No #TBTAgrimidia desta semana, a lembrança de 1983 volta com um recado atual: o lucro na granja acompanha a qualidade do manejo. O tema é a formação do ovo e tudo o que interfere na postura. O assunto parece técnico, e é. Mas entender como luz, hormônios, oviduto, ovário, nutrição e rotina de granja se conectam ajuda a evitar perdas simples e a tirar mais resultado do mesmo plantel.
A edição n° 883 da Avicultura Industrial já destacava o papel do controle nervoso e endócrino. Hoje sabemos com maior precisão como esse circuito funciona. O estímulo luminoso chega ao cérebro, ativa o hipotálamo e, a partir daí, desencadeia uma sequência de sinais que culmina na ovulação e na postura. A fisiologia se traduz em decisões práticas: horas de luz, intensidade luminosa, perfil de dieta, manejo de água e ambiência. Pequenos desvios nessas frentes viram ovos fora do padrão, menor conversão por dúzia e queda no caixa.
Nas próximas seções, o passo a passo da formação do ovo aparece ligado a ações de rotina. O objetivo é direto: transformar conceito em resultado. Com exemplos práticos, metas numéricas e checklists simples, o produtor consegue ajustar o que importa e medir o efeito no bolso.
Controle endocrinológico: do estímulo luminoso à ovulação
A luz atinge receptores e ativa vias neurais que chegam ao hipotálamo. Esse núcleo libera GnRH, um hormônio que estimula a hipófise anterior (pituitária) a produzir FSH e LH. O FSH sustenta o crescimento folicular nos ovários. O LH promove a ovulação quando ocorre o pico, horas antes da postura. Durante esse processo, o ovário fabrica estrógeno e progesterona. O estrógeno favorece o desenvolvimento do oviduto e aumenta a deposição de cálcio nos ossos medulares. A progesterona, liberada pelo folículo maduro, ajuda a disparar o pico de LH que antecede a liberação da gema.
O equilíbrio desse eixo é sensível a mudanças simples, como variação brusca de fotoperíodo, jejum involuntário, estresse térmico ou água fora de padrão. Em linguagem de granja, isso significa que quedas repentinas na luz diária, fontes de calor sem controle ou bebedouros com vazão baixa podem desorganizar a sequência hormônio→ovário→oviduto. O resultado aparece no ninho: dia com menos ovos, mais ovos finos, mais “cascudos” e picos de postura deslocados no horário. Por isso, estabilidade e rotina são tão importantes quanto a qualidade da ração.
Oviduto por dentro: tempo e funções de cada segmento
Depois de ovulada, a gema é capturada pelo infundíbulo. A jornada até a postura dura entre 24 e 30 horas, conforme genética, idade, temperatura e nutrição. Cada trecho do oviduto adiciona uma parte do ovo e tem tempo próprio. Conhecer esses tempos ajuda a entender por que certas falhas surgem e como corrigi-las. A seguir, o mapa simples do percurso, com funções e durações médias.
Os números abaixo servem como referência para poedeiras comerciais. Lotes muito jovens ou muito velhos podem variar. Alterações de ambiência ou dieta também mudam a velocidade do trânsito pelo oviduto, o que impacta textura da clara, firmeza das membranas, pigmentação e espessura de casca. Ajustes pontuais no manejo, como reforço de cálcio grosso no fim do dia ou correção de temperatura, costumam devolver o processo ao trilho.
- Infundíbulo: 10 cm, capta a gema e pode ser local de fecundação em matrizes. Tempo médio de 15 a 20 minutos. Falhas de captação geram “ovos sem clara” ou perdas iniciais, muitas vezes associadas a estresse agudo.
- Magno: 38 a 40 cm, secreta a maior parte do albúmen. Dura 3 a 5 horas. Proteínas como ovoalbumina e ovomucina definem viscosidade. Dietas com proteína bruta insuficiente ou desequilíbrio de aminoácidos podem resultar em clara aquosa.
