Piscicultura do Paraná cresce 10,4% e amplia renda do produtor, oferta de peixes e oportunidades de investimento

Piscicultura do Paraná cresce 10,4% e amplia renda do produtor, oferta de peixes e oportunidades de investimento

Boletim aponta crescimento de 10,4% na piscicultura do Paraná. O Valor Bruto de Produção (VBP) do setor alcançou R$ 2,29 bilhões em 2024, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná. Os dados, reunidos no Boletim de Conjuntura Agropecuária referente à semana de 12 a 18 de setembro de 2025, indicam continuidade de uma trajetória de alta e consolidam a atividade como uma das frentes mais dinâmicas do agronegócio paranaense. A tilápia responde por mais de 80% do valor gerado e tem concentração produtiva na região Oeste. No litoral, Paranaguá se sobressai como polo de pesca de captura, com destaque para o camarão e outras espécies marinhas.

O boletim também traz recortes de cadeias próximas, que ajudam a dimensionar a força do campo paranaense no primeiro semestre de 2025. O Estado lidera o abate de frangos no país, com 34,4% do total, o equivalente a 1,132 bilhão de cabeças, à frente de Santa Catarina (453,833 milhões), Rio Grande do Sul (375,939 milhões), São Paulo (365,648 milhões) e Goiás (257,600 milhões). Em volume de carne de frango, o Paraná soma 2,480 milhões de toneladas, acima de Santa Catarina (943.686), Rio Grande do Sul (682.364), São Paulo (824.159) e Goiás (575.470). No segmento de ovos, a Pesquisa Trimestral de Produção de Ovos (POG) do IBGE indica o Paraná como sétimo produtor de ovos para consumo, com 102,102 milhões de dúzias no semestre, e líder em ovos para incubação, com 129,177 milhões de dúzias, o que representa 30,8% do total nacional.

Panorama: VBP da piscicultura em 2024 cresce 10,4%

O avanço de 10,4% no VBP da piscicultura paranaense, que chegou a R$ 2,29 bilhões em 2024, reflete um ciclo de expansão baseado em escala, organização de cadeia e regularidade de oferta. O indicador mede a soma do valor gerado na porteira, considerando preços médios e quantidades produzidas. Quando o VBP reage positivamente nesse patamar, com dois dígitos, a leitura é de um ambiente de negócios favorável e de ganhos de produtividade que se materializam em maior receita ao produtor e movimentação na indústria de processamento. É um resultado que coloca o pescado em posição estratégica na diversificação da agropecuária local.

Além do efeito preço, a expansão tem relação direta com a organização da oferta ao longo do ano. A piscicultura comercial demanda planejamento de lotes, qualidade de ração, manejo sanitário e logística de abate e distribuição. Ao final, o VBP captado pelo Deral sintetiza esse conjunto de decisões técnicas e operacionais, traduzindo-as em valor econômico. A leitura do boletim, datado de 12 a 18 de setembro de 2025, mostra que, mesmo com oscilações pontuais de custos, o setor manteve crescimento consistente em 2024 e consolidou base para o desempenho de 2025.

Tilápia puxa resultados e consolida polo no Oeste

A tilápia permanece como carro-chefe da piscicultura no Paraná, respondendo por mais de 80% do valor gerado. A predominância não ocorre por acaso: trata-se de uma espécie com ciclo relativamente curto, boa conversão alimentar e ampla aceitação no varejo e no food service. A estruturação de abatedouros, filetagem e distribuição contribui para manter o fluxo de escoamento e a padronização do produto final. Isso reduz perdas e sustenta a margem nas diferentes etapas da cadeia, dos alevinos ao processamento, resultando em maior previsibilidade de receita ao produtor integrado ou independente.

A concentração produtiva no Oeste do Estado favorece a coordenação entre elos. A proximidade entre granjas de alevinos, fábricas de ração, unidades de processamento e centros de distribuição encurta distâncias, reduz custos de transporte e facilita o planejamento de lotes. Na prática, os calendários de abate, abastecimento de insumos e programação de entrega formam um circuito que se retroalimenta. O resultado aparece em produtividade e regularidade de oferta, elementos centrais para manter o pescado no radar do consumidor e com presença constante nas gôndolas.

