O Paraná liderou as exportações da região Sul entre janeiro e julho de 2025 e fechou o período com US$ 13,2 bilhões em vendas externas. A fatia de alimentos, puxada por carne de frango e suína, respondeu por mais da metade da receita e ajudou a firmar um saldo positivo na balança comercial do Estado. A China manteve-se como principal destino e a Argentina acelerou as compras. Em paralelo, empresas locais se preparam para os efeitos das tarifas aplicadas pelos Estados Unidos a partir de 6 de agosto, enquanto o governo estadual abriu linhas de apoio financeiro e fiscal para mitigar impactos imediatos.
Liderança do Paraná em carne de frango e suína fortalece balança comercial do Estado
As exportações de proteínas impulsionaram a performance paranaense no comércio exterior em 2025. Entre janeiro e julho, os embarques de carne de frango in natura renderam US$ 2,07 bilhões e representaram 16% de tudo o que o Estado vendeu ao Exterior. A carne suína in natura somou US$ 319,4 milhões no mesmo intervalo, o maior valor para o período em toda a série histórica iniciada em 1997. O avanço simultâneo das duas cadeias reforçou a posição do Paraná como polo nacional de proteína animal e deu tração ao superávit comercial do período.
O desempenho das proteínas se soma a uma base diversificada de produtos do agronegócio e da indústria de transformação. A participação de alimentos nas exportações chegou a 58,4%, com US$ 7,7 bilhões movimentados. Em paralelo, itens industriais como papel e automóveis ganharam espaço e contribuíram para a receita em mercados estratégicos. A combinação de demanda externa, capacidade instalada em frigoríficos e organização da cadeia produtiva com cooperativas ajudou a sustentar volumes e valores embarcados.
Desempenho regional e posição no ranking nacional
No recorte do Sul do País, o Paraná ficou à frente do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina ao somar US$ 13,2 bilhões em exportações nos sete primeiros meses do ano. O segundo colocado, Rio Grande do Sul, alcançou US$ 11,2 bilhões, enquanto Santa Catarina registrou US$ 7 bilhões. No ranking nacional, o Paraná ocupou a quinta posição no período, confirmando relevância entre os grandes exportadores brasileiros e ampliando a participação em mercados chave.
Em valores correntes, a cifra de US$ 13,2 bilhões equivale a R$ 71,9 bilhões, pela cotação observada no recorte. O volume financeiro reflete não apenas a força do campo, mas também a presença de bens industriais no portfólio. A leitura conjunta dos dados mostra que a estratégia de diversificar produtos e destinos tem se traduzido em estabilidade de receitas, mesmo diante de oscilações de preços internacionais e de mudanças de política comercial em parceiros relevantes.
Soja e derivados seguem como âncora das vendas externas
A soja em grão manteve-se como o principal produto exportado pelo Estado e respondeu por 19,7% das vendas internacionais entre janeiro e julho de 2025. A receita chegou a US$ 2,6 bilhões, refletindo a combinação de safra robusta no ciclo e demanda ativa de grandes compradores. O farelo de soja também apareceu entre os destaques do período, com US$ 747,4 milhões exportados. A presença simultânea do grão e de seus derivados na pauta evidencia integração entre campo, processamento e logística interna.
Outros itens relevantes foram açúcar bruto, com US$ 635,4 milhões, papel, com US$ 470,2 milhões, e automóveis, com US$ 441,1 milhões. Esses segmentos atestam a amplitude do complexo exportador paranaense, que vai além do segmento de proteínas e da soja. A permanência de produtos industriais entre os líderes de receita ajuda a amortecer variações de preço das commodities agrícolas e mantém a indústria local conectada às correntes de comércio global.
Carne de frango in natura sustenta protagonismo do Estado
A carne de frango in natura somou US$ 2,07 bilhões no acumulado de janeiro a julho e representou 16% das exportações do Paraná. A liderança nacional no segmento decorre de uma cadeia produtiva integrada, com produtores, cooperativas e frigoríficos conectados a padrões de qualidade e de rastreabilidade aceitos por múltiplos mercados. A oferta regular e a capacidade de atender pedidos de grandes lotes, com cortes e especificações distintas, ampliam o alcance da proteína paranaense no exterior.
O desempenho no frango é reforçado por contratos firmes e por uma logística que combina acesso a rodovias, ferrovias e portos. Essa infraestrutura encurta prazos entre a saída da planta e o embarque, um ponto crítico para proteínas perecíveis. Em 2025, o produto se manteve entre os motores de geração de divisas, contribuindo de forma decisiva para o superávit estadual e para o equilíbrio de caixa de empresas do setor.
