Exportações recordes e margens positivas no 1º semestre elevam a rentabilidade da suinocultura industrial

Exportações recordes e margens positivas no 1º semestre elevam a rentabilidade da suinocultura industrial

O primeiro semestre de 2025 fechou com um marco histórico para a carne suína do Brasil. De janeiro a junho, os embarques de carne suína in natura superaram 630 mil toneladas e alcançaram US$ 1,626 bilhão em receita, com avanços expressivos sobre 2024. O movimento foi puxado por ganhos de participação de destinos como Filipinas e Japão, enquanto China e Hong Kong reduziram compras. Em agosto, as cotações na suinocultura industrial seguem sustentadas por custos mais administráveis e por demanda externa firme, mesmo com turbulências em outras proteínas.

O balanço de julho e o início de agosto trouxeram um elemento adicional ao cenário: o anúncio feito em 9 de julho de uma tarifa de 50% às importações do Brasil por parte dos Estados Unidos, com início previsto para 1º de agosto. Houve recuos em alguns itens, mas a carne bovina permaneceu sob sobretaxa até 31 de julho. Para a cadeia suína, a exposição direta é pequena, já que o volume vendido aos EUA é limitado, mas os efeitos indiretos sobre preços relativos entre proteínas e sobre o escoamento no mercado interno merecem atenção. Mesmo assim, os números até o fim de julho indicam margens positivas no sistema industrial, com ajustes localizados de preço e um conjunto de indicadores que, somados, explicam o desempenho do setor.

Panorama do semestre: volume recorde e salto de receita

Os embarques de carne suína in natura entre janeiro e junho de 2025 somaram mais de 630 mil toneladas e US$ 1,626 bilhão. As variações são robustas: alta de 19,2% no volume (acréscimo de 101,4 mil toneladas) e de 34,8% na receita (mais US$ 419,4 milhões) frente ao mesmo intervalo de 2024. Esses resultados confirmam que a leitura no início do ano — de que haveria avanço — era conservadora diante do ritmo observado. Além do efeito de quantidade, destaca-se o ganho de valor por tonelada, reflexo de mix de clientes, câmbio e composição de produtos.

Quando se consideram todos os produtos, entre in natura e processados, o total exportado no semestre alcançou 722 mil toneladas, 17,6% acima de 2024, e a receita chegou a US$ 1,723 bilhão, avanço de 32,6% na mesma comparação. A soma desses fatores colocou a suinocultura industrial em patamar raro de volumes e faturamento, criando um colchão para enfrentar oscilações pontuais no mercado interno ao longo de julho e agosto.

Quem ganhou espaço e quem perdeu: rotação de destinos

A fotografia do semestre revela a ascensão de Filipinas e Japão na lista de compradores. A demanda filipina, recorrente e com apetite por cortes específicos, ajudou a dar vazão a grandes volumes, enquanto o Japão se destacou tanto em toneladas quanto em valor, assumindo o terceiro lugar em junho nas quantidades e a segunda posição em receitas. Essa combinação melhora o ticket médio e dilui a dependência de um único grande comprador, algo estratégico para a indústria.

Em direção oposta, China e Hong Kong mantiveram a tendência de retração nas compras brasileiras. A redução não impediu o recorde geral, porque outros destinos absorveram a oferta, mas exige atenção para o posicionamento comercial no segundo semestre. Com menos tração desses mercados, o Brasil precisa preservar competitividade logística, sanitária e de preço, além de calibrar o mix de cortes conforme a sensibilidade de cada cliente.

Mês a mês: cinco meses seguidos acima de 100 mil toneladas

Em 2025, todos os meses registraram recorde de exportações de carne suína in natura na série histórica. Entre fevereiro e junho, pela primeira vez, houve cinco meses consecutivos acima de 100 mil toneladas. Essa consistência indica que o desempenho não foi pontual, e sim sustentado por carteiras de pedidos escalonadas, contratos de médio prazo e acesso a mercados com exigências distintas, o que reduz a volatilidade dos embarques.

Junho reforçou o padrão. Foi o maior volume mensal do ano até então e consolidou a ascensão do Japão no ranking mensal, sem alterar a leitura de enfraquecimento relativo de China e Hong Kong. Na prática, a indústria trabalhou com escalas mais previsíveis, facilitando o planejamento de abate, a ocupação de plantas e a gestão de estoques. Essa cadência contribuiu para margens melhores ao diluir custos fixos e otimizar rotas de carregamento.

