O Brasil caminha para superar marcas históricas na proteína animal em 2025, segundo projeções divulgadas pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Em coletiva realizada em São Paulo, em 20 de agosto de 2025 (quarta-feira), o presidente da entidade, Ricardo Santin, afirmou que avicultura, suinocultura e produção de ovos devem crescer no mercado interno e manter desempenho robusto nas vendas externas, mesmo após um semestre marcado por confirmação pontual de Influenza Aviária em granja comercial e pelos impactos do “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos a alguns produtos brasileiros.
Panorama do anúncio e números centrais
As projeções da ABPA colocam três frentes no centro das atenções: ovos, carne de frango e carne suína. Para ovos, a produção estimada chega a 62 bilhões de unidades em 2025, um salto de 7,5% em relação a 2024, com consumo per capita previsto em 288 unidades, alta de 7,1%. Na avicultura de corte, a produção projetada é de 15,4 milhões de toneladas, avanço de 3% na comparação anual, com consumo per capita estimado em 47,8 kg. Na suinocultura, o setor mira 5,45 milhões de toneladas, alta de 2,7%, e consumo interno ao redor de 19 kg por habitante ao ano, enquanto as exportações podem atingir 1,45 milhão de toneladas, incremento de 7,2%.
Os números vêm acompanhados de condições de mercado que ajudam a explicar o ciclo positivo: demanda internacional aquecida por proteínas, recomposição de estoques em países importadores e retomada gradual de fluxos após medidas sanitárias preventivas no Brasil na esteira da Influenza Aviária. No front externo, apesar da retração esperada de 2% nas exportações de frango em 2025 (5,2 milhões de toneladas), a avaliação do setor é que o volume se mantém próximo dos melhores patamares da série histórica, com possibilidade de recuperação em 2026. Para ovos, a pauta externa deve mais do que dobrar, para 40 mil toneladas, enquanto a carne suína ganha impulso em destinos como Filipinas, México, Singapura e vizinhos sul-americanos.
- Ovos: 62 bilhões de unidades (+7,5%); 288 ovos per capita (+7,1%); exportações de 40 mil t (+116,6%).
- Frango: 15,4 milhões t (+3%); 47,8 kg per capita; exportações de 5,2 milhões t (-2% vs. 2024) com expectativa de retomada em 2026.
- Suínos: 5,45 milhões t (+2,7%); 19 kg per capita; exportações de 1,45 milhão t (+7,2%).
Ovos: Brasil entra no top 10 global de consumo
A perspectiva de produção de até 62 bilhões de ovos em 2025 coloca o produto em evidência. O consumo interno, estimado em 288 unidades por habitante, representa um avanço consistente e aproxima o país do comportamento de mercados maduros, onde o ovo é mais presente na rotina alimentar diária. Na prática, isso significa uma base de demanda firme e previsível, com impacto direto sobre planejamento de plantéis, compra de insumos e contratação de mão de obra, puxando investimentos em galpões, ambiência e automação.
O salto de 116,6% nas exportações — para 40 mil toneladas — tem como pano de fundo a manutenção de clientes relevantes e a perspectiva de reabertura de destinos que costumam aumentar compras em momentos de desabastecimento regional, como o Chile. Em operações desse tipo, a regularidade logística, a previsibilidade de embarques e a capacidade de atender especificações de qualidade com rastreabilidade são pontos sensíveis. Para empresas, a leitura é que a diversificação por canal (varejo, food service e indústria) aumenta a resiliência da cadeia, reduzindo a exposição a movimentos de preço em um único segmento.
O avanço do consumo também reorganiza o calendário do produtor. Com demanda doméstica mais firme, a necessidade de sincronizar a idade das poedeiras, o pico de postura e a gestão de conversão alimentar ganha peso no resultado. Em granjas com maior automação, o controle fino de temperatura, ventilação e iluminação favorece a regularidade da postura e a qualidade da casca, reduzindo perdas e melhorando o aproveitamento nos diferentes canais de venda. No atacado, a tendência é de prêmios para ovos com classificação consistente e baixa variabilidade de peso por dúzia, um diferencial buscado por varejistas e serviços de alimentação.