- Istmo: cerca de 12 cm, produz as membranas internas e externas. Leva 1 a 2 horas. Se a ave estiver desidratada, membranas ficam frágeis e aumentam perdas por trincas durante a coleta e o transporte.
- Útero (glândula da casca): local da calcificação. Permanece 18 a 20 horas. Aqui entram cálcio e bicarbonato em grande volume. Deficiências de Ca disponível, vitamina D3 ou desequilíbrio eletrolítico refletem em casca fina e porosa.
- Vagina e cloaca: passagem rápida para postura. A contração final expulsa o ovo, que deve cair em ninho com cama seca e superfície limpa para reduzir microfissuras e contaminações.
Luz: programas práticos para postura e pico
Luz é gatilho. O fotoperíodo define quando a ave entra em postura e ajuda a manter o ritmo diário. O princípio é simples: não reduzir horas de luz durante a fase produtiva. Em recria, o objetivo é segurar a maturidade até que peso e uniformidade estejam dentro da meta. Em produção, a meta é estabilidade. Mudanças bruscas confundem o relógio biológico e bagunçam o eixo hormonal.
A intensidade também importa. Em poedeiras comerciais, 10 a 20 lux costumam funcionar bem nos comedouros e corredores. Em ninhos, luz mais suave reduz estresse. Em aves jovens, luz forte e constante atrapalha o descanso e estimula canibalismo. O controle deve ser feito com cronograma escrito, checagem diária do temporizador e conferência da uniformidade luminosa no galpão, especialmente após trocas de lâmpadas.
Passo a passo para recria
– Primeira semana: 20 a 22 horas de luz para apoiar adaptação e consumo. Reduza gradualmente até 10 a 12 horas ao final da 5ª a 6ª semana. O foco é garantir peso e uniformidade de lote, sem “forçar” maturidade precoce. Use um luxímetro simples para verificar se os cantos do galpão estão no mesmo patamar do centro.
– Da 7ª à 16ª semana: mantenha 10 a 12 horas. Não aumente antes da meta de peso corporal. Aumentos prematuros geram ovos pequenos no início da vida produtiva e comprometem a média de peso do ovo por meses. Registre semanalmente peso de 100 aves, calcule a uniformidade (percentual dentro de ±10% da média) e só avance quando os números estiverem dentro do plano da linhagem.
Produção: subir e estabilizar
– Início de postura: quando o lote atinge peso e uniformidade, aumente 30 minutos de luz por semana até 14 a 16 horas, conforme linhagem e latitude. Estabilize nesse patamar. Em regiões com variação sazonal, ajuste para compensar mudanças naturais no dia claro. Evite saltos maiores que 30 a 60 minutos por semana.
– Checagens: verifique a hora exata do primeiro ovo do dia e o pico de postura. Deslocamentos persistentes indicam falha na programação ou instabilidade de energia. Geradores e no-breaks nos temporizadores evitam “apagões” que desregulam o lote. O retorno à rotina pode levar alguns dias; paciência e consistência são essenciais.
Nutrição que sustenta a produção: cálcio, fósforo e energia
Casca firme depende de cálcio disponível no momento certo. A maior parte da calcificação ocorre à noite. Por isso, fornecer parte do cálcio em partículas grossas (2 a 4 mm) ajuda a liberar o mineral lentamente no útero. A recomendação comum para poedeiras em pico fica entre 3,8% e 4,2% de Ca total, com fósforo disponível entre 0,30% e 0,45%, conforme consumo e fase. Vitamina D3 em nível adequado garante absorção eficiente. Sem isso, a ave mobiliza cálcio dos ossos e a casca sofre.
Energia e proteína fecham a conta. Em geral, 2.700 a 2.900 kcal/kg e 16% a 18% de proteína bruta sustentam boa produção em linhagens comerciais. O que vale é formular por aminoácidos digestíveis, com atenção a lisina e metionina+cistina, e ajustar ao consumo real. Em clima quente, o consumo cai; a dieta precisa ser mais concentrada. Em clima ameno, o consumo sobe; a dieta pode ser um pouco menos densa. O erro frequente é trabalhar com tabela teórica e não medir quanto o lote de fato come.
