão de destinar o volume integral para compostagem elimina o risco de reintrodução de material comprometido e simplifica a auditoria do cumprimento da medida determinada pela Justiça.

Outra dúvida recorrente é sobre a duração do processo e quando a destinação termina. O cronograma depende de variáveis como capacidade diária de transporte, janelas de recebimento na usina e tempo de processamento das pilhas. O Mapa informa que acompanha o fluxo desde 6 de agosto e que cada etapa é registrada. Ao final, relatórios consolidam as massas recebidas, os lotes processados e os laudos do fertilizante resultante, encerrando a destinação do material apreendido em abril no Porto de Paranaguá.

Capacidade do sistema e coordenação com a rotina de embarques

Operações extraordinárias, como a destinação das 7 mil toneladas, exigem sincronia fina com a rotina do porto. A programação evita choque com picos de embarque e considera fatores como escala de navios, disponibilidade de armazéns e turnos das equipes. O objetivo é que a logística de descarte não afete a agenda de movimentação que o terminal já cumpre. A administração portuária mantém comunicação com transportadores e a unidade de destino para regular a cadência de saídas e chegadas dos caminhões ao longo dos dias.

A experiência acumulada em Paranaguá com grandes volumes permite que a operação de destinação seja executada com previsibilidade. Quando há concentração de cargas reprovadas, a resposta padronizada — isolamento, auditoria e destinação — reduz ruído e dá clareza a todos os atores da cadeia. Com a logística ajustada, a execução tende a seguir sem sobressaltos, desde que os processos de conferência e documentação permaneçam rigorosos.

O que muda para o produtor e para o comprador com medidas desse tipo

Para o produtor, o recado é direto: qualidade e rastreabilidade são exigências incontornáveis. Lotes que saem da fazenda com documentação correta, controle de umidade e segregação por talhão ou área de produção têm menos chance de retenção. Em contrapartida, falhas de limpeza de silos, falta de controle de pragas e documentação incompleta elevam o risco de reprovações e perdas. O custo de corrigir problemas na ponta final da cadeia costuma ser maior do que o de preveni-los na origem.

Para o comprador, medidas como a de Paranaguá reforçam a confiança em que cargas não conformes não chegarão ao destino como produto regular. As cláusulas de qualidade em contratos ganham densidade quando respaldadas por um sistema de fiscalização que age rapidamente em casos de irregularidade. Isso ajuda a estabilizar preços, reduzir demandas por descontos extemporâneos e dar fluidez aos embarques, fatores essenciais para o planejamento de indústrias e para a manutenção da competitividade em mercados internacionais.

Próximos passos e o que acompanhar daqui para frente

A destinação controlada segue em Araras com as cargas iniciadas em 6 de agosto. A cada lote processado, a empresa registra entradas, saídas e laudos, que são auditados pelo Mapa. Ao término do fluxo de transporte — estimado conforme a cadência de viagens de caminhões bi-trem —, a etapa final consiste em consolidar relatórios e comprovar, com documentos, que todo o volume apreendido em abril foi transformado. Esse encerramento é comunicado às autoridades responsáveis, com a guarda dos registros para eventuais auditorias futuras.

No campo jurídico, o processo segue na 13ª Vara Federal de Curitiba, com diligências e análises sobre as responsabilidades dos envolvidos. A definição de autores, facilitadores e beneficiários das irregularidades observadas orientará as medidas cabíveis. Enquanto isso, a fiscalização permanece atenta ao fluxo logístico do porto. O recado ao mercado é claro: cargas reprovadas por má qualidade, indícios de adulteração e falhas graves de conservação não voltam ao circuito comercial como grão ou farelo; a destinação ocorre com rastreabilidade e verificação técnica até o último passo.



Última atualização em 21 de agosto de 2025

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