Recorde em suínos: salto de volume e diversificação de destinos
As exportações de carne suína in natura atingiram US$ 319,4 milhões entre janeiro e julho, o maior valor para esse período na série histórica iniciada em 1997. Na comparação com os sete primeiros meses de 2024, a alta foi de 60,3%. Em sete anos, o avanço foi de 151%: de US$ 127,2 milhões, em 2019, para US$ 319,4 milhões em 2025. O resultado é explicado, sobretudo, pelo forte incremento do volume embarcado, que dobrou na relação 2019–2025, passando de 58,4 mil para 117,4 mil toneladas.
A expansão do mercado foi acompanhada de uma distribuição mais espalhada dos destinos. O Uruguai respondeu por 17,8% das compras do produto no período, seguido por Hong Kong, com 17,5%; Argentina, com 16%; Singapura, com 14,4%; e Filipinas, com 12,8%. A lista sugere inserção em praças com exigências distintas, o que reforça a competitividade do produto paranaense e reduz dependência de um único comprador. Para o setor, a evolução também reflete a ampliação e modernização de frigoríficos, que permite processar volumes maiores com padronização.
Mercados: China na liderança e Argentina em forte alta; EUA no radar
A China foi o principal destino das mercadorias paranaenses e comprou quase US$ 3 bilhões entre janeiro e julho de 2025. No mesmo período, as exportações para a Argentina saltaram 97,1% e ultrapassaram US$ 1 bilhão, apoiadas por maior demanda em segmentos industriais e alimentares. Os Estados Unidos absorveram US$ 856,9 milhões no acumulado até julho, antes do início das novas tarifas, enquanto México e Paraguai somaram US$ 512,3 milhões e US$ 361,2 milhões, respectivamente.
A composição dos destinos mostra que o Paraná opera com uma cesta diversificada de parceiros. Esse arranjo permite deslocar volumes diante de mudanças em taxas, preferências de consumo ou calendários de compras. Com o início das tarifas norte-americanas em 6 de agosto, o comportamento dos embarques para os EUA tende a ser observado com maior atenção, sobretudo nos segmentos mais expostos a variações de custo de importação naquele mercado.
Balança comercial positiva e perfil das importações no período
O saldo da balança comercial do Paraná ficou positivo em US$ 1,2 bilhão entre janeiro e julho de 2025. O resultado reflete um mix de exportações de alto valor agregado no campo e na indústria, com destaque para proteínas, soja e manufaturados, frente a um conjunto de importações concentradas em insumos produtivos. O superávit ajuda a fortalecer a posição financeira de empresas exportadoras, incrementa a arrecadação ligada à atividade e sustenta investimentos em capacidade e tecnologia nas cadeias mais dinâmicas.
Entre os itens mais importados, adubos e fertilizantes lideraram a lista, com US$ 1,8 bilhão no período. Em seguida apareceram autopeças, com US$ 805,3 milhões; óleos e combustíveis, com US$ 800,4 milhões; produtos químicos orgânicos, com US$ 790,7 milhões; e produtos farmacêuticos, com US$ 659,1 milhões. O perfil confirma a vocação do Estado como hub industrial e agroindustrial, que demanda materiais e químicos para manter linhas produtivas em operação e atender contratos de exportação e o consumo interno.
Tarifas dos EUA: exposição das empresas paranaenses e possíveis impactos
Levantamento preliminar da Secretaria da Fazenda e da Receita Estadual aponta que cerca de 700 empresas do Paraná têm pelo menos 1% do faturamento atrelado às exportações para os Estados Unidos. Entre elas, 16 companhias concentram mais de 90% da receita no mercado norte-americano, com o setor madeireiro despontando como principal responsável pelos embarques. Em média, o Estado vende cerca de US$ 1,5 bilhão por ano aos EUA; de janeiro a julho de 2025, foram US$ 856,9 milhões.
Com a entrada em vigor das novas tarifas em 6 de agosto, a tendência é de ajustes de curto prazo em preços, margens e prazos de entrega, especialmente para itens com menor elasticidade de substituição. Em cadeias com competição acirrada, a elevação de custo pode levar a redirecionamento de parte dos embarques para outros mercados ou à renegociação de condições com compradores norte-americanos. Empresas mais verticalizadas e com base de clientes diversificada tendem a ter maior poder de acomodar choques tarifários.
