Acelerador da transição seleciona projetos em ferro, aço e química verde.

aço

Na quarta-feira, 15 de outubro de 2025, o Acelerador da Transição Industrial (ITA) anunciou a seleção de três projetos brasileiros que pretendem usar hidrogênio de fonte renovável em rotas de ferro, aço e produtos químicos. As iniciativas são da Stegra, da Green Energy Park e do Grupo KWPar. Com as novas entradas, o Brasil soma 15 projetos acompanhados na plataforma, que calcula um potencial agregado de investimentos de US$ 23 bilhões no país. Segundo a Mission Possible Partnership (MPP) e o ITA, já há US$ 6 bilhões mobilizados e até US$ 55 bilhões em oportunidades anunciadas. O apoio do programa foca redução de barreiras de política pública, formação de demanda e fechamento de financiamento para acelerar a decisão final de investimento (FID, na sigla em inglês).

Novos selecionados: o que muda com Stegra, Green Energy Park e Grupo KWPar

A inclusão de Stegra, Green Energy Park e Grupo KWPar indica uma aposta direta em cadeias industriais intensivas em energia. No ferro e no aço, a meta é substituir agentes redutores baseados em carbono por hidrogênio na rota de redução direta (DRI) e integrar fornos elétricos a arco (EAF). Na química, o foco recai sobre insumos como amônia e metanol, que dependem de hidrogênio e podem abastecer desde fertilizantes até correntes da indústria de base. Ao entrar na carteira do ITA, os proponentes passam a contar com apoio para detalhar engenharia, estruturar contratos de compra e preparar a documentação de crédito em padrões aceitos por financiadores.

Essa etapa é sensível porque requer alinhamento entre suprimento elétrico, preço-alvo do hidrogênio, demanda comprometida por longo prazo e licenças. O ITA atua no diagnóstico de gargalos, na articulação com governos e no desenho de instrumentos como contratos por diferença, garantias de offtake e modelos de leilão. A seleção não significa FID imediato, mas reduz incertezas, consolida cronogramas e aumenta a visibilidade para investidores. Em paralelo, os projetos mapeiam integrações com portos, dutos e redes elétricas para assegurar competitividade de logística e estabilidade nas operações.

Quem são os proponentes e quais rotas estão no radar

A Stegra, voltada a soluções industriais, mira cadeias de ferro e aço com base em redução direta. A proposta típica envolve pelotas de minério de alto teor, reforma de gás para uso inicial com misturas H2/CO e, no estágio final, transição para 100% H2 conforme maturação do suprimento. O uso de fornos elétricos a arco permite combinar DRI com sucata metálica, otimizando custo energético e emissões do processo. No desenho operacional, o hidrogênio exige especificação de pureza, pressão e vazão estável para evitar degradação de eficiência e impactos em qualidade metalúrgica.

A Green Energy Park trabalha com hubs integrados de eletricidade, produção de hidrogênio e síntese de moléculas derivadas. Em parques dessa natureza, o planejamento avalia sinergias entre geração eólica/solar, armazenamento, uso de oxigênio coproduzido e serviços ao sistema elétrico. Já o Grupo KWPar, com atuação em química e energia, mira cadeias como amônia e metanol, que servem à fabricação de fertilizantes, solventes e combustíveis marítimos alternativos. Nesses casos, contratos de compra com agroindústrias, operadores logísticos e tradings são decisivos para dar âncora de demanda e viabilizar o financiamento na modalidade project finance.

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O papel do ITA e a parceria com o MDIC

O ITA funciona como uma plataforma de apoio a projetos industriais que buscam reduzir emissões em processos pesados e de difícil abatimento. A atuação prioriza cadeias com grande participação na matriz de consumo energético e nas emissões diretas, como cimento, aço, alumínio, química e aviação. No Brasil, a iniciativa tem parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o que facilita a interlocução com órgãos governamentais e a análise de instrumentos de política pública. A presença do poder público amplia previsibilidade e pode acelerar a conexão com programas de compras, leilões e incentivos fiscais setoriais.

Além de conexão institucional, o ITA e redes associadas provêm estudos de viabilidade, avaliações de custo nivelado do hidrogênio (LCOH) e modelagens de sensibilidade, úteis para testar diferentes preços de energia, fatores de capacidade e escalas de planta. Para cada projeto, é montado um plano de ação com foco na passagem de estágios de concepção e engenharia básica para engenharia de detalhamento, com metas de fechamento de contratos-chave. O trabalho inclui a sistematização de licenças, o mapeamento de pontos de conexão com o sistema elétrico e a priorização de cronogramas de obra que minimizem riscos de atraso em equipamentos long lead time.

