Marcio Nunes detalha estratégias para fortalecer o agronegócio e elevar a rentabilidade da suinocultura no Paraná

Marcio Nunes detalha estratégias para fortalecer o agronegócio e elevar a rentabilidade da suinocultura no Paraná

O Paraná consolidou uma posição de destaque na produção animal do país. A expansão das plantas frigoríficas, o ganho de produtividade nas granjas e um pacote de políticas públicas voltado a custos e competitividade criaram um ambiente de negócios previsível. Em conversa com a Suinocultura Industrial de Agosto, o secretário da Agricultura e do Abastecimento do Estado, Marcio Nunes, detalha como esses pilares se combinam para manter o ritmo de crescimento, com foco direto na cadeia de suínos.

O setor avança apoiado em crédito direcionado, incentivos tributários, infraestrutura logística e marcos sanitários que ampliam mercados. Ao mesmo tempo, empresas e cooperativas anunciam novas plantas e ampliações, puxando a demanda por leitões, ração, genética e serviços. O resultado aparece na geração de empregos, no aumento da renda nas regiões produtoras e no fortalecimento da base industrial do interior.

Panorama da produção animal no Paraná

A produção de proteínas no Paraná se apoia em cadeias integradas, presença forte de cooperativas e um parque agroindustrial que se expandiu de forma contínua nos últimos anos. No caso dos suínos, o modelo de integração tem sido decisivo para dar escala e previsibilidade aos produtores. Contratos claros, assistência técnica permanente e padronização permitem ganhos de produtividade no campo e abastecimento regular dos frigoríficos, reduzindo paradas de abate e perdas operacionais.

A geografia ajuda. A proximidade entre granjas, fábricas de ração e unidades de abate reduz o custo de frete e o tempo de transporte de animais. Municípios no Oeste, Sudoeste e Campos Gerais reúnem granjas tecnificadas, centrais de inseminação, núcleos de multiplicação e plantas industriais com capacidade diária de abate em patamares elevados para padrões nacionais. Esse arranjo territorial encurta rotas de abastecimento e melhora o giro de capital das empresas.

Políticas públicas: crédito, energia e água como fatores de produção

Segundo Marcio Nunes, os instrumentos estaduais de apoio miram os fatores que mais pesam no custo operacional da granja. O Banco do Agricultor Paranaense oferece linhas de financiamento com taxas favorecidas para itens como captação e reserva de água, aquisição de equipamentos para geração própria de energia e modernização de instalações. Na prática, o produtor consegue alongar prazos e diluir investimentos em sistemas de bombeamento, reservatórios, placas fotovoltaicas e equipamentos de automação, reduzindo a dependência de insumos com preços voláteis.

Em paralelo, o programa Paraná Competitivo funciona como porta de entrada para empresas que planejam implantar novas unidades ou ampliar plantas existentes. Os mecanismos tributários atrelados ao programa buscam compensar desembolsos iniciais altos de projetos industriais, acelerar cronogramas de obras e, assim, antecipar a criação de vagas e a contratação de integrados. O alinhamento entre crédito, tributação e metas de investimento tende a encurtar a distância entre o anúncio e a operação efetiva das plantas.

Incentivos fiscais na suinocultura: como funcionam e como acessar

O Estado direciona incentivos específicos à suinocultura via ICMS. Um deles é a redução de 50% da base de cálculo para saídas interestaduais de suínos vivos realizadas por produtor rural quando a alíquota aplicável é de 12%, benefício vigente até 30 de abril de 2026. Na prática, a operação paga imposto sobre metade do valor de referência. Se um lote de R$ 300 mil estiver sujeito a 12%, a base reduzida cai a R$ 150 mil, e o imposto devido, a R$ 18 mil, preserva margem do vendedor e melhora o preço final para o comprador de outro estado. Esse mecanismo é usado em momentos de ajuste de oferta, quando o mercado local está acomodado e a saída interestadual equilibra o giro das granjas.

Outro instrumento é o crédito presumido de 8,5% sobre o valor de entrada, em operações internas, concedido a estabelecimentos abatedores que realizam ou encomendam o abate no Paraná. O benefício compensa despesas de coleta, manejo e processamento de suínos e permite, entre outras ações, manter escalas de abate em dias úteis mais longos, evitando acúmulo de animais prontos nas granjas. Para quem abate 3 mil cabeças/dia, um alívio percentual consistente ao longo do mês pode ser decisivo para sustentar a competitividade frente a estados vizinhos com custos logísticos ou energéticos diferentes.

