Escolher o polímero sem conhecer seu comportamento térmico custa caro. O efeito aparece no chão de fábrica: pressão de injeção fora do ponto, linhas de fluxo marcadas, ciclos mais longos que o estimado e peças que deformam durante o resfriamento. Entender o que define um polímero termoplástico, como ele reage ao aquecimento e como os parâmetros se conectam ao processo permite calibrar a produção, reduzir retrabalho e entregar peças com repetibilidade.
Polímeros termoplásticos amolecem com calor e enrijecem ao resfriar, repetindo esse ciclo sem alteração permanente de estrutura. Essa reversibilidade é a base para injeção, extrusão, sopro e termoformagem. Mas não basta saber o conceito. É preciso traduzir transições térmicas, cristalinidade e índice de fluidez em decisões práticas: qual resina comprar, qual temperatura de massa usar, como dimensionar canais, que tempo de resfriamento prever e quando mudar de grau para atingir a meta de produtividade e qualidade.
Termoplástico: como ele se comporta sob o calor
O termoplástico possui cadeias lineares ou levemente ramificadas, sem ligações cruzadas definitivas. Ao aquecer, o material passa por duas referências de temperatura. A primeira é a transição vítrea (Tg), em que cadeias ganham mobilidade segmentar e o material sai do estado rígido para uma condição borrachosa. A segunda é a fusão (Tm), típica de polímeros semicristalinos, quando lamelas cristalinas se desfazem e a massa se comporta como fluido viscoso apto ao escoamento no molde ou na matriz. Em polímeros amorfos, não há Tm definida; a queda de viscosidade é guiada pela Tg e pela curva reológica do material.
Esse comportamento térmico explica por que dois polímeros com a mesma dureza podem se comportar de forma oposta na injeção. Um PP com maior cristalinidade tende a contrair mais no resfriamento que um PS amorfo, impactando a dimensional final e a pressão de recalque necessária. Já um PET precisa de secagem adequada antes do processo para manter viscosidade e evitar degradação por hidrólise. Traduzir esses efeitos em parâmetros de máquina é o passo que transforma teoria em desempenho estável.
Diferença prática entre termoplástico e termofixo
Nos termoplásticos, o ciclo térmico é reversível. A peça pode ser moída e reprocessada dentro de limites definidos pela estabilidade térmica do material e pela história de cisalhamento. Em termofixos, após a cura, formam-se ligações cruzadas que impedem fusão e remodelagem. Na prática, isso altera a estratégia de produção e de gestão de refugo: galhos e canais de termoplásticos voltam ao processo com controle de contaminação e viscosidade; em termofixos, o ajuste ocorre no momento da cura e no desenho do ferramental para reduzir perdas.
Do ponto de vista de projeto, a reversibilidade do termoplástico amplia janelas de processamento e opções de acabamento, como solda por ultrassom, termoformagem secundária e usinagem leve. Isso também orienta a seleção de aditivos e cargas, porque cada modificação afeta viscosidade, retração, estabilidade dimensional e aparência. Quem domina essas diferenças evita escolhas genéricas e ganha previsibilidade no cronograma e nos custos.
Parâmetros que definem a escolha do material
A decisão começa por requisitos de uso: temperatura de serviço, rigidez, impacto, transparência, contato com alimentos, resistência química e requisitos elétricos. Em seguida, entra o processo: injeção, extrusão, sopro, termoformagem ou impressão 3D. Cada processo pede uma faixa de viscosidade e estabilidade térmica. O índice de fluidez (MFI/MFR), medido em g/10 min, dá uma ideia do escoamento sob carga e temperatura padrão. Em geral, MFI alto indica fluidez maior e menor resistência ao impacto para o mesmo polímero e família, mas essa relação varia conforme copolimerização e aditivos.
Outros números fazem diferença: densidade, contração linear, módulo de flexão, resistência à tração e ao impacto (Izod ou Charpy), HDT e Vicat, absorção de umidade e inflamabilidade. A leitura conjunta desses itens mostra compatibilidade entre a resina e o ferramental. Uma peça com paredes finas e canais longos exige fluidez maior; uma dobradiça viva demanda PP homopolímero com alto alongamento e relaxamento controlado; filmes agrícolas pedem PE com distribuição de massa molar adequada para resistência ao rasgo e ao furo. Sem esses cruzamentos, o risco de retrabalho cresce.
