Primeira planta de biometano no Rio Grande do Sul transforma resíduos em energia limpa e reduz custos do agronegócio

Primeira planta de biometano no Rio Grande do Sul transforma resíduos em energia limpa e reduz custos do agronegócio

A Biometano Sul entrou em operação em Minas do Leão, na região Carbonífera, e marca a estreia da produção de biometano em escala comercial no Rio Grande do Sul. A inauguração ocorreu na segunda-feira, 15 de setembro de 2025, dentro da unidade de valorização da CRVR, com capacidade nominal de 66 mil metros cúbicos por dia. O investimento é de R$ 150 milhões, com apoio do Fundo Clima do BNDES, e todo o volume inicial já foi contratado pela Ultragaz para o mercado industrial gaúcho.

Pontos-chave do anúncio

A planta é resultado de parceria entre a Arpoador Energia e o Grupo Solví e opera junto ao aterro da CRVR, que recebe resíduos de 85 municípios. A produção diária equivale, em poder energético, a aproximadamente 12,5 mil botijões de gás por dia, o que dá escala para atender processos térmicos em indústrias de médio e grande porte. O projeto foi estruturado para transformar o biogás gerado no local em um gás de alta pureza, com características próximas às do gás natural de origem fóssil, possibilitando aplicação em equipamentos já conhecidos do mercado.

A operação combina contratos de fornecimento de longo prazo e incentivos estaduais, como Fundopem RS e Integrar RS. Os mecanismos reduzem encargos e dão tratamento tributário diferenciado à aquisição de equipamentos, o que encurta prazos de implantação e melhora a viabilidade de projetos de gás renovável no estado. A presença de autoridades estaduais e representantes de órgãos de controle na agenda reforçou o caráter institucional do lançamento e a leitura do governo de que o gás de base orgânica pode ampliar a oferta energética local.

Onde fica e como vai operar

A Biometano Sul está integrada ao complexo da CRVR em Minas do Leão, o maior destino de resíduos do Rio Grande do Sul. O local concentra os sistemas de coleta e captação do biogás que se forma naturalmente na decomposição de matéria orgânica. Esse gás bruto é conduzido por dutos internos até a área de processamento, onde passa por etapas de remoção de impurezas, secagem e separação de dióxido de carbono, elevando o teor de metano a patamares compatíveis com especificações comerciais de mercado.

A planta foi projetada em módulos, o que permite ampliar gradualmente a capacidade. O desenho modular ajuda a adequar produção e demanda, além de facilitar a manutenção sem interrupções prolongadas. O biometano sai do sistema comprimido e odorizado para facilitar a detecção de vazamentos, seguindo padrões de segurança aplicados ao setor de gás. A partir dali, o combustível segue para distribuição por meio de carretas ou conexão a pontos de consumo conforme contratos firmados.

Capacidade e destino do gás

Com 66 mil m³ por dia na fase inicial, a unidade tem escala para suprir caldeiras, fornos e aquecedores industriais. O combustível pode substituir óleo combustível, GLP e parte do gás natural fóssil em aplicações térmicas, com adaptação mínima em queimadores já existentes. Segundo as empresas, o contrato com a Ultragaz garante escoamento da produção e previsibilidade para novos investimentos. O foco, neste primeiro momento, é o fornecimento a plantas industriais localizadas no estado, o que reduz deslocamentos e custos logísticos de longo curso.

A estratégia comercial prevê atendimento com preço referenciado em indicadores de mercado e cláusulas de desempenho típicas do setor de gás canalizado. Para clientes, a possibilidade de contratar biometano tende a mitigar volatilidades do petróleo e cria alternativas para metas corporativas de eficiência energética. A expansão para frotas pesadas e geração distribuída também está no radar de empresas que já testam o combustível em compressores, secadores e grupos geradores, aproveitando a curva de aprendizado de projetos no eixo Sul-Sudeste.

Investimento, financiamento e incentivos

O projeto consumiu R$ 150 milhões, com financiamento do Fundo Clima do BNDES. Na prática, a linha de crédito possibilita prazos mais longos, carência compatível com o ramp-up da produção e custo financeiro inferior ao observado no crédito corporativo comum. Em empreendimentos de gás de base orgânica, o capex se concentra em sistemas de upgrading, compressores, instrumentação e utilidades. O prazo de maturação depende da estabilidade na geração de biogás do aterro e da velocidade de conexão com clientes âncora.

