Porto do Açu entra na rota do agro de Mato Grosso com exportação de milho não transgênico
Operação marca estreia de cargas de MT no Açu
O Porto do Açu, no norte do Rio de Janeiro, realizou em setembro de 2025 a primeira exportação de uma carga originada em Mato Grosso. O embarque foi de 25 mil toneladas de milho não transgênico, com destino à Europa. A operação ocorreu no Terminal Multicargas (T-Mult), área que concentra embarques de diferentes segmentos e que ganhou relevância no calendário do agronegócio ao incluir grãos do Centro-Oeste entre suas cargas. A movimentação inaugura um novo corredor logístico para produtores do leste mato-grossense e amplia o mapa de rotas comerciais para o cereal brasileiro.
Segundo a operadora do complexo, o T-Mult já recebeu mais de 20 tipos de cargas desde o início das atividades e apresenta janela de atracação enxuta, além de produtividade de cais acima da média do mercado. A avaliação interna é que a combinação de armazéns dedicados, controle de acesso e planejamento operacional favorece produtos que exigem segregação rigorosa, como o milho Non-GMO. Para exportadores, a novidade cria uma alternativa concreta às rotas tradicionais ao Sudeste e ao Norte, com potencial de reduzir gargalos em períodos de safra cheia e concentrar serviços em um único complexo portuário.
Como foi o embarque no T-Mult
A operação envolveu recebimento rodoviário, armazenagem segregada e embarque direto para um navio com destino ao mercado europeu. Para preservar as características do milho não transgênico, o fluxo adotou a regra de não contato com cargas convencionais que possam conter grãos transgênicos. O terminal dispõe de dois armazéns cobertos em área alfandegada com capacidade estática total de 60 mil toneladas, além de outros dois armazéns na retroárea com igual capacidade, que funcionam como pulmão logístico. O desenho permite compensar variações na chegada dos caminhões, formar lotes uniformes e manter o cereal em condições adequadas até o momento do embarque.
O passo a passo no cais seguiu um roteiro padrão para grãos: aferição de peso, conferência documental, coleta de amostras, análise para liberação, direcionamento a áreas exclusivas e carregamento por correias até os porões do navio. O agendamento de janelas para caminhões e a coordenação entre pátio, armazéns e cais contribuíram para reduzir tempos de espera ao longo do ciclo. Do ponto de vista comercial, a carga foi consolidada com antecedência, permitindo que o navio atracasse e iniciasse as operações rapidamente após a liberação dos órgãos anuentes. O foco foi dar previsibilidade às equipes que atuam na ponta do transporte e ao armador responsável pela escala.
Por que o milho Non-GMO exige uma cadeia segregada
No mercado internacional, o milho não transgênico é vendido com especificações de origem, rastreabilidade e manuseio. A principal exigência é evitar contato com materiais que possam descaracterizar o produto ao longo da cadeia. Isso começa na fazenda, passa pelo armazém de origem e segue no transporte, nos terminais e no navio. O objetivo é preservar a integridade do lote para atender contratos que remuneram a conformidade. Como consequência, cada transição de guarda precisa de controles claros, lacres e registros que comprovem o cumprimento de procedimentos específicos, inclusive limpeza de equipamentos e áreas de transferência.
Em portos, a segregação física é decisiva. Significa reservar silos, galpões, transportadores e bicas de carregamento exclusivamente para o produto ao longo do período de operação. No T-Mult, os armazéns dedicados e a gestão de fluxos permitem fazer essa separação. A amostragem e a análise em laboratório reforçam a verificação de que os padrões solicitados pelos compradores foram preservados. Para o exportador, o ganho está na previsibilidade: saber que a infraestrutura oferece barreiras a contaminações cruzadas, que podem comprometer o prêmio pago por um lote Non-GMO ou até inviabilizar a entrega contratada.
Estrutura atual e obras que ampliam o alcance do terminal
No primeiro semestre de 2025, o T-Mult movimentou 1,2 milhão de toneladas, 45% acima do volume do mesmo período de 2024. Para sustentar novas frentes, a área de cais operacional do terminal chegará a 500 metros ainda em 2025, com calado de 13,1 metros. O projeto inclui um segundo berço apto a operar simultaneamente dois navios do tipo Panamax, embarcações com porte para cerca de 75 mil toneladas. A combinação de comprimento de cais, profundidade e berços paralelos amplia a capacidade de janelas, reduz conflitos de programação e atende navios que exigem operações contínuas.