Mapas rápidos de materiais: o que observar nos principais polímeros
Alguns polímeros aparecem em quase toda linha de produção. Conhecer seus pontos fortes e limites acelera a escolha. Abaixo, veja orientações focadas em aplicações frequentes e no ajuste de processo. As faixas citadas são típicas e podem variar por grau, fabricante e aditivação, portanto servem como referência inicial para conversa técnica e testes de validação em escala.
A lista reúne PE, PP, PET, PS, EVA e PVC. Cada um tem particularidades na transição térmica, no comportamento reológico e na retração. Esses fatores influenciam diretamente tempo de ciclo, necessidade de secagem, acabamento superficial, resistência ao risco e estabilidade dimensional. O objetivo é oferecer um roteiro de pontos de verificação para que ajustes de máquina e de molde alcancem resultados consistentes.
Polietileno (PE): PEAD, PEBD e PELBD
O PE é semicristalino, com retração moderada a alta. PEAD tende a apresentar maior rigidez e resistência química, com Tm típica na faixa de 130 °C; PEBD e PELBD oferecem maior tenacidade e processabilidade em filmes. Em extrusão de filmes, a escolha do MFI e da distribuição de massa molar influencia estabilidade de bolha, resistência ao rasgo e selabilidade. Em injeção, canais e pontos de injeção devem considerar a viscosidade e a tendência a fiar em extração, com controle de temperatura do bico e do molde para evitar linhas de solda frias.
Aplicações incluem embalagens flexíveis, frascos soprados, tampas, peças técnicas com exigência de resistência química e tubulações. Ajustes práticos: usar perfis de temperatura crescentes até a zona próxima ao bico, controlar contrapressão para homogenização sem degradar, definir tempo de recalque suficiente para consolidar regiões espessas e prever folgas e ângulos de extração adequados para a contração do material.
Polipropileno (PP)
O PP é semicristalino, com Tm típica ao redor de 160–170 °C e Tg baixa. O homopolímero favorece rigidez e resistência à fadiga em dobradiças vivas; copolímeros randômicos melhoram transparência e copolímeros de impacto elevam tenacidade em baixas temperaturas. Em injeção, o PP responde bem a velocidades de enchimento mais altas, com atenção à orientação de fluxo para reduzir empeno. O controle de resfriamento uniforme é decisivo em geometrias assimétricas.
Aplicações: utilidades domésticas, componentes automotivos, embalagens e fibras. Dicas de processo: balancear gates para evitar gradientes de pressão, usar temperaturas de molde moderadas para acabamento e cristalinidade adequados e ajustar o MFI conforme espessura da peça. Em extrusão, o desenho de matriz e a tração no cabeçote impactam brilho e estabilidade dimensional.
Polietileno tereftalato (PET)
O PET é sensível à umidade e requer secagem anterior ao processamento para preservar viscosidade intrínseca e evitar bolhas e perda de propriedades. Em sopro de garrafas, o aquecimento pré-forma e a taxa de estiramento determinam transparência e resistência. Em extrusão de chapas para termoformagem, o controle do resfriamento reduz cristalização superficial indesejada e opacidade em regiões finas. A janela de processo é precisa: pequenos desvios tendem a afetar brilho e impacto.
Aplicações incluem embalagens rígidas, fibras e filmes técnicos. Recomendações: manter secadores com controle de ponto de orvalho, usar temperaturas de massa e de molde compatíveis com o grau escolhido e validar o tempo entre secagem e processamento para evitar reabsorção de umidade. A qualidade da resina reciclada, quando presente na formulação, pede controle reológico consistente para manter espessura e desempenho mecânico.
Poliestireno (PS)
Material amorfo, o PS apresenta boa estabilidade dimensional e acabamento superficial, com facilidade de processamento na injeção e extrusão. A ausência de Tm definida simplifica o controle de resfriamento, mas a fragilidade relativa exige atenção a entalhes e cantos vivos. Versões de alto impacto (HIPS) incorporam borracha para melhorar tenacidade, com impacto em brilho e viscosidade. Em processos rápidos, o equilíbrio entre velocidade de enchimento e ventilação do molde evita marcas e queimados.
