França Denuncia Acordo Comercial UE-EUA como “Submissão”
A França criticou duramente o acordo comercial entre a União Europeia e os Estados Unidos, classificando-o como uma “submissão” nesta segunda-feira. Essa postura contrasta com a de outros países da UE, que, embora reconhecendo o desequilíbrio do pacto, o apoiaram amplamente por evitar uma guerra comercial economicamente prejudicial com Washington.
O acordo-quadro, anunciado no domingo entre duas economias que respondem por quase um terço do comércio global, prevê que os EUA imponham uma tarifa de importação de 15% sobre a maioria dos produtos da UE a partir do próximo mês. Essa taxa é metade da que Washington havia ameaçado, mas significativamente mais alta do que os europeus esperavam. No entanto, o acordo oferece alguma proteção para indústrias críticas como automóveis e produtos farmacêuticos.
Reações Européias ao Acordo
Embora o clima entre outros governos europeus fosse decididamente sombrio, a maioria concordou que o fracasso em fechar um acordo teria sido desastroso. O chanceler alemão, Friedrich Merz, líder da maior economia do bloco de 27 países da UE, comemorou o acordo, afirmando que ele evitou um conflito comercial que teria atingido duramente a economia alemã, voltada para a exportação.
Maros Sefcovic, o principal oficial comercial da Comissão Europeia, que negocia acordos comerciais para a UE, disse a repórteres na segunda-feira que permitir a imposição de tarifas de 30% teria sido “muito, muito pior”. Ele afirmou que este é “claramente o melhor acordo que poderíamos obter em circunstâncias muito difíceis”.
A Perspectiva Francesa
A França, com sua forte tradição de defesa dos seus interesses econômicos, expressou preocupações significativas em relação ao acordo. O primeiro-ministro François Bayrou escreveu no X: “É um dia sombrio quando uma aliança de povos livres, reunidos para afirmar seus valores comuns e defender seus interesses comuns, se resigna à submissão.” Essa crítica reflete um sentimento mais amplo de descontentamento entre as nações que sentem que suas necessidades foram ignoradas nas negociações.
Embora as críticas da França possam ser vistas como exageradas por alguns, é inegável que os interesses franceses, particularmente no setor agrícola e automotivo, são potenciais vítimas nas negociações. O presidente francês, Emmanuel Macron, não fez comentários públicos, mas a posição crítica tomada pelo governo sugere uma profunda insatisfação com os resultados.
Impacto Potencial nas Indústrias
O acordo trará clareza para os fabricantes europeus de automóveis, aviões e produtos químicos. A proteção oferecida a indústrias como a automotiva e farmacêutica tentam apaziguar as preocupações, mas ainda existem incertezas sobre o impacto real do acordo no comércio e na economia europeia.
As indústrias estão avaliando como as novas tarifas e os compromissos podem alterar suas estratégias de produção e vendas. A expectativa era de um acordo que eliminasse tarifas, mas a tarifa básica de 15% representa um retrocesso, especialmente quando comparada à taxa média de 2,5% que prevaleceu antes das tensões tarifárias anteriores.
Desafios Futuros e Compromissos Adicionais
Apesar da insatisfação de países como a França, que não deve prejudicar o acordo-quadro, a gestão do comércio é responsabilidade da Comissão Europeia. No entanto, ainda há trabalho a ser feito. Muitos dos detalhes do acordo não foram imediatamente conhecidos, mas autoridades da UE disseram que seriam esclarecidos em uma declaração conjunta que deve ser finalizada até 1º de agosto.
Novas negociações serão realizadas nas próximas semanas para chegar a um acordo completo. Mesmo a Alemanha reconheceu que mais trabalho seria necessário, especialmente em relação ao setor siderúrgico e nas questões relacionadas à proteção da competição e dos empregos na indústria.
Promessas de Investimento e Implicações Econômicas
Trump afirmou que o acordo, incluindo uma promessa de investimento que complementa o acordo de US$ 550 bilhões assinado com o Japão na semana passada, ampliaria os laços entre as potências transatlânticas. O pacote do Japão consistirá em capital próprio, empréstimos e garantias de agências estatais, a serem investidos a critério de Trump. Por outro lado, autoridades da UE afirmaram que a promessa de investimento de US$ 600 bilhões da UE se baseia nos investimentos combinados do setor privado expressos por empresas europeias.
Com o contexto competitivo global se intensificando, a forma como essas promessas de investimento serão concretizadas pode ser vital para os resultados econômicos futuros. As expectativas não atendidas poderiam minar a confiança entre os aliados transatlânticos e levar a uma nova rodada de disputas comerciais.
Reações do Mercado e Expectativas no Setor Empresarial
As bolsas europeias abriram em alta na segunda-feira, com o STOXX 600 atingindo a máxima em quatro meses e todas as outras principais bolsas também no verde. Ações de tecnologia e saúde lideraram o movimento. O economista Mohit Kumar, da Jefferies, afirmou que “a taxa de 15% é melhor do que o mercado temia”.
Ainda assim, empresas europeias se perguntavam se deveriam comemorar ou lamentar o acordo. Wolfgang Große Entrup, chefe da Associação Alemã da Indústria Química (VCI), comentou: “Aqueles que esperam um furacão ficam gratos por uma tempestade. Uma nova escalada foi evitada. No entanto, o preço é alto para ambos os lados. As exportações europeias estão perdendo competitividade. Os clientes americanos estão pagando as tarifas”.
Futuras Perspectivas
Entre as muitas questões que ainda precisam ser respondidas está como a promessa da UE de investir centenas de bilhões de dólares nos EUA e aumentar drasticamente as compras de energia pode se tornar realidade. Não ficou imediatamente claro se promessas específicas de aumento de investimentos foram feitas ou se os detalhes ainda precisam ser acertados.
Embora a capacidade de produção de GNL dos EUA deva quase dobrar nos próximos quatro anos, isso ainda não será suficiente para atender a demanda europeia. As realidades de mercado e logísticas podem impor limitações severas sobre a capacidade dos EUA de cumprir as promessas, mantendo as tensões existentes nas relações comerciais entre a UE e os EUA.
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Última atualização em 4 de agosto de 2025