Liderança por estados: Santa Catarina à frente, Rio Grande do Sul e Paraná aceleram

Santa Catarina liderou os embarques do primeiro semestre com 374,3 mil toneladas, alta de 11% frente ao mesmo período do ano anterior. A presença de plantas habilitadas a mercados de maior valor, a scale de integração e a especialização logística seguem como diferenciais. O Rio Grande do Sul veio na sequência, com 158,9 mil toneladas (+21,29%), e o Paraná completou o pódio com 111,3 mil toneladas (+38,81%), ritmo que ilustra ganhos de eficiência industrial e reconfiguração de rotas de exportação a partir de terminais do Sul e Sudeste.

Mato Grosso e Minas Gerais também registraram altas, com 18,5 mil toneladas (+5,46%) e 18,4 mil toneladas (+54,71%), respectivamente. Em Minas, a taxa de crescimento chama atenção e sugere uma base em rápida expansão, combinando novos contratos e aproveitamento de nichos em mercados de destino. A dispersão regional de resultados reduz gargalos, amplia a capilaridade de oferta e fortalece a posição do Brasil como fornecedor de alto volume com regularidade.

Tarifa dos EUA anunciada em 9 de julho: efeito direto pequeno no suíno, indireto no boi e nos preços relativos

O anúncio feito em 9 de julho fixou tarifa adicional de 50% às importações do Brasil a partir de 1º de agosto. Embora tenha havido recuos para alguns produtos até 31 de julho, a carne bovina permaneceu sujeita à sobretaxa. Para a suinocultura, a exposição direta aos Estados Unidos é reduzida: em 2024, as vendas de carne suína in natura foram de 18,4 mil toneladas (menos de 1,5% do total), e no primeiro semestre de 2025 somaram 7,4 mil toneladas (1,17% do total). Ou seja, o canal direto de impacto é limitado e não altera o quadro de exportações do suíno no curto prazo.

Já na cadeia bovina o reflexo foi imediato: no dia seguinte ao anúncio, o indicador CEPEA/ESALQ do boi gordo recuou quase R$ 5 por arroba em São Paulo, permanecendo abaixo de R$ 300/@. Somado ao ritmo fraco de vendas internas de carne bovina em julho, esse contexto freou negociações de abate e pressionou preços no boi e na carne. A leitura para o suíno é indireta: mudanças nos preços relativos entre proteínas podem deslocar demanda no varejo e no food service, afetando promoções, mix de cortes e velocidade de giro nas gôndolas.

Como o choque em outras proteínas chega à suinocultura

Quando uma proteína enfrenta barreiras comerciais, o primeiro efeito é setorial. O segundo é sistêmico: a competição no canal doméstico muda de patamar. Para o suíno, isso pode significar maior presença de ofertas promocionais do concorrente, ajustes de preço pelo varejo e readequações de compras pela indústria de alimentos. A resposta do setor suinícola tem sido reforçar a pauta externa e calibrar a disponibilidade para o mercado interno, preservando margens mesmo com ponctuais quedas semanais nas cotações em algumas praças ao longo de julho.

No curto prazo, a velocidade do escoamento externo é o amortecedor mais eficiente. Com a janela de exportações aberta e a sequência de meses acima de 100 mil toneladas, a indústria mantém escalas que evitam acúmulo de produto. Ao mesmo tempo, o atacado trabalha com pacotes de corte e calendários de vendas que mitigam a pressão de ofertas de outras proteínas, especialmente em períodos de renda mais contida das famílias.

Margens positivas em agosto: custos, produtividade e escala explicam o quadro

As margens positivas observadas na suinocultura industrial em agosto decorrem de três vetores principais. Primeiro, custos de alimentação mais previsíveis na virada do semestre, permitindo travas e compras programadas de milho e farelo com menor exposição a picos diários. Segundo, ganhos de produtividade no campo, com conversão alimentar controlada e melhor padronização de lotes, fatores que reduzem o custo por quilo produzido. Terceiro, o efeito de escala nas plantas, diluindo despesas fixas e elevando a eficiência do abate, especialmente nas unidades mais voltadas à exportação.