Cálcio: tamanho de partícula e horário
Ofereça 50% a 70% do cálcio como calcário grosso, sobretudo à tarde. O restante pode vir de fontes finas e do premix. O fracionamento ajuda a cobrir a janela de 18 a 20 horas no útero, quando a demanda é maior. Observe a peneira do calcário e padronize fornecedor. Lotes com granulometria irregular produzem resultados irregulares. Um simples teste de peneiramento na granja evita surpresas.
Monitore a qualidade da casca por gravidade específica. Um alvo prático é 1,080 a 1,090 em solução salina. A queda persistente indica necessidade de ajuste em cálcio, fósforo, D3 ou eletrólitos. Introduzir matrizes de dados semanais, com 30 a 50 ovos medidos, dá segurança às decisões. Sem medir, a discussão vira opinião; com medir, vira ajuste de manejo.
Manejo do galpão: ambiência, água e sanidade
Aves rendem melhor em conforto térmico. A faixa de 18°C a 24°C é um bom alvo para poedeiras adultas. Umidade relativa entre 50% e 70% ajuda a manter penas e trato respiratório em ordem. Amônia deve ficar abaixo de 20 a 25 ppm. Ventilação retira calor, reduz gases e seca a cama. Sem isso, o consumo cai, o estresse sobe e a produção balança. Em sistemas com aquecimento, cuidado com pontos quentes que levam aves a se aglomerar e a comer menos.
Água é o nutriente esquecido. Vazão mínima de 60 a 80 mL/min por bico em produção é um bom começo. Regra prática: consumo de água costuma ser 1,8 a 2,2 vezes o consumo de ração, variando com o clima. Faça teste de caneca semanal no primeiro, no meio e no fim da linha de bebedouros. Altura dos nipples deve acompanhar o crescimento, formando ângulo leve quando a ave estica o pescoço. Higienização programada, com desinfetante adequado e enxágue correto, previne biofilme e queda de vazão.
Ninhos, coleta e trânsito interno
Ninhos limpos e convidativos reduzem ovos no piso e trincas. A densidade de ninho deve atender ao manual da linhagem. Em ninhos coletivos, ofereça espaço suficiente e renove a cama quando suja. O trânsito humano no galpão precisa ser calmo, em horários previsíveis. Barulho e correria derrubam postura do dia seguinte e aumentam ovos deformados por contrações descoordenadas.
A coleta em múltiplas voltas por dia diminui o tempo de contato do ovo com cama e sujeira. Em linhas automatizadas, verifique velocidade das esteiras e pontos de batida. Microfissuras não visíveis a olho nu viram quebras no transporte. Ajustes simples, como borrachas novas em quinas e redução da queda livre, fazem diferença no índice de ovos íntegros.
Como o manejo impacta no lucro: contas rápidas e exemplos
Alimentação responde por boa parte do custo do ovo. Pequenos ganhos de eficiência pagam a conta do capricho. Veja um exercício. Lote com 10 mil aves. Consumo médio de 110 g/ave/dia. Custo da ração a R$ 2,50/kg. A ração diária custa R$ 2.750,00. Se a produção está em 90%, são 9.000 ovos/dia, ou 750 dúzias. O custo de ração por dúzia fica perto de R$ 3,67. Se ajustes de luz, água e cálcio elevam a produção para 93%, sem alterar consumo, a granja passa a 9.300 ovos/dia, 775 dúzias. O custo de ração por dúzia cai, aproximando-se de R$ 3,55. Em um mês, a diferença soma um valor relevante.
