Mundo tem 86% de chance de superar 1,5°C antes de 2030 — e seguir quebrando recordes
O planeta Terra enfrenta um futuro climático incerto. Um relatório recente da Organização Meteorológica Mundial (WMO) revela uma probabilidade alarmante: 86% de chance de que pelo menos um ano entre 2025 e 2029 exceda o limite de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais (referência de 1850 a 1900). Essa projeção não é apenas um número; é um sinal de alerta sobre a velocidade com que as mudanças climáticas estão se intensificando.
A análise da WMO também prevê que a temperatura média global anual, para cada ano entre 2025 e 2029, estará entre 1,2°C e 1,9°C acima da média do período pré-industrial. Este aumento contínuo, impulsionado principalmente pela queima de combustíveis fósseis, ameaça desestabilizar ecossistemas e impactar a vida de bilhões de pessoas ao redor do mundo. As consequências já são visíveis em eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes e intensos.
A Quebra de Recordes de Temperatura
O relatório da WMO não para por aí. Ele também indica uma probabilidade de 80% de que pelo menos um ano dentro desse período de cinco anos supere o recorde de temperatura estabelecido em 2024. Em 2024, a agência da ONU estimou uma temperatura média global 1,55°C acima dos níveis pré-industriais, marcando o ano mais quente já registrado. A perspectiva de quebrar esse recorde em breve é um indicativo preocupante da trajetória acelerada do aquecimento global.
Essa sequência de recordes quebrados tem um impacto significativo na forma como entendemos e enfrentamos a crise climática. Cada novo recorde não é apenas um número, mas um marco que ilustra a urgência de ações mais ambiciosas e coordenadas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e mitigar os efeitos do aquecimento global. Ignorar esses sinais seria negligenciar o futuro do nosso planeta.
Por que Superar 1,5°C é um Problema?
O limite de 1,5°C não é um número arbitrário. Ele representa um ponto de inflexão crítico, além do qual os impactos das mudanças climáticas se tornam significativamente mais severos e irreversíveis. Superar esse limite, mesmo que temporariamente, aumenta o risco de desencadear eventos climáticos extremos, como ondas de calor intensas, secas prolongadas, inundações devastadoras e tempestades mais fortes.
A elevação da temperatura global também acelera o derretimento das calotas polares e das geleiras, contribuindo para o aumento do nível do mar e ameaçando comunidades costeiras em todo o mundo. Além disso, o aquecimento dos oceanos causa a acidificação, que prejudica a vida marinha e afeta a segurança alimentar de milhões de pessoas que dependem da pesca.
O Acordo de Paris e a Busca por Metas Climáticas
O Acordo de Paris, um tratado internacional vinculativo sobre as mudanças climáticas, estabelece como objetivo principal "manter o aumento da temperatura média global bem abaixo de 2°C acima dos níveis pré-industriais e envidar esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C". A meta de 1,5°C é considerada crucial para evitar os piores impactos das mudanças climáticas e garantir um futuro sustentável para todos.
Embora o Acordo de Paris represente um marco importante na luta contra as mudanças climáticas, as atuais Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) dos países não são suficientes para atingir as metas estabelecidas. É fundamental que os países aumentem suas ambições e implementem políticas mais eficazes para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e acelerar a transição para uma economia de baixo carbono.
Os Impactos Visíveis do Aquecimento Global
Os impactos do aquecimento global já são evidentes em todo o mundo. Ondas de calor extremas causam mortes e hospitalizações, enquanto secas prolongadas levam à escassez de água e à perda de colheitas. Inundações devastadoras deslocam milhões de pessoas e causam danos generalizados à infraestrutura. Tempestades mais fortes destroem casas e empresas, causando perdas econômicas significativas.
Além dos impactos diretos na saúde humana e na economia, o aquecimento global também ameaça a biodiversidade e os ecossistemas. A acidificação dos oceanos prejudica a vida marinha, enquanto o aumento do nível do mar ameaça os habitats costeiros. As mudanças climáticas também aumentam o risco de incêndios florestais e pragas, que podem devastar florestas inteiras.
A Urgência da Ação Climática: O Que Podemos Fazer?
Diante das projeções alarmantes da WMO e dos impactos cada vez mais visíveis do aquecimento global, a ação climática urgente é essencial. É preciso reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa em todos os setores da economia, acelerar a transição para fontes de energia renovável, aumentar a eficiência energética e promover práticas agrícolas sustentáveis.
Além das ações governamentais e empresariais, cada indivíduo pode contribuir para a luta contra as mudanças climáticas. É possível reduzir o consumo de energia, optar por meios de transporte mais sustentáveis, consumir alimentos produzidos localmente e de forma sustentável, reduzir o desperdício de alimentos e apoiar empresas e organizações que se comprometem com a sustentabilidade.
O Papel da Tecnologia e Inovação
A tecnologia e a inovação desempenham um papel crucial na luta contra as mudanças climáticas. Novas tecnologias estão sendo desenvolvidas para capturar e armazenar carbono, produzir energia renovável de forma mais eficiente e reduzir as emissões de gases de efeito estufa em diversos setores da economia.
A inteligência artificial, por exemplo, pode ser utilizada para otimizar o consumo de energia em edifícios e redes elétricas, prever eventos climáticos extremos e monitorar o desmatamento. A biotecnologia pode ser utilizada para desenvolver culturas mais resistentes à seca e ao calor, além de produzir combustíveis e materiais mais sustentáveis.
Investimento em Energias Renováveis
A transição para fontes de energia renovável é fundamental para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e combater as mudanças climáticas. A energia solar, eólica, hidrelétrica, geotérmica e de biomassa oferecem alternativas limpas e sustentáveis aos combustíveis fósseis.
O investimento em energias renováveis tem crescido significativamente nos últimos anos, impulsionado pela queda dos custos das tecnologias e pela crescente demanda por energia limpa. No entanto, é preciso acelerar ainda mais esse investimento para atingir as metas climáticas estabelecidas no Acordo de Paris.
A Importância da Adaptação às Mudanças Climáticas
Mesmo que as emissões de gases de efeito estufa sejam reduzidas drasticamente, o planeta continuará a enfrentar os impactos das mudanças climáticas nas próximas décadas. Por isso, é fundamental investir em medidas de adaptação para proteger as comunidades e os ecossistemas vulneráveis.
A adaptação pode incluir a construção de infraestrutura resistente a eventos climáticos extremos, o desenvolvimento de sistemas de alerta precoce para desastres naturais, a implementação de práticas agrícolas adaptadas ao clima e a proteção de ecossistemas costeiros.
Futuras Perspectivas
O futuro do clima global depende das ações que tomarmos hoje. A janela de oportunidade para evitar os piores impactos das mudanças climáticas está se fechando rapidamente, mas ainda há tempo para agir. É preciso um esforço global coordenado para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, acelerar a transição para uma economia de baixo carbono e investir em medidas de adaptação.
O relatório da WMO serve como um chamado urgente para a ação. A probabilidade de superar o limite de 1,5°C antes de 2030 é alta, mas não é inevitável. Com vontade política, inovação tecnológica e engajamento da sociedade, podemos construir um futuro mais sustentável e resiliente para todos.
Última atualização em 3 de junho de 2025