Do ponto de vista de fluxo anual, o terminal projeta alcançar 2,7 milhões de toneladas por ano após as obras e ajustes de layout. Há ainda planos de expansão de armazenagem, o que pode levar à duplicação da capacidade de movimentação em etapas subsequentes, à medida que novos contratos sustentem investimentos adicionais. A logística terrestre também entra na equação: acessos dedicados, áreas de espera reguladas e integração com bases de apoio na retroárea formam um conjunto que permite absorver picos sazonais, especialmente durante as janelas de colheita em regiões fornecedoras como o leste de Mato Grosso.
O que muda para produtores do leste de Mato Grosso
Para o produtor, a escolha da rota leva em conta preço do frete, tempo de ciclo, disponibilidade de armazéns e custo de oportunidade. A entrada do Açu nessa oferta cria uma alternativa com ancoragem no Sudeste e agenda de navios voltada a contratos específicos, como o Non-GMO. O leste mato-grossense, que costuma escoar por rotas ao Sudeste e ao Norte, ganha uma opção capaz de diluir riscos de concentração em um único porto durante a safra. Na prática, tradings e cooperativas podem compor carteiras de embarque com diferentes destinos, equilibrando prazos e prêmios comerciais conforme a demanda de cada contrato.
Outro ponto é o tempo de espera. Em épocas de pico, filas terrestres e marítimas pressionam a operação em corredores muito disputados. A promessa de janelas mais previsíveis, aliada a indicadores de produtividade de cais, pesa no cálculo final. Mesmo em trajetos rodoviários mais longos, a redução de incertezas na atracação e no carregamento pode compensar parte do custo. Produtores também avaliam a qualidade do serviço de armazenagem: pisos, controle de pragas, limpeza e rapidez na expedição fazem diferença para quem precisa embarcar lotes com prazos curtos e especificações rígidas de segregação.
Comparativo com outras rotas de escoamento de grãos
Historicamente, o milho de Mato Grosso segue principalmente para portos do Sudeste e do Arco Norte, conforme o destino do contrato e a época do ano. Rotas via Santos e Paranaguá concentram volumes robustos e uma rede ampla de terminais, enquanto corredores pelo Norte conectam as regiões produtoras às saídas em rios e portos próximos ao Atlântico. Cada caminho tem sua dinâmica de fretes, janelas e sazonalidade. A entrada do Açu aumenta a concorrência entre opções, o que pode favorecer negociações de frete e serviços, além de reduzir pressão sobre estruturas que operam no limite em períodos específicos do calendário agrícola.
Para cargas com requisitos de segregação, a escolha pondera mais do que o custo do transporte. A disponibilidade de galpões dedicados, a disciplina de fluxo e a previsibilidade na atracação têm peso adicional. Nesse contexto, o Açu procura se posicionar como solução para cargas sensíveis, amparado por capacidade estática e pela possibilidade de combinar armazéns alfandegados com estruturas na retroárea. Na prática, o exportador pode montar lotes em ritmo compatível com a chegada dos caminhões e com a escala do navio, sem a necessidade de disputar espaço com produtos que não exigem o mesmo cuidado operacional.
Passo a passo da segregação Non-GMO: do campo ao porão do navio
A segregação do milho não transgênico é construída etapa por etapa. Começa na origem, com a seleção de cultivares e o manejo de áreas, segue com a colheita e o transporte em equipamentos limpos e lacrados, passa por armazéns dedicados e culmina no embarque em porões previamente preparados. O objetivo é preservar a integridade do lote e garantir que a característica informada ao comprador se mantenha da lavoura até o destino. Abaixo, um roteiro resumido de boas práticas adotadas pelo mercado para esse tipo de cadeia, que ajudam a entender por que a infraestrutura do terminal é um ponto crítico do processo.
- Planejamento na fazenda: definição de áreas, distâncias de isolamento e calendário de colheita para evitar cruzamento com outras variedades.
- Limpeza de colhedoras e caminhões: procedimentos documentados antes do início de cada viagem e uso de lacres numerados.
- Armazenagem na origem: silos e galpões exclusivos, com controle de acesso e registros de entradas e saídas por lote.
- Transporte ao porto: roteiros programados, documentos de acompanhamento por lote e comunicação com o terminal para janela de recebimento.