Aplicações: eletrodomésticos, displays, embalagens e isolamento térmico na forma expandida (EPS). Em extrusão e termoformagem, temperaturas uniformes nas zonas e no rolo calandrado favorecem espessura constante. No EPS, controle de pré-expansão e estabilização garantem densidade e compressão dentro do especificado.
Etileno acetato de vinila (EVA)
Copolímero versátil, o EVA varia bastante conforme o teor de acetato de vinila. Teores mais altos aumentam maciez e adesão, úteis em calçados e adesivos hot melt, enquanto teores mais baixos aproximam propriedades do PE. Em extrusão, a estabilidade da massa e a temperatura do cabeçote são cruciais para evitar gelificação local. Em injeção, atenção a tempos de resfriamento para preservar elasticidade sem deformação.
Aplicações: solados, tatames, brinquedos e filmes. Boas práticas incluem seleção do MFI pela espessura final, calibração de rolos para evitar marcas, e controle de aditivos para evitar migração superficial que possa prejudicar impressão ou colagem.
Policloreto de vinila (PVC)
O PVC é amplamente utilizado em formulações rígidas e flexíveis. Em perfis e tubos, a estabilidade térmica durante a gelificação determina acabamento e resistência. Em cabos e laminados, plastificantes definem flexibilidade e comportamento em serviço. O controle de temperatura no cilindro e no cabeçote, aliado a estabilizantes adequados, evita degradação e escurecimento. Em injeção, o resfriamento uniforme e o desenho dos canais garantem preenchimento sem tensões residuais elevadas.
Aplicações: tubos, conexões, esquadrias, cartões, capas e isolação elétrica. Recomenda-se monitorar torque e pressão em extrusoras, manter filtros limpos e usar roscas e matrizes compatíveis com a reologia da formulação para estabilidade dimensional e superfície lisa.
Tg e Tm: como usar as transições térmicas a seu favor
Saber a Tg evita surpresas em peças submetidas a calor moderado. Um material amorfo com Tg próxima da temperatura ambiente pode perder rigidez em um equipamento que dissipa calor ou em um veículo estacionado ao sol. Já conhecer a Tm de um semicristalino ajuda a definir a janela de processo e a temperatura de molde, influenciando brilho, retração e soldabilidade por calor. Em validação, a combinação de DSC e ensaios de carga sob temperatura (HDT, Vicat) confirma se a peça atende ao uso.
Na prática, monte um quadro por família de polímero com Tg, Tm, faixa de massa, temperatura do molde e tempo de resfriamento típico para a sua geometria. Esse quadro vira referência rápida para set-ups e auditorias de processo. A cada troca de lote ou mudança de distribuidor, confira se as transições e a curva reológica se mantêm dentro do esperado para manter repetibilidade.
Índice de fluidez (MFI/MFR): interpretação prática e armadilhas comuns
O MFI mede o escoamento sob condições padronizadas e ajuda a estimar preenchimento e pressão necessária. Para paredes finas, graus com MFI mais alto geralmente facilitam o enchimento; para peças estruturais, MFI mais baixo pode favorecer propriedades mecânicas. Mas MFI é um ponto na curva. Dois materiais com mesmo MFI podem ter distribuições de massa molar diferentes e comportamentos distintos em cisalhamento elevado. Por isso, quando possível, complemente a análise com reometria capilar e avaliação de estabilidade térmica.
No recebimento, compare MFI do lote com o datasheet e com o histórico do seu processo. Variações fora do controle mudam pressão máxima, tempo de recalque e até a necessidade de alterar o diâmetro do ponto de injeção. Em extrusão, ajustes finos de temperatura e tração compensam variações pequenas; variações grandes pedem revisão do grau para manter produtividade e aparência.
Compatibilidade com processos e projeto de ferramental
Cada polímero tem janela de processo e retração próprias. Em injeção, prever canais dimensionados para a viscosidade do material e posicionar pontos de injeção para fluxo equilibrado evita linhas de solda críticas. Em sopro, a parison deve manter estabilidade até o sopro e o fechamento do molde. Na termoformagem, aquecimento uniforme e controle de zona evitam afinamento excessivo em regiões profundas. Em impressão 3D, formulações específicas garantem adesão entre camadas e minimizam deformação.
