O Porto de Paranaguá liderou as exportações brasileiras de soja em agosto de 2025. Foram 2 milhões de toneladas embarcadas, com valor de US$ 845,9 milhões em condição FOB, o que representa 21,7% de todo o volume nacional do mês. No acumulado de janeiro a agosto, o terminal paranaense somou 11,3 milhões de toneladas de soja e US$ 4,5 bilhões FOB. O desempenho reforça a posição do complexo como corredor logístico de alcance interestadual e consolida a atração de cargas de diferentes origens.
A movimentação de outras commodities também avançou. O porto respondeu por 49,6% das exportações brasileiras de frango congelado em agosto, com 185,5 mil toneladas. No ano, já saíram 1,7 milhão de toneladas pela estrutura paranaense, o equivalente a 44,4% do total do país, somando mais de US$ 2,4 bilhões FOB. O farelo de soja ganhou tração, com 508 mil toneladas no mês e 4,5 milhões no acumulado de 2025, participação de 29,1% no Brasil. Mesmo com cerca de um terço de agosto marcado por chuvas, a movimentação total chegou a 7 milhões de toneladas, o maior patamar histórico para o mês no porto.
Destaques de agosto: soja puxa o movimento
Agosto de 2025 marcou um ponto de inflexão no calendário de embarques do Porto de Paranaguá. A soja respondeu pelo principal impulso, com 2 milhões de toneladas e valor FOB de US$ 845,9 milhões, desempenho que colocou o terminal à frente de outros corredores exportadores do país no mês. O indicador de 21,7% de participação nacional evidencia a preferência dos embarcadores pelo escoamento via litoral paranaense, combinando oferta de janelas de atracação, integração com armazéns retroportuários e cadência operacional. O mix de origens, com cargas vindas não apenas do Paraná, ajudou a manter o ritmo mesmo em períodos de paralisação por chuva.
A resiliência operacional foi testada durante cerca de um terço do mês, quando precipitações interromperam operações ao ar livre e exigiram reprogramações. Ainda assim, 7 milhões de toneladas foram movimentadas em todos os segmentos, o maior volume já registrado para um agosto no porto. O planejamento de atracações e a coordenação com terminais contribuíram para a retomada rápida das atividades, reduzindo impactos no giro dos navios. Segundo a administração portuária, a fila se manteve dentro dos prazos normais de liberação e manobras de atracação, sem espera acima do necessário para os trâmites usuais.
Acumulado de 2025: números e alcance interestadual
Entre janeiro e agosto de 2025, 11,3 milhões de toneladas de soja deixaram o país por Paranaguá, totalizando US$ 4,5 bilhões FOB. O valor supera em US$ 1,2 bilhão o total exportado pelos produtores paranaenses no período, conforme dados divulgados pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). A diferença ocorre porque o porto recebe e opera cargas originadas em estados vizinhos e do Centro-Oeste, o que amplia a base de clientes e a variedade de rotas terrestres e ferroviárias que convergem ao litoral do Paraná. É um retrato da função de hub regional que o complexo exerce no mapa logístico nacional.
A chamada “hinterlândia” do porto abrange o Paraná e partes de Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás. Na prática, tradings e cooperativas escolhem Paranaguá por fatores como disponibilidade de berços, capacidade de armazenagem, cadência de carregamento e previsibilidade de janela de atracação. A combinação de contratos de longo prazo com espaço para cargas spot permite capturar picos de safra e ajustar volumes conforme a dinâmica de preços e câmbio. O resultado é um fluxo constante de caminhões e vagões que alimenta os terminais graneleiros ao longo de todo o ano, com concentração nos meses de maior oferta agrícola.
Soja: destinos e perfil da demanda externa
A China foi o principal destino da soja embarcada por Paranaguá em agosto, respondendo por mais de 90% da demanda. Em seguida apareceram Tailândia, com 2,2%, e Iraque, com 1,6%. Esse perfil confirma a concentração de compras em grandes mercados que valorizam o volume e a regularidade de fornecimento. Para as tradings, a rota até o mercado asiático combina competitividade de frete, disponibilidade de navios e contratos de longo prazo. A preferência por Paranaguá se explica também pela previsibilidade do corredor de exportação, que reduz incertezas no cumprimento de janelas de entrega nos portos de destino.