- Recebimento no T-Mult: pesagem, amostragem e análise; direcionamento a áreas segregadas em armazéns cobertos.
- Preparação do navio: limpeza de porões, inspeções visuais e documentação que atesta conformidade do porão para receber Non-GMO.
- Carregamento: uso de equipamentos exclusivos ao longo da operação, com monitoramento para evitar mistura com outras cargas.
- Pós-embarque: emissão de certificados e relatórios que acompanham o lote até o destino final.
Esse encadeamento explica por que a disponibilidade de armazéns cobertos em área alfandegada, combinada com estruturas na retroárea, é relevante. Além de atender à necessidade de segregação, o terminal pode ajustar o ritmo de carregamento conforme a janela do navio, reduzindo o risco de atrasos. A documentação de controle, somada a amostragens periódicas, forma o dossiê que acompanha o contrato e confere segurança ao comprador sobre a qualidade do produto carregado no Brasil.
Produtividade de cais e indicadores que importam na negociação
A produtividade de cais é um dos indicadores mais observados por armadores e exportadores. Em termos práticos, mede o ritmo de carregamento por hora, a regularidade da operação e a capacidade de cumprir a janela contratada. Terminais que reportam “pranchas” acima da média conseguem encurtar a permanência do navio no porto, o que se traduz em menor custo para a cadeia. No T-Mult, a estratégia passa por manter equipamentos em bom estado, equipes dimensionadas ao porte da embarcação e coordenação fina entre armazém e cais para reduzir ociosidade nas bicas de carregamento.
Outro componente decisivo é a espera para atracação. Janelas mais curtas se traduzem em menor imprevisibilidade para quem está no campo ou na estrada. Para contratos de milho não transgênico, a previsibilidade impacta diretamente o prêmio negociado. Se o terminal entrega a janela combinada e mantém o ritmo de carregamento, o exportador consegue planejar a formação de lotes com mais precisão. Em um cenário de múltiplos portos disputando essas cargas, a combinação de produtividade e regularidade constitui um diferencial competitivo relevante nas tratativas comerciais.
Novo corredor logístico: efeitos para tradings e transportadoras
A abertura de uma rota pelo Açu altera a matriz de decisões de tradings, cooperativas e transportadoras. Para as tradings, a possibilidade de programar navios em um terminal com armazéns segregados e janelas menos congestionadas pode reduzir custos indiretos, como permanência de caminhões em pátio e ajustes de última hora em escalas marítimas. Para as transportadoras, a previsibilidade acelera o giro dos ativos, melhora a taxa de ocupação e reduz o risco de demurrage contratual. O efeito combinado tende a se refletir no frete pago ao produtor e na margem líquida de quem opera a intermediação.
No curto prazo, a maior mudança é a dispersão de volumes. Parte das cargas que iriam para outros portos pode ser redirecionada ao Açu quando o contrato exigir Non-GMO e o calendário do navio se adequar à janela do terminal. No médio prazo, a entrada de novas estruturas, como um terminal de grãos dedicado, reforça essa estratégia ao criar linhas de serviço com planejamento mais estável. A chegada de um segundo berço e a ampliação do cais ajudam a acomodar esse movimento, oferecendo mais flexibilidade para programar atracações simultâneas e encurtar a permanência dos navios na barra.
Projetos em andamento e próximos passos logísticos
O Açu iniciou sua atuação no agronegócio em 2020 com a instalação de um galpão voltado à operação de fertilizantes. A partir daí, expandiu a infraestrutura com um armazém dedicado ao agro e avança na implantação de uma unidade misturadora de fertilizantes no complexo. Entre as iniciativas previstas estão um terminal de grãos, que poderá ser integrado a uma unidade esmagadora, e a perspectiva de uma planta de fertilizantes nitrogenados conectada ao fornecimento de gás natural. No desenho logístico, a longo prazo, o acesso ferroviário surge como vetor de competitividade, por concentrar grandes volumes a custos menores por tonelada-quilômetro quando comparado a operações exclusivamente rodoviárias.
Essas frentes se somam às obras de cais e à ampliação de capacidade estática nos armazéns. O resultado esperado é um ambiente com mais serviços no mesmo complexo: recepção, armazenamento, mistura de fertilizantes, formação de lotes de grãos e embarque. Para o exportador, a concentração de etapas reduz interfaces e facilita o controle de qualidade em contratos que exigem rastreabilidade. Para o produtor, a tendência é ver mais janelas comerciais surgirem ao longo do ano, inclusive com contratos que remuneram características específicas do produto, como o milho não transgênico embarcado nesta primeira operação.