Há ainda o diferimento do ICMS para o milho destinado à alimentação em estabelecimentos de produtores paranaenses. O deslocamento do momento de pagamento do imposto melhora o fluxo de caixa, ponto crítico porque a ração responde pela maior parcela do custo do suíno terminado. Com o diferimento, a granja mantém a compra de insumo em volumes otimizados e forma estoques estratégicos, reduzindo a exposição a picos de preços durante a safra de inverno ou entressafra nos mercados do Centro-Oeste e do Mercosul.

Para acessar os benefícios, o primeiro passo é conferir a legislação vigente no Regulamento do ICMS e manter a documentação fiscal sem pendências. Em seguida, o produtor deve consultar a Receita Estadual para verificar enquadramento, prazos e condições específicas de sua operação. Empresas abatedoras, por sua vez, alinhando o planejamento tributário com o jurídico e o fiscal, conseguem estruturar rotinas internas para apropriação do crédito presumido sem riscos de glosa. A orientação técnica de contadores e consultores tributários é recomendada para evitar perda de oportunidade por detalhes operacionais.

Sanidade e acesso a mercados: efeitos do status sanitário no escoamento

O reconhecimento do Paraná como área livre de febre aftosa sem vacinação, em maio de 2021, elevou a confiança de importadores e redes varejistas. No mesmo período, a classificação do Estado como zona independente para Peste Suína Clássica blindou a cadeia local de eventuais ocorrências em outras unidades da federação. O resultado mais recente foi a sinalização positiva do Chile, em julho, para a carne suína paranaense, um mercado que adota critérios rigorosos de controle sanitário e de rastreabilidade de processos. Esse carimbo tende a funcionar como referência para outros destinos, acelerando análises de risco e inspeções.

Na prática, a habilitação abre portas para plantas já preparadas e para novos projetos. A indústria consegue diluir custos fixos em volumes maiores e planejar contratos de médio prazo com distribuidores. O produtor integrado sente o reflexo na estabilidade da demanda. Com a rota externa ativada, as escalas de abate ficam menos sujeitas aos ciclos de consumo doméstico, e o preço pago ao produtor ganha previsibilidade. Esses fatores favorecem investimentos em matrizes, ambiência e genética, itens que exigem horizonte de retorno mais longo.

Investimentos recentes: novas plantas, ampliações e seus efeitos na cadeia

A instalação, em 2023, do frigorífico de suínos da Frimesa em Assis Chateaubriand marcou um salto de escala. O complexo, fruto da união de Copacol, C.Vale, Lar, Primato e Copagril, opera com capacidade para 15 mil suínos por dia e investimento de R$ 2,5 bilhões. A planta reposiciona o mapa do abate no país e exige uma rede de fornecimento robusta: multiplicadoras, unidades de produção de leitões (UPLs), fábricas de ração e transportadoras dedicadas. Cada elo ampliado aumenta a demanda por mão de obra técnica e por serviços especializados, como manutenção industrial e controle de qualidade.

A Coopavel destinou R$ 220 milhões à expansão da Unidade de Produção de Leitões, com 20 mil matrizes alojadas, e elevou a capacidade de abate de 1,8 mil para 3 mil cabeças diárias. O movimento reforça a estratégia de capturar valor desde a genética até o produto final. A Alegra Foods, nos Campos Gerais, aplicou cerca de R$ 60 milhões para ampliar o abate de 3,2 mil para 3,9 mil suínos/dia. Em 2021, a Castrolanda colocou em operação a quinta maternidade da sua UPL, sinalizando a importância de escalar a produção de leitões com padronização e sanidade de base, condição essencial para manter índices zootécnicos na terminação.

No Norte do Estado, o RPF Group, de Ibiporã, investiu R$ 20 milhões em unidade de processamento de subprodutos e fábrica de banha. A iniciativa fecha o ciclo industrial com aproveitamento de materiais para produção de farinha, óleo para alimentação animal e gordura destinada a usos específicos. Ao transformar resíduos em insumos, a planta reduz custos, cria novas linhas de receita e qualifica a logística interna da cadeia.