O ferramental acompanha essa lógica. Molde com canais quentes requer bicos e isolação compatíveis com o material; ligas metálicas do molde influenciam troca térmica e brilho. Saídas de ar bem posicionadas evitam queimados e marcas. O desenho de raios e espessuras reduz concentração de tensões, algo essencial em polímeros amorfos mais sensíveis a entalhes. A soma desses cuidados define ciclo mais curto e menor índice de refugo.
Aditivação e compostos: quando usar e o que medir
Aditivos ajustam desempenho e processabilidade. Estabilizantes térmicos preservam cor e viscosidade ao longo do ciclo; deslizantes e antibloqueio ajudam em filmes; nucleantes aceleram cristalização em PP, reduzindo tempo de ciclo e melhorando rigidez; cargas minerais controlam deformação e custo por peça; fibras elevam módulo e temperatura de deflexão sob carga. Cada adição mexe na reologia e na retração, então a validação deve medir tanto propriedades mecânicas quanto a estabilidade de processo.
Em projetos sensíveis, comece com um grau base e adições em escala-piloto. Avalie fluidez, pressão máxima, aparência, colagem ou soldagem e resistência a riscos. Para séries longas, a repetibilidade de fornecimento e a consistência de pigmentos e aditivos pesam tanto quanto o ganho pontual de desempenho. Documente limites de processo e parâmetros de set-up por material para acelerar trocas e garantir resultados previsíveis.
Erros comuns e como resolver no dia a dia
Defeitos recorrentes têm causas típicas ligadas ao material ou ao set-up. Empeno em peças com geometrias assimétricas costuma relacionar-se a diferenças de resfriamento e orientação de fluxo; linhas de solda frágeis podem indicar material muito frio na confluência ou ventilação insuficiente; bolhas e porosidade em PET apontam para secagem inadequada; manchas de fluxo podem vir de velocidade de injeção baixa em materiais de maior viscosidade. Resolver passa por atacar variável a variável, sem mudanças simultâneas que confundam o diagnóstico.
Um roteiro prático ajuda: confirme matéria-prima e MFI do lote; revise temperaturas de cilindro, bico e molde; ajuste velocidade de enchimento e ponto de transferência para recalque; valide tempos de compactação e resfriamento; inspecione exaustão do molde e polimento de canais; cheque secagem para materiais higroscópicos; registre antes/depois. Essa disciplina encurta a curva de ajuste e evita conclusões precipitadas sobre “defeito de resina” quando a causa é de processo.
Ficha técnica: como ler e comparar sem erro
A ficha técnica é o mapa do material. Comece pelo tipo de polímero e por eventuais copolímeros. Em seguida, verifique MFI, densidade, módulo, resistência à tração e alongamento, impacto Izod/Charpy, HDT e Vicat. Compare valores na mesma condição de ensaio (norma, temperatura, corpo de prova) para ter base justa. Para peças que exigem estabilidade dimensional, olhe contração na direção do fluxo e transversal. Para embalagens, atenção à clareza, ao brilho e à resistência ao risco quando disponíveis.
Na comparação entre fornecedores, mapeie tolerâncias e variações de lote. Um material com propriedades médias idênticas pode ter dispersão diferente, o que pesa no controle de processo. Se o projeto pede solda, verifique compatibilidade entre materiais; se envolve pintura ou impressão, confirme aderência e tensão superficial. Registre as condições de teste usadas na sua planta para construir um histórico que sirva de referência em futuras compras.
Casos práticos: onde a escolha correta fez diferença
Em utilidades com dobradiça viva, migrar de PP copolímero para PP homopolímero elevou a vida útil da peça ao reduzir creep e melhorar a resistência à fadiga no vinco, mantendo a produtividade ao adotar nucleante e temperaturas de molde levemente mais altas. No sopro de frascos para produtos de limpeza, a troca de PEBD para PELBD com distribuição de massa molar mais ampla melhorou resistência ao rasgo e estabilidade de parison, com ajuste de tração e perfil térmico no cabeçote.
Em displays, substituir PS comum por HIPS controlou quebras em cantos vivos, sem perder planicidade, após otimização de velocidade de enchimento e polimento do molde. Em chapas para termoformagem, a padronização da secagem de PET e o controle de zonas reduziram pontos opacos e variação de espessura, encurtando setup e refugo. Esses exemplos mostram que a chave está em casar material, processo e desenho, não em trocar resina por tentativa e erro.