No curto prazo, o principal risco operacional é o encaixe entre oferta e logística em semanas de demanda atípica, como feriados prolongados e virada de mês. Nesses períodos, produtores e distribuidores ajustam volumes ao fluxo de recebimento do varejo e ao giro do food service. Quando bem administrado, esse equilíbrio limita volatilidade de preços e sustenta margens. Já no médio prazo, o desempenho das exportações pode suavizar os ciclos domésticos; ao abrir e fechar janelas externas, o setor alivia pressões de oferta em regiões específicas, o que ajuda a estabilizar a formação de preço ao consumidor.
Carne de frango: retomada após a crise sanitária
A projeção de 15,4 milhões de toneladas em 2025 sinaliza que a avicultura de corte recupera tração depois de um ano marcado por medidas de contenção e por maior escrutínio internacional, em razão da identificação de Influenza Aviária em granja comercial. Com a normalização de parte dos mercados e a manutenção de protocolos rígidos de vigilância, o setor retoma o foco na eficiência zootécnica e no atendimento de contratos externos, preservando volumes próximos aos recordes do ano anterior. No consumo interno, a estimativa de 47,8 kg per capita indica retorno a patamares historicamente elevados, compatíveis com períodos de renda real em recuperação e substituição entre proteínas conforme preços relativos.
A redução projetada de 2% nas exportações em 2025, para 5,2 milhões de toneladas, é tratada como acomodação temporária, associada tanto ao realinhamento de estoques em alguns destinos quanto a ajustes logísticos depois do pico de incerteza sanitária. Para 2026, a expectativa é de reaproximação dos maiores volumes, desde que se mantenham as condições sanitárias e a previsibilidade de entregas. Nos contratos vigentes, a flexibilidade de cortes e a capacidade de adequar especificações a pedidos regionais seguem como trunfos do exportador brasileiro, que historicamente abastece uma cesta diversificada de países com exigências distintas.
Nos frigoríficos, o ajuste fino passa por ganho de rendimento de carcaça, regularidade de pesos de abate e controle de condenações. No campo, a agenda volta-se ao manejo de ambiência em fases críticas, como primeira semana de vida e pré-abate, quando variações de temperatura e umidade podem comprometer desempenho. Com custo de ração ainda representando a maior parcela do custo de produção, a qualidade do milho e do farelo de soja, bem como a logística de recebimento, continuam decisivas para a margem. A proximidade com moinhos e o planejamento de estoques diante de janelas de colheita ajudam a reduzir fretes de última hora e perdas por umidade.
No varejo, o frango segue como proteína de entrada para consumidores que ajustam o orçamento mensal. Cortes com maior elasticidade de preço — como coxa e sobrecoxa — tendem a responder mais rápido a movimentações na renda e nas promoções, enquanto o filé de peito mantém espaço em redes que priorizam conveniência. Para food service, o mix de produtos empanados e temperados chama atenção por ampliar margem e permitir planejamento de demanda de médio prazo, especialmente em operações que trabalham com cardápios padronizados e previsíveis.
Carne suína: expansão com novos destinos
A suinocultura projeta 5,45 milhões de toneladas produzidas em 2025, representando crescimento de 2,7% sobre 2024 e estabelecendo novos patamares tanto em produção quanto em consumo e exportação. O mercado interno, estimado em 19 kg per capita, ganha tração em regiões onde a proteína se consolidou como alternativa competitiva ao bovino e ao frango em determinados cortes. A combinação de preço relativo favorável e oferta regular de produtos industrializados amplia a presença da carne suína em supermercados e atacarejos, com destaque para cortes resfriados e processados que oferecem padronização e conveniência.
No comércio exterior, a projeção de 1,45 milhão de toneladas exportadas (+7,2%) vem acompanhada de uma reconfiguração do mapa de destinos. Filipinas, México e Singapura absorvem volumes crescentes, enquanto países da América do Sul reforçam as compras, criando uma base de demanda menos concentrada. Essa diversificação contribui para diluir riscos de interrupções pontuais e possibilita ajustes rápidos de canal quando ocorrem mudanças de política comercial em mercados específicos. Para a indústria exportadora, a adequação de cortes e a capacidade de atender especificações sanitárias e religiosas segue determinante para capturar prêmios regionais.
