Percevejo-das-pastagens: um inimigo pequeno, mas devastador
O percevejo-das-pastagens é um inseto que se tornou o pesadelo dos pecuaristas na Amazônia. Com apenas 4 milímetros de comprimento, essa praga é capaz de causar danos profundos, sendo responsável por dizimar até 700 hectares de pastagem em propriedades rurais no Pará. As consequências disso não são apenas financeiras, mas também ambientais, uma vez que a pastagem desempenha um papel crucial na manutenção da saúde do solo e na captura de carbono.
Esta ameaça teve um crescimento considerável nos últimos anos, principalmente após verões secos severos e o acúmulo excessivo de gado nas propriedades, resultado da queda nos preços da arroba. O professor Salim Jacaúna de Souza Junior, da Universidade Federal do Pará (UFPA), relata que muitos produtores enfrentaram perdas irreparáveis, vendendo rebanhos rapidamente e abandonando suas terras, pois as pastagens estavam completamente dizimadas.
O drama que virou realidade no Pará
A situação alarmante nas fazendas do Pará trouxe um sentimento de desespero para os produtores rurais. O percevejo-das-pastagens, ao se alimentar da seiva das plantas, impede a recuperação da vegetação, transformando áreas produtivas em desertos estéreis. É uma imagem aterradora: pastagens que antes eram vibrantes e produtivas agora estão vazias, e muitos pecuaristas enfrentam a dura realidade de terem que se desfazer de sua principal fonte de renda.
Além dos impactos econômicos diretos, a infestação desses insetos apresenta prejuízos ambientais significativos. A destruição da cobertura de pastos compromete o sequestro de carbono, essencial para a luta contra a mudança climática, e prejudica a saúde do solo, tornando-o mais suscetível à erosão. O testemunho de Salim, que afirma que “houve fazendas que perderam tudo”, resume o estado de calamidade na região.
Uma solução sustentável emergente
As tentativas para controlar a praga utilizando inseticidas químicos tiveram resultados desanimadores, com efeitos colaterais que muitas vezes agravam a situação. Entretanto, a equipe da UFPA, liderada por Salim, encontrou esperança em uma alternativa mais sustentável: um produto biológico chamado Biotop. Esse produto contém quatro cepas de microrganismos que atacam o percevejo-das-pastagens de maneira específica e eficiente.
Os resultados foram impressionantes. Apenas 20 dias após a aplicação do Biotop, os pastos começaram a se recuperar, e o capim voltou a germinar vigorosamente. Essa abordagem não apenas demontra a eficácia do produto, mas também o compromisso com práticas agrícolas que respeitam o meio ambiente, uma vez que os microrganismos se multiplicam naturalmente, criando uma barreira a longo prazo contra a praga.
O papel da integração no manejo
Para que o controle do percevejo-das-pastagens seja verdadeiramente eficaz, é vital implementar uma estratégia de manejo integrado. Isso envolve não apenas a aplicação de produtos biológicos, mas também a recuperação da saúde do solo, nutrição das plantas, boas práticas de manejo e, especialmente, a disseminação de informações técnicas precisas entre os produtores. O professor Salim destaca a importância desse conhecimento para que os pecuaristas possam abordar a praga de forma proativa e não reativa.
Um aspecto crucial a ser considerado na prevenção da infestação é a qualidade das sementes e mudas utilizadas. O percevejo pode ser introduzido nas propriedades através de sementes contaminadas, tornando-se fundamental a escolha de materiais de alta qualidade. Além disso, a atenção a possíveis fontes de infestação externa é primordial para evitar que o problema se agrave.
Um novo fôlego para a pecuária da Amazônia
A recuperação das pastagens e o sucesso da implementação do Biotop não apenas restauraram a esperança dos pecuaristas no Pará, mas também despertaram o interesse de produtores de outras regiões. A eficácia do tratamento biológico pode ser aplicada em casos de outras pragas, como a cigarrinha, ampliando ainda mais suas potencialidades.
O comprometimento dos pesquisadores com a pecuária brasileira é evidente, e Salim conclui: “A guerra não está perdida. O produtor que perdeu o pasto pode voltar a produzir — e agora com ainda mais conhecimento e ferramentas sustentáveis à disposição”. Essa mensagem é um chamado à ação, incentivando os pecuaristas a se unirem em torno de soluções inovadoras e sustentáveis que garantam não só a recuperação de suas áreas, mas também o futuro da pecuária na Amazônia.
O futuro das abordagens sustentáveis na pecuária
O cenário para a pecuária na Amazônia pode estar mudando, mas isso requer um esforço coletivo dos produtores, instituições de pesquisa, e órgãos governamentais. A adoção de práticas sustentáveis e a utilização de conhecimentos científicos podem ser a chave para um futuro mais próspero e resiliente frente aos desafios impostos por pragas e mudanças climáticas.
A jornada em direção a uma pecuária mais sustentável não ocorre do dia para a noite. Requer determinação, investimentos em tecnologia e, acima de tudo, um comprometimento em adotar medidas proativas de manejo. À medida que as boas práticas se disseminam, há espaço para a esperança e a recuperação das pastagens, que são vitais não apenas para os agricultores, mas também para a saúde do ecossistema amazônico.
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Última atualização em 7 de abril de 2025