Paranaguá se destaca na pesca de captura

Enquanto a tilápia domina os cultivos em água doce, o litoral paranaense, com foco em Paranaguá, aparece como referência em pesca de captura. O camarão lidera as espécies de maior valor na região, seguido de peixes marinhos diversos. A atividade depende de janelas climáticas, esforço de pesca e infraestrutura de desembarque, inspeção e frio. Mesmo com a variabilidade natural das safras, a presença de pontos estruturados para recepção e classificação do pescado ajuda a garantir conservação e padronização, o que se reflete na qualidade ofertada ao mercado.

A ligação entre o litoral e os centros consumidores se dá por rotas rodoviárias que permitem a entrega rápida a indústrias e entrepostos. Esse arranjo é relevante para espécies com maior sensibilidade ao tempo entre captura e processamento. Ao lado do cultivo continental, a pesca em Paranaguá diversifica o mix de produtos de origem aquática no Paraná e ajuda a manter abastecimento de nichos específicos, como camarões e cortes marinhos demandados por restaurantes e serviços de alimentação.

Frango: liderança nacional no 1º semestre de 2025

No recorte de janeiro a junho de 2025, os números do IBGE confirmam a liderança do Paraná na avicultura de corte. Foram 1,132 bilhão de frangos abatidos, correspondendo a 34,4% do volume nacional. A distância para os demais estados evidencia uma cadeia madura, com integração, genética avançada, nutrição ajustada ao desempenho e escala industrial. A distribuição geográfica das plantas frigoríficas e a capilaridade da rede de produtores contribuem para a manutenção dos índices, com ganhos sucessivos de eficiência ao longo dos últimos anos.

Em produção de carne, o Estado soma 2,480 milhões de toneladas no semestre, patamar à frente de Santa Catarina (943.686 toneladas), São Paulo (824.159), Rio Grande do Sul (682.364) e Goiás (575.470). O avanço nessa frente reforça efeitos indiretos sobre grãos, logística e emprego em municípios com forte presença da avicultura. A sinergia entre produção de frangos e de peixes, embora sejam cadeias distintas, aparece no compartilhamento de conhecimento em nutrição animal, gestão de ambiência e sanidade, além do uso de estruturas de frio e transporte para diferentes proteínas.

Ovos: sétimo em consumo, líder em incubação

A Pesquisa Trimestral de Produção de Ovos (POG), do IBGE, mostra que o Paraná ocupa a sétima posição nacional em ovos para consumo no primeiro semestre de 2025, com 102,102 milhões de dúzias. O volume assegura presença consistente nos mercados regionais e participação relevante nas centrais de distribuição. A dinâmica dos ovos de mesa é determinada por custo de ração, produtividade das poedeiras e padrão de classificação dos lotes, fatores que os produtores monitoram para garantir estabilidade de oferta e qualidade ao consumidor final.

Nos ovos destinados à incubação, o cenário é distinto. O Estado lidera o país com 129,177 milhões de dúzias no semestre, equivalente a 30,8% do total nacional. Essa frente é estratégica para a avicultura de corte, pois garante fluxo de pintos de corte para a cadeia integrada e sustenta o planejamento de abate. A presença de incubatórios e salas de manejo com tecnologia de controle térmico e sanitário explica, em parte, a capacidade de resposta da cadeia a variações de demanda, com lotes alinhados ao cronograma das plantas frigoríficas.

Suínos: semestre histórico e ritmo firme em 2025

A suinocultura paranaense registrou um primeiro semestre histórico em 2025. A produção atingiu 612,4 mil toneladas, crescimento de 9,3% ante igual período de 2024. Foram 6,4 milhões de animais abatidos, o maior número já contabilizado em um semestre no Estado. Esses resultados mostram não apenas expansão de escala, mas também padronização de carcaça e qualidade industrial, pontos essenciais para disputar mercados internos e atender programas de compras de grandes redes de varejo e serviços de alimentação.

Maio de 2025 foi o mês de maior produção da série para o Estado, com 107,6 mil toneladas e 1,11 milhão de suínos abatidos. Historicamente, o segundo semestre concentra volumes maiores na suinocultura paranaense. Com base nesse padrão, há expectativa de que o acumulado do ano supere marcas anteriores, mantendo a atenção em custos de alimentação, sanidade e escalas de abate. A coordenação entre produtores, cooperativas e frigoríficos segue como ponto-chave para sustentar o ritmo e evitar gargalos de alojamento ou processamento.