Passo a passo para definir o polímero termoplástico do seu projeto
1) Liste requisitos de uso: temperatura de serviço, esforços, impacto, transparência, resistência química e requisitos elétricos. 2) Defina o processo produtivo e o volume previsto. 3) Selecione famílias candidatas considerando Tg, Tm e janela de processamento. 4) Valide compatibilidade com ferramental, retração e acabamento. 5) Escolha grau pela fluidez e pelas propriedades mecânicas, equilibrando ciclo e desempenho. 6) Planeje aditivação e pigmentação conforme a aplicação e o processo.
7) Rode pilotos com medições objetivas: pressão máxima, tempo de ciclo, dimensional, aparência e propriedades mecânicas. 8) Ajuste parâmetros de máquina com base em dados e não apenas na aparência da peça. 9) Documente a janela ótima de processo e os limites de aceitação para facilitar réguas de qualidade. 10) Estabeleça critérios para eventual reprocesso, percentual de recuperação e controle de contaminação.
Controle de qualidade: ensaios que evitam surpresas na produção
Em recebimento, confirme MFI, umidade para materiais higroscópicos, densidade e cor. Na produção, monitore pressão de injeção, tempo de preenchimento, temperatura real de massa e tendência de variação ao longo do lote. Em validação, ensaios mecânicos (tração, flexão, impacto), térmicos (HDT, Vicat) e dimensionais dão segurança para aprovar a peça. Para investigações de causa, DSC revela Tg e Tm, TGA mostra estabilidade térmica e FTIR ajuda a identificar matéria-prima e contaminações.
A rastreabilidade é parte do controle. Lote, data, máquina, molde, parâmetros e operador formam o histórico que acelera auditorias e correções. Padronize corpos de prova e condições de ensaio para permitir comparação direta. Quando houver mudança de fornecedor ou de grau, execute um plano de equivalência com foco em reologia, propriedades críticas e desempenho no processo real, além de documentação fotográfica e dimensional.
Armazenamento e secagem: base para estabilidade de processo
Nem todo polímero precisa de secagem, mas quando necessário o impacto é grande. PET e outros materiais higroscópicos pedem secagem controlada antes do processamento, com ponto de orvalho adequado e tempo suficiente para reduzir umidade a níveis seguros. Ignorar essa etapa resulta em bolhas, linhas fracas e perda de viscosidade. Já PP e PE, em condições normais, não exigem secagem prévia, mas pedem armazenamento em local seco, sem exposição a fontes de calor e com embalagens íntegras para evitar contaminação.
Além da umidade, proteja a resina de pó e partículas metálicas. Filtros de linha limpos, funis cobertos e limpeza de rosca e cilindro previnem riscos e manchas. Organize o FIFO de lotes para manter consistência ao longo de campanhas de produção e registre alterações de setup após trocas de material. Essas práticas garantem que o comportamento do polímero visto em laboratório se repita na fábrica.
Custo total: além do preço por quilo, o que pesa no resultado
Preço por quilo é um dos componentes, não o único. A conta completa inclui tempo de ciclo, energia, taxa de refugo, vida útil do molde, limpeza e troca, além de perdas por ajustes. Um grau de maior fluidez que reduz pressão máxima e tempo de resfriamento pode diminuir consumo energético e ampliar capacidade instalada. Um material com retração mais previsível reduz retrabalho dimensional e descarte. Essa visão evita escolhas que aparentam economia e, no fim, elevam o custo por peça produzida.
O cálculo fica mais sólido quando a engenharia coleta dados reais de produção. Compare cenários com medições de ciclo, refugo e manutenção. Defina critérios de aprovação com base em custo total e desempenho, não apenas em preço da resina. Isso cria um processo de compra alinhado à operação e diminui variações de qualidade ao longo do tempo.
Checklist rápido para acertar na escolha do termoplástico
– Defina requisitos de uso e limite térmico. – Selecione processos compatíveis e volume estimado. – Liste famílias candidatas com Tg/Tm e janela de processo. – Compare MFI, retração, módulo, impacto e resistência química. – Valide compatibilidade com ferramental e acabamento. – Planeje aditivos e pigmentos com base em metas de desempenho. – Execute piloto e meça ciclo, pressão, aparência e propriedades. – Documente a janela ótima e estabeleça limites de aceitação. – Controle recebimento por MFI, umidade (se aplicável) e densidade. – Revise custo total por peça, não só o preço por quilo.