Respostas do governo estadual: créditos de ICMS e financiamento emergencial
Para reduzir efeitos imediatos das tarifas sobre o caixa das empresas exportadoras ao mercado norte-americano, o governo do Paraná autorizou um pacote de R$ 300 milhões em créditos de ICMS homologados. Os recursos serão liberados via Sistema de Controle da Transferência e Utilização de Créditos Acumulados (Siscred). Pelo desenho anunciado, há um teto de R$ 10 milhões para empresas que exportam menos de 10% do faturamento total para os Estados Unidos. As transferências ocorrerão em 12 parcelas mensais, com foco em liquidez para capital de giro e manutenção de operações correntes.
Outra frente é o crédito emergencial do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), inicialmente de R$ 200 milhões, direcionado a empresas e cooperativas exportadoras. As linhas oferecem prazo de cinco anos, com um ano de carência, a uma taxa de IPCA + 4% ao ano. Até o momento, já foram protocolados pedidos que somam R$ 137 milhões, distribuídos entre 16 empresas. A expectativa é de que os desembolsos ajudem a suavizar custos financeiros no curto prazo, preservando empregos e contratos.
Como solicitar: passos práticos para acessar os programas de apoio
Empresas interessadas nos créditos de ICMS via Siscred devem verificar a situação fiscal e a disponibilidade de saldos acumulados, além de reunir documentação que comprove operações de exportação e o impacto das tarifas. É recomendável organizar notas fiscais, registros de embarque e demonstrativos de faturamento por destino. Com os documentos em mãos, o passo seguinte é registrar a solicitação no sistema, conforme os critérios vigentes, e acompanhar a análise técnica até a homologação do crédito.
No caso do BRDE, a orientação é preparar um plano de necessidades de capital de giro, incluindo projeções de fluxo de caixa com e sem o crédito, relação de garantias disponíveis e comprovação de exposição a mercados externos. A etapa seguinte envolve a formalização do pedido com as informações financeiras exigidas, como balanços e DRE, e a entrega de documentos jurídicos. Com a aprovação, os recursos podem ser liberados conforme cronograma acordado, observando o período de carência e a taxa contratada.
Balança comercial: o que é, como se mede e por que importa
A balança comercial é o resultado das exportações menos as importações de bens em um período. Quando o saldo é positivo, fala-se em superávit; quando é negativo, em déficit. O indicador é acompanhado por governos e empresas por sintetizar a capacidade de um Estado ou país de gerar divisas e de se inserir nas cadeias globais de valor. Em cenários de câmbio volátil, o superávit ajuda a contrabalançar pressões financeiras ao ampliar a entrada de moeda estrangeira.
No caso do Paraná, o superávit de US$ 1,2 bilhão entre janeiro e julho de 2025 foi favorecido por um conjunto de produtos com competitividade externa comprovada e por importações concentradas em insumos produtivos. O acompanhamento mensal desse saldo permite ajustar políticas de estímulo, planejar investimentos em infraestrutura e direcionar ações de promoção comercial para mercados com maior potencial de expansão.
Capacidade instalada e emprego: papel das cooperativas e dos frigoríficos
A expansão do parque frigorífico nos últimos anos contribuiu para elevar a capacidade de abate e de processamento, ponto central para o avanço das exportações de proteínas. De acordo com a direção do Ipardes, investimentos em novas plantas e na ampliação das existentes se refletiram na contratação de mão de obra e na regularidade de entrega aos mercados externos. O setor de suínos, por exemplo, mantém cerca de 28 mil empregos formais no Estado, sem contar os produtores integrados distribuídos por diferentes regiões.
As cooperativas paranaenses têm participação relevante na organização do complexo produtivo, articulando insumos, assistência técnica, logística e comercialização. Essa coordenação reduz custos de transação, aumenta previsibilidade para pequenos e médios produtores e facilita o cumprimento de padrões exigidos em contratos internacionais. Em 2025, a sinergia entre cooperativas e frigoríficos foi um dos fatores que sustentaram o crescimento de suínos e a consistência do frango in natura como carro-chefe da pauta.
Série histórica e metodologia: leitura dos números de 1997 a 2025
Os dados de exportações e importações organizados pelo Ipardes têm como base informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. A série para a carne suína, por exemplo, é acompanhada desde 1997, o que permite comparar picos e vales de desempenho ao longo de quase três décadas. Essa visão de longo prazo ajuda a contextualizar o recorde observado em 2025 e a medir a contribuição de fatores como taxa de câmbio, demanda de parceiros e variações de preço internacional.
A leitura correta dos números exige atenção à unidade monetária e ao período de referência. Valores em dólares refletem a moeda das transações e foram agregados por produto e destino; quando convertidos para reais, servem para dimensionar o efeito local nas empresas e nas receitas do Estado. Em análises setoriais, comparar porcentuais de participação e evolução por destino complementa a observação de valores absolutos e evita interpretações distorcidas por movimentos pontuais de preços.