Floricultura ganha fôlego e diversifica renda

A floricultura no Paraná soma um VBP de R$ 271,7 milhões em 2024, com variação positiva de 1,8% frente a 2023. O segmento é composto por 31 espécies e tem presença em polos como Curitiba, Maringá, Londrina, Toledo e Cascavel, envolvendo produtores em mais de 100 municípios. Gramados e plantas perenes ornamentais representam 73,6% do valor financeiro do setor, enquanto orquídeas e crisântemos respondem por 9,1% e 4,6%, respectivamente. A combinação de variedade, calendário de vendas e nichos de consumo ajuda a suavizar oscilações e ampliar o alcance comercial.

O desempenho recente aponta um mercado que responde bem a datas sazonais e a contratos firmes com atacadistas e jardineiros profissionais. A padronização de mudas, o controle de pós-colheita e a logística de curtas distâncias são fatores que impactam diretamente a qualidade percebida pelo cliente final. Em um cenário de custos voláteis, a capacidade de planejar cultivos por ciclo e de ajustar oferta ao calendário de demanda tende a preservar margens e reforçar a renda em propriedades que combinam lavouras e ornamentais.

Uso do solo: expansão agrícola e avanço da silvicultura

O levantamento aponta mudanças no uso do território paranaense ao longo de décadas. A área agrícola cresceu de 4,36 milhões de hectares em 1985 para 6,69 milhões em 2024. No mesmo intervalo, a silvicultura passou de 353 mil hectares para 1,13 milhão. O ganho de área ocorreu, em grande parte, sobre zonas historicamente ocupadas por pastagens, refletindo decisões de alocação de terras e busca por atividades com maior retorno por hectare. Em 2024, houve retração no uso agrícola das terras, movimento coerente com ajustes de mercado e reprogramação de culturas.

O recuo pontual da área destinada a lavouras em 2024 traz efeitos sobre o planejamento de cadeias associadas, como grãos e proteínas. Produtores tendem a recalibrar cultivos, firmar contratos e redesenhar a ocupação das áreas buscando eficiência. A expansão da silvicultura, por sua vez, cria alternativas de renda em ciclos mais longos e amplia a oferta de matéria-prima para indústrias de base florestal. Esses movimentos de portfólio de uso do solo são comuns em momentos de ajuste de preços relativos e de reavaliação de custos de produção.

Como o Deral e o IBGE calculam os indicadores

O VBP divulgado pelo Deral resulta da combinação de preços médios recebidos pelos produtores com os volumes estimados para cada produto agropecuário. No caso do pescado, a equipe monitora diferentes praças e apresentações, como peixe inteiro e filé, e incorpora informações de mercado para construir uma visão próxima da realidade da porteira. Ao somar as categorias da aquicultura e da pesca de captura, o indicador apresenta o retrato econômico do setor em valores correntes, permitindo comparações anuais e análises por produto.

Já o IBGE, por meio da POG e das pesquisas trimestrais de abate, capta números oficiais de produção de ovos, frangos e suínos. As coletas seguem metodologias padronizadas e conferem caráter comparável aos dados entre estados e períodos. O recorte de janeiro a junho de 2025 para aves e ovos, e o mesmo intervalo para suínos, ajuda a situar o desempenho do Paraná no contexto nacional, com métricas de cabeças abatidas, toneladas produzidas e participação percentual no total do país.

O que explica o avanço da piscicultura no Estado

Alguns vetores ajudam a entender a expansão do VBP da piscicultura em 2024. A coordenação entre produção de alevinos, engorda e processamento reduz o intervalo entre o ponto de abate e o consumidor. A alimentação balanceada, com formulações ajustadas por fase, melhora a conversão e encurta ciclos, permitindo maior giro de tanques e viveiros. A padronização de filetagem e de cortes facilita a negociação com redes varejistas, que exigem consistência de peso, tamanho e apresentação, especialmente no caso da tilápia, principal espécie cultivada no Estado.

Outro elemento é a ampliação da base de produtores integrados, que contam com suporte técnico e contratos de compra. Esse arranjo dá previsibilidade de receita e permite investimentos em estruturas como aeradores, sistemas de renovação de água, equipamentos de despesca e unidades de frio. Em paralelo, a presença de indústrias organizadas e de canais comerciais recorrentes torna o produto mais acessível ao consumidor final, reforçando a demanda e criando um ciclo virtuoso de produção e venda.