No campo, a eficiência está centrada no ganho médio diário, conversão alimentar e controle de mortalidade, com atenção ao manejo térmico e à sanidade em fases de maior risco. Na granja, o calendário sanitário e a biosseguridade cotidiana reduzem a variabilidade de desempenho por lote, enquanto, na indústria, o foco recai sobre padronização de cortes, rendimento e gestão de subprodutos. Em momentos de maior demanda externa, a logística de contêineres refrigerados e a disponibilidade de slots nos portos tornam-se determinantes para cumprir janelas contratuais, sobretudo em períodos de maior fluxo do agronegócio.
A leitura do setor é que a progressão de consumo interno não exclui a estratégia de manter a exportação como válvula de equilíbrio. Ao sustentar canais externos com contratos de médio prazo, frigoríficos ganham previsibilidade de carga e conseguem administrar melhor a sazonalidade doméstica. Esse desenho ajuda a suavizar oscilações de preço no atacado e no varejo e estimula investimentos em modernização de plantas, sobretudo na padronização de cortes e na automação de processos de embalagem.
Mercado interno: renda, preços relativos e preferência do consumidor
O avanço do consumo nas três proteínas tem relação direta com a recomposição gradual da renda e com os preços relativos entre frango, suíno, bovino e ovos. Quando a relação de troca favorece aves e suínos, há ganho de participação de mercado desses itens, principalmente em redes de atacarejo e varejo alimentar tradicional. O ovo, por sua vez, se beneficia da versatilidade culinária e do ticket médio acessível por refeição, sendo incorporado como alternativa rápida para o dia a dia. Esse comportamento cria um “colchão” de demanda doméstica, importante para absorver variações na oferta e dar previsibilidade ao produtor.
Para o consumidor, a disposição de pagar por conveniência vem se ampliando. Pacotes de cortes fracionados, porcionados e prontos para o preparo ganham espaço porque reduzem desperdício e tempo de cozinha, mesmo com preço por quilo mais alto do que o de peças inteiras. No food service, a padronização de gramaturas e a oferta de linhas com temperos consistentes aumentam produtividade em cozinhas profissionais. A indústria acompanha o movimento com lançamentos comerciais que privilegiam embalagens com maior vida útil, etiquetas claras e indicação de modo de preparo, reforçando a percepção de qualidade e regularidade.
Exportações e o “tarifaço” dos EUA: ajustes e respostas do setor
A imposição recente de tarifas adicionais pelos Estados Unidos a alguns produtos brasileiros acendeu alerta no setor, mas não alterou a leitura de que 2025 tende a consolidar avanços. Para exportadores, a primeira resposta passa por redirecionar ofertas a mercados onde os prêmios de preço e as condições de acesso seguem favoráveis. Esse rearranjo exige agilidade comercial, leitura de estoques nos destinos e sincronia com as áreas de produção para adequar mix de cortes e volumes sem impactar a programação de abate. Ao mesmo tempo, empresas reforçam interlocução com autoridades brasileiras para buscar negociações técnicas que mitiguem efeitos de medidas tarifárias.
No curto prazo, o desenho de riscos inclui eventuais mudanças em regras de rotulagem e exigências documentais, que podem adicionar passos ao processo de exportação. A diversificação de destinos — com Filipinas, México, Singapura e países da América do Sul ganhando peso na carne suína, e com mercados tradicionais de frango reassumindo fluxos — serve como amortecedor. No caso de ovos, onde a base exportadora é menor, a estratégia passa por consolidar clientes fiéis e explorar oportunidades de abastecimento temporário em países vizinhos que enfrentem oscilações de oferta interna. O objetivo é manter a capacidade de embarcar volumes com previsibilidade, reduzindo custos de ociosidade e de carregamento de estoques.