Cadeia de suínos: por que o volume exportado dobrou em sete anos
O salto de 100,9% no volume exportado de carne suína entre os primeiros sete meses de 2019 e o mesmo período de 2025 é resultado de um conjunto de elementos. A ampliação da capacidade industrial, com novas linhas de abate e processamento, aumentou a oferta disponível para o Exterior. Ao mesmo tempo, a diversificação de mercados — com presença forte em países da América do Sul e da Ásia — reduziu a dependência de um único destino e permitiu realocar embarques conforme condições de preço e demanda.
Outro componente foi a padronização de cortes e a profissionalização de áreas comerciais para atender especificações distintas por país. Isso inclui embalagens, gramaturas e certificações requeridas por cada comprador. A maior previsibilidade em contratos de fornecimento e a eficiência na logística interna criaram um ciclo virtuoso em que mais volume gera melhores economias de escala, que por sua vez sustentam a competitividade da proteína no mercado internacional.
Frango: fatores que sustentam a participação de 16% na pauta externa
O frango paranaense se beneficia de cadeias de integração maduras entre produtores e frigoríficos, com contratos que distribuem riscos e responsabilidades. Essa estrutura garante oferta contínua e facilita o planejamento de embarques. Em 2025, a capacidade de atender pedidos em grande escala, alinhada a prazos firmes, manteve a participação do frango em 16% da pauta exportadora do Estado, com US$ 2,07 bilhões gerados até julho.
Além de regularidade, o setor alcança competitividade pelo uso de tecnologias de processamento e de conservação que atendem a exigências de múltiplos mercados. A adaptação a requisitos de rotulagem, cortes e porcionamento agrega valor e amplia a margem por tonelada vendida. Esses fatores, somados à disciplina logística até o embarque, ajudam a explicar por que o frango segue como um dos principais geradores de receitas externas do Paraná.
Destinos em destaque: leitura por mercado e por produto
A liderança da China na pauta do Paraná se explica pela combinação de demanda por grãos e proteínas. Nesse fluxo, a soja em grão tem peso expressivo, ao mesmo tempo em que itens como papel e subprodutos agrícolas também encontram espaço. Na América do Sul, a Argentina ganhou tração ao longo de 2025, ampliando compras de bens industriais e de alimentos. Esse movimento favorece cadeias com complementaridade de produção e de consumo regionais.
No bloco de destinos com compras relevantes, Estados Unidos, México e Paraguai compõem uma rota que mescla madeira e derivados, manufaturados e insumos. A presença do setor madeireiro nas vendas para os EUA chama atenção pela concentração de empresas com elevada exposição ao mercado norte-americano. Já no Paraguai e no México, a pauta reflete tanto bens intermediários para a indústria quanto produtos finais prontos para consumo.
Importações: insumos que alimentam a produção e a logística local
A liderança de adubos e fertilizantes nas importações do Paraná revela a força do setor agrícola e a exigência de insumos para manter a produtividade no campo. Produtos químicos orgânicos e farmacêuticos compõem outro grupo central, voltado a cadeias industriais e de saúde. Óleos e combustíveis aparecem como itens estratégicos para a matriz de transporte e para processos industriais que necessitam de energia térmica e elétrica estável.
As autopeças, por sua vez, indicam a presença de plantas e fornecedores inseridos em cadeias automotivas regionais. A entrada desses insumos viabiliza a montagem de veículos que, mais adiante, aparecem na lista de exportações. Esse vai e vem de bens intermediários e finais é típico de economias com base industrial diversificada e torna a logística portuária e rodoviária um componente decisivo do desempenho comercial.
Perguntas frequentes: números e pontos de atenção do semestre
Qual foi o total exportado pelo Paraná entre janeiro e julho de 2025? O valor chegou a US$ 13,2 bilhões, com destaque para soja em grão e proteínas de frango e suína. Em termos de moeda nacional, a cifra equivale a R$ 71,9 bilhões pela cotação do período. Essa soma colocou o Estado no topo do Sul e na quinta posição entre os exportadores brasileiros, confirmando o peso regional de suas cadeias produtivas.
Qual a participação dos alimentos nas vendas externas? Os alimentos responderam por 58,4% da pauta, alcançando US$ 7,7 bilhões. Esse bloco reúne desde grãos e farelos até carnes e açúcar. O resultado reforça a importância das cadeias agroindustriais na geração de divisas e na ocupação de mão de obra ao longo do território paranaense, com forte presença de cooperativas e plantas industriais em diferentes microrregiões.
- Produto líder: soja em grão (US$ 2,6 bilhões; 19,7% das exportações).