Os embarques para destinos secundários, como países do Oriente Médio e do Sudeste Asiático, ajudam a diversificar o portfólio e a diluir riscos. Em determinados momentos do ano, oportunidades pontuais de arbitragem de preço e frete incentivam redirecionamentos de carga. Essa flexibilidade é facilitada pelo gerenciamento de filas de navios e pela disponibilidade de berços, o que permite adequar carregamentos a novas cartas de crédito sem comprometer contratos firmes. O resultado é um calendário de navegação que combina escalas programadas com operações spot, mantendo alta ocupação dos terminais graneleiros.
Farelo de soja: avanço e mercados compradores
O farelo de soja consolidou espaço na pauta de Paranaguá em 2025. Foram 508 mil toneladas movimentadas em agosto e 4,5 milhões no acumulado do ano, o que corresponde a 29,1% da movimentação nacional do produto. Países Baixos, França, Coreia do Sul, Espanha, Indonésia e Alemanha figuraram entre os principais destinos, com a França liderando as compras no oitavo mês. O interesse externo mantém relação direta com a demanda por ração animal e com a busca por fornecedores com regularidade de entrega e especificações padronizadas, atributos que o corredor paranaense vem oferecendo indústria afora.
Do ponto de vista operacional, o embarque de farelo exige controle de umidade, limpeza de porões e sistemas de carregamento que evitem perdas e contaminação cruzada. Em Paranaguá, a rotina envolve inspeções prévias, certificações de qualidade e coordenação fina entre armazéns e navios para manter a cadência. A janela de embarque tende a acompanhar o ciclo das indústrias esmagadoras, que ajustam a produção conforme margens e contratos. Nesse ambiente, a eficiência em atracar, carregar e liberar navios se traduz em custos menores e em mais competitividade na disputa por cargas com outros portos brasileiros.
Frango congelado: domínio no corredor de exportação
O frango congelado foi outra frente de destaque. Em agosto, 185,5 mil toneladas passaram por Paranaguá, o equivalente a 49,6% das exportações do país no mês. No acumulado de 2025, o porto já embarcou 1,7 milhão de toneladas, 44,4% da pauta nacional, gerando mais de US$ 2,4 bilhões FOB. A origem predominante é o Paraná, com participação de cargas de Santa Catarina. A operação envolve cadeia do frio, inspeções e rastreabilidade, com o uso de contêineres refrigerados e áreas específicas nos terminais para garantir a integridade da carga do recebimento até o navio.
A logística do frango exige sincronismo entre frigoríficos, transportadoras, armadores e terminais. Janelas de gate para contêineres reefer, plugagens, monitoramento de temperatura e liberação aduaneira precisam ocorrer sem desvios. Em períodos de pico, a capacidade de armazenagem elétrica e a disponibilidade de tomadas reefer viram gargalos potenciais. Paranaguá tem atuado com programação de pátio, priorização de cargas perecíveis e alinhamento de escalas para mitigar esses riscos. Esse arranjo sustenta a reputação do porto como corredor preferencial para proteínas animais, notadamente quando há concentração de embarques para mercados com exigências sanitárias e documentais rígidas.
Como o porto evita filas e mantém a cadência de embarque
A administração portuária tem reiterado que o corredor de exportação opera sem filas além do tempo necessário aos trâmites e às manobras de atracação. Esse resultado depende de alguns mecanismos. O primeiro é a gestão de janelas, que distribui as atracações ao longo do dia com base em prioridade operacional, tipo de carga e condição dos terminais. O segundo é o balanceamento de berços, que reduz a concentração de navios em um único ponto e permite aproveitar melhor os recursos de rebocadores, práticos e equipes de amarração. O terceiro é o ajuste fino com a programação ferroviária e rodoviária para garantir que a carga esteja pronta no cais no momento do carregamento.
Em períodos com chuva, quando operações a céu aberto são interrompidas, a estratégia passa por reescalonar navios, priorizar cargas menos sensíveis e utilizar janelas noturnas para recuperar turnos perdidos. A comunicação em tempo real entre terminais, operadores e autoridades facilita decisões rápidas. Ao reduzir tempos de espera, o porto diminui custos de sobreestadia e aumenta a atratividade para armadores, que preferem rotas com previsibilidade. O efeito é cumulativo: mais confiança dos embarcadores, melhor ocupação da frota e maior giro de navios, que voltam ao mar dentro do cronograma originalmente pactuado com os compradores no exterior.