A voz da operadora e a leitura do mercado
A gestão do terminal tem enfatizado três pontos para atrair cargas de grãos: confiabilidade, eficiência e segurança operacional. Em síntese, o discurso é que uma operação 100% privada consegue acelerar decisões e ajustar processos sem depender de longos trâmites. Na leitura da companhia, o novo corredor logístico abre espaço para soluções sob medida, com janelas curtas de espera e ritmo de carregamento compatível com navios Panamax. O diretor comercial e de terminais, João Braz, resume o foco em eficiência ao destacar a combinação de baixas filas de atracação e atendimento ágil no rodoviário, pontos sensíveis para embarques de grãos com exigências específicas de segregação.
Do lado do mercado, as tradings observam com atenção indicadores que sustentem um redirecionamento consistente de volumes: evolução do custo do frete rodoviário desde o leste mato-grossense, regularidade de janelas, produtividade média por navio e disponibilidade de armazéns dedicados em períodos de maior demanda. À medida que mais cargas forem processadas pelo Açu, essas métricas tendem a compor séries históricas que fundamentam a tomada de decisão. Para operações Non-GMO, a construção dessa confiabilidade é tão importante quanto o preço, porque envolve cláusulas contratuais estritas e prazos de entrega que não admitem desvios.
Custos logísticos: onde estão os ganhos potenciais
Mesmo quando o trajeto rodoviário até o Sudeste é mais longo, o cálculo de custo total por tonelada considera outros elementos além do diesel e dos pedágios. A previsibilidade de janela tem impacto direto no tempo de ciclo dos caminhões. Se o terminal mantém fluxo contínuo de recebimento e expedição, o veículo roda mais e espera menos, encurtando o prazo entre a origem e o retorno para nova carga. No píer, produtividade elevada reduz a estadia do navio e o risco de cobranças adicionais. Somados, esses fatores podem neutralizar parte do diferencial de distância e tornar a rota competitiva para contratos que exigem carregamento sem interrupções.
Nos armazéns, a capacidade estática e o layout importam. Galpões cobertos, com boa circulação interna e sistemas de expedição dimensionados, diminuem gargalos em momentos de pico. A possibilidade de formar lotes sem misturar produtos também evita retrabalho, como limpezas extras de equipamentos e áreas, que consomem tempo e dinheiro. Em contratos Non-GMO, a segregação adequada reduz o risco de perda de prêmio ou de rejeição da carga por não conformidade. No final, o que define a rota é a soma de todos esses itens traduzida em número: custo por tonelada entregue no destino, dentro do prazo e com as especificações acordadas.
O papel da armazenagem alfandegada na estratégia de exportação
A presença de armazéns em área alfandegada facilita o cumprimento de rotinas de fiscalização e a formação de lotes prontos para embarque. Na prática, o exportador concentra a documentação no mesmo perímetro em que a carga aguarda a atracação, agilizando etapas que, em outros arranjos, exigiriam movimentações adicionais. Para o milho não transgênico, a armazenagem alfandegada aliada a estruturas na retroárea dá flexibilidade para ajustar volumes sem perder o controle da segregação. É uma reserva de capacidade que ajuda a responder a variações na chegada de caminhões e a imprevistos na programação marítima.
Outro benefício é a redução de traslados internos entre diferentes instalações antes do embarque. Cada transferência agrega custo, tempo e risco operacional. Quando o terminal integra etapas em um único complexo, diminui-se a quantidade de operações intermediárias. Isso vale para inspeções, pesagens, novas amostragens e preparação do produto para o porão. O resultado costuma ser um carregamento mais linear, com menos pontos de intervenção e menor probabilidade de desvios que comprometam o desempenho do navio ou a qualidade final do lote.
Calendário de colheita e janela de exportação do milho
O milho de Mato Grosso tem concentração de colheita na segunda safra, que costuma gerar um pico de oferta entre o fim do primeiro semestre e o início do segundo. Exportações se intensificam nesse período, quando os compradores internacionais avaliam prazos e prêmios. A estreia do Açu com um lote Non-GMO em setembro se encaixa nessa janela, atendendo contratos com encadeamento logístico definido e exigências de segregação. Para os próximos embarques, a combinação entre disponibilidade de navios, espaço de armazém e planejamento de recebimento rodoviário será determinante para consolidar o corredor e atrair novos contratos.