Os programas estaduais Fundopem RS e Integrar RS viabilizaram abatimentos de encargos, isenções na importação de equipamentos e dispensa do diferencial de alíquota do ICMS para aquisições nacionais fora do estado. Esses instrumentos são comuns em cadeias intensivas em capital e tecnologia e funcionam como alavancas para atrair unidades produtivas. No caso da Biometano Sul, a combinação de crédito público, incentivos fiscais e contrato de offtake fechado antecipadamente reduziu riscos clássicos do setor, como a incerteza de demanda no início da operação.

O que disseram autoridades e executivos

Durante a cerimônia, o governador Eduardo Leite vinculou o empreendimento à política estadual para o biogás, consolidada nos últimos anos. Ele destacou que, além do avanço tecnológico, a iniciativa agrega valor a um subproduto que antes não era aproveitado com essa escala, contribuindo para um novo arranjo energético regional. A leitura do Palácio Piratini é de que o gás oriundo de resíduos urbanos pode reforçar a base térmica de indústrias e agregar competitividade à produção local.

Rafael Salamoni, diretor da Biometano Sul, afirmou que a unidade inaugura um ciclo de projetos com calendário de expansão já contratado. Segundo ele, a segunda planta, em São Leopoldo, está programada para 2026, com foco em ampliar o atendimento a clientes industriais no Vale do Sinos. Para Leomyr Girondi, diretor-presidente da CRVR, o resultado traduz uma gestão de resíduos orientada à recuperação de energia, com ganhos operacionais para o aterro e para a cadeia de gás. Já o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo, ressaltou a abertura de um novo canal de oferta para a indústria, com destaque para projetos que ampliem a matriz energética do estado.

Segunda unidade em São Leopoldo

A Solví deu início às obras da segunda planta no estado, no complexo da CRVR em São Leopoldo, no Vale do Sinos. O projeto prevê capacidade de 34 mil m³ por dia e investimentos superiores a R$ 100 milhões. A implantação aproveita a infraestrutura existente de coleta de biogás e repete o conceito modular aplicado em Minas do Leão. A previsão da companhia, anunciada no evento de 15 de setembro de 2025, é de iniciar a operação ao longo de 2026, condicionada à curva de obras civis, comissionamento e validações de desempenho.

Somadas, as duas unidades chegam a R$ 230 milhões em aportes e colocam o Rio Grande do Sul no mapa nacional de produção de gás de base orgânica para uso energético. A duplicação da capacidade também cria redundância operacional e permite programar paradas de manutenção sem comprometer contratos com clientes. O desenho multiunidade tende a reduzir custos logísticos ao aproximar a produção de polos industriais do estado, como Vale do Sinos, Serra e Região Metropolitana.

Como se produz biometano: do biogás ao combustível comercial

O biometano nasce da purificação do biogás, mistura gerada pela decomposição de resíduos orgânicos. O processo passa por etapas essenciais: remoção de compostos sulfurosos, secagem, filtração de partículas e separação do dióxido de carbono para elevar o teor de metano. As tecnologias mais usadas são membranas poliméricas, lavagem com água pressurizada e PSA (Pressure Swing Adsorption). A escolha depende do perfil do biogás, custo total de propriedade e metas de disponibilidade da planta.

Depois da purificação, o gás é comprimido, odorizado e testado. Ensaios verificam poder calorífico, teor de metano, ponto de orvalho e presença de contaminantes. Apenas após atender às especificações contratadas o produto é liberado. Esse caminho, somado a um plano de manutenção preditiva, sustenta a estabilidade de qualidade exigida por indústrias que operam continuamente, evitando oscilações que prejudiquem chamas, trocadores de calor e controles de processo.

Padrões de qualidade, segurança e monitoramento

Empreendimentos de biometano seguem protocolos de segurança comparáveis aos de plantas de gás natural. Entre os itens de rotina estão válvulas de bloqueio automático, sistemas de detecção de gás, barreiras corta-chama e áreas classificadas para equipamentos elétricos. O programa de integridade contempla inspeções, calibrações periódicas e redundâncias que mantêm a operação dentro dos limites de projeto. Em paralelo, a instrumentação registra pressão, temperatura e vazão em tempo real, permitindo ajustes finos para entregar o gás no padrão especificado.