Fluxo terrestre: rodovias, ferrovias e agendamento de descarga
A chegada da carga aos terminais depende do bom acoplamento entre transporte terrestre e a janela do navio. No caso dos grãos, cooperativas e tradings combinam caminhões e vagões para alimentar armazéns portuários e retroportuários. Sistemas de agendamento eletrônico definem horários de descarga e evitam formação de filas nas balanças. O uso de pátios reguladores e de docas com maior número de tombadores acelera o ciclo de recebimento. Com isso, o produto chega ao píer já posicionado para transferência pelos corretores até o porão do navio, reduzindo tempos mortos e aumentando a produtividade por hora de operação.
Para proteínas congeladas, a dinâmica inclui janelas de gate, inspeções, vistorias e posicionamento de contêineres em áreas com tomadas reefer. O sincronismo é fundamental: se o contêiner chega muito cedo, ocupa espaço e consome energia sem necessidade; se chega tarde, pressiona a operação e pode colidir com outras escalas. Terminais adotam painéis de controle com indicadores de recebimento, produtividade de embarque e ocupação de pátio, compartilhados com transportadores e armadores. Essa visibilidade dá segurança para ajustar a cadência no cais e para ativar planos de contingência quando há mudanças de última hora na programação dos navios.
FOB: o que significa e como impacta os valores divulgados
Os valores informados em dólares seguem a condição FOB (Free On Board), que considera o preço do produto no porto de embarque, incluindo custos de origem e de colocação a bordo, mas sem frete internacional e seguros. Na prática, o FOB permite comparar exportações de diferentes portos sem a interferência do preço do transporte marítimo, que varia conforme rotas, sazonalidade e disponibilidade de navios. Por isso, quando o porto reporta US$ 845,9 milhões FOB em soja em agosto de 2025, o número representa o valor da mercadoria entregue no cais e carregada no navio, padronizando a leitura entre players do mercado.
A adoção do FOB também facilita a leitura do desempenho ao longo do ano. Em períodos de frete marítimo elevado, a comparação com preços CIF (que incluem frete e seguro) poderia distorcer a análise. Ao focar no FOB, empresas e autoridades acompanham a evolução real do valor das cargas e o efeito do câmbio sobre as receitas de exportação. Como grande parte dos contratos internacionais é denominadas em dólar, oscilações cambiais podem alterar a atratividade de embarcar em dados momentos. O porto se beneficia quando há previsibilidade de preço e de janela de atracação, componentes que reduzem o risco percebido pelos embarcadores.
Sazonalidade dos embarques e janela da safra 2025
O calendário de embarques de soja costuma acompanhar a colheita e o escoamento da safra, com maior concentração no primeiro semestre e ritmo ainda forte no terceiro trimestre. Em 2025, o acumulado até agosto em Paranaguá confirma essa cadência, com 11,3 milhões de toneladas já embarcadas. A distribuição mensal reflete decisões comerciais, disponibilidade de navios, preços internacionais e contratos de venda antecipada. Com o volume de agosto e a manutenção de janelas, o porto chega ao último quadrimestre do ano com uma base robusta, sustentada também pelo crescimento do farelo e pela constância da pauta de frango congelado.
Essa sazonalidade requer planejamento de ponta a ponta. Terminais ajustam equipes, programam manutenções fora de períodos de pico e calibram estoques de insumos críticos. Transportadores revêm frotas e rotas para atender à demanda de viagens de retorno. As indústrias esmagadoras modulam a produção de farelo conforme contratos e margens, garantindo um fluxo compatível com a disponibilidade de navios. Para o porto, a prioridade é manter a previsibilidade dos tempos de atracação e a sincronia das entregas, de forma a transformar picos de safra em janelas de alta produtividade, e não em filas e custos adicionais.
Hinterlândia: por que Paranaguá recebe carga de vários estados
A expressão “hinterlândia” descreve a área de influência logística de um porto. No caso de Paranaguá, a abrangência vai além das fronteiras do Paraná e alcança partes de Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás. Esse alcance se explica por fatores como custo total do frete até o destino final, qualidade da infraestrutura de acesso, tempo de espera no cais, capacidade de armazenagem e disponibilidade de serviços. Quando essa equação fecha a favor do porto, cargas originadas em outros estados passam a escoar por Paranaguá, ampliando o volume total e a diversidade de produtos.