Outros anúncios reforçam a tendência. A Copacol inaugurou uma Unidade de Produção de Desmamados em Jesuítas, com R$ 120 milhões. Em Laranjeiras do Sul, a Agro Laranjeiras investiu R$ 480 milhões para produzir um milhão de leitões desmamados por ano. A Agroceres PIC aplicou R$ 332 milhões na Granja Gênesis, em Paranavaí, núcleo genético com capacidade para processar até 1,2 milhão de doses de sêmen por ano. A C.Vale ergueu uma UPD em Palotina, com 5 mil matrizes, e constrói uma Central de Recria para 22 mil leitões, superando R$ 100 milhões em aportes. Em Iporã, a BMG Foods reativou e modernizou instalações, alcançando 1.400 abates diários com investimento de R$ 30 milhões.

Esses projetos mudam a dinâmica local. Além de empregos diretos e indiretos, estimulam segmentos como construção civil, metalmecânico e transporte. No campo, cooperados e independentes passam a ter novas opções de integração, contratos de fornecimento e serviços técnicos. Cidades-sede e municípios do entorno sentem a pressão por qualificação profissional e por melhoria de infraestrutura urbana, como acesso viário e serviços públicos.

Infraestrutura e logística: investimentos para encurtar o caminho da porteira ao porto

O governo estadual liberou R$ 2 bilhões para pavimentar trechos estratégicos de estradas rurais. A meta é melhorar o trânsito diário de ração, animais e insumos, reduzir quebras de carga e garantir o acesso em períodos chuvosos. Produtores de suínos, frango e leite são diretamente beneficiados, pois o desempenho das cadeias depende da regularidade do transporte, do tempo de viagem e do custo por quilômetro rodado. Ganho de confiabilidade nas rotas impacta a programação de abates e a qualidade de carcaças, diminuindo perdas associadas a atrasos.

Além disso, R$ 1,5 bilhão foi destinado às prefeituras para a compra de maquinário. Cada município recebe R$ 3,7 milhões para adquirir equipamentos que viabilizam manutenção de estradas, manejo de solo e terraplenagem em áreas produtivas. Técnicos do Sistema Estadual de Agricultura elaboram Relatórios Técnicos de Vistoria (RTV) para orientar a priorização de trechos e projetos, o que encurta o trâmite de obras e evita desperdícios. O objetivo é simples: reduzir custos de logística e dar fluidez às cadeias, do fornecimento de milho e farelo até a chegada do produto acabado ao cliente.

Energia e resíduos: soluções práticas para baixar despesa e ganhar eficiência

Energia elétrica é um item relevante na planilha do suinocultor. Ventilação, aquecimento, resfriamento evaporativo, iluminação e acionamento de equipamentos consomem potência ao longo de todo o ciclo. Por isso, o estímulo a placas solares e a sistemas de geração a partir de resíduos animais ganha espaço nas granjas. Ao transformar parte do descarte em fonte de energia, o produtor reduz a fatura mensal, cria receita com venda de excedentes quando a regulação permite e melhora a autonomia em horários de ponta, quando a tarifa é maior. O payback de soluções desse tipo varia conforme a escala e as condições de conexão, mas a combinação de crédito com taxas favorecidas e economia de longo prazo tende a fechar a conta.

A destinação técnica dos resíduos também facilita a gestão do dia a dia. Separadores de sólidos, lagoas de equalização e biodigestores reduzem odor, simplificam o manuseio e permitem a padronização de volumes para aplicação agronômica planejada. Para sistemas integrados, isso representa previsibilidade: a indústria opera com menos riscos de interrupções por problemas de manejo na base produtiva, e o produtor tem mais controle sobre o calendário de manutenção, sem paradas inesperadas em momentos críticos do lote.

Tecnologia e gestão: genética, ambiência e dados a serviço do desempenho

O avanço genético, a padronização das instalações e o uso consistente de dados definem a produtividade da granja moderna. Núcleos como a Granja Gênesis, em Paranavaí, abastecem o Estado com material genético de alto potencial, elevando o número de leitões desmamados por matriz por ano e encurtando o ciclo até o abate. O desafio está em converter esse potencial em ganho efetivo nas granjas comerciais. Isso exige ambiência adequada, ração balanceada, manejo cuidadoso nos primeiros dias e protocolos claros de biossegurança para evitar perdas evitáveis.