Panorama numérico: portfólio, investimentos e oportunidades no Brasil

Com as três novas seleções, o Brasil alcançou 15 projetos no ITA, com potencial somado de US$ 23 bilhões em investimentos. De acordo com relatório conjunto da MPP e do ITA, o país já mobilizou aproximadamente US$ 6 bilhões e tem até US$ 55 bilhões em oportunidades anunciadas ao longo da próxima década. O levantamento também posiciona o Brasil como detentor do maior conjunto de projetos “verdes” identificados na América do Sul e o décimo maior portfólio de indústria de baixo carbono no mundo, o que reflete a combinação de recursos energéticos, base industrial e infraestrutura portuária disponível para escoamento de produtos.

Ao todo, foram mapeados 23 empreendimentos de escala comercial em cadeias como químicos, cimento, alumínio e aviação, sendo quatro já financiados ou em operação e 19 na fase de anúncio, à espera de FID. A estratégia do ITA prioriza justamente essa transição: transformar anúncio em contrato e canteiro. Para isso, atua no desenho de mecanismos de demanda que reduzam a diferença de custo entre rotas tradicionais e opções com menor intensidade de emissões, permitindo que a indústria avance com volumes significativos e contratos de longo prazo que sustentem a bancabilidade.

Ferro e aço com hidrogênio: como funciona a rota técnica

Na rota DRI, o hidrogênio atua como agente redutor, removendo oxigênio do minério de ferro para produzir ferro metálico por meio de reações a alta temperatura. O insumo segue para fornos elétricos a arco, onde é fundido e refinado. Essa configuração permite reduzir o uso de carvão nas etapas clássicas de alto-forno e convertedor, e facilita o controle energético via eletricidade. Em termos de consumo, projetos trabalham com 40–60 kg de hidrogênio por tonelada de DRI, a depender do teor do minério, do nível de reciclo de gás e da eficiência térmica. Já a energia elétrica para o EAF pode variar conforme a proporção de sucata e a qualidade do DRI, situando-se em faixas típicas de centenas de kWh por tonelada de aço líquido.

A viabilidade gira em torno do custo nivelado do hidrogênio (LCOH), sensível ao preço da eletricidade, ao fator de capacidade das plantas e à eficiência dos eletrolisadores. O dimensionamento do estoque e do sistema de compressão/armazenamento é crítico para amortecer variações do sistema elétrico e evitar paradas de processo no reator de redução. Estratégias de integração térmica, como o aproveitamento de calor do gás de topo e a utilização do oxigênio coproduzido, também ajudam a reduzir custos. Outra variável é a logística de pelotas de alto teor e a estabilidade da qualidade, que influenciam produtividade e consumo de redutor no reator.

Química com hidrogênio: amônia, metanol e insumos para a indústria

A rota de amônia combina hidrogênio com nitrogênio em reatores de síntese, alimentando fábricas de ureia e nitratos. A amônia funciona como vetor para o próprio hidrogênio, pode ser estocada e transportada por navios e serve de base para fertilizantes nitrogenados. Em mercados agroexportadores, o encurtamento de cadeias e a mitigação de riscos cambiais são argumentos recorrentes na hora de firmar contratos. No metanol, há duas vertentes: produção a partir de gás de síntese proveniente de fontes tradicionais com captura de CO2, ou síntese a partir de hidrogênio e CO2 de alta pureza, com papel relevante para rotas que atendam embarcações e aplicações químicas diversas.

Em ambos os casos, a gestão de CO2 de processo, a qualidade do hidrogênio e a estabilidade de operação são essenciais. Plantas químicas demandam regime contínuo, e por isso projetos avaliam estratégias de firmar o suprimento elétrico por meio de contratos de longo prazo, baterias, usinas complementares e, quando aplicável, flexibilidade operacional dos eletrolisadores. A competitividade melhora com integração a portos, oleodutos e terminais de granéis líquidos, reduzindo custos de exportação. Para o mercado interno, contratos ancorados na cadeia de fertilizantes e em clientes industriais de grande porte tendem a acelerar a análise de crédito junto a bancos e agências de fomento.