Na soja, a decisão do embarcador leva em conta a distância do campo até o porto, as condições das rodovias e ferrovias, o preço do frete marítimo e as janelas de atracação oferecidas. Em cenários de alta demanda, a competição entre portos se intensifica. Paranaguá tem captado cargas adicionais ao combinar prazos previsíveis com capacidade de operação em diferentes segmentos, do granel ao contêiner. Essa flexibilidade permite ajustar a pauta às condições comerciais, sem perder a cadência necessária para cumprir contratos com compradores na Ásia, no Oriente Médio e na Europa.
Operação de grãos: do armazém ao porão do navio
O caminho da soja até o navio envolve etapas sequenciais. A carga chega por rodovia ou ferrovia, passa pelas balanças e segue para armazéns graneleiros. Dali, correias transportadoras conduzem o produto até os shiploaders instalados no cais, que despejam o grão nos porões. A eficiência depende do sincronismo entre a taxa de recebimento em terra e a taxa de carregamento a bordo. Quando há chuva, a operação a céu aberto é interrompida para preservar a qualidade do produto e a segurança. O replanejamento busca recuperar a produtividade assim que o clima permite, com priorização de navios já posicionados no berço.
A calibração dos equipamentos é rotina. Velocidade das correias, balanceamento de fluxo entre silos e posicionamento do shiploader são ajustados para manter a taxa de embarque e evitar gargalos. Ao mesmo tempo, equipes a bordo fazem o nivelamento da carga no porão, garantindo distribuição uniforme e respeitando limites estruturais. Essa coordenação encurta o tempo de permanência do navio no cais. O ganho final aparece em duas frentes: mais navios atendidos com a mesma infraestrutura e maior previsibilidade para o armador, que consegue planejar melhor sua rota e a próxima escala.
Cadeia do frio: requisitos para proteínas congeladas
No frango congelado, o controle de temperatura é central. O produto sai do frigorífico em contêineres refrigerados e chega ao terminal com parâmetros definidos. Ao entrar no pátio, os contêineres são plugados em tomadas específicas e monitorados continuamente. Sensores registram variações, e eventuais alertas são resolvidos antes da etapa de embarque. A documentação sanitária acompanha cada unidade, garantindo rastreabilidade desde a origem até o destino final. No cais, a movimentação é coordenada para reduzir o tempo entre a retirada do pátio e a estufagem a bordo, mantendo a cadeia do frio estável durante toda a operação.
O planejamento considera também o perfil do navio. Embarcações com maior capacidade de contêineres refrigerados recebem janelas específicas e priorização no lineup conforme disponibilidade de plugagens e exigências dos compradores. A integração entre armador, terminal e exportador evita que cargas perecíveis disputem recursos com outros tipos de contêiner. Essa organização tem sido um diferencial de Paranaguá, especialmente em meses de maior demanda externa. O resultado prático aparece na manutenção do share nacional e na fidelização de rotas de longo curso com paradas regulares no porto paranaense.
Produtividade, janelas e custos: o que está em jogo para o embarcador
Para quem vende soja, farelo ou frango, a escolha do porto é uma equação econômica. Cada hora a mais de espera significa custo adicional com sobreestadia do navio e impacto no prazo de entrega ao comprador. A disponibilidade de janelas de atracação, a taxa de embarque por hora e a confiabilidade do cronograma são variáveis que pesam tanto quanto o preço do frete terrestre. Quando o porto entrega previsibilidade, o embarcador reduz margens de segurança nos contratos e melhora a competitividade frente a concorrentes internacionais, que disputam os mesmos mercados com ofertas de prazos e condições semelhantes.
No caso do farelo, cuja demanda acompanha ciclos da pecuária e da produção de ração, atrasos podem gerar reprogramações em cadeia, afetando as operações no destino. Para o frango, eventuais descasamentos na logística do contêiner aumentam gastos com energia e gerenciamento no pátio. Por isso, portos que alinham planejamento e execução tendem a atrair volumes adicionais ao longo do tempo. Os números de agosto e do acumulado de 2025 em Paranaguá indicam que o terminal vem entregando essa combinação de fatores, o que ajuda a explicar a liderança em soja e o peso crescente em farelo e proteínas.