Sensores de temperatura, umidade e consumo de água ajudam a manter o conforto térmico e a identificar desvios precoces. Sistemas automáticos de alimentação registram ingestão por baia, permitindo ajustes finos no arraçoamento e na formulação, sobretudo quando o custo do milho sobe. Softwares de gestão reúnem dados de mortalidade, ganho médio diário, conversão alimentar e taxa de lotação por sala. Com esses indicadores na mão, o produtor discute com a integradora medidas concretas para reduzir o custo por quilo de carcaça e melhorar o rendimento de cortes na indústria.

Passo a passo para o produtor: do projeto ao acesso às linhas de apoio

A busca por crédito e benefícios exige organização. O produtor deve iniciar com um diagnóstico da propriedade, listando capacidade instalada, média de abates por ciclo, consumo de energia e água, pontos de estrangulamento e prioridades de investimento. Com esse levantamento, é possível dimensionar exatamente o que financiar: ampliação de maternidade, construção de novas salas de terminação, compra de geradores, instalação de placas solares, adequações de reservação ou automação de cortinas e ventiladores.

Na sequência, recomenda-se elaborar um projeto técnico com orçamento detalhado, cronograma físico-financeiro e estimativa de retorno. Instituições financeiras pedem previsões de fluxo de caixa e garantias proporcionais ao risco. Para incentivos tributários, a regularidade fiscal é determinante. A Receita Estadual poderá solicitar documentação que comprove a natureza da operação, o destino dos animais e os registros de entrada e saída. Um check-list ajuda a evitar retrabalho.

  • Certidões negativas atualizadas e contrato social, quando houver pessoa jurídica.
  • Inscrição estadual válida e documentos fiscais organizados.
  • Projeto técnico assinado por responsável habilitado e orçamentos comparativos.
  • Comprovantes de capacidade de pagamento e histórico de produção.

Com a documentação em ordem, o produtor avança para a contratação do crédito e para a formalização do benefício tributário, quando aplicável. É importante alinhar cronogramas: a entrega de equipamentos e as etapas de obra devem caber no período de carência negociado com o banco. No caso de geração de energia, verifique o tempo de conexão e a disponibilidade da distribuidora local. Ajustes no projeto podem ser necessários para atender padrões técnicos de rede.

Ração, mercado e preço: variáveis que moldam a rentabilidade do lote

O custo da ração segue como o principal determinante do resultado. Milho e farelo de soja compõem a maior parte da fórmula, e oscilações de preço impactam diretamente o custo por quilo vivo. O diferimento do ICMS no milho contribui para suavizar picos, mas a gestão de compras segue central. Muitos produtores adotam contratos escalonados, travando percentuais do volume para os próximos meses e mantendo uma parcela para compra spot quando surgem janelas favoráveis. Essa estratégia reduz a exposição a movimentos bruscos do mercado e ajuda a manter a regularidade do fluxo de caixa.

Do lado da receita, a abertura de mercados externos amplia a capacidade de escoamento e dilui riscos. Com mais destinos, a indústria consegue alocar cortes premium, miúdos e produtos processados de acordo com o perfil de consumo de cada país. O mercado doméstico, por sua vez, responde a renda, preço relativo de outras proteínas e sazonalidade. Em datas de maior demanda, como fim de ano, a coordenação entre produção e abate é essencial para capturar preço sem peso excessivo sobre a logística.

Integração e cooperativismo: por que o modelo ganha tração

O sistema de integração oferece previsibilidade ao produtor e regularidade à indústria. Contratos definem responsabilidades, padrões de ambiência, metas zootécnicas e remuneração por desempenho. A cooperativa ou a empresa fornece leitões, ração, assistência técnica e medicamentos. O produtor entra com instalações, manejo e energia. Quando os indicadores superam as metas, bônus reforçam a renda. Essa lógica cria um ciclo de melhoria contínua nas granjas, com adoção de boas práticas e investimentos graduais em tecnologia.