Influenza Aviária: lições e protocolos após o pico de atenção
A confirmação pontual de Influenza Aviária em granja comercial trouxe ao centro do debate a necessidade de vigilância permanente. A resposta rápida das autoridades e da cadeia produtiva contribuiu para restabelecer a confiança de importadores, permitindo que a maioria dos mercados retomasse compras ao longo do ano. Para produtores, ficam as lições sobre controle de acesso, higiene de veículos, monitoramento de aves e padronização de rotas internas, com reforço a procedimentos em momentos de maior circulação de agentes externos nas propriedades. A aplicação disciplinada de protocolos reduz o risco de disseminação e facilita a comprovação de conformidade em auditorias.
Para a indústria, a padronização documental e a transparência de informações sanitárias ganham espaço na rotina, encurtando o tempo de resposta quando parceiros comerciais solicitam esclarecimentos. Em mercados sensíveis a notícias sanitárias, a validação rápida de laudos e a atualização de certificados fortalecem a percepção de confiabilidade. É um trabalho de bastidor que, embora pouco visível ao consumidor final, sustenta contratos e protege agenda de exportações, permitindo que as projeções de produção se materializem em embarques dentro das janelas acordadas com clientes no exterior.
Custos de produção, insumos e câmbio: como isso chega à ponta
Os custos seguem concentrados em ração, energia e logística. Na ração, qualidade do milho e do farelo de soja influencia diretamente desempenho zootécnico, conversão alimentar e taxa de descarte. A compra planejada e a proximidade de centros de recebimento ajudam a mitigar perdas de umidade e a reduzir custos com secagem. Em regiões de maior competição por grãos, cooperativas e integradoras avançam em contratos de fornecimento que suavizam oscilações de preço ao longo do ano, garantindo abastecimento nas fases críticas de crescimento e acabamento dos animais.
O câmbio, por sua vez, atua em duas pontas: melhora a competitividade das exportações quando desvalorizado e encarece componentes dolarizados, como alguns aditivos, medicamentos, equipamentos e fretes. A administração desse balanço passa por estratégias de hedge quando disponíveis e por cronogramas de investimento que priorizam ganhos de eficiência com retorno mais rápido. Na logística, a competição por contêineres refrigerados e por janelas de embarque em portos movimentados exige planejamento, especialmente nos meses de safra agrícola e de pico de exportações, quando o custo de oportunidade da não utilização de slots aumenta sensivelmente.
Estados e regiões: onde o avanço deve aparecer primeiro
O crescimento tende a se manifestar com maior intensidade em polos já consolidados. No frango, estados do Sul e do Centro-Oeste costumam reunir vantagens logísticas para grãos e acesso a plantas frigoríficas com alto nível de automação, o que facilita o aumento de abates dentro de padrões de qualidade exigidos pelo mercado externo. No caso dos ovos, cinturões produtivos próximos a grandes capitais têm se destacado por aproveitar a demanda de redes varejistas e de food service, reduzindo custos de distribuição e aumentando a velocidade de reposição nas gôndolas.
Na carne suína, as regiões com histórico de integração vertical e cooperativismo mantêm vantagem competitiva, especialmente onde a assistência técnica é difundida e a padronização de lotes permite entregar cortes com especificações estáveis. Esse ambiente favorece ganhos de escala e abre espaço para plantas que buscam certificações específicas exigidas por mercados com alto valor agregado. O efeito esperado é um ciclo de investimentos incremental, que começa com ajustes de capacidade e segue para modernizações de linha quando os volumes se consolidam ao longo dos trimestres.
Varejo, atacarejo e food service: como o mix pode mudar em 2025
A rede de distribuição vive um momento de rearranjo. O atacarejo segue ampliando participação e influencia a estratégia de embalagem e porcionamento, com pacotes econômicos para famílias e para pequenos estabelecimentos que operam em regime de compra frequente. No varejo tradicional, a seção de resfriados e congelados ganha mix com cortes padronizados, etiquetas informativas e soluções de preparo rápido. Para a indústria, isso implica abastecer lojas com sortimento calibrado ao perfil local, mantendo níveis de estoque que evitem rupturas, mas sem comprometer o giro com excesso de SKUs de baixa saída.
