Impacto da Negativa do ONS nos Projetos de Hidrogênio Verde
No dia 30 de abril de 2025, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) decidiu barrar o acesso de mais um projeto de hidrogênio verde à rede elétrica do Brasil. A negativa se destacou por atingir a empresa espanhola Solatio, que planejava conectar uma planta de produção de hidrogênio e amônia verdes com uma capacidade impressionante de 3 gigawatts (GW) anualmente, localizada na Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Parnaíba, no estado do Piauí. Essa decisão, respaldada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), se insere em um contexto preocupante para diversos empreendimentos que esperam contribuir significativamente para a transição energética brasileira.
O governo brasileiro lançou iniciativas promissoras para impulsionar a produção de hidrogênio verde, um futuro energético mais sustentável, mas o avanço desses projetos enfrenta obstáculos significativos. Com limitações na infraestrutura elétrica do país, muitos empreendimentos têm seus cronogramas ameaçados, levando a um cenário de incerteza e descontentamento entre investidores e stakeholders do setor.
Riscos Estruturais Identificados pelo ONS
Em sua análise, o ONS argumentou que a conexão do projeto de Solatio representaria riscos estruturais, incluindo a possibilidade de sobrecarga e colapsos de tensão em subestações adjacentes. Essa justificativa se alinha a preocupações já expressas em outras negativas recentes de acesso à rede, sendo um padrão que ampara decisões desfavoráveis a projetos de hidrogênio verde. A ausência de reforços planejados no curto prazo no Plano de Outorgas de Transmissão de Energia Elétrica (POTEE) agrava a situação.
Esses desafios não impactam apenas a Solatio. Descendentes de outras empresas, como a Casa dos Ventos e a Fortescue, que também buscavam conexão com a rede elétrica, são afetadas por esse cenário. A repetição dos motivos para negar acesso à rede revela uma problemática crítica que precisa ser endereçada para que o Brasil possa alcançar suas metas de energia renovável e transição econômica.
Projetos Bilionários em Risco
O projeto da Solatio, avaliado em R$ 27 bilhões, ilustra a magnitude do investimento necessário para alavancar a produção de hidrogênio verde no Brasil. Não é um caso isolado; na verdade, diversos outros empreendimentos na área elétrica enfrentam um contexto similar, onde gargalos na infraestrutura elétrica ameaçam seus cronogramas e viabilidade.
Dados recentes do Ministério de Minas e Energia (MME) apontam que há pelo menos onze projetos com solicitações formais de acesso ao Sistema Interligado Nacional (SIN), somando um total de 45 GW de potência instalada prevista até 2038. O investimento estimado na Casa dos Ventos, por exemplo, gira em torno de R$ 49 bilhões, apenas para a usina de hidrogênio, com um adicional de R$ 50 bilhões destinados a um centro de dados.
Expectativas de Crescimento e Respostas do Setor
Com o cenário de acesso à rede sendo desafiador, as expectativas de crescimento para empresas como a Fortescue, que pretende estabelecer uma planta de hidrogênio verde com investimento de R$ 17,5 bilhões e capacidade inicial de 1,2 GW, também são comprometidas. Além disso, o interesse crescente em estados como Ceará, Piauí e Pernambuco, que almejam alcançar decisões finais de investimentos (FID) até 2025, é frustrado pela negativa do ONS, que resulta em incertezas operacionais e financeiras significativas.
O setor, em resposta a essas limitações, está buscando meios de dialogar com as autoridades competentes, demandando uma revisão das regulamentações e adequações nos processos de conexão à rede elétrica. Essa pressão é fundamental para que alternativas viáveis possam ser implementadas, garantindo que o Brasil não perca a oportunidade de se posicionar como um líder no mercado global de hidrogênio verde.
Desafios de Infraestrutura e Iniciativas Colaborativas
A Associação Brasileira do Hidrogênio Verde (Abihv), junto à Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (Abeeólica), tomou a iniciativa de enviar uma carta ao MME em fevereiro, solicitando a antecipação do POTEE. Essa ação reflete uma preocupação crescente no setor sobre a necessidade de desenvolver uma infraestrutura robusta e adaptada para suportar a demanda de projetos ambiciosos em energia renovável.
O insight aqui é que o sucesso da transição energética não depende apenas da criação de políticas favoráveis, mas requer uma abordagem coordenada que integre a participação de investidores, operadoras de energia e órgãos reguladores. A colaboração entre as partes pode resultar em soluções criativas que aumentem a capacidade da infraestrutura elétrica do Brasil e atendam às exigências de projetos de hidrogênio verde.
Perspectivas Futuras e Oportunidades de Mercado
Apesar dos desafios atuais, a transição para hidrogênio verde continua a ser uma oportunidade de crescimento para a economia brasileira. Com a crescente demanda global por energia limpa e sustentável, o Brasil tem o potencial para se tornar um exportador significativo de hidrogênio verde, contribuindo para a segurança energética local e global.
Pela complexidade da situação, um foco no desenvolvimento contínuo de soluções tecnológicas e melhorias na infraestrutura, além do incentivo a políticas que favoreçam o crescimento do setor, será essencial. O futuro do hidrogênio verde dependerá da habilidade do Brasil em superar as barreiras atuais e alavancar seu potencial energético de maneira prudente e sustentável.
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Última atualização em 7 de maio de 2025