No ambiente cooperativista, os ganhos de escala aparecem em compras conjuntas de insumos, no compartilhamento de estrutura de abate e na negociação com grandes redes. A distribuição de resultados aos cooperados fortalece a base produtiva e acelera a modernização dos integrados. O avanço de plantas como a da Frimesa traduz essa estratégia: verticalização, padronização de processos e foco em eficiência em toda a cadeia.

Gestão de água: reservação, captação e uso eficiente nas granjas

A água é insumo essencial. Falhas de abastecimento interrompem o manejo e elevam o estresse dos animais, fator que se reflete em conversão alimentar e ganho de peso. Linhas de crédito do Banco do Agricultor Paranaense priorizam projetos de reservação, captação e distribuição, como caixas de grande volume, poços, sistemas de bombeamento e automação. Com reservatórios dimensionados, a granja atravessa períodos de estiagem sem reduzir desempenho e evita compras emergenciais de água, geralmente caras e difíceis de logísticas.

No dia a dia, a gestão passa por medição e manutenção. Hidrômetros por setor, verificação periódica de vazamentos e troca de bicos bebedouros com desgaste identificado fazem diferença no final do mês. Em maternidades e creches, a calibração de bebedouros evita desperdício e umidade excessiva, que podem favorecer problemas sanitários. A organização de rotinas simples, com check-lists por turno, sustenta resultados e prepara a granja para auditorias da integradora ou da indústria.

Biossegurança e padronização: rotas limpas, barreiras e controle de acesso

A manutenção de rotas limpas reduz riscos. Barreiras sanitárias na entrada, controle de veículos, troca de roupas e calçados e cronogramas de vazio sanitário por sala formam o básico de qualquer protocolo. A padronização das rotinas, do recebimento de leitões à saída para o abate, diminui a chance de erros operacionais. Em granjas de ciclo completo, o mapa de fluxo entre unidades precisa ser conhecido por toda a equipe, com sinalização clara e registros em planilhas ou aplicativos simples.

A cadeia integrada se beneficia quando todos os elos adotam o mesmo padrão. Central de inseminação, multiplicadoras e granjas comerciais compatibilizam calendários de vacinação, protocolos de limpeza e critérios de entrada de pessoas. Essa sintonia reduz a variabilidade e torna as entregas mais previsíveis. Para a indústria, previsibilidade significa planejamento de turnos, redução de horas extras e menor necessidade de ajustes de última hora em escalas de abate.

Formação de mão de obra e serviços: onde estão as novas vagas

Com a abertura de plantas e a ampliação de UPDs, cresce a necessidade de trabalhadores qualificados. Operadores de fábricas de ração, técnicos de manutenção eletromecânica, analistas de qualidade e motoristas específicos para o transporte animal estão entre as funções mais demandadas. No campo, multiplicam-se vagas para tratadores, supervisores de granja, inseminadores e responsáveis por biossegurança. A presença de cooperativas e de escolas técnicas nas regiões produtoras facilita a oferta de cursos rápidos e programas contínuos de capacitação.

Prestadores de serviços locais também ganham espaço. Oficinas mecânicas, empresas de refrigeração, fornecedores de materiais para construções rurais e consultorias em gestão se estruturam para atender prazos apertados e padrões de qualidade exigidos pela indústria. Essa rede de suporte encurta o tempo de resposta a imprevistos e mantém as operações rodando em níveis altos de eficiência, fator crítico quando a capacidade de abate cresce e qualquer parada não programada custa caro.

Planejamento financeiro na granja: controle de custos e indicadores-chave

Granjas com maior resiliência financeira costumam acompanhar indicadores simples, porém decisivos. Custo por leitão desmamado, conversão alimentar, ganho médio diário, mortalidade por fase e custo de energia por cabeça formam um painel mínimo de controle. A atualização semanal desses números permite atuar rápido quando um desvio aparece. Se o consumo de energia por cabeça sobe, por exemplo, a checagem imediata de ventiladores, cortinas e motores pode identificar um problema de manutenção antes que ele pese no caixa no final do mês.

O cruzamento de dados com o calendário de recebimento e abate ajuda a coordenar o fluxo de caixa. Entradas de recursos do banco, prazos de fornecedores de ração e repasses da integradora precisam se alinhar aos vencimentos de folha, energia e parcelas de financiamento. Um simples cronograma mensal com datas-chave reduz atrasos, evita multas e melhora a relação com instituições financeiras, condição importante para renegociações e novos créditos.