No food service, o avanço de redes e franquias demanda previsibilidade de gramaturas, padronização de temperos e contratos com margens que suportem oscilações de custos. Linhas empanadas e marinadas ajudam a estabilizar o fluxo de produção e diminuem perdas, uma vez que o preparo tem menor variabilidade. Para restaurantes independentes, a busca por fornecedores que garantam entregas frequentes e qualidade consistente segue como diferencial competitivo, especialmente em centros urbanos onde a concorrência por clientela é intensa e sensível a variações de qualidade.
Fluxo de caixa do produtor e planejamento de lotes
Com projeções positivas nas três frentes, o produtor precisa alinhar calendário de lotes, compras de insumos e compromissos financeiros. Em avicultura de corte, a programação de entrada e saída de lotes, associada a metas de peso ao abate, impacta diretamente o caixa. Atrasos de poucos dias podem redefinir o custo por quilo vivo, afetando a conversão e elevando despesas com energia e ração. Na postura comercial, a sincronização entre picos produtivos e janelas de maior demanda no varejo e no food service melhora o aproveitamento de preço, sobretudo quando há contratos com faixas de volume e bonificações por regularidade.
Na suinocultura, a coordenação entre crescimento, terminação e janela de abate é crítica para evitar penalidades por excesso ou por insuficiência de peso. Granjas com controle detalhado de curvas de crescimento e com indicadores de desempenho por baia conseguem reagir mais rápido a desvios no ganho médio diário, reduzindo a variância entre lotes. Esse nível de controle também permite identificar gargalos de manejo e realocar recursos, como reforço de ventilação em áreas com maior densidade ou revisão de protocolos de alimentação em fases sensíveis.
Qualidade, rastreabilidade e exigências de mercado
A ampliação de mercados exige rastreabilidade confiável e documentação alinhada às exigências de cada país. Isso inclui desde especificações de rotulagem até a apresentação de certificados sanitários e relatórios de auditorias. Para as empresas, manter um repositório atualizado de documentos e padrões facilita a resposta a pedidos urgentes e reduz o tempo entre a negociação e o embarque. Na prática, quem consegue provar conformidade com rapidez conquista prioridade na fila de compras de importadores, especialmente quando há prazos apertados para reposição de estoque nos destinos.
No mercado interno, certificações e padrões de qualidade comunicados de forma clara ajudam a fidelizar clientes. A consistência de gramatura, a uniformidade de cortes e a manutenção de prazos de validade com folga são atributos observados por redes que operam com margens enxutas e alto giro. Em ovos, a padronização por categoria e peso simplifica a reposição e diminui rupturas. Para carnes, instruções objetivas de preparo na embalagem contribuem para a experiência do consumidor e reduzem reclamações por resultados aquém do esperado na cozinha de casa.
Cenário competitivo e estratégia de diferenciação
Em um ambiente de demanda aquecida, a competição se desloca para atributos de serviço e confiabilidade. No B2B, empresas com histórico de entregas pontuais, flexibilidade de mix e resposta ágil a não conformidades mantêm posição privilegiada. No B2C, marcas que comunicam de forma objetiva atributos como praticidade, padronização e sabor ampliam a lembrança no momento da compra. Essa diferenciação se traduz em melhor negociação de prateleira, em aumento do espaço concedido pelos varejistas e em maior previsibilidade de pedidos futuros, fatores que reduzem custos operacionais e fortalecem margens.
A indústria também reforça frentes de eficiência dentro das plantas. Programas de manutenção preventiva diminuem paradas não planejadas e melhoram o aproveitamento de linhas, enquanto rotinas de controle estatístico de processo reduzem variabilidade e refugo. Na logística, a adoção de janelas fixas e o uso de ferramentas de roteirização contribuem para encurtar prazos de entrega, especialmente em regiões metropolitanas com restrições de circulação. Para empresas exportadoras, a integração entre produção e agendamento portuário é um diferencial quando a competição por contêineres aumenta.