Perguntas frequentes: o que muda com a liderança em soja e o avanço de farelo e frango
A liderança em agosto, com 21,7% das exportações nacionais de soja, reforça o papel de Paranaguá como opção prioritária no escoamento. Para o setor privado, isso se traduz em mais rotas regulares de navios e em maior poder de negociação nas janelas de atracação. Para cooperativas e tradings, o ganho é a possibilidade de programar embarques com menos incerteza, combinando lotes de diferentes origens para aproveitar oportunidades comerciais. O avanço no farelo, com 29,1% do total brasileiro no ano, amplia ainda mais a relevância do corredor para o setor de proteína animal.
No frango congelado, os 49,6% de participação em agosto e 44,4% no ano consolidam o porto como referência para cargas perecíveis. A concentração gera economias de escala na cadeia do frio e atrai serviços especializados. Na prática, exportadores tendem a manter Paranaguá como base principal, ajustando volumes entre terminais conforme a disponibilidade de navios e a demanda dos mercados compradores. O efeito combinado é um calendário mais denso de escalas e uma tendência de manutenção de participação elevada na pauta nacional ao longo do ano.
- Quem compra a soja embarcada por Paranaguá? Em agosto, a China respondeu por mais de 90%, seguida por Tailândia e Iraque.
- Quais foram os volumes do ano? Até agosto de 2025, foram 11,3 milhões de toneladas de soja e 4,5 milhões de toneladas de farelo.
- Qual a participação no frango? 185,5 mil toneladas em agosto (49,6% do país) e 1,7 milhão no ano (44,4%).
Métricas e leitura dos dados: como interpretar participação e valores
A participação percentual mensura a fatia de Paranaguá no total brasileiro em determinado mês ou período. Em agosto, os 2 milhões de toneladas de soja equivaleram a 21,7% do país. No acumulado do ano, os 4,5 milhões de toneladas de farelo representam 29,1% da movimentação nacional do produto. Esses percentuais variam conforme a oferta de navios, decisões comerciais e condições operacionais em diferentes portos. Já os valores financeiros em FOB traduzem o preço da mercadoria colocada a bordo, permitindo a comparação entre meses sem o efeito do frete marítimo internacional.
Ao relacionar volume e valor, é possível entender a composição das receitas. Preços internacionais, prêmios de exportação e câmbio influenciam a cifra final. Em 2025, a manutenção de janelas e o aumento da cadência ajudaram a converter disponibilidade de produto em embarques efetivos. Para o leitor, dois vetores explicam a liderança: a constância dos embarques e a capacidade de atrair cargas de outras origens. Quando esses fatores se combinam, a participação de mercado cresce e se mantém estável por mais tempo, como ocorreu com a soja em agosto e com o frango ao longo do ano.
Impacto para cooperativas, tradings e armadores: decisões na prática
Cooperativas e tradings tomam decisões diárias com base em disponibilidade de janelas, taxa de carregamento e custos de acesso. Quando um porto entrega previsibilidade, contratos podem ser fechados com prazos mais curtos e margens mais enxutas, ampliando a competitividade nas vendas externas. Em Paranaguá, o relato de operações sem filas além do necessário para trâmites de liberação e atracação dá confiança a compradores e vendedores. Isso pesa na escolha entre diversos corredores e explica a atração de cargas de estados vizinhos, refletida na diferença entre o valor FOB embarcado e o total exportado apenas pelos produtores paranaenses.
Para armadores, linhas com bom giro de navios e berços acessíveis reduzem riscos de atrasos e aumentam a ocupação média da frota. Quando a escala é cumprida, o navio integra melhor sua rota global, evitando efeitos cascata em portos seguintes. A manutenção de um lineup equilibrado, com presença de grãos, farelo e proteínas, também ajuda a estabilizar o fluxo de contêineres e graneleiros, permitindo que as companhias organizem frota e tripulações com antecedência. Em suma, a consistência operacional de um porto cria um círculo virtuoso de mais navios, mais carga e mais previsibilidade.
Procedimentos em dias de chuva: reprogramar, priorizar, recuperar
Chuvas impactam operações ao ar livre, como o embarque de grãos. Em agosto, cerca de um terço do mês foi afetado por paralisações, mas a movimentação total ainda assim atingiu 7 milhões de toneladas em Paranaguá. A resposta operacional costuma seguir três passos. Reprogramar: ajustar lineup, deslocar janelas e sincronizar a chegada de caminhões e trens. Priorizar: concentrar recursos em navios com maior tempo de espera ou em cargas com prazo mais apertado. Recuperar: estender turnos quando possível e aproveitar janelas de estabilidade para recompor produtividade, mantendo padrões de segurança e qualidade do produto.