O escalonamento de navios Panamax ajuda a diluir a oferta ao longo das semanas e evita concentrações que pressionem de uma só vez a infraestrutura. Para produtores e tradings, isso significa mais alternativas para montar escalas de entrega. A sincronia entre a chegada dos caminhões ao terminal e o início do carregamento no cais diminui o risco de esperas prolongadas em pátios, melhora o giro e preserva margens. Em contratos sensíveis, como o Non-GMO, a previsibilidade do calendário é fator-chave para manter o prêmio e cumprir prazos de chegada ao destino.
Perfil do complexo e setores atendidos atualmente
Localizado no norte do Estado do Rio de Janeiro, o Porto do Açu funciona como um complexo porto-indústria privado de águas profundas em operação desde 2014. Hoje abriga 28 empresas instaladas, entre clientes e parceiros, e atua de forma consolidada em cadeias como minério, petróleo e gás natural, além de fertilizantes e cargas gerais. A abertura ao agronegócio começou com operações de insumos e evoluiu para serviços de armazenagem e exportação de grãos, como demonstra o embarque de milho não transgênico originado no leste mato-grossense. O desenho do complexo busca integrar indústrias e logística em um mesmo perímetro para diminuir interfaces e dar escala às operações.
A administração do complexo é feita pela Porto do Açu Operações, uma parceria entre a Prumo Logística, controlada pelo EIG, e o Porto de Antuérpia-Bruges Internacional. A governança privada permite programar investimentos em etapas, de acordo com a demanda contratada e o avanço das obras de cais e armazenagem. Para o agro, a meta é ampliar a oferta de serviços sem perder a característica de segregação e rastreabilidade em cadeias que exigem esse padrão, caso do Non-GMO e de cargas com especificações de manuseio definidas em contratos internacionais.
Pontos de atenção para novos embarques Non-GMO pelo Açu
O primeiro embarque cria um histórico importante, mas a consolidação do corredor depende de repetição com regularidade. Entre os pontos de atenção estão a manutenção da capacidade estática disponível para segregação, o alinhamento de janelas com os armadores e a calibragem do fluxo rodoviário desde o leste de Mato Grosso. Também pesa a eficiência na documentação aduaneira e o diálogo com órgãos anuentes para manter prazos dentro do previsto. Com cada operação concluída, o terminal amplia referências de produtividade e reforça a confiança de compradores que demandam Non-GMO em volumes consistentes.
Do lado dos exportadores, a estratégia passa por contratar transporte, armazenagem e janela de navio como um pacote único, reduzindo interfaces. A definição antecipada de volumes e datas, com cláusulas claras para segregação, tende a diminuir riscos de imprevistos. Quando o terminal oferece equipamentos, equipes e armazéns dedicados, o planejamento ganha robustez. A recorrência de navios Panamax, por sua vez, sinaliza escala. Com esse conjunto, a rota via Açu pode se firmar como alternativa competitiva para contratos que exigem rastreabilidade e carregamento em janelas curtas, mantendo o prêmio comercial do Non-GMO.
O que observar nos próximos meses
O desempenho do corredor será testado pelo volume e pela regularidade de novas operações. Indicadores como tempo médio de espera para atracação, produtividade de carregamento, taxa de ocupação dos armazéns e tempo de ciclo rodoviário devem pautar a decisão de produtores e tradings na alocação de contratos. A conclusão das obras que estendem o cais a 500 metros e habilitam um segundo berço Panamax será outro marco, por ampliar o número de janelas disponíveis e dar flexibilidade à programação de navios em sequência.
Também ficará em evidência a capacidade de o terminal receber, ao mesmo tempo, diferentes produtos com necessidades distintas de manuseio. A coexistência de fertilizantes, cargas gerais e grãos em um mesmo complexo exige disciplina de fluxo e planejamento fino para preservar a integridade de cada cadeia. O primeiro embarque de milho Non-GMO abre caminho para uma agenda mais diversa. A atratividade, porém, seguirá atrelada a números: custo total por tonelada, cumprimento de prazos e consistência nos procedimentos que garantem a segregação do produto até o destino final.
Última atualização em 17 de setembro de 2025