Outro exemplo simples: queda de 1 ponto percentual em ovos trincados. Se a granja produz 300 mil ovos/mês, 1% a menos de trincados significa 3.000 ovos a mais vendáveis. Multiplique pelo preço médio e compare com o custo de trocar borrachas, regular velocidade de esteiras e revisar bebedouros. O retorno costuma ser rápido. O manejo técnico certo vira número no fim do mês.
Checklist de impacto imediato
– Estabilize o fotoperíodo e confirme a intensidade luminosa nos pontos extremos do galpão. Ajustes de minutos por semana, nunca em horas. Evite variações acidentais por falha de energia testando o temporizador com gerador.
– Reforce cálcio grosso no período da tarde e valide granulometria do calcário. Meça gravidade específica dos ovos semanalmente e registre. Cruze o dado com consumo de ração e temperatura do galpão para entender a causa e não apenas o efeito.
Problemas comuns e como corrigir
Casca fina ou porosa costuma ter múltiplas causas. As mais frequentes: baixo cálcio total, pouca fração grossa, fósforo alto competindo com cálcio, vitamina D3 insuficiente, excesso de sal, água com sólidos dissolvidos em excesso, calor que derruba consumo, doenças respiratórias que alteram o bicarbonato. A correção passa por análise de ração, ajuste de granulometria, checagem de temperatura, revisão de eletrólitos e exame de água. O efeito costuma aparecer em poucos dias, conforme se forma a nova leva de cascas.
Manchas de sangue e carne têm origem no ovário e no magno. Estresse, picos de intensidade luminosa, manejo agressivo e deficiências de vitamina A podem elevar a incidência. Reduza estressores, padronize luz e reforce vitaminas conforme orientação técnica. Em geral, a taxa volta ao patamar esperado após estabilizar o ambiente e o ritmo do lote.
Dupla gema, ovos sem casca e deformados
Ovos de dupla gema são comuns no início da postura, quando a ovulação ainda está se ajustando. Normalmente, a taxa cai com a maturidade. Evitar estímulo luminoso precoce e garantir peso correto na transferência reduz a incidência. Já os ovos sem casca ou muito moles indicam falha grave na calcificação. Olhe primeiro para cálcio grosso, D3 e hora de fornecimento da ração. Em seguida, verifique eletrólitos e água.
Ovos deformados podem apontar problemas no útero, como inflamações, ou estresse térmico. Temperaturas altas prolongadas dificultam a calcificação e alteram a forma. Ventilação e resfriamento, água fresca e sombra adequada no entorno do galpão ajudam a devolver o padrão. Em casos persistentes, consulte o veterinário para investigar causas infecciosas e ajustar o programa de vacinação.
Monitoramento: indicadores-chave e rotina semanal
O que não se mede, não se gerencia. Três blocos resolvem 80% das decisões na postura: produção diária (%), consumo de ração e peso médio do ovo. Some a isso gravidade específica e taxa de trincados. Com uma planilha simples, fica fácil ver tendência e agir cedo. Uma queda em produção normalmente aparece 3 a 7 dias depois de uma mudança na água, na luz ou no calor. Cruzar gráficos ajuda a achar a causa.
A rotina semanal pode incluir pesagem de 100 ovos, medição de gravidade específica em 30 a 50 unidades, coleta de temperatura e umidade em três horários, teste de vazão de bebedouros em três pontos, leitura de energia do temporizador de luz e auditoria visual dos ninhos. Fotografar quadros e registros dá histórico e facilita a conversa com a equipe e com o técnico responsável.
Uniformidade e curva de peso corporal
Uniformidade de pelo menos 85% das aves dentro de ±10% do peso médio é uma meta segura em recria e transferência. Lotes desuniformes entram em postura aos poucos, geram ovos pequenos por mais tempo e exigem mais manejo para estabilizar. Reforço alimentar segmentado em comedouros ou uso estratégico de comedouros suplementares na recria ajudam a corrigir desvios ainda cedo.