Esse ciclo exige informação em tempo real. Terminais e operadores trocam dados sobre estoque disponível, taxa de embarque e previsão de retorno das operações. Comandos claros evitam gargalos na retomada, como acúmulo de caminhões nas balanças ou sobreposição de atividades no mesmo berço. A boa prática é distribuir a retomada entre berços e cargas, liberando gradualmente o sistema até voltar ao ritmo normal. O indicador de sucesso está no tempo de estadia do navio e na ausência de filas acima do padrão após o fim da chuva, metas que o porto vem reportando como cumpridas.
Perfil dos destinos do farelo: Europa e Ásia em evidência
As vendas de farelo de soja por Paranaguá tiveram Europa e Ásia como principais destinos. Países Baixos e França aparecem como portas de entrada no mercado europeu, ao lado de Espanha e Alemanha. Na Ásia, Coreia do Sul e Indonésia se destacam. Essa configuração atende a polos de produção de ração e proteína animal que demandam lotes regulares e padronizados. Os contratos costumam enfatizar especificações técnicas e prazos, exigindo sincronia entre a produção da indústria esmagadora e a disponibilidade de navios no porto, fator que explica a busca por corredores com histórico de cumprimento de janelas.
A presença de múltiplos destinos funciona como amortecedor em momentos de realocação de cargas. Se um mercado pontualmente reduz compras, outros absorvem parte dos volumes. O porto, por sua vez, ajusta lineup e coordenações com os terminais para manter a cadência. Em agosto, a França liderou as compras do produto, reforçando a diversificação geográfica das vendas e a capacidade de Paranaguá de atender exigências variadas de documentação e especificações. Para o exportador, esse mosaico de destinos amplia alternativas comerciais e atenua impactos de mudanças conjunturais.
Leitura integrada: soja, farelo e frango puxam a pauta de agosto e do ano
Os números de agosto e do acumulado de 2025 mostram três vetores trabalhando juntos em Paranaguá. A soja liderou o mês, com 2 milhões de toneladas e 21,7% do país. O farelo consolidou a presença, com 508 mil toneladas no mês e 4,5 milhões no ano, parcela de 29,1% do Brasil no segmento. O frango congelado dominou a pauta de proteínas, com 185,5 mil toneladas e quase metade das exportações nacionais no mês. A soma desses movimentos, em cenário com paralisações por chuva, resultou em 7 milhões de toneladas movimentadas no mês, marca histórica para um agosto no porto paranaense.
Por trás das cifras, há processos. No granel, a rapidez do embarque depende da harmonia entre armazéns e cais. No contêiner reefer, o sucesso está na confiabilidade da cadeia do frio e na coordenação de janelas. Em ambos, o fator comum é previsibilidade. Quando o porto oferece janelas estáveis, evita filas prolongadas e cumpre o que foi combinado, o resultado aparece nos percentuais de participação e na recorrência de escalas. A expectativa do mercado é que essa combinação continue determinando a escolha de rotas e a distribuição de cargas no restante do ano.
Metodologia e origem dos dados informados pelas autoridades locais
Os volumes e valores divulgados nesta reportagem têm como base informações fornecidas pela administração do porto e por dados consolidados na última semana pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). As cifras em dólar foram reportadas em condição FOB, que considera o valor da mercadoria no ponto de embarque. As participações percentuais de agosto e do acumulado de 2025 comparam, respectivamente, os volumes de Paranaguá com o total exportado pelo Brasil em cada recorte. Os destinos citados refletem a composição de compradores no período analisado, com destaque para China, Tailândia e Iraque no grão, além de países europeus e asiáticos no farelo.
É importante observar que as diferenças entre o valor FOB embarcado por Paranaguá e o total exportado pelos produtores do Paraná decorrem do alcance interestadual do porto, que opera cargas de Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás. Essa característica está alinhada ao conceito de hinterlândia e explica a presença de mercadorias de diversas origens nos terminais locais. Para efeito de leitura, números podem sofrer arredondamentos, sem alterar as conclusões sobre liderança em soja no mês, ganho de espaço do farelo no ano e predominância do frango na pauta de proteínas.
Última atualização em 23 de setembro de 2025