No controle de qualidade, as análises verificam umidade residual, H2S, CO2, siloxanos e hidrocarbonetos pesados. Em contratos industriais, é comum definir faixas de poder calorífico superior e inferior, índice de Wobbe e variações admissíveis de composição, evitando impactos na combustão. Com isso, a troca de combustível em caldeiras e fornos ocorre de forma controlada, com mudanças pontuais de bicos, misturadores de ar e parâmetros de operação.

Impactos para a indústria gaúcha e para a cadeia do gás

A chegada do biometano cria um novo vetor de oferta para segmentos que dependem de calor de processo: alimentos e bebidas, coureiro-calçadista, cerâmico, papel e celulose, entre outros. Para o usuário final, a principal diferença está no contrato: o biometano costuma vir amarrado a volumes e qualidade predefinidos, com metas de disponibilidade. Na prática, empresas tendem a operar com duplo suprimento, mantendo GLP ou gás natural fóssil como backup, enquanto consolidam a curva de consumo do novo combustível.

Do lado da cadeia de suprimento, o biometano abre espaço para serviços de compressão, transporte por carretas e instalação de estações de recebimento em fábricas. Esses pontos incluem skid de descompressão, medição fiscal e odorizar, quando necessário. O adensamento da malha de oferta também favorece projetos futuros de injeção em redes locais onde houver acordo com distribuidoras, respeitando limites técnicos de mistura e controle de qualidade.

Comparação com outras opções de combustível

Na comparação com o gás natural de origem fóssil, o biometano tem composições muito próximas em termos de metano, o que simplifica a troca. A principal diferença está na origem do gás e em alguns traços residuais que exigem controle rigoroso no upgrading. Frente ao GLP, as propriedades de combustão variam: pressão, ar/combustível e ajustes de queimadores precisam ser avaliados caso a caso. Já quando comparado ao óleo combustível, destacam-se as reduções típicas de particulados e a maior limitação para formação de fuligem, fatores considerados por áreas de manutenção industrial.

Para frotas, o biometano comprimido (Bio-CNG) desponta como alternativa em caminhões e ônibus preparados para gás veicular. Empresas com grande tráfego em rotas fixas, como coleta de resíduos e distribuição urbana, testam o combustível para reduzir custos de operação e desgaste de componentes associados a motores de ciclo Otto. Em geração de energia, grupos geradores a gás podem utilizar o biometano com ajustes de regulagem, favorecendo projetos de cogeração em que calor e eletricidade são produzidos simultaneamente.

Logística, distribuição e contratos de fornecimento

Sem uma rede extensiva de gasodutos, a distribuição inicial ocorre, em grande parte, por meio de carretas com gás comprimido. Esse modelo, já utilizado em outros estados, permite levar o combustível a clientes situados em polos industriais distantes das plantas de produção. Para contratos de médio prazo, as partes costumam definir volumes firmes, janelas de entrega e mecanismos de reajuste baseados em indicadores de mercado. A previsibilidade de retirada é um componente relevante para o fluxo de caixa de projetos com alto capex.

O contrato com a Ultragaz dá escala ao escoamento e cria um canal de atendimento que dialoga com a base industrial gaúcha. Com o crescimento da oferta, mecanismos como hubs de descompressão e pontos de entrega compartilhados podem reduzir custos logísticos e ampliar o alcance. Em regiões com dutos, a injeção em rede exige estudos de compatibilidade de qualidade e a adoção de sistemas de medição e odorizar alinhados à operação da distribuidora local.

Licenciamento, conformidade e fiscalização

Projetos de biometano passam por licenças e autorizações em diferentes esferas, incluindo órgãos estaduais responsáveis por resíduos e por infraestrutura, além de órgãos de controle de riscos industriais. No Rio Grande do Sul, a FEPAM participa dos processos relacionados ao aterro e à operação do sistema de captação de biogás. Ao longo da vida útil da planta, inspeções verificam o cumprimento de condicionantes, a conformidade com normas técnicas e a integridade dos equipamentos críticos, especialmente nas áreas onde há presença de gás sob pressão.

A rastreabilidade de dados operacionais é um ponto de atenção. Sistemas de supervisão (SCADA) registram parâmetros de processo, eventos de manutenção e qualidade do gás. Esses registros servem para auditorias e para acionar planos de resposta em caso de desvios. A disponibilização de relatórios periódicos aos órgãos competentes e a existência de procedimentos de emergência são práticas comuns na indústria de gás e aumentam a previsibilidade da operação.