Cimento, alumínio e aviação: setores no radar e desafios práticos

No cimento, a maior parcela das emissões vem do processo calcário-clínquer, o que exige abordagens combinadas: otimização de combustíveis, adições ao clínquer, captura e uso/armazenamento de CO2, além de eletrificação de etapas auxiliares. Para alumínio, o consumo elétrico é dominante, e estratégias de contratação de energia de base a preços previsíveis são vitais. No setor de aviação, cresce o interesse por rotas de “SAF” com diferentes matérias-primas e tecnologias, inclusive coprocessamento de óleos vegetais com cargas fósseis. Cada segmento tem restrições próprias de qualidade, certificação e logística, que precisam ser endereçadas já na fase de engenharia básica.

Casos no Brasil acompanhados pelo ITA incluem empresas como Votorantim Cimentos e Mizu Cimentos, no cimento; Alcoa e Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), no alumínio; Gerdau, no aço; e iniciativas voltadas a combustíveis alternativos de aviação. O sucesso depende de governança robusta, integração com operadores logísticos e, sobretudo, de contratos de longo prazo com clientes dispostos a adotar insumos de menor intensidade de emissões. Também entram na conta padrões internacionais de certificação, rastreabilidade e compatibilidade com especificações técnicas locais, fatores que afetam diretamente o acesso a mercados e o custo de capital.

Como chegar ao FID: passos práticos para estruturar projetos de hidrogênio e derivados

A travessia do anúncio ao FID exige um conjunto de entregas coordenadas. Equipes técnicas precisam fechar a rota de processo, dimensionar equipamentos críticos e validar acessos à rede elétrica e a insumos como água e CO2 de processo (quando aplicável). Em paralelo, times comerciais trabalham em cartas de intenção vinculantes e contratos de longo prazo com cláusulas de penalidade, definindo volumes mínimos e fórmulas de preço. O objetivo é dar visibilidade de receitas e reduzir riscos de mercado, condição central para bancos estruturarem dívidas de longo prazo com prazos de amortização compatíveis ao perfil do ativo industrial.

A governança do risco é outro pilar. Contratos EPC devem distribuir responsabilidades e prever garantias de performance; pacotes de O&M precisam contemplar estoques críticos e SLAs para reduzir indisponibilidades. No financiamento, estruturas com garantias corporativas parciais, seguros de crédito à exportação e instrumentos de blending com bancos públicos ajudam a fechar o gap entre custo e retorno esperado. Muitos projetos ainda adotam fases: começam com uma unidade menor para qualificar fornecedores, obter dados reais de operação e, a partir daí, destravar expansões com custos mais baixos e engenharia otimizada.

  • Contrato de energia: PPA de longo prazo, cláusulas de indexação e mecanismos de flexibilidade.
  • Demanda: offtake com take-or-pay, contratos por diferença ou pisos de preço.
  • Licenciamento: matriz de licenças, estudos de água e interferências em dutos/linhas.
  • Engenharia: HAZID/HAZOP, análise de integridade, logística de peças long lead time.
  • Financiamento: project finance, garantias, seguros de performance e de crédito.
  • Operação: planos de comissionamento, procedimentos de segurança e manutenção preditiva.

Energia, água e redes: infraestrutura crítica e riscos operacionais no Brasil

Projetos de hidrogênio dependem de eletricidade estável e previsível. Em regiões com alta penetração de fontes variáveis, o risco de cortes de carga e de geração é um ponto de atenção. Em 2025, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) ratificou entendimento do Operador Nacional do Sistema (ONS) de que distribuidoras podem realizar cortes quando necessário para a segurança do sistema, com prerrogativa se estendendo também a usinas do tipo II e à micro e minigeração distribuída. Em resposta, desenvolvedores têm buscado contratos de energia com flexibilidade, armazenamento e redundâncias para manter o fluxo de operação de eletrolisadores e plantas químicas em regime contínuo.

Água e logística completam o quadro. Na costa, a dessalinização surge como alternativa para reduzir a pressão sobre mananciais; no interior, estudos de disponibilidade hídrica e reúso industrial são avaliados. O posicionamento próximo a portos e ferrovias facilita importação de equipamentos e exportação de produtos como amônia e pelotas de DRI. Por fim, a integração com redes de CO2 de processo e dutos dedicados entra no roteiro de engenharia de plantas químicas e de aço, abrindo espaço para economias de escala e uso cascata de correntes industriais entre diferentes projetos em um mesmo hub.