Como as obras chegam ao produtor: do RTV à execução no município

Os Relatórios Técnicos de Vistoria orientam a escolha dos trechos que receberão pavimentação rural. Equipes do Sistema Estadual de Agricultura percorrem estradas, mensuram volume de tráfego, identificam gargalos e definem prioridades. Com base nesses relatórios, as prefeituras elaboram projetos e submetem propostas para liberação dos recursos. A compra de maquinário com o aporte de R$ 1,5 bilhão entra como reforço para executar e manter as obras, evitando a deterioração prematura das vias recém-pavimentadas.

Para o produtor, o efeito prático aparece no encurtamento do tempo de deslocamento da granja à unidade de abate e na regularidade da coleta de animais, ração e materiais. Rotas mais confiáveis permitem agendar carregamentos em horários que favorecem o bem-estar dos animais e o rendimento industrial. Ao mesmo tempo, o risco de interrupções por chuvas intensas diminui, e a programação de lotes fica menos sujeita a remarcações de última hora.

Abertura de mercados e padronização de cortes: a lógica industrial por trás do crescimento

Com o reconhecimento sanitário e a ampliação de plantas, a indústria paranaense busca diversificar destinos e produtos. Além das carcaças e cortes in natura, cresce a fatia de processados e itens de maior valor agregado. A padronização de cortes, a rastreabilidade de lotes e a regularidade no fornecimento dão previsibilidade à negociação com importadores e varejistas. Essa estratégia exige investimento contínuo em controle de qualidade, inspeção e treinamento de equipes.

Para o produtor, essa lógica se traduz em metas zootécnicas alinhadas ao rendimento de carcaça e ao peso ideal de abate. Entregar animais no ponto certo aumenta a eficiência da linha, reduz refugo e otimiza o uso de câmaras frias e transporte. Esse ajuste fino depende de acompanhamento diário do ganho de peso e de adequações no arraçoamento, sobretudo nos últimos dias de terminação.

Desafios no horizonte: custos, sanidade e coordenação de cadeia

Mesmo com um cenário favorável, a suinocultura convive com desafios constantes. Os preços de milho e farelo podem acelerar em curtos períodos, pressionando margens. A manutenção do status sanitário exige vigilância diária nos protocolos de biossegurança, monitoramento de fronteiras e comunicação rápida entre granjas, cooperativas e serviços oficiais. Além disso, a expansão industrial pede coordenação fina para evitar gargalos em pontos como transporte, mão de obra e fornecimento de embalagens e insumos.

A resposta passa por planejamento de compras mais robusto, reforço a rotinas de biossegurança e integração de dados entre os elos. Programas de capacitação com foco em manutenção industrial e gestão de granjas ajudam a preencher lacunas de mão de obra. O uso de painéis de indicadores compartilhados permite que a indústria ajuste a escala de abate conforme o desempenho das granjas, reduzindo perdas e aumentando a eficiência conjunta.

O que muda para o produtor e para a indústria a partir de agora

Com a combinação de crédito direcionado, incentivos tributários, obras de infraestrutura e reconhecimento sanitário, a cadeia paranaense de suínos entra em uma fase de maior previsibilidade. Projetos como o frigorífico de Assis Chateaubriand elevam a barra de eficiência e puxam a demanda por leitões, ração e serviços. A abertura de mercados, como o Chile, amplia opções de escoamento e melhora a capacidade de precificação da indústria. Para o produtor, as prioridades seguem claras: reduzir custo por cabeça, manter indicadores zootécnicos estáveis e alinhar o cronograma de lotes às janelas de demanda.

Nos próximos meses, a execução de obras em estradas rurais e a entrega de equipamentos adquiridos pelas prefeituras devem melhorar a logística do interior. No campo, projetos financiados para energia, água e automação tendem a gerar ganhos contínuos de eficiência. Para a indústria, o foco recai sobre padronização, qualidade e planejamento de longo prazo com distribuidores e importadores. A coordenação desses movimentos sustenta a trajetória do setor e mantém o Paraná em posição de destaque na produção de carnes no Brasil.



Última atualização em 11 de setembro de 2025

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