Programa Combustível do Futuro e o lugar do biometano

O biometano integra o escopo do programa federal Combustível do Futuro, ao lado do diesel de base renovável e do combustível de aviação produzido a partir de matérias-primas alternativas (SAF). A diretriz é ampliar a oferta de combustíveis com origem em fontes diversas, estimular eficiência e criar novas cadeias produtivas. No caso do gás, a produção a partir de resíduos urbanos, agrícolas e industriais aproxima a geração do consumo e permite contratos regionais com prazos alinhados à vida útil dos aterros e das plantas de processamento.

Estados do Sul e Sudeste se destacam por concentrarem aterros com grande volume de resíduos e infraestrutura de coleta de biogás. A leitura do mercado é que a presença de contratos de longo prazo, a queda de custo de tecnologias de upgrading e a maior familiaridade de indústrias com o uso do gás criam um ambiente favorável. A experiência gaúcha, na visão de executivos presentes à inauguração, tende a servir de referência para outros projetos em municípios com perfil semelhante ao de Minas do Leão e São Leopoldo.

Perguntas frequentes do leitor

Biometano é o mesmo que biogás? Não. Biogás é a mistura obtida diretamente da decomposição de matéria orgânica e contém dióxido de carbono, vapor d’água e compostos ácidos. O biometano é o biogás purificado, com maior teor de metano e características próximas às do gás natural de origem fóssil. Essa diferença permite queimar o combustível em equipamentos industriais convencionais, desde que respeitadas as especificações de qualidade e pressão do contrato de fornecimento.

O consumidor residencial terá acesso? A prioridade inicial é o mercado industrial, que demanda volumes grandes e constantes. A expansão para frotas e usos comerciais pode ocorrer conforme a oferta cresça e novos pontos de entrega sejam estruturados. Em áreas com rede de gás, projetos de injeção podem levar o biometano a um universo maior de usuários, mas essa etapa depende de estudos técnicos, autorizações e acordos com distribuidoras locais.

Números em perspectiva e equivalências energéticas

Os 66 mil m³/dia anunciados posicionam Minas do Leão entre as maiores plantas do país a partir de aterro sanitário. Em termos práticos, esse volume atende múltiplas caldeiras industriais de médio porte operando em dois turnos, a depender de configuração e eficiência dos queimadores. A equivalência a 12,5 mil botijões por dia ajuda a dimensionar a escala, mas, na prática, contratos industriais trabalham com parâmetros como poder calorífico, índice de Wobbe e consumo horário para planejar a operação.

Quando o projeto de São Leopoldo se somar, a capacidade combinada passará de 100 mil m³/dia. Para efeito de comparação, esse patamar cria massa crítica para hubs regionais, com rotas de carretas dedicadas e janelas de recebimento distribuídas entre clientes de diferentes perfis. O desenho reduz gargalos, dilui custos logísticos e favorece manutenções planejadas sem romper compromissos de entrega.

Passo a passo para a indústria migrar para biometano

Empresas interessadas em migrar para o biometano costumam iniciar por um diagnóstico energético. O levantamento identifica cargas térmicas, perfis de consumo por hora, pressão e temperatura de operação, além de limites de controle de emissões internos. Em seguida, é feita a análise de compatibilidade de queimadores e linhas de gás. Em muitos casos, a adaptação envolve troca de bicos injetores, recalibração de válvulas e ajustes na relação ar/combustível, medidas de baixa complexidade para equipes de manutenção familiarizadas com sistemas a gás.

Na parte contratual, é recomendável negociar volumes firmes e flexíveis, com mecanismos de sazonalidade que acompanhem a variação de demanda de produção. Além disso, a instalação de medição dedicada e sistemas de segurança alinhados ao padrão do fornecedor encurtam prazos de comissionamento. Treinamentos operacionais e simulados de emergência completam a transição, assegurando que a equipe saiba responder a eventos como quedas de pressão ou acionamento de dispositivos de segurança.

O papel do aterro da CRVR na geração do gás

O aterro da CRVR em Minas do Leão recebe diariamente resíduos de 85 municípios, incluindo a Região Metropolitana. Esse volume sustenta a geração contínua de biogás, matéria-prima do biometano. A operação envolve drenos verticais e horizontais que captam o gás nas diferentes camadas, reduzindo perdas e permitindo estabilizar a vazão ao longo do dia. O sistema incorpora válvulas de controle e pontos de amostragem distribuídos para ajustar parâmetros de sucção e maximizar o aproveitamento do metano disponível.