Compra pública, tributos e crédito: os sinais que podem destravar investimentos

Medidas de política pública discutidas no setor incluem leilões de demanda para produtos com menor intensidade de emissões, critérios técnicos em compras governamentais e incentivos tributários temporários para primeira onda de plantas. No crédito, bancos públicos e multilaterais avaliam linhas de longo prazo acopladas a métricas de desempenho, enquanto garantias parciais e fundos de aval reduzem risco percebido pelos financiadores. Na cadeia de fertilizantes, propostas para fundos garantidores têm aparecido como forma de cobrir riscos de preço e demanda, encurtando o caminho até o FID e dando tração à nacionalização de insumos estratégicos.

No Brasil, o debate também passa por regramentos setoriais e diretrizes de padronização de contratos. A clareza regulatória reduz custos de transação e acelera a replicação de modelos. Para projetos integrados a portos e zonas industriais, regimes aduaneiros e tributários específicos ajudam a manter a competitividade frente a players globais. Em paralelo, iniciativas privadas de certificação e rastreabilidade aumentam a confiança de compradores internacionais em cadeias como aço, alumínio e produtos químicos, ampliando o alcance comercial dos empreendimentos que avançarem primeiro na escala.

Agenda e decisões: COP30, combustíveis e políticas setoriais em discussão

Nos preparativos para a COP30, marcada para novembro de 2025 em Belém (PA), o transporte de delegações voltou a colocar os holofotes sobre o duelo entre biodiesel e diesel coprocessado como opção para a frota de ônibus urbana durante o evento. O tema envolve logística de abastecimento, custo por quilômetro rodado, especificações técnicas e metas de disponibilidade. Em paralelo, na aviação, a Petrobras informou em 15 de outubro que a Reduc, no Rio de Janeiro, recebeu certificação internacional ISCC CORSIA para produzir e comercializar “SAF” via coprocessamento de óleos vegetais com cargas fósseis, resultando em produto com 1,2% de conteúdo renovável. O movimento adiciona uma rota de oferta doméstica ao portfólio brasileiro, ainda que em proporções iniciais modestas.

No Congresso, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendeu a extensão de benefícios hoje aplicados a termelétricas a carvão de Santa Catarina para empreendimentos no Rio Grande do Sul e no Paraná, mas o projeto que trata do tema foi retirado de pauta na Câmara. Em outro tema, o ministro afirmou que não há correlação direta entre uma eventual compra de participação na Eletronuclear pela Âmbar Energia e a conclusão de Angra 3. Já o Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou à Eletronuclear que, em até 120 dias, estabeleça política específica para monitorar e mitigar exposição cambial, uma medida de governança financeira relevante para projetos de grande porte e longo ciclo de obras.

Quem já está no radar do ITA: empresas e frentes setoriais

Além dos três novos projetos, o ITA acompanha iniciativas de empresas como Fortescue, European Energy, Acelen, Votorantim Cimentos, Mizu Cimentos, o consórcio Eco Fusion, Alcoa, Solatio, Green Energy Park, Atlas Agro, Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) e Gerdau. O conjunto cobre rotas de hidrogênio, combustíveis alternativos, insumos químicos e processos elétricos em setores intensivos, compondo um mosaico de oportunidades que vai da indústria pesada ao transporte de longa distância. A diversidade setorial amplia as chances de sinergias logísticas e de uso de subprodutos, como o oxigênio gerado em eletrolisadores.

A presença de grandes grupos, combinada a empresas focadas em hubs de energia e moléculas, ajuda a criar um pipeline com diferentes escalas e prazos de maturação. Enquanto alguns casos estão mais próximos de FID, outros ainda buscam consolidar engenharia e formar demanda com clientes âncora. O acompanhamento pelo ITA fornece um ponto de articulação e acelera a padronização de contratos, estudos e critérios técnicos, reduzindo redundâncias e custos de transação que costumam travar a primeira geração de empreendimentos de uma nova rota industrial.