- Proteínas: frango in natura (US$ 2,07 bilhões) e suína in natura (US$ 319,4 milhões).
- Outros destaques: farelo de soja (US$ 747,4 milhões), açúcar bruto (US$ 635,4 milhões), papel (US$ 470,2 milhões) e automóveis (US$ 441,1 milhões).
- Principais destinos: China (quase US$ 3 bilhões) e Argentina (mais de US$ 1 bilhão), além de EUA, México e Paraguai.
Eficiência logística e prazos: o que sustenta a competitividade
Para proteínas e grãos, o tempo entre processamento e embarque é um elemento-chave na competitividade internacional. O Paraná tem apostado em janelas de expedição regulares, consolidação de cargas e integração modal para reduzir gargalos. Frigoríficos e tradings ajustam calendários de produção ao cronograma de navios e de contratos, de modo a evitar custos extras e manter previsibilidade para os compradores, que exigem prazos firmes e condições estáveis de entrega.
Na indústria, a mesma lógica se aplica a papel, automóveis e outros manufaturados. A coordenação entre fornecedores de componentes, linhas de montagem e agentes de carga contribui para cumprir especificações técnicas e prazos de entrega. O efeito dessa engrenagem aparece na fidelização de clientes externos e na repetição de pedidos ao longo do ano, diminuindo a volatilidade das receitas de exportação e reforçando a posição do Estado em cadeias globais.
Risco e diversificação: lições do semestre para a gestão comercial
O comportamento dos mercados no primeiro semestre de 2025 reforça a relevância da diversificação de destinos. A forte alta das vendas para a Argentina, a presença constante da China e a importância dos EUA mostram que depender de um único mercado pode aumentar a exposição a mudanças tarifárias ou a variações bruscas de demanda. Distribuir o portfólio permite amortecer choques e manter o ritmo de embarques em patamares sustentáveis ao longo do ano.
No nível empresarial, estratégias de hedge cambial, contratos de fornecimento com reajustes negociados e acordos logísticos com cláusulas de flexibilidade têm sido utilizadas para administrar riscos operacionais. A capacidade de ajustar volumes e prazos com rapidez ajuda produtores e indústrias a responder a choques externos e a preservar margens. O monitoramento contínuo de custos de frete, disponibilidade de contêineres e tempos de trânsito permanece como rotina essencial nas áreas de comércio exterior.
Indicadores a acompanhar no restante de 2025
A curva de câmbio, os preços internacionais de soja, carne de frango e suína, além dos custos de frete marítimo, são variáveis com impacto direto na pauta do Paraná. Movimentos nos prêmios de exportação, disponibilidade de navios em rotas-chave e o apetite de compras da Ásia e de vizinhos sul-americanos ajudam a definir o ritmo de embarques até o fim do ano. Para os EUA, a leitura dos primeiros meses após as tarifas será determinante para ajustar metas de venda e reconfigurar destinos, caso necessário.
No plano doméstico, o uso dos créditos de ICMS e a tomada de financiamentos do BRDE sinalizarão como as empresas estão gerindo capital de giro e investimentos de curto prazo. A continuidade de contratações na indústria de alimentos e a manutenção de escalas de abate nas plantas paranaenses indicarão o fôlego das cadeias de proteína. No conjunto, esses indicadores oferecerão um retrato atualizado da capacidade do Estado de sustentar o superávit comercial e ampliar a presença em mercados estratégicos.
Números do semestre: síntese para consulta rápida
Exportações totais: US$ 13,2 bilhões entre janeiro e julho de 2025, com R$ 71,9 bilhões na conversão pela cotação do período. Posição regional: liderança no Sul, à frente de Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Posição no País: quinto maior exportador brasileiro no recorte analisado. Perfil da pauta: alimentos com 58,4% de participação e US$ 7,7 bilhões de receita acumulada.
Produtos em destaque: soja em grão (US$ 2,6 bilhões), carne de frango in natura (US$ 2,07 bilhões), farelo de soja (US$ 747,4 milhões), açúcar bruto (US$ 635,4 milhões), papel (US$ 470,2 milhões), automóveis (US$ 441,1 milhões) e carne suína in natura (US$ 319,4 milhões). Destinos: China (quase US$ 3 bilhões), Argentina (alta de 97,1%, acima de US$ 1 bilhão), Estados Unidos (US$ 856,9 milhões), México (US$ 512,3 milhões) e Paraguai (US$ 361,2 milhões). Saldo comercial: superávit de US$ 1,2 bilhão, com importações concentradas em adubos, autopeças, combustíveis, químicos orgânicos e farmacêuticos.
Última atualização em 21 de agosto de 2025