O futuro da pecuária no Brasil está intrinsecamente ligado à inteligência artificial (IA), que promete transformar a forma como a atividade rural é conduzida. Essa previsão vem de Pedro Paulo Pires, médico-veterinário e pesquisador da Embrapa Gado de Corte. Durante uma recente entrevista no programa Giro do Boi, ele destacou que as inovações tecnológicas estão moldando uma nova era para o setor pecuário.
Com mestrado em Parasitologia e doutorado em Medicina Veterinária, Pedro Paulo acredita que a integração de tecnologias digitais e IA trará uma nova dinâmica ao setor. A aplicação dessas inovações permitirá que os produtores rurais coletem dados precisos sobre cada animal, pastagem e manejo, simplificando e potencializando a gestão das propriedades. Mas como isso se concretiza na prática?
Os sensores colocados em brincos eletrônicos, por exemplo, têm a capacidade de medir temperatura, peso e localização geográfica dos animais em tempo real. Esses dispositivos são autossuficientes energeticamente, transmitindo informações 24 horas por dia, a até 30 quilômetros de distância, sem a necessidade de leitores específicos.
“Esses brincos são autossuficientes energeticamente e transmitem informações 24 horas por dia, em uma distância de até 30 quilômetros, sem necessidade de leitores específicos”, explica.
Decisões assertivas através da tecnologia

Um dos maiores benefícios da IA na pecuária é seu impacto nas decisões estratégicas. Com acesso a informações detalhadas e integradas, os pecuaristas podem rapidamente identificar pastagens menos produtivas e ajustar o manejo nutricional, garantindo que os animais atinjam o ganho de peso ideal. Isso tudo resulta em um manejo mais eficiente e rentável.
“A inteligência artificial pode prever qual pasto está deficiente em nutrientes ou mesmo quais animais são mais produtivos, permitindo decisões rápidas e precisas sobre onde investir para maximizar os lucros”, esclarece o pesquisador.
Além disso, com a IA, é possível antecipar cenários econômicos cruciais, como o momento ideal para a venda dos animais, com base nas tendências do mercado global de carne. Essa abordagem orienta o produtor na hora de realizar investimentos, garantindo resultados financeiros mais favoráveis.
“Se houver uma previsão de alta nos preços da arroba, a inteligência artificial orientará o produtor a investir naquele momento, garantindo melhores resultados financeiros”, reforça.
Monitoramento individual para máximo desempenho

A IA também promove um monitoramento individual dos animais, especialmente das fêmeas, permitindo diagnósticos precisos sobre cio, saúde e comportamento. Isso representa um avanço significativo na pecuária, pois facilita intervenções mais rápidas e eficientes.
“Já conseguimos diagnosticar o cio das fêmeas por meio de sensores que medem temperatura e movimentação, eliminando a necessidade de animais marcadores”, explica Pedro Paulo.
Além dos sensores de cio, tecnologias modernas conseguem prever, com até dois dias de antecedência, o momento exato do parto, contribuindo para um manejo mais seguro e eficaz dos animais. Essa precisão pode salvaguardar a saúde dos mesmos e assegurar melhores desfechos produtivos.
Muitos pecuaristas também se beneficiam de sensores que detectam alterações no comportamento e em temperaturas, que podem indicar problemas de saúde. Isso permite que os veterinários intervenham rapidamente, evitando perdas econômicas significativas e promovendo o bem-estar animal.
Evolução digital na pecuária brasileira

A transformação digital na pecuária do Brasil não começou agora; sua trajetória remonta a mais de duas décadas. Segundo Pedro Paulo, os primeiros chips eletrônicos eram caros e limitados. Com o tempo, esses dispositivos se tornaram não apenas mais acessíveis, mas também mais eficientes e integrados.
Atualmente, os produtores têm acesso a ferramentas que permitem gerir suas fazendas a partir de smartphones, com recursos de monitoramento e análise de dados sem precedentes. Essa mudança não apenas facilita a gestão, mas também propõe uma nova relação com a tecnologia no campo.
“De uma época sem celulares ou computadores, passamos a uma realidade onde praticamente tudo pode ser monitorado remotamente, trazendo economia e eficiência sem precedentes”, afirma.
Instituições como a Embrapa têm desempenhado um papel crucial no processo, disponibilizando tecnologias e publicações técnicas que ajudam os produtores a implementarem inovações em suas propriedades.
Desafios e oportunidades futuras

“A pecuária do Brasil pode duplicar sua produtividade sem aumentar a área de pastagem. Para isso, precisamos acelerar o uso dessas tecnologias, garantindo a sustentabilidade econômica e ambiental do setor. A pecuária brasileira, com inteligência artificial, certamente terá um futuro ainda mais brilhante”, conclui Pedro Paulo.
Para entender melhor o desenvolvimento da tecnologia digital na pecuária, clique aqui e consulte a publicação “Pecuária Digital”.
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Última atualização em 10 de maio de 2025