O equilíbrio entre coleta, queima de excedentes em flare de segurança e envio ao upgrading é uma rotina típica. Em fases de comissionamento, quando a planta de purificação ainda está em curva de aprendizado, parte do biogás pode ser direcionada para queima controlada. À medida que a unidade atinge regime contínuo, o volume tratado e convertido em biometano aumenta, elevando a taxa de aproveitamento energético do local.

Empregos, qualificação e cadeia de fornecedores

Além dos empregos diretos em operação, manutenção e laboratório, a planta movimenta fornecedores de válvulas, instrumentação, compressores, membranas e serviços especializados. Universidades e centros técnicos da região tendem a se aproximar para estágios, treinamentos e projetos conjuntos. Esse ambiente de cooperação acelera a formação de mão de obra local capaz de operar tecnologias de upgrading, um ativo que pode ser replicado em outras unidades no estado.

Com a consolidação da oferta, empresas de transporte e de engenharia passam a estruturar serviços dedicados, como rotas de carretas para gás comprimido e montagem de estações de recebimento em fábricas. A padronização de skids e contratos de manutenção de longo prazo tende a reduzir custos e encurtar a implantação para novos clientes, criando um círculo virtuoso para a cadeia de gás de base orgânica.

Cronograma e marcos de implantação

A inauguração em 15 de setembro de 2025 encerra o ciclo de obras civis, montagem eletromecânica e comissionamento da Biometano Sul em Minas do Leão. Os próximos meses concentram o ramp-up de produção, com metas de disponibilidade e qualidade até atingir a capacidade nominal de 66 mil m³/dia. Em paralelo, a obra de São Leopoldo avança com frentes de terraplanagem, fundações e recebimento de equipamentos críticos, como módulos de membranas e compressores de alta pressão.

A partir de 2026, a integração comercial entre as duas plantas permitirá otimizar a logística e calibrar contratos por região, reduzindo trajetos e tempos de descarga. A estratégia, segundo executivos, é manter flexibilidade para atender clientes de diferentes perfis, priorizando previsibilidade de entrega e qualidade do produto. Em termos de operação, o objetivo é consolidar indicadores de performance e estabelecer rotinas de manutenção que garantam alta disponibilidade ao longo do ano.

Glossário rápido para entender o tema

Biogás: mistura gasosa resultante da decomposição de matéria orgânica, com metano, dióxido de carbono e traços de outros compostos. Biometano: biogás purificado, com alto teor de metano e especificações compatíveis com uso como combustível em equipamentos a gás. Upgrading: conjunto de processos que remove impurezas do biogás e separa o CO2 para elevar o teor de metano. PSA: tecnologia de adsorção por variação de pressão. Membranas: módulos que separam gases por diferenças de permeabilidade.

Índice de Wobbe: parâmetro que relaciona poder calorífico e densidade do gás, usado para avaliar a intercambialidade entre combustíveis em queimadores. Odorização: adição de traço odorante para facilitar a detecção de vazamento. SCADA: sistema de supervisão e aquisição de dados usado para monitorar e controlar plantas industriais. Esses termos aparecem com frequência em contratos e relatórios de operação de unidades de biometano e ajudam a interpretar especificações técnicas.

Sinais a observar nos próximos meses

Entre os indicadores que o mercado acompanhará estão a taxa de disponibilidade da planta, a constância da qualidade do gás, a velocidade de ampliação de carteira de clientes e a execução do cronograma de São Leopoldo. A consolidação de hubs logísticos e o eventual avanço de projetos de injeção em rede local também entram no radar, dependendo de estudos técnicos e de entendimentos com distribuidoras. Esses movimentos apontarão o ritmo de expansão do biometano no estado.

Outro ponto é a dinâmica de preços frente a alternativas como GLP e óleo combustível. Contratos de fornecimento com cláusulas de indexação claras e previsíveis tendem a atrair indústrias com alto consumo térmico. Se os volumes crescerem conforme o planejado e os marcos de 2026 forem cumpridos, o Rio Grande do Sul ganha um novo componente para compor a oferta de gás e aumentar a resiliência de sua base produtiva.



Última atualização em 20 de setembro de 2025

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Artigo Anterior
Linha PSAI tem características e aplicações detalhadas

Linha PSAI tem características e aplicações detalhadas




Posts Relacionados