Integração com outras cadeias do agro paranaense

A piscicultura convive com cadeias robustas como frango e suíno. Essa proximidade favorece trocas técnicas e compartilhamento de soluções de logística e de gestão. Processos de rastreabilidade, controle de temperatura e controle de qualidade são referências que migram entre plantas e ajudam a elevar padrões. Para a indústria, a possibilidade de utilizar infraestrutura de frio e transporte para múltiplas proteínas dilui custos e amplia a eficiência geral, beneficiando também o pescado em períodos de maior demanda.

O mercado de ração é outro ponto de encontro. A expertise em nutrição animal construída na avicultura e na suinocultura influencia linhas de produtos para peixes. Ajustes de granulometria, estabilidade na água e formulações por estágio têm avançado, gerando ganhos de desempenho no viveiro. Essa sinergia técnica é particularmente importante em regiões com maior densidade de produtores, onde a logística de insumos, o treinamento e a assistência técnica operam em escala e ampliam a competitividade.

Mercado interno, preparo e preferências do consumidor

O consumo de pescado no Brasil é marcado por sazonalidade e por preferências regionais. A tilápia ganhou espaço pela versatilidade: pode ser vendida inteira, em postas, em filés e em cortes prontos para preparo rápido. O consumidor valoriza conveniência, padronização e preço competitivo por porção. Esse conjunto explica a presença constante da espécie no autosserviço, além de ser escolha recorrente em restaurantes de refeições rápidas, quilos e redes que buscam proteína com preparo simples e tempo de cozimento reduzido.

Produtos com alto grau de padronização tendem a transitar melhor entre praças e operadores. No entanto, a oferta de peixes de água doce distintos e de mariscos do litoral amplia o cardápio do varejo, atendendo clientes com preferências por sabores e texturas diferentes. No Paraná, essa combinação entre cultivo e captura alimenta um portfólio mais amplo, o que ajuda a manter o pescado em evidência ao longo do ano e a reduzir a dependência de uma só apresentação comercial.

Custos, produtividade e organização da oferta

Custos de alimentação representam parcela relevante do orçamento do produtor de peixes. Por isso, planos de engorda que calibram densidade de estocagem, qualidade de água e manejo diário fazem diferença no resultado. Sistemas de aeração, monitoramento de parâmetros e calendários de biometria permitem decisões rápidas sobre quantidade de ração e ponto de abate. Quando essa engrenagem funciona, há ganho de conversão alimentar, redução de perdas e maior previsibilidade de peso e rendimento de carcaça no processamento, o que se converte em valor no VBP.

A organização da oferta também envolve escalonamento de lotes entre produtores e plantas. Com o calendário alinhado, é possível evitar gargalos de abate e ajustar remessas para supermercados e distribuidores. Esse planejamento diminui custos de estocagem e reduz o risco de oscilações abruptas de preço. O reflexo aparece no desempenho anual, como ocorreu em 2024, quando o VBP da piscicultura avançou 10,4%, e na base construída para sustentar os números do ano seguinte.

Infraestrutura de processamento e padrões de qualidade

Unidades de processamento voltadas ao pescado operam com protocolos rígidos de higiene, temperatura e controle de qualidade. Essas exigências são essenciais para preservar características sensoriais e ampliar a vida útil dos produtos. Linhas de filetagem e embalagem a vácuo, combinadas a câmaras frias e transporte refrigerado, reduzem perdas e ajudam a estabilizar o abastecimento ao varejo. A regularidade de padrão, especialmente em filés de tilápia, é um diferencial competitivo em prateleiras, onde a comparação lado a lado é imediata.

No Paraná, a proximidade entre centros de produção e plantas industriais encurta prazos entre despesca e processamento. Isso se traduz em produtos com maior frescor e em melhores indicadores de aproveitamento de carcaça. A relação direta entre qualidade e preço percebido contribui para sustentar margens na cadeia. Em mercados concorridos, como o de proteínas, essa eficiência operacional é decisiva para manter a piscicultura em crescimento consistente.