Na fase produtiva, acompanhar peso corporal quinzenalmente evita surpresas. Perda de peso é sinal de calor ou de ingestão insuficiente de energia. Ganho excessivo pode indicar dieta superconcentrada para o consumo real. Ajustes finos nas fórmulas, alinhados ao clima da semana e ao padrão de consumo, mantêm a linha de produção estável e o peso do ovo dentro do alvo comercial.
Boas práticas na coleta, classificação e armazenamento dos ovos
A coleta deve começar cedo e ocorrer em intervalos regulares. Quanto menos tempo o ovo fica exposto no galpão, menor a chance de trincas e sujeira. Em galpões com ninhos automáticos, confirme alinhamento, esteiras niveladas e pontos de queda com amortecimento. Em ninhos manuais, equipe treinada, baldes limpos e mesas com material macio reduzem perdas discretas que viram dinheiro no fim do mês.
Armazenamento pede temperatura estável e boa ventilação. Para ovos comerciais, trabalhar na faixa de 12°C a 18°C com umidade de 70% a 80% preserva qualidade interna por mais tempo. Evite variações bruscas de temperatura, que favorecem condensação. Classificação deve separar trincados, sujos e deformados. Registros de cada lote permitem identificar turnos ou linhas com maior índice de perda e agir com precisão.
Da revista de 1983 ao campo de hoje: o que mudou e o que permanece
Quarenta anos separam a reportagem lembrada do dia a dia atual. A base, porém, é a mesma: o ovo nasce de uma sequência coordenada entre cérebro, ovário e oviduto. Programas de luz e nutrição ainda são os pilares. A diferença está na precisão. Hoje, medimos intensidade luminosa, gravidade específica, consumo por linha de comedouro e vazão por bico. Com dados simples, a granja corrige cedo e perde menos.
Equipamentos evoluíram, mas a rotina ainda vence. Temporizador sincronizado, lâmpadas padronizadas, água em boa vazão, calcário no tamanho certo, galpão ventilado e equipe treinada continuam sendo o atalho para o lucro. A fisiologia explica o caminho; o manejo diário garante que nada atrapalhe a viagem da gema até a postura.
Passo a passo integrado: do amanhecer à última checagem
– Antes de acender as luzes: confirme relógios e temporizadores. Olhe o painel de energia. Em seguida, faça ronda rápida para checar ruídos estranhos, ventilação e temperatura. Ajustes no começo do dia evitam descompassos no pico de postura.
– Primeira hora de luz: confira consumo de água e ração. Meça a vazão em três pontos. Se o dia for quente, antecipe estratégias de resfriamento e avalie se vale reduzir densidade energética da dieta nos próximos dias. Registre tudo em quadro simples à vista da equipe.
Tarde: hora do cálcio grosso e da manutenção
No fim da tarde, garanta que o lote recebeu a parcela de cálcio grosso. Aproveite para revisar bicos entupidos, regular cortinas e limpar os pontos de coleta. Recolha amostras de ovos para gravidade específica e peso médio. A tarde também é boa para pequenos reparos, troca de borrachas e inspeção de esteiras, sem atrapalhar o período de maior postura.
Próximo ao apagar das luzes, faça a última ronda. A ambiência da noite sustenta a calcificação. Sem calor excessivo e com água disponível, o útero trabalha melhor. Anote ocorrências e deixe combinado o primeiro passo da manhã seguinte. Rotina firme, resultados firmes.
Perguntas frequentes do campo e respostas objetivas
“Quanto tempo leva para um ovo ficar pronto?” Entre 24 e 30 horas, dependendo de genética, idade, temperatura e manejo. “Por que meus ovos estão menores no início?” Provável entrada precoce em postura, com peso de transferência abaixo da meta. Reforçar recria e subir luz apenas com peso e uniformidade em dia resolve nas próximas semanas. “É preciso medir gravidade específica?” Sim. É uma forma rápida e barata de acompanhar casca. Serve como alerta precoce para ajustes de cálcio e D3.