Mesmo com três semanas consecutivas de queda de preço em algumas regiões durante julho, o setor manteve relativa estabilidade. O balanço das cotações indica que o patamar de preços do suíno vivo, combinado com um custo de ração administrável e uma pauta de exportações aquecida, sustentou resultado operacional positivo para integradoras e cooperativas. No varejo, promoções pontuais ajudaram a manter giro, enquanto cortes com maior elasticidade de preço — como pernil desossado e costela — preservaram competitividade nas gôndolas.

Mercado interno em julho: férias escolares e ajuste fino na demanda

Segundo o Cepea, a demanda doméstica por carne suína arrefeceu em julho, efeito associado em parte ao período de férias escolares. O varejo e o food service ajustaram pedidos e sortimento, enquanto a indústria trabalhou com estoques de segurança menores. A consequência foi uma leitura semanal mais volátil de preços ao produtor em algumas praças, sem, no entanto, comprometer o quadro geral do trimestre graças ao amortecimento das exportações.

Na passagem para agosto, sinais de recomposição apareceram. Em 31 de julho, a Bolsa de Suínos de Belo Horizonte (BSEMG) registrou alta expressiva, com incremento de R$ 0,30/kg, avanço de 3,85% sobre a semana anterior. O movimento sugere reequilíbrio entre oferta e demanda nas granjas e reforça a leitura de margens positivas na suinocultura industrial, especialmente onde o escoamento externo é mais presente no mix de vendas.

Passo a passo para proteger o caixa nos próximos 90 dias

A disciplina financeira é decisiva quando o ambiente combina bons volumes de exportação com ruídos pontuais no mercado interno. Um roteiro prático para os próximos 90 dias ajuda a reduzir a volatilidade do resultado e a preservar capital de giro. O primeiro passo é mapear, por semana, o cronograma de abate e a curva de peso dos lotes, evitando penalidades por excesso de peso e perdas por subaproveitamento. Em paralelo, revisar contratos de grãos e o nível de travas já executadas, simulando cenários de preço para milho e farelo e determinando gatilhos de novas compras.

Na indústria, programações de expedição e janelas de embarque devem ser casadas com a disponibilidade de contêineres e com congestionamentos em portos. A comunicação diária entre produção, logística e comercial antecipa gargalos e reduz custos de espera. Para granjas integradas, um checklist de manejo — água, ambiência, sanidade e densidade — mantém a conversão alimentar dentro da meta e preserva o ganho médio diário, melhorando a previsibilidade do fluxo de caixa.

  • Travar parcialmente insumos quando o orçamento fecha com margem-alvo, em vez de tentar acertar o “fundo” do mercado.
  • Alinhar metas de peso de abate às bonificações de carcaça, priorizando a faixa de melhor remuneração.
  • Conferir custos de frete e alternativas modais ou rotas para reduzir quilômetros rodados e tempos de espera.
  • Padronizar cortes e embalagens conforme o cliente de destino para diminuir retrabalho e perdas.

Gestão de risco comercial: contratos, hedge e câmbio na prática

A volatilidade de grãos e do câmbio pede ferramentas de proteção. Em contratos de suprimento, cláusulas de reajuste atreladas a indicadores públicos dão transparência e reduzem disputas. Para quem tem exposição relevante a milho e farelo, operações de trava parcial via mercado futuro ou opções funcionam como seguro: limitam perdas em cenários adversos, mantendo upside parcial em cenários favoráveis. No câmbio, a priorização de prazos casados com embarques evita descasamentos entre faturamento e recebimento.

É útil adotar métricas simples para decisões táticas. Uma delas é o “ponto de equilíbrio dinâmico”, que considera custo de ração, despesas operacionais e preço projetado do suíno para os próximos 30 a 60 dias. Quando o preço do animal no atacado supera o ponto de equilíbrio por margem definida, aciona-se o gatilho para travas adicionais de insumos. O inverso também vale: se as travas elevam o custo acima do preço projetado do suíno, revê-se a exposição e adiam-se novas compras, preservando liquidez.

Qualidade e eficiência industrial: onde a margem aparece na linha

O ganho de margem não vem apenas de preço. Eficiência de linha e qualidade de carcaça fazem diferença, sobretudo quando a pauta externa exige padrões estreitos. Programas de padronização por tipificação, auditorias internas e calibração de equipamentos elevam o rendimento por animal. Menos desvios de espessura de gordura e melhor conformação aumentam o aproveitamento de cortes nobres, que têm maior valor no mix de exportação.