Pesca em Paranaguá: sazonalidade e canais de escoamento

Na pesca de captura, a rotina é marcada por períodos de maior atividade e por janelas específicas de saída ao mar. Paranaguá conta com estrutura para receber o pescado, realizar triagem e encaminhar o produto para processamento ou venda imediata. O camarão lidera o valor desembarcado, mas a cesta inclui diferentes espécies marinhas, que atendem perfis variados de consumo. A qualidade do frio e a rapidez no manuseio são determinantes para preservar textura e sabor, fatores decisivos no preço final.

O escoamento combina vendas locais com remessas para outras regiões, conforme a demanda. A flexibilidade para atender tanto restaurantes quanto mercados de bairro ajuda a manter o giro ao longo do ano. Em períodos de maior captura, a articulação com entrepostos e indústrias absorve o excedente, evitando pressões negativas de preço. O equilíbrio entre captura, processamento e venda sustenta a relevância do litoral paranaense no mapa do pescado do Estado.

Avicultura e suinocultura: efeitos de escala e emprego

Os números de 2025 para frangos e suínos reforçam o peso dessas cadeias no interior do Paraná. Altos volumes geram efeito multiplicador em insumos, transporte e serviços. A presença de integradoras e cooperativas amplia o alcance de assistência técnica, crédito e contratos de comercialização, reduzindo o risco individual do produtor. Em paralelo, o ritmo das plantas frigoríficas sustenta postos de trabalho diretos e indiretos, com impacto em renda e arrecadação municipal.

Para a piscicultura, o ambiente criado por cadeias maduras oferece aprendizado em gestão de custos, indicadores de desempenho e modelos de formação de preço. A cultura de metas por lote e de controle rigoroso de processos é parte do cotidiano desses segmentos e se irradia para o pescado. O intercâmbio de práticas favorece o desenvolvimento técnico e a profissionalização, o que ajuda a explicar a evolução de indicadores como o VBP do setor de peixes em 2024.

Papel dos municípios e arranjos produtivos regionais

A formação de polos produtivos em regiões específicas facilita a organização da cadeia. No Oeste, a alta densidade de produtores de peixe e a presença de indústrias próximas criam um círculo virtuoso de oferta e demanda por insumos e serviços. Esse ambiente estimula a especialização de mão de obra e o surgimento de fornecedores focados, de alevinos a embalagens. Na outra ponta, o litoral concentra serviços ligados à captura e ao processamento rápido de espécies marinhas, ancorados em Paranaguá e em áreas de desembarque associadas.

Arranjos regionais favorecem a troca de informações entre produtores, aceleram a adoção de tecnologias e elevam o padrão médio de produtividade. No agregado, o efeito aparece em maior regularidade de oferta e em melhor aproveitamento de infraestrutura existente. Esse é um traço comum a cadeias que lograram escalar no Paraná, e ajuda a entender o desempenho atual do pescado e das proteínas de maior porte, como frango e suíno, que figuram entre os líderes nacionais.

Calendário de 2025 e sinais para o fim do ano

Os dados consolidados até junho de 2025 para aves, ovos e suínos, aliados ao VBP de 2024 na piscicultura, oferecem um mapa do que observar até dezembro. No caso dos suínos, o histórico de maior produção no segundo semestre sugere atenção a escalas de abate e a custos de alimentação. Na avicultura, a liderança paranaense tende a se manter com base na capacidade instalada e na coordenação entre incubatórios, granjas e frigoríficos. Para o pescado, o desafio é preservar a regularidade de entrega em linhas que atendem varejo e serviços de alimentação, com destaque aos cortes de tilápia.

A virada do calendário costuma intensificar promoções e ações de giro no varejo. Cadeias organizadas se beneficiam quando conseguem posicionar lotes com antecedência e garantir disponibilidade nas semanas críticas. Nesse cenário, a integração entre produção, processamento e distribuição é o ponto central. O boletim do Deral, datado de 12 a 18 de setembro de 2025, reforça que o Paraná chega ao último quadrimestre do ano com bases sólidas nas principais cadeias de proteína e com a piscicultura em rota de crescimento.

Piscicultura em números: leitura rápida dos indicadores-chave

— VBP em 2024: R$ 2,29 bilhões, avanço de 10,4% ante 2023, segundo o Deral. A leitura do indicador evidencia ganho de valor na porteira e consolidação da tilápia como protagonista do setor no Estado. A composição do VBP reflete preços recebidos e quantidades produzidas, captando a dinâmica econômica ao longo do ano.