Análise de custos: onde nasce a competitividade do hidrogênio e de seus derivados

O preço da eletricidade é o componente dominante do custo do hidrogênio via eletrólise. Em mercados com bons fatores de capacidade e contratos de longo prazo, a parcela de energia pode responder por mais da metade do LCOH. A eficiência dos eletrolisadores, a taxa de utilização anual e a escala da planta são os outros vértices do triângulo econômico. Em derivados como amônia e metanol, somam-se custos de captura ou suprimento de CO2, catalisadores, compressão e logística. Por isso, hubs integrados tendem a ganhar tração: eles permitem compartilhar infraestrutura, otimizar balanços de massa e energia e diluir overheads entre múltiplos projetos.

No aço, a competitividade também depende do acesso a pelotas de alto teor, da eficiência térmica do reator de redução e do custo da eletricidade para o EAF. A dinâmica de preços de sucata metálica influencia a proporção DRI/sucata e, portanto, a energia específica por tonelada. Já no cimento, as rotas de captura e uso de CO2 podem alterar o perfil de investimento e operação, exigindo contratos de longo prazo para destinação do CO2 capturado. Como regra, projetos que combinam contratos de energia firmes, logística eficiente e offtakes com prazos extensos conseguem mitigar volatilidade e reduzir o custo de capital, um dos fatores mais sensíveis no fechamento do FID.

Gestão de riscos: energia firme, curtailment e confiabilidade de fornecimento

A decisão da Aneel de chancelar a possibilidade de cortes de carga e geração pelos operadores de rede, quando necessário para a segurança do sistema, reforça a importância de estratégias de energia firme. Projetos de hidrogênio têm testado soluções que combinam fontes complementares, armazenamento e contratos com parâmetros de flexibilidade, para manter o perfil de operação contínuo exigido por eletrolisadores e reatores. A análise se estende ao desenho de proteção elétrica, à redundância de transformadores e à priorização de pontos de conexão com menor risco de restrições.

No suprimento de água, a resiliência passa por dessalinização em áreas litorâneas e por reúso industrial onde isso se mostra tecnicamente viável. Na logística, a diversificação de portos e operadores reduz vulnerabilidade a gargalos. Por fim, o mapeamento de fornecedores críticos, a padronização de sobressalentes e contratos de manutenção com níveis de serviço claros ajudam a manter alta disponibilidade, reduzindo paradas não programadas que comprometem a entrega de volumes contratuais e a receita do projeto.

Perguntas rápidas: o que executivos e equipes querem saber agora

Quanto hidrogênio é necessário para DRI? Projetos trabalham com faixas de 40–60 kg de H2 por tonelada de DRI em operação com alto teor e boa eficiência, variando conforme reciclo de gás, temperatura e qualidade da pelota. Qual é o papel do EAF? Ele funde e refina o DRI, podendo ajustar a mistura com sucata para otimizar custo e energia. A energia específica depende da carga e do nível de pré-aquecimento, além da tecnologia do forno e da qualidade do ferro-esponja produzido.

Como ficam contratos de energia? PPA de longo prazo com cláusulas de flexibilidade, indexadores e prazos alinhados ao financiamento são o caminho mais comum. E a formação de demanda? Ofertas com take-or-pay, contratos por diferença e compras públicas técnicas ajudam a dar previsibilidade e reduzir o diferencial de custo. Quais são os principais marcos até o FID? Engenharia de detalhamento, licenças-chave, offtakes firmes, PPA assinado, pacote EPC estruturado, garantias e modelagem financeira validada por bancos.

Bastidores e contexto institucional

As decisões anunciadas em 15 de outubro vieram acompanhadas de declarações de lideranças do consórcio que gere o ITA, reforçando a aposta em países com base energética competitiva. A narrativa central destaca que a abundância de recursos, combinada a uma indústria de base já instalada, coloca o Brasil em posição de acelerar rotas de menor intensidade de emissões em segmentos pesados. Essa leitura, contudo, depende de sinais contínuos de política pública, coordenação entre entes federativos e estabilidade regulatória para dar previsibilidade aos projetos, sobretudo no primeiro ciclo de plantas comerciais.

Em paralelo, o debate doméstico avança em temas como padronização de certificações, regras de conteúdo nacional, acesso a financiamento de longo prazo e integração com programas setoriais de inovação. A articulação entre governo, empresas e instituições financeiras será determinante para transformar os 15 projetos mapeados em obras e, mais adiante, em operações estáveis e escaláveis. O ganho de aprendizado na primeira onda tende a reduzir custo na segunda, abrindo espaço para disputar mercados internacionais e atender demandas internas com maior previsibilidade.

Última atualização em 23 de outubro de 2025

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