“Como reduzir ovos trincados?” Ajuste esteiras e pontos de queda, treine a equipe para manipulação suave, colete mais vezes ao dia, use ninhos em número suficiente e garanta boa qualidade de casca com cálcio e D3. “Queda de produção sem causa aparente?” Verifique primeiro temporizador de luz, energia e água. Depois, confira consumo de ração, temperatura e sinais de doença. Em muitos casos, a resposta está nos três básicos: luz, água e calor.
Planos de ação e ferramentas úteis
Para transformar conceitos em rotina, crie três fichas simples: luz, água e casca. Na ficha de luz, anote horas por dia, hora de acender e apagar, lux em três pontos, trocas de lâmpadas e falhas de energia. Na de água, registre vazão por bico, temperatura da água, limpeza das linhas e resultados de análises. Na de casca, coloque gravidade específica, taxa de trincados e peso médio do ovo. Com esse trio, a leitura do lote fica objetiva e a conversa com a equipe, mais direta.
Use lembretes visuais no galpão para rotinas críticas: horário do cálcio grosso, verificação de vazão, rondas antes de apagar as luzes. Adote calendário com metas por semana de vida do lote. Quando a meta não for atingida, defina a causa provável, o responsável pela correção e a data da reavaliação. Simples assim. O resultado aparece no indicador que mais interessa ao produtor: dúzias vendidas com padrão e menor custo por dúzia.
Resumo operacional por fase: recria, pré-postura e produção
Na recria, segure o fotoperíodo e persiga uniformidade. Pese aves semanalmente, ajuste alturas de comedouros e bebedouros e padronize o manejo por baia. Uniformidade alta reduz surpresa na transferência e encurta o período de ovos pequenos. O foco aqui é preparar a ave, não antecipar a postura. O erro de forçar luz cedo sai caro lá na frente.
Na pré-postura, ajuste a dieta para suportar a entrada em produção. Considere a inclusão gradual de cálcio, respeitando diretrizes da linhagem. Meça consumo real e reforce água. Monitore de perto os primeiros 21 dias de postura: é quando a curva sobe rápido e qualquer falha amplia o efeito. Em produção, mantenha fotoperíodo estável, garanta calcário grosso à tarde, cuide da ventilação e mantenha a coleta organizada. Constância é a palavra.
Erros discretos que custam caro e como evitá-los
– Temporizador atrasado alguns minutos por dia: após semanas, a diferença é grande. Solução: sincronize semanalmente e proteja o circuito contra quedas de energia. – Calcário grosso irregular: metade dos sacos com grão fino. Solução: exija laudo de granulometria e faça peneiramento spot na granja. – Vazão de água diferente no início e no fim da linha: aves do fim bebem menos. Solução: nivelar a linha, limpar restrições e medir em vários pontos.
– Coleta tardia: ovos ficam mais tempo no galpão e quebram mais. Solução: aumente o número de voltas e ajuste a equipe no pico de postura. – Ventilação mal distribuída: áreas de calor e áreas de frio no mesmo galpão. Solução: redesenhe fluxos, use cortinas com ajuste fino e verifique se exaustores e entradas de ar estão balanceados. Pequenos acertos nessas frentes normalmente devolvem alguns pontos percentuais de produção e reduzem perdas por trincas.
#TBT Agrimidia: lições que viram rotina
O aprendizado de 1983 permanece útil porque conversa com a biologia da ave, que não mudou. O que evoluiu foi a capacidade de medir e corrigir com rapidez. Quando o produtor junta fisiologia e rotina, a granja vira máquina de previsibilidade. Não há segredo novo, há disciplina e atenção ao detalhe.
Se a pergunta é onde está o lucro, a resposta é clara: no manejo que respeita o relógio da ave, entrega nutrientes na hora certa, mantém o conforto do galpão e coleta com cuidado. O ovo é o resultado final de uma cadeia de pequenos acertos. Quando a cadeia não falha, o ninho entrega padrão e a planilha fecha com sobra.
Última atualização em 9 de setembro de 2025