Esse checklist muda a conversa técnica. Em vez de “qual é o material mais barato?”, a pergunta passa a ser “qual é o material que, no meu processo, cumpre o desempenho com o menor custo total e a maior repetibilidade?”. Essa mudança traz previsibilidade e reduz desvios, sobretudo em linhas com alta cadência e tolerâncias apertadas.
Dicas de projeto: desenho que facilita fabricação
Espessura constante reduz empeno e tensões; variações devem ser graduais. Raios generosos em cantos e transições mitigam concentração de tensões, especialmente em amorfos sensíveis a entalhes. Nervuras aumentam rigidez sem penalizar massa, desde que respeitem proporção frente à parede. Texturas e polimentos devem considerar o material: alguns semicristalinos aceitam melhor texturas profundas com controle de retração; amorfos respondem bem a polimentos finos.
Preveja ângulos de desmoldagem compatíveis com a contração do polímero e com o acabamento desejado. Posicione pontos de injeção para preencher em direções que favoreçam a estética e a resistência. Se a peça receber solda por ultrassom, reserve geometrias de energia apropriadas ao material escolhido. Antecipar essas decisões evita correções caras em ferramental.
Reprocesso e reaproveitamento interno: limites e boas práticas
Em termoplásticos, é possível reintroduzir aparas e galhos ao processo, respeitando limites para não alterar viscosidade e aparência. Defina percentuais por família de material e por aplicação, controle moagem para evitar pó excessivo e mantenha segregação de cores e graus. Em linhas críticas, execute testes de propriedade e aparência a cada ajuste de percentual. O objetivo é recuperar valor sem comprometer a estabilidade de processo e o padrão visual.
Documente a procedência das aparas e restrinja o reaproveitamento em peças com requisitos dimensionais apertados ou com contato sensível. Limpe funis e moegas com regularidade, e monitore variações de MFI ao longo do tempo. Uma política clara de reprocesso evita surpresas e mantém previsibilidade de qualidade.
Quando envolver suporte técnico especializado
Se o projeto combina requisitos mecânicos desafiadores com geometrias críticas, ou se a linha alterna frequentemente entre produtos e cores, o apoio técnico encurta o caminho. Avaliações de janela de processo, seleção de grau e de aditivos, além de recomendações de ferramental, evitam tentativas demoradas. Em mudanças de fornecedor, um plano de equivalência conduzido por especialista garante continuidade sem quedas de desempenho.
Fale com os especialistas da Piramidal para discutir requisitos, comparar opções e validar o grau mais adequado ao seu processo. O suporte inclui análise de dados de produção, revisão de fichas técnicas e recomendações objetivas de materiais e ajustes de processo. Assim, a escolha do polímero termoplástico deixa de ser uma aposta e passa a ser uma decisão técnica clara.
Resumo prático: do conceito à peça aprovada
Entender o polímero termoplástico é conectar conceito, dados e chão de fábrica. Saber como Tg e Tm influenciam a janela térmica, como MFI conversa com enchimento e resistência, e como cristalinidade impacta retração e estabilidade dimensional encurta a distância entre o projeto e a peça aprovada. O resultado é um processo mais previsível, com ciclos ajustados, aparência estável e atendimento aos requisitos de uso.
Com um roteiro claro de requisitos, seleção de família, validação de grau e controle de processo, a escolha do material deixa de depender de tentativa e erro. Isso libera tempo de máquina, reduz intervenções e organiza a cadeia de suprimentos. Quando necessário, conte com suporte técnico para transformar números da ficha técnica em decisões que funcionam na sua realidade de produção.
Explore o portfólio de resinas termoplásticas
Se você busca PE, PP, PET, PS, EVA, PVC ou compostos com aditivos específicos, avalie os graus disponíveis conforme seu processo e sua meta de desempenho. Compare fluidez, propriedades e janela térmica para reduzir ciclo sem sacrificar qualidade. A partir daí, planeje pilotos, documente parâmetros e consolide o grau aprovado.
A decisão certa começa com entendimento dos fundamentos e termina com dados de processo. Esse caminho garante que o polímero termoplástico selecionado entregue o que o projeto pede, no prazo e na cadência que a sua operação exige.
Última atualização em 13 de outubro de 2025