Na expedição, o controle de temperatura e a gestão de janelas de carga evitam perdas de shelf life e custos extras com reclassificação. Embarques para destinos de maior distância pedem foco redobrado na integridade da cadeia fria. Esses detalhes sustentam o ticket médio e reforçam a reputação do fornecedor, abrindo portas para contratos de prazo maior e reduzindo a necessidade de descontos táticos na ponta final.

O papel da logística e dos portos na competitividade do semestre

Com volumes recordes, a logística ganhou status de variável crítica. A previsibilidade dos agendamentos nos portos e a disponibilidade de contêineres reefer foram essenciais para evitar gargalos. A coordenação entre indústria, armadores e terminais permitiu consolidar cargas com menor ociosidade e reduzir devoluções, dois pontos que custam caro quando a demanda acelera. Nos meses de maior pico, pequenos ajustes de janela fizeram diferença para manter o fluxo.

No transporte rodoviário, negociações de frete alinhadas a volumes trimestrais deram fôlego para absorver oscilações de diesel e pedágios. Rotas alternativas e hubs regionais ajudaram a encurtar trechos de primeira perna, especialmente para plantas fora dos eixos portuários. Esses ganhos operacionais aparecem na margem, ainda que não com a mesma visibilidade do preço de venda, e explicam por que a suinocultura industrial sustentou resultado em meio a choques externos em julho.

Consumo doméstico: como defender espaço na gôndola

Com a competição entre proteínas mais acirrada, defender espaço na gôndola passa por mix e apresentação. Embalagens porcionadas, gramaturas compatíveis com tíquete médio e comunicação clara de preparo aumentam a conversão. No calendário comercial, datas de pagamento e voltas às aulas determinam curvas de demanda para cortes do dia a dia, enquanto finais de semana favorecem itens de churrasco. Alinhar campanhas a esse calendário reduz ruptura e evita excesso de estoque de cortes menos elásticos.

No food service, a carne suína tem avançado em pratos rápidos e sanduíches, com cortes de preparo padronizado e custo por porção competitivo. Contratos com redes regionais, combinando previsibilidade de preço e entregas frequentes, ajudam a atravessar semanas mais fracas no varejo. Essa estratégia de múltiplos canais distribui risco e preserva margem mesmo quando uma frente — como o autosserviço — desacelera por fatores sazonais.

Indicadores para monitorar em setembro e outubro

A leitura dos próximos dois meses passa por um painel enxuto de indicadores. Na oferta, acompanham-se pesos médios ao abate e escalas das plantas, sensíveis à dinâmica de exportações. Na demanda, atenção ao atacado e às campanhas do varejo, além do comportamento do food service nas capitais. No custo, os movimentos de milho e farelo continuam determinantes, assim como a disponibilidade logística — frete e capacidade de contêineres — nas principais rotas.

No front externo, o foco recai sobre a manutenção do apetite de Filipinas e Japão e sobre a recomposição, ou não, das compras por parte de China e Hong Kong. Qualquer variação relevante nesses clientes reflete rapidamente nas escalas. Também vale observar eventuais desdobramentos da tarifa dos EUA sobre a carne bovina e os efeitos cruzados no varejo brasileiro. Em paralelo, movimentos de câmbio podem amplificar ou suavizar margens na exportação, dependendo do nível de proteção contratado por cada empresa.

Perguntas e respostas rápidas: o que muda para o produtor e para a indústria

O anúncio de tarifa dos EUA muda o planejamento do suíno? Na prática, pouco. A participação dos Estados Unidos nas vendas brasileiras de carne suína é pequena. O impacto deve vir mais da reprecificação relativa entre proteínas no mercado interno do que de redirecionamento de cargas do suíno. O produtor precisa seguir atento a custos de ração e aos pesos de abate, evitando sair da faixa de melhor remuneração de carcaça. Para a indústria, a meta segue sendo manter a cadência de exportação e ajustar mix conforme o comportamento de cada cliente externo.