Pontos de atenção até dezembro de 2025
A reta final do ano concentra marcos que podem ajustar a leitura do mercado. No comércio exterior, mudanças pontuais em exigências de importadores, atualizações documentais e a evolução de tarifas em mercados específicos seguem no radar. No campo, a transição entre safras de grãos impacta preço e qualidade dos insumos, com reflexo imediato nas granjas. Na distribuição, datas sazonais influenciam o perfil de compra de varejo e food service, exigindo reforço de planejamento para evitar falhas de reposição em semanas de maior giro.
Se confirmados os números projetados, o Brasil encerrará 2025 com crescimento simultâneo em ovos, frango e suínos, consolidando-se como fornecedor estratégico para diferentes mercados e perfis de consumo. A travessia, no entanto, continuará exigindo disciplina sanitária, planejamento logístico e inteligência comercial para lidar com mudanças de última hora nas condições de acesso a alguns destinos. O saldo, até aqui, indica um setor confiante, com bases para executar o que projetou e para iniciar 2026 com capacidade de resposta às demandas internas e externas.
Perguntas e respostas rápidas sobre as projeções
O que muda para o consumidor em 2025? A tendência é de oferta ampla nas três proteínas, com destaque para ovos, cuja presença no carrinho deve aumentar. Em frango e suínos, cortes padronizados e linhas prontas ou semiprontas devem ganhar espaço nas prateleiras, respondendo a quem busca reduzir tempo de preparo sem abrir mão de regularidade. Promoções sazonais e pacotes econômicos devem permanecer como ferramenta de atração de público, principalmente no atacarejo.
Haverá pressão de preço? Em geral, quando a oferta cresce e a base de consumo se expande, a formação de preço fica menos volátil. Porém, custos de insumos, câmbio e logística podem gerar ajustes temporários. O repasse tende a ser seletivo, afetando mais itens com componentes dolarizados ou com maior complexidade logística. A concorrência entre canais e marcas ajuda a ancorar valores ao longo do ano.
O que observar no campo e na indústria nos próximos meses
No campo, indicadores-chave como conversão alimentar, ganho médio diário, mortalidade e uniformidade de lotes devem ser acompanhados de perto para assegurar que as metas de produção sejam atingidas com eficiência. Em granjas de postura, consistência de classificação e baixa quebra por casca frágil seguem como métricas centrais. Já em frango e suínos, pesos ao abate e rendimento de carcaça orientam ajustes de manejo e de dieta. A proximidade com a colheita de grãos e a qualidade do milho recebido também merecem atenção para evitar perda de desempenho por variações de umidade e micotoxinas.
Na indústria, a meta é estabilizar linhas, minimizar paradas e manter padrões de qualidade com pouca variabilidade. Programas de calibração de equipamentos, revisão de pontos críticos e auditorias internas frequentes ajudam a preservar rendimento. No relacionamento com clientes, SLAs claros e monitorados — prazos de entrega, taxas de atendimento de pedidos e índices de não conformidade — passam a ser diferenciais tangíveis. Isso vale tanto para o mercado doméstico quanto para contratos de exportação, em que o cumprimento rigoroso do cronograma é decisivo para a reputação do fornecedor.
A fala de Santin e a leitura do setor
Ao comentar o cenário, Ricardo Santin destacou que o mercado global segue com forte demanda por proteínas e que o Brasil permanece protagonista. A visão resume o momento de reacomodação após choques que testaram a resiliência da cadeia, como o episódio de Influenza Aviária e a adoção de tarifas extras por parte dos Estados Unidos. A mensagem central é que a produção se expande com o consumo interno e que os embarques permanecem relevantes, mesmo com ajustes pontuais em 2025, com chance de retomada mais ampla em 2026 para o frango.
Dentro da indústria, a interpretação converge para execução disciplinada do plano. O sucesso das projeções dependerá da capacidade de garantir regularidade sanitária, de administrar custos em um ambiente de câmbio volátil e de calibrar o mix para capturar valor onde os prêmios de mercado forem mais evidentes. O histórico do Brasil em atender grandes volumes com padrões rigorosos de qualidade é um ativo que sustenta a confiança dos compradores e permite ao país manter posição de destaque no comércio internacional de proteína animal.
Última atualização em 28 de agosto de 2025