— Participação da tilápia: acima de 80% do valor gerado. A predominância se explica por ciclo mais curto e ampla aceitação do mercado. A concentração produtiva no Oeste do Paraná facilita a coordenação logística e o planejamento de abate, reforçando a consistência da oferta no mercado interno.

Peixe de cultivo e peixe de captura: complementaridade no varejo

Produtos de cultivo, como a tilápia, oferecem previsibilidade de entrega e padronização de corte. Isso atende redes que trabalham com planogramas e exigem regularidade de volume e apresentação. Ao mesmo tempo, o peixe de captura, com ênfase no camarão em Paranaguá, agrega variedade e atende nichos com preferência por espécies específicas. A combinação dos dois movimentos fortalece a presença do pescado nas prateleiras e cardápios durante o ano inteiro.

Do ponto de vista de negociação, a previsibilidade do cultivo facilita contratos e campanhas com mais antecedência. Já a captura, mais sujeita à sazonalidade, demanda agilidade logística e canais de venda flexíveis. Varejistas e distribuidores que conseguem equilibrar esses perfis ampliam portfólio e reduzem riscos de ruptura, o que melhora a experiência do consumidor e agrega valor ao caixa do ponto de venda.

Técnicas de manejo que sustentam o desempenho

Entre os pontos de manejo que mais contribuem para resultados estáveis estão a qualidade da água, a densidade de estocagem e o manejo alimentar. Monitoramentos frequentes, com medições de parâmetros e registros por lote, permitem decisões rápidas sobre ajustes de ração e renovação hídrica. A resposta aparece no ganho de peso uniforme e no rendimento industrial, dois indicadores que pesam no desempenho econômico do produtor e da indústria de processamento.

Outro ponto sensível é a programação de despesca. Sincronizar o ponto de abate com a janela de processamento diminui perdas e evita atrasos que comprometem a qualidade. Em cadeias com alto grau de integração, essa coordenação é rotina; em operações independentes, o uso de cronogramas e checklists ajuda a reduzir variáveis e a manter a qualidade do produto final, o que se reflete em preços e na fidelização de clientes.

Comércio e canais digitais: onde o pescado ganha visibilidade

A venda de pescado avança em canais físicos e digitais. Supermercados, peixarias e atacarejos seguem como vitrines principais, mas aplicativos e marketplaces ampliam o alcance, sobretudo em cortes prontos para o preparo doméstico. O consumidor valoriza embalagens claras, informações de procedência e data de processamento. No caso da tilápia, a oferta de filés padronizados, porções individuais e kits para receitas práticas tem boa aceitação e se integra a campanhas sazonais de redes varejistas.

Para produtores e indústrias, a presença em múltiplos canais reduz a dependência de um só comprador e acelera o giro de estoque. A comunicação de atributos objetivos — peso por pacote, tipo de corte, instruções de preparo — facilita a escolha e reduz dúvidas na gôndola virtual ou física. Em mercados competitivos, essa clareza é um diferencial que contribui para manter a tilápia e outros pescados no carrinho do consumidor ao longo do ano.

Pontos de atenção para produtores e indústrias em 2025

A segunda metade de 2025 requer atenção a custos de insumos, escalas de abate e programação de vendas. Para o pescado, a manutenção de lotes escalonados e a negociação antecipada com compradores estratégicos ajudam a evitar picos de oferta locais. Na suinocultura, que tradicionalmente acelera no segundo semestre, o planejamento de alojamentos e a gestão de peso ao abate são essenciais para capturar melhores preços. Na avicultura, a liderança depende de manter eficiência industrial e logística afinada com o calendário de fim de ano.

No varejo, ações promocionais e linhas de cortes prontos para preparo rápido tendem a ganhar espaço. Para a tilápia, a padronização de filés e o abastecimento contínuo são aliados na disputa por espaço nas gôndolas. Na pesca de captura do litoral, a organização de desembarque e a agilidade de processamento continuam determinantes para aproveitar janelas de maior procura. Em todas as frentes, a execução no detalhe — do cuidado com o lote à entrega no horário combinado — segue como fator decisivo para sustentar os resultados do ano.



Última atualização em 13 de outubro de 2025

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