Com o varejo mais competitivo, vale apostar em promoções? Promoções funcionam quando amarradas a um objetivo claro: girar estoque de cortes específicos, conquistar espaço em prateleira ou ampliar ticket com kits de preparo. Sem planejamento, corroem margem. O ideal é usar janelas curtas e métricas de acompanhamento, como sell-out diário e taxa de reposição. Para cooperativas e integradoras, contratos com redes que garantam volume mínimo e exposição privilegiada compensam eventuais descontos, desde que a conta feche na linha do mês.

Boas práticas no campo: detalhes que preservam conversão e resultado

No nível da granja, margens em agosto foram ajudadas por rotinas de manejo que parecem simples, mas fazem diferença no final. Água de qualidade e em volume adequado, controle de ambiência com ventilação e aquecimento ajustados, e protocolos de limpeza reduzem estresse e mantêm a conversão alimentar estável. O acompanhamento frequente do ganho médio diário permite correções rápidas de dieta e densidade por baia, evitando surpresas na proximidade do abate.

A padronização de lotes facilita a programação de retirada e diminui a variabilidade de carcaças na indústria. Menos dispersão de peso reduz descontos e melhora o rendimento. Em sistemas integrados, a troca de informações em tempo quase real entre campo e frigorífico evita gargalos e permite realocar lotes para plantas com janelas mais favoráveis. Esses ajustes finos, quando somados, explicam por que a suinocultura conseguiu manter margens mesmo com ruídos em julho.

Cenários de custo: como ler milho e farelo sem perder o timing

A leitura de milho e farelo precisa equilibrar visão de safra, logística e finanças. Em períodos de maior oferta, compras spot podem parecer mais baratas, mas travas parciais protegem o orçamento contra reviravoltas repentinas. Uma regra prática é manter um percentual mínimo de cobertura para 30 a 60 dias e usar gatilhos para ampliar a proteção quando os preços convergem para o orçamento-alvo. Assim, a granja não fica descoberta em semanas de alta e mantém flexibilidade para capturar quedas.

Para indústrias e cooperativas, a coordenação de compras de insumos com as janelas de exportação reduz o risco de desalinhamento entre custo e receita. Embarques firmes, como os vistos no semestre, permitem alongar parcialmente contratos sem travar 100% do consumo. O objetivo é simples: evitar que uma alta de grãos coincida com uma eventual acomodação de preços do suíno, o que apertaria a margem no curto prazo.

Mix de cortes e agregação de valor: onde capturar receita extra

A mudança no perfil de destinos do semestre abriu espaço para revisar mix de cortes. Mercados com maior valorização de produtos específicos — como lombo, copa e cortes para cozimento rápido — ajudam a elevar a receita por carcaça quando bem atendidos. Ao mesmo tempo, clientes que demandam volumes grandes de cortes mais básicos asseguram a ocupação constante da planta. O equilíbrio entre esses dois perfis aumenta a previsibilidade da linha e do faturamento.

Produtos processados também contribuíram para o resultado consolidado. Embora o grosso do crescimento tenha vindo do in natura, agregação de valor em linhas prontas para o consumo, temperadas ou porcionadas amplia margens no mercado interno e reforça relacionamento com redes. Em momentos de competição mais forte entre proteínas, versões com preparo simples e preço por porção competitivo ajudam a defender espaço na cesta do consumidor.

Notas finais sobre dados e referências utilizadas

Os dados consolidados de exportação do primeiro semestre de 2025 consideram levantamentos setoriais com ênfase nos números divulgados por associações da indústria de proteína animal. Os totais mencionados ao longo do texto — 630 mil toneladas e US$ 1,626 bilhão para a carne suína in natura; 722 mil toneladas e US$ 1,723 bilhão ao incluir processados — refletem a soma de embarques de janeiro a junho de 2025 na comparação com o mesmo período de 2024, além da leitura de desempenho por unidades federativas líderes no envio de produto ao exterior.

As referências de preços e movimentos de mercado interno citadas para julho e o início de agosto consideram indicadores acompanhados rotineiramente pelo setor, incluindo cotações de boi gordo e leituras semanais do suíno vivo, além de registros de bolsas regionais como a de Belo Horizonte em 31 de julho. A combinação dessas informações ajuda a explicar por que, mesmo com ruídos em outras proteínas e com ajustes pontuais de preço, a suinocultura industrial chegou a agosto com margens positivas e com a pauta externa operando em ritmo forte.



Última atualização em